Tema: A trajetória do
homem Feliz
Texto: Salmo 1
Introdução:
Na
Bíblia hebraica, o livro é chamado de Sé·fer Tehil·lím, que significa
“Livro de Louvores” ou
simplesmente Tehil·lím, isto é, “Louvores”. Trata-se do plural de Tehil·láh,
que significa “Louvor” ou “Cântico de Louvor”, encontrado no
cabeçalho do Salmo 145. O nome “Louvores”
é muito apropriado, visto que o livro contém principalmente louvores a Yehowah.
O título em português vem da tradução grega, Septuaginta, concluída em
cerca de 150 a.C. Psalmoi, o
termo grego, significa “cânticos” ou
“cânticos sagrados” e é derivado da raiz que significa “impulso, toque”, em cordas de um
instrumento de cordas. Esse termo é também
encontrado em diversos lugares nas Escrituras Gregas Cristãs, como por exemplo em Lucas 20:42 e em Atos 1:20. O
salmo é um cântico ou poema sagrado que serve para louvar e adorar a Deus.
Salmo 45.1
Com o coração vibrando de boas
palavras recito os meus versos em honra ao rei; seja a minha língua como a pena
de um hábil escritor.
É provável que os Salmos sejam o livro mais amado da Bíblia. Por
gerações, eles têm sido um dos grandes tesouros do povo de Deus. Charles H. Spurgeon intitulou o seu
comentário nos Salmos de “Os tesouros de
Davi”. Realmente um ótimo título, pois as palavras desse livro, nas
palavras de Davi, “são mais desejáveis do que o
ouro, do que muito ouro puro” (Sl 19.10).
A maioria dos Salmos foi composta para
a adoração de Israel no templo de Jerusalém. Sabemos que foi assim por causa de
50 deles que são dedicados ao diretor de música, diversos outros foram
compostos para partes específicas do culto de adoração no templo e 24 mais
estão conectados com os músicos do templo, tais como os filhos de Corá. Os
Salmos, portanto, refletem a oração e a adoração do Israel de Deus.
· No Novo Testamento, nós descobrimos que o livro
dos Salmos é o mais citado pelos apóstolos. Por exemplo, nos Evangelhos nós
encontramos Jesus cantando o Salmo 118, no final de sua última Ceia com os
apóstolos (Mt 26.30), antes de partir para o Monte das Oliveiras e ter que
enfrentar o seu calvário.
·
Em sua última semana na terra, o Senhor usou os
Salmos 8.2; 118.22-23 e 110.1 para silenciar os sacerdotes e os escribas do
templo (Mt 21.16, 42; 22.44).
·
A Igreja Primitiva, quando precisou decidir
sobre alguém para substituir Judas Iscariotes, voltou-se para os Salmos 69.25 e
109.8 em busca de orientação (At 1.20).
·
Em sua pregação no dia de Pentecostes, Pedro
usou os Salmos 16 e 110 para falar da ressurreição de Jesus (At 2.25-36).
Quando Pedro e João foram presos, a Igreja Primitiva orou as palavras do Salmo
2.1-2 (At 4.23-31).
·
Sabemos também que Paulo valeu-se grandemente
dos Salmos na composição de grandes doutrinas expostas em Romanos. Por exemplo,
em Romanos 4.6-8 ele ensina a salvação pela fé a partir do Salmo 32.
·
Na história da igreja, especialmente na Reforma
Protestante ocorrida no século XVI, os Salmos ocuparam papel proeminente.
Sabe-se que pouco antes de Martinho Lutero pregar as suas 95 teses para a
igreja, na porta da capela de Wittenberg (Alemanha), ele havia lecionado no
livro dos Salmos por dois anos consecutivos. A sua visão cristocêntrica na
interpretação dos Salmos contribuiu para forjar nele as grandes doutrinas da
Reforma.
·
Lutero,
na sua ânsia para conhecer a Palavra de Deus passou mais de 24 horas
trancafiado, a tal ponto de sua esposa Catarina von Bora, mandar arrebentar o
trinco da porta. Ao entrar encontrou ele debruçado sobre o salmo 23.
·
Martinho Lutero, também nessa linha de pensamento,
narrando como os Salmos são capazes de revelar o céu ou o inferno do coração
dos servos de Deus, escreveu:
a)
Ali podes contemplar o coração de todos os
santos, como belo e delicioso jardim, ou antes como o céu, e ver como nele
brotam delicadas, encantadoras e deliciosas flores de toda sorte de belos e
felizes pensamentos sobre Deus e sua bondade. Onde encontrarás palavras mais
profundas, mais sofridas, mais cheias de tristeza que as lamentações dos
salmos? Aqui mais uma vez penetras no coração de todos os santos como na morte,
ou antes como no inferno, e vês como tudo é tenebroso e escuro diante da visão
da ira de Deus. Também quando falam de temor ou de esperança usam tais palavras
como nenhum pintor que representa o temor e a esperança foi, é ou será capaz de
fazer. E o melhor de tudo é que falam tais palavras sobre Deus e com Deus.
b)
Falando sobre a maneira como esta
coleção de 150 poemas disseca o nosso interior, João Calvino declarou:
Fui acostumado a chamar este livro, e penso que não
inadequadamente, de “uma anatomia de
todas as partes da alma”, pois não há qualquer emoção, da qual qualquer um
pode estar consciente, que não esteja aqui representada como num espelho. Ou
melhor, o Espírito Santo tem aqui atraído para a vida todos os sofrimentos,
tristezas, medos, dúvidas, esperanças, preocupações, perplexidades, enfim,
todas as emoções dispersas e existentes, pelas quais a mente dos homens está
acostumada a ser agitada
c)
Johannes
Arnd escreveu: “O que o coração e para o homem, os Salmos são para a Biblia”.
d)
W.
O. E. Oesterley descreve os Salmos como “a maior sinfonia de louvor a
Deus que já foi escrita na terra
Como todo bom livro, os
Salmos também têm sua apresentação, que são os Salmos 1 e 2. O editor do
Saltério, sob a direção de Deus, escolheu a dedo os salmos para o prefácio. Por
que os Salmos 1 e 2?
O Salmo 1 destaca a primazia da Palavra e o Salmo 2
descreve a supremacia de Cristo. Não haveria melhor maneira de se
introduzir o Tehilim do que pelo
prisma da Lei e do Messias prometido.
Os Salmos são bibliocêntricos e
cristocêntricos, como deve ser nossa espiritualidade, nossa vida, nossa
adoração, nossas orações, nossos lamentos, nossos louvores – bibliocêntrico e cristocêntrico – tendo a Palavra como fonte e
Cristo como foco. A Bíblia deve ter a primazia e Cristo deve ter a supremacia
em tudo o que somos e fazemos.
a)
O
Salmo 1 é uma introdução, um prólogo ou um prefácio de todo o livro de Salmos.
b)
No
Salmo 1 temos a ‘porta dourada de entrada’ da congregação do justo. E a
chave que abre essa porta é unicamente a Lei do Senhor. É importante que essa
‘porta’ não fique fechada, pois, para quem desconhece a ‘casa’, não se prevê
outro lugar de acesso. Além disso, é na ‘porta de entrada’ que o visitante
recebe sua primeira impressão da ‘casa’ inteira. Ou, com outras palavras:
trata-se do lugar da primeira conversa entre o visitante e quem o recebe.
Dependendo deste diálogo, o visitante vai entrar de vez na ‘casa’ ou voltar
para trás.
c)
O
Salmo 1, é o “porteiro fiel” que confronta a todos aqueles que querem
participar da congregação dos justos. Em outras palavras, ele mostra qual deve
ser a atitude do adorador diante da Lei do Senhor, para que assim possa entrar
em Sua presença e adorá-Lo.
O editor que colocou esta
preciosidade no começo de Salmos agiu com sabedoria, pois as palavras desse
cântico indicam o caminho para a benção e advertem sobre o julgamento divino -
dois temas frequentes nos Salmos. As imagens desse salmo conectam o leitor aos
ensinamentos anteriores do Antigo Testamento.
a) Em
Genesis, vemos pessoas caminhando com Deus (5:21, 24; 6:9; 1 7:1), o rio que da
vida (2:10-14) e também arvores e frutos (2:8-10).
b) A
lei do Senhor relaciona o salmo ao êxodo por meio de Deuteronômio. Ser
bem-sucedido pela meditação dessa lei e obediência a ela nos faz lembrar Josué
1:8.
O salmo apresenta dois caminhos:
a) O
da benção e o do julgamento; e Israel deveria escolher um deles (Dt 30:1 5,
19).
b) Jesus
usa uma imagem semelhante (Mt 7:13, 14).
c) A
história da Bíblia parece desenvolver-se em torno do conceito de "dois homens": o "primeiro Adão" e o "último Adão" (Rm 5; 1 Co 15:45) - Caim e Abel, Ismael e Isaque, Esaú e Jacó,
Davi e Saul – e chega a seu ápice em
Cristo e o Anticristo. Dois homens, dois caminhos, dois destinos.
Oração de transição
Estando em pé junta a essa porta, vamos pedir ao querido Espirito Santo que nos conduza ao interior dessa casa.
1.
Conhecendo a nossa
identidade espiritual
Este Salmo é um convite de Deus para que
possamos descobrir nossa identidade! Ou seja, quem realmente somos.
1.1. O justo é bem-aventurado (V.1,2)
A expressão “bem-aventurado” aparece 26 vezes em todo o livro de Salmos (1.1; 2.12; 32.1,2; 33.12; 34.8; 40.4; 41.1; 65.4; 84.4,5,12; 89.15; 94.12; 106.3; 112.2; 119.1,2; 127.1,2; 137.8,9; 144.15,16; 146.5), seu significo básico é “muito feliz, extremamente feliz, grandemente feliz”. Essa felicidade não é qualquer qualidade de felicidade, mas uma felicidade que não é passageira e nem muito menos fundamentada em estímulos humanos e nem em objetos terrenos, está escondida em Deus e consiste:
1 . Na
sabedoria divina (Pv.3.13)
2 . Na
obediência a Deus (Pv.8.23)
3 . Na
confiança no Senhor (Pv.16.20)
4 . Na
observância aos mandamentos (Pv.29.18).
5. No
temor ao Senhor (Sl 128.1)
O homem bem-aventurado
como “aquele que tem a glória dos céus”,
dando a entender que ele possui uma felicidade vinda diretamente dos céus, de
Deus.
Esses dois
versos descrevem em que consiste caráter do homem bem-aventurado. Como podemos
ver ao ler esse texto, o seu caráter consiste em coisa negativas (no que se
refere ao que ele não é e não faz) e em coisas positivas (no sentido do que ele
é e faz).
1.2. O caráter negativo do bem-aventurado
O primeiro verso expressa em
forma negativa que tipo de pessoa é o bem-aventurado. Em resumo, o salmista diz
que ela é uma pessoa totalmente avessa
aos pecadores. Calvino diz que essa
pessoa é alguém afastada da sociedade dos ímpios.
Reparem na sequência lógica dos verbos “andar”, “deter-se” e “assentar-se”.
Andar no conselho; deter-se no caminho e assentar-se
na roda dos escarnecedores (andar – deter-se – assentar-se X conselho – caminho – roda). É uma sequência perigosa e nós devemos
evitar cair neste mal. O que a palavra de Deus está dizendo é que quem anda
nesse caminho, acabará se detendo no caminho e por fim assentar-se-á na roda
dos escarnecedores.
O verso acima nos mostra três
áreas da vida humana: os pensamentos,
as atividades e os relacionamentos, em todas essas três áreas o bem-aventurado está
em oposição aos pecadores.
O salmista destaca três comportamentos que o bem-aventurado não
prática, partindo do menor para o maior:
1º. Ele não anda no conselho dos ímpios- o bem-aventurado evita um
relacionamento, ainda que rápido ou casual com os ímpios, que são pessoas
perversas, hostis para com Deus e os homens. Desta forma, ele evita dar ouvidos
aos seus conselhos, ou seja, seus
pensamentos, seus desígnios e propósitos, pois estes são em sua maioria
maus e pecaminosos.
“O conselho”, aqui o vocábulo hebraico
é (ats’at) que significa conselho parecer, e a palavra usada
para “injusto” é (reshaim) que também pode ser traduzido
por “ímpio” vem do radical (rashe’a) que dá a idéia
de: “condenar-se, ser mal”, por tanto o salmista quer dizer, que o injusto
ou ímpio é aquele que condena a si mesmo em algo, mesmo sabendo que aquilo que
ele está fazendo é errado. O conselho dos injustos ou ímpios para o salmista é
a comunhão com o sistema mundial, com as trevas, com aqueles que
conscientemente caminham para a destruição.
2º. Ele não se detém no caminho dos pecadores- o bem-aventurado
evita um relacionamento continuo com os pecadores, que são pessoas que estão
desviadas do caminho de Deus e que são pecadores habituados e determinados.
Desta forma, ele evita seguir o seus modos e maneiras de viver, que são
constantemente pecaminosos.
Não pára: O verbo usado aqui pelo salmista
é (‘amad) também está no pretérito e significa: parar, estacionar, e
leva a uma ação consumada. A tradução ficaria “não parou”, aqui o salmista
faz um paralelismo com a frase “não andou” dando o mesmo sentido
daquilo que já foi consumado.
“O caminho dos pecadores” no hebraico o vocábulo é (hatã),
que vem do verbo de mesma grafia, que quer dizer: errar. Quando o salmista se refere ao “caminho dos pecadores” ele tem em mente o caminho daqueles
que estão em erros ou errados, estão em pecados, estão desviados
do “alvo” que é o termo teológico para a definição de pecado. O
alerta do salmista aqui é para o justo tomar o cuidado para estacionar, ou
parar neste caminho.
Comparando o caminho dos justos e dos ímpios
Enquanto o ímpio
é como uma palha que o vento dispersa
|
O justo é como
uma árvore plantada junto à fonte.
|
Enquanto o ímpio
está seco espiritualmente
|
O justo tem
verdor mesmo nos tempos de sequidão
|
Enquanto o ímpio
não tem frutos que agradam a Deus
|
O justo produz
frutos na estação certa
|
Enquanto o ímpio
não tem estabilidade e é jogado de um lado para o outro pelo vendaval
|
O justo tem suas
raízes firmadas no solo da fidelidade de Deus
|
Enquanto o ímpio
tem suas obras reprovadas por Deus
|
O justo tem
sucesso em tudo quanto faz
|
Enquanto o ímpio
busca a roda dos escarnecedores
|
O justo se
deleita na lei do Senhor
|
Enquanto o ímpio
não terá assento na assembleia dos santos nem prevalecerá no juízo
|
O justo será
conduzido por Deus na história e recebido na glória
|
Enquanto o
caminho do ímpio perecerá
|
O caminho do
justo é conhecido por Deus
|
3º. Ele não se assenta na roda dos escarnecedores- o bem-aventurado
não é alguém que estar reunido, habitando ou sempre em companhia de
escarnecedores, que são pessoas que desprezam, falam arrogantemente contra
Deus, que estão completamente obstinada pelo pecado. Ou seja, o bem-aventurado
não é alguém que estar convivendo tranquilamente com pessoas voltadas
completamente contra Deus e contra a fé.
Nem se assenta: aqui o verbo hebraico é (yashav), que
significa: sentar-se, permanecer, habitar. O salmista usa o mesmo tempo do
verbo, ou seja, no passado e a tradução ficaria assim: “não se assentou”,
transmitindo a mesma idéia daquilo que já aconteceu. “A roda dos
zombadores”, no original os vocábulos são os seguintes: roda (moshav), que
quer dizer: “assentamento, vila” e para zombadores temos (letsym),
que significa: “fúteis, volúveis, palhaços, perversos, escarnecedores”, no
original da à seguinte idéia: estão escarnecendo, estão sendo fúteis, estão
sendo volúveis.
Lição Importante
·
No
caminho dos ímpios há a progressividade do mal
Já vimos, então, o que denominamos de progressividade
do mal (andar – deter-se – assentar-se). Sim é uma
progressividade, isto é, vai aumentando de intensidade e força ou que evolui
gradativamente ou por etapas. O melhor mesmo a se fazer é não dar a mínima
brecha à situação de pecado e já logo cortar qualquer mal pela raiz antes que o
mesmo progrida. Não deixe o mal progredir se ele já começou em sua vida!
a) Ele
vai progredindo em perversidade – ímpios (impiedade contra Deus),
pecadores (praticante do mal), zombadores (prazer no pecado).
b) Ele vai
piorando em posturas –
anda, para, assenta. O pecado vai paralisando aos poucos. Anda. Anda e para.
Para de vez.
c) Ele
vai piorando como pessoa – seguir o conselho (implica segredo),
imitar a conduta (implica abertura), assentar na roda (implica orgulho).
d) Ele
piora até se tornar uma palha. Que é uma palha? Algo sem valor. Ela já não
tem mais o grão. Ela perdeu sua função, sua vida, sua virtude. Ela vive de um
lado para o outro até ser despedaçada ou queimada.
·
No
caminho dos justos há a progressividade para o przer
Pv. 4.18
Ser dia
perfeito:
a)
Eternidade –
é a eterna vida (folha não murcha)
b)
Dia perfeito
– dia feito pelo pai
c)
Dia eternal
– dia claro (Revelação)
1.1. O caráter positivo do bem-aventurado
Oração de ligação
A vida crista não consiste somente e simplesmente naquilo que não se pode fazer, mas naquilo que o cristão deve fazer positivamente, e é isso que o salmista destaca nesse segundo verso do salmo 1.
· As características do bem-aventurado
1.1.O prazer do bem-aventurado está na Lei do
senhor
O seu prazer: a palavra usada aqui é (heféts), que significa
desejo, anelo. O verso diz: “o seu prazer está na lei de Javé”, o salmista
aqui faz uma alusão à lei dada ao povo judeu através de Moisés, pois o maior
prazer que o judeu fiel tinha, era estar junto da sua “toráh”.
1.2.O bem-aventurado medita na Lei do senhor
O meditar: o verbo hebraico usado aqui é (hagah), que
significa: falar, expressar, pensar meditar. O texto diz “e medita sua lei
dia e noite”, é notável percebermos o amplo sentido deste verbo. O salmista
está afirmando que Javé abençoa o servo que medita (exame interior) ,
fala, pensa, estuda a sua palavra de dia e de noite. A expressão dia e noite
além de especificar um período de tempo, pode caracterizar tipologicamente,
luta e vitória (Sl-30:5b). “O choro pode durar uma noite, mas, a
alegria vem pela manhã”, neste caso a ficaria assim: “o choro pode durar
uma noite (luta), mas a alegria vem pela manhã (vitória) ”.
O
salmista está dizendo que tem vitória aquele que medita na lei de Javé quando
está bem (dia), mas também medita quando tudo está mal (noite).
1.3.O bem-aventurado é como uma arvore (V.3)
O salmista compara o justo com uma árvore e dá a esta árvore quatro
características, que são:
a)
Plantada: o verbo está no particípio e dar-se a entender que Javé é quem
plantou, e que Javé é o responsável pelo cuidado desta árvore dando-lhe todo
nutriente necessário, para a sua existência.
b)
Junto d’água corrente: a palavra hebraica usada aqui para
corrente é (peleg), que também pode significar facção ou à parte.
“Plantada junto d’água corrente” parece que o salmista está fazendo uma
alusão às escrituras, ou está se referindo literalmente a um rio, mas na
verdade ele está se referindo ao mundo (sistema), os injustos, e está
árvore (homem ou mulher) foi plantada numa facção (peleg) à
parte, separada das águas (alusão ao mundo, sistema), ou seja, a obra
de Deus constitui-se numa facção, uma parte de homens e mulheres que tomaram
outro rumo a seguir, o salmista desvincula totalmente o justo do injusto.
c)
Dá fruto no tempo devido: no original o verbo é (Natan),
que significa: dar, colocar. O salmista parece ser um homem do campo e está
sendo oprimido por alguém que ele chama de injusto, e faz um retrato perfeito
do justo, que dirigido por Javé, não dá fruto fora da hora, mas no tempo
determinado, na estação própria, ou seja, o salmista está tranquilo porque no
momento certo ele, isto é, sua terra dará seus frutos.
d)
Suas folhas nunca murcham: o verbo usado aqui é (navel),
que significa: murchar, fenecer, secar. Além de ser uma árvore que só dá fruto
na estação própria, o justo é também tipo de uma árvore cuja folha não murcha
ou seca, o salmista está dizendo que esta árvore não sente mudança de tempo.
Tem épocas do ano que as árvores perdem suas folhas, em Israel isso acontecia
no início do inverno, a figueira, ficava totalmente sem folhas, o salmista dá
entender que o justo não sente essa mudança de tempo e ainda “tudo o que
ele faz é bem-sucedido”, o verbo usado para bem-sucedido é (tsalakh), que
significa: prosperar, triunfar, atravessar. O salmista está dizendo que o justo
terá êxito, triunfará e atravessará por qualquer adversidade.
3. Não são assim os injustos: (v.4).
Injustos que pode ser traduzido por ímpios, quer dizer: que não tem fé,
incrédulo, que pratica impiedade, que não pratica a justiça. O salmista aqui dá
dois exemplos de como são os injustos.
a)
São como a palha: esta palavra no hebraico é (mots),
que significa: palha cortada em pedaços, escória de cereais. João Ferreira de
Almeida edição RC. 1995; traduziu esta palavra por moinha. Se o injusto é como
a palha, o salmista está dizendo que é um ser leve, sem consciência espiritual,
vazio, verdadeiro dejeto humano, largado as suas próprias sortes, a moinha,
segundo o dicionário Aurélio é, fragmentos miúdos de palha que ficam depois da
debulha de cereais, (cascas de grãos vazias).
b)
Que o vento arrebata: o verbo usado aqui é (nadaf),
que significa: dispersar, espalhar. O verbo está no futuro, indicando uma ação
que ainda ocorrerá, o salmista está dizendo que o vento irá soprar nestas
cascas de grãos vazias (os injustos) e os espalhará. A palavra vento no
hebraico é a mesma usada para o Espírito (ruach), que quer dizer: vento,
sopro, espírito, aqui o salmista dá a entender que o próprio Deus é quem os
espalhará.
5. Dois futuros: (v.5).
Aqui
o salmista faz uma analogia a dois futuros, um para os injustos e outro para os
pecadores fazendo um paralelismo entre si.
a) O futuro dos injustos: “não ficarão de pé no julgamento” no
original hebraico o verbo é (kum), que quer dizer: levantar-se,
rebelar-se, resistir. Aqui o salmista dá a entender que o injusto não poderá ao
menos se levantar no dia do juízo, pois Javé não os permitirá.
b)
O futuro dos pecadores: “não subsistirão na assembleia dos
justos” a palavra para assembleia no hebraico é (odat), e é oriunda do
verbo que significa “adornar”. O salmista está dizendo que os pecadores não
irão compor o adorno, jóia dos justos (figura da salvação, promessas, dons,
etc). Sendo assim o salmista diz que não serão reconhecidos por Javé e serão
espalhados pelo horizonte a fora.
6. Dois caminhos: (v.6).
Semelhante ao versículo anterior, o salmista faz o mesmo jogo de palavras
usando sendo que agora para dois caminhos, fazendo paralelismos semelhantes.
a)
O caminho dos justos: este caminho é conhecido por javé, o
salmista está dizendo que por onde o justo passa Javé tem cuidado dele, que é
conhecedor de cada passo, de cada atitude tomada e este caminho conduz à paz, a
alegria e a salvação.
b)
O caminho dos injustos: conduz à ruína, o verbo usado no
original é (avad), que quer dizer: “perder-se”, errar, perecer, sumir,
deste verbo deriva-se apalavra “abadom” que quer dizer: “destruição”. Nisto o
salmista está dizendo que o caminho do injusto conduz a perdição e a
destruição.