Êxodo, o livro da redenção

 

Êxodo, o livro da redenção 

Texto: Ex 1

Introdução:                                                

        Um esboço resumido do êxodo

           1.       Êxodo primeiramente mostra como os filhos de Israel foram escravizados no Egito (1:8-14).

           2.       Depois, revela como foram redimidos e salvos (12:27; 14:30).

         3.       Após sua redenção e salvação, foram eles guiados pelo Senhor através do deserto (13:17-18, 21-22; 17:1; 19:1-2; 40:36-38). Foram guiados pela coluna de nuvem e pela coluna de fogo.

         4.       Posteriormente, o maná caiu do céu, e a água viva jorrou da rocha fendida. Em suas jornadas, os filhos de Israel, finalmente, foram conduzidos pelo Senhor ao Monte Sião, onde receberam uma revelação do Seu eterno propósito, que é ter Seu lugar de habitação na terra (25:8-9,40).

           5.       Após receberem tal revelação, eles edificaram o tabernáculo para a habitação de Deus (39:32; 40:2, 34-35).

          O PENSAMENTO CENTRAL

      O pensamento central de Êxodo é que Cristo é a redenção, a salvação e o suprimento do povo de Deus, além de ser o meio de eles adorarem e servirem a Deus, de modo que, Nele, possam ser edificados juntamente com Deus, para que tanto eles quanto Deus se encontrem, se comuniquem e se habitem mutuamente. Percebemos Cristo ao longo de todo o livro de Êxodo. 

      Êxodo não é apenas um livro que conta como os israelitas saíram do Egito; é um livro de redenção, de suprimento, de revelação e de edificação. A saída do Egito foi simplesmente o início. A isso se seguia o suprimento, a revelação e a edificação. O texto que estamos considerando estar centralizado no livro do êxodo. E quero trazer para apreciação dos senhores algumas ponderações sobre esse livro: 

      O título “Êxodo”, que significa “saída” Antes de narrar um êxodo (saída) dos hebreus do Egito, o livro de Êxodo descreve um eisodus (entrada) da família hebraica no Egito. Não pode haver - e não precisa haver - um êxodo a menos que tenha havido um eisodus. Em resumo, o livro de Êxodo trata do modo como Deus transforma um eisodus em um exodus e do motivo pelo qual ele faz isso. Ele trata de como o Senhor muda “descer ao” para “subir do” Egito. 

      O motivo pelo qual Deus leva seu povo ao Egito é tão importante, se não mais importante, do que o motivo pelo qual ele tira Israel do Egito. Se o livro de Êxodo fosse sobre o evento de êxodo, então o livro seria concluído no fim do capítulo 14, ou talvez em 15.21, se o autor quisesse incluir os cânticos de Miriã e Moisés. Mas o que devemos fazer com 15.22-40.38, que narram eventos posteriores ao êxodo?

      O livro divide-se naturalmente em três Grandes partes:

a)      O êxodo – 1-18

b)      A lei – 19-24

c)      O Tabernáculo

     Na primeira parte nós encontramos:

1.      O planejamento do êxodo – Através de Moises

2.      Obstruído – pelo Faraó

3.      Efetuado - por Deus

       Nesses três movimentos, são respectivamente enfatizados os três grandes atores neste drama da história antiga. 

1.      O êxodo e Israel

      Pense no que o êxodo significou para Israel. São quatro significados básicos. 

a)      Primeiro, marcou o início de uma nova VIDA. Lemos em 12.2: “Este mês (Nisã) vos será o principal dos meses: será o primeiro mês do ano”. Abril se torna janeiro. A nova vida é marcada pelo começo de um novo calendário. Eles darão início a uma nova contagem, a partir deste evento que marca seu nascimento como nação.

b)      O êxodo significou o começo de uma nova LIBERDADE. Quando o grande exército saiu do Egito, Moisés dirigiu-se a eles com estas palavras: “Lembrai-vos deste mesmo dia, em que saístes do Egito, da casa da servidão; pois com mão forte o Senhor vos tirou de lá” (13.3). Esse termo sombrio, “servidão”, ficaria ligado ao Egito para sempre na memória de Israel. O Egito representava distintamente “a casa da servidão”. Mas no êxodo, Israel partiu para a liberdade.

c)      O êxodo significou o início de uma nova COMUNHÃO. Isto foi simbolizado na “festa” instituída para a Páscoa. “Este dia vos será por memorial, e o celebrareis como solenidade ao Senhor: nas vossas gerações o celebrareis por estatuto perpétuo” (12.14).

d)      O êxodo marcou o início de uma nova SEGURANÇA. Quando Deus anunciou o seu propósito de pôr em prática o êxodo, Ele Se dirigiu ao povo através de Moisés, dizendo: “Tomar-vos-ei por meu povo, e serei vosso Deus; e sabereis que eu sou o Senhor vosso Deus, que vos tiro de debaixo das cargas do Egito. Evos levarei à terra, acerca da qual jurei dar a Abraão, a Isaque e a Jacó; e vo-la darei como possessão: Eu sou o Senhor” (6.7, 8). 

2.      O êxodo e o Egito

  Pense no significado do êxodo em relação ao Egito. Ele simbolizou especialmente três coisas. 

a)      A primeira grande demonstração da falsidade da idolatria. 

        Quando Deus chamasse o povo de Israel para sua nova vida e sua missão nacional de restaurar o conhecimento do Deus verdadeiro e único, Ele iria, ao mesmo tempo, expor a falsidade de todas as divindades inventadas pelo homem. Por isso, diz: “... executarei juízo sobre todos os deuses do Egito: Eu sou o Senhor” (12.12; veja também Nm 33.4). Esta destruição dos deuses egípcios não só fez com que até os magos do Egito confessassem: “Isto é o dedo de Deus” (/. e.,do Deus verdadeiro; 8.19), mas, por ser tão evidente, tornou-se também uma lição para todos os povos da época (15.14-15; 18.11; e veja Js 9.9). Ela impressionou também a mente dos israelitas, e nós os ouvimos cantar do outro lado do Mar Vermelho: “Ó Senhor, quem é como tu entre os deuses?” (15.11).

b)     A derrota do Egito demonstra a inutilidade, o pecado e a loucura de tentar resistir ao Senhor Deus de Israel, o único Deus verdadeiro. No início da disputa, Faraó perguntou com desprezo: “Quem é o Senhor para que lhe ouça eu a voz?” (5.2). A intenção do êxodo era responder a essa pergunta de maneira a tornar-se uma lição para todos os homens de todos os tempos. De fato, Deus anunciou a Faraó, através de Moisés: “... mas deveras para isso te hei mantido, a fim de mostrar-te o meu poder, e para que seja o meu nome anunciado em toda a terra” (9.16). 

c)      Deve ser lembrado que todas as principais características do êxodo possuem uma importância tipológica.

      ·        O Egito, o cenário do êxodo, é um tipo do “mundo”, no sentido de corrupção moral. O Egito é um tipo do mundo

1.      Em sua riqueza material e poder (Hb 11.26);

2.      Em sua sabedoria carnal e falsa religião (Ex 8.7 etc.; 1 Rs 4.30);

3.      Em seu príncipe despótico, Faraó, que é um tipo de Satanás;

4.      Em sua organização sob os princípios de força, exaltação humana, ambição e prazer;

5.      Em sua perseguição ao povo de Deus (Dt 4.20);

6.      Em sua destruição pelo juízo divino (12.29; 15.4-7).

7.      Nas pragas, na morte dos primogênitos e no afogamento do exército egípcio, vemos a tribulação final, o juízo e a destruição do sistema mundial em que vivemos.

3.      O êxodo e Deus

O êxodo foi uma expressão suprema do poder divino. Daí o seu forte impacto sobre a mente dos hebreus. Para Israel, o êxodo tornou-se, para sempre, o padrão de medida do poder de Deus na salvação de Seu povo. O evento é mencionado repetidamente no Antigo Testamento. Miquéias 7.15 é um exemplo: “Eu lhe mostrarei maravilhas, como nos dias da tua saída da terra do Egito”. Note a palavra “como”, indicando o padrão de medida.

Não é surpreendente que o Êxodo se tenha tornado o padrão de medida do Antigo Testamento se considerarmos a complexidade dessa maravilha. Ele foi: 

1.      Uma maravilha de juízo — nas pragas milagrosas, na morte dos primogênitos e na derrota do exército egípcio no mar;

2.      Uma maravilha de graça — ao serem poupadas as casas que receberam a marca de sangue e na libertação dos israelitas;

3.      Uma maravilha de poder — na abertura de um caminho através do Mar Vermelho;

4.      Uma maravilha de orientação — nas colunas de nuvem e fogo;

5.      Uma maravilha de provisão — no suprimento milagroso de água e alimento;

6.      Uma maravilha de fidelidade — no cumprimento divino da aliança abrâmica e da nova aliança com a nação no Sinai;

7.      Uma maravilha de condescendência — como visto no tabernáculo, mediante o qual o Deus infinito e santo passou a habitar, de maneira especial, entre o Seu povo remido. 

      A unidade de medida do Antigo Testamento é superada desse modo pela manifestação maior do poder divino através de Cristo. Ao comparar o novo padrão com o do Antigo Testamento, porém, é instrutivo observar que o modelo neotestamentário repete as sete características milagrosas enfatizadas no êxodo. Da mesma forma que este, ele é:

1.      Uma maravilha de juízo — no tratamento judicial que Deus confere ao pecado humano, no Calvário, e na destruição de Satanás, com os “principados e potestades” do mal;

2.      Uma maravilha de graça — ao poupar de juízo e castigo o crente selado com o sangue, com base na identificação com a cruz;

3.      Uma maravilha de poder — ao ressuscitar Cristo dos mortos e na sua exaltação como Príncipe e Salvador, acima de todos os poderes do céu, da terra e do inferno;

4.      Uma maravilha de orientação — no envio e ministério do Espírito Santo como a nova coluna de nuvem e fogo;

5.      Uma maravilha de provisão — na bênção do crente com “toda sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais em Cristo” e na satisfação de todas as necessidades “segundo a riqueza de Deus, em glória, por Cristo Jesus”;

6.       Uma maravilha de fidelidade — no desenvolvimento da aliança abrâmica, mediante Cristo, em quem todas as famílias da terra são abençoadas; no cumprimento da aliança mosaica, que o desobediente Israel não honrara; e na revelação da nova aliança, no sangue de Cristo;

7.      Uma maravilha de condescendência — na habitação do Espírito Santo no coração do crente, transformando a personalidade humana em “templo do Deus vivo”. 

4.      O êxodo e o Evangelho 

      Por último — como já foi notado — o êxodo sob Moisés é um tipo ilustrativo daquele êxodo maior em Cristo: tem a função de lembrar-nos isto; é útil, portanto, gravar na mente os pontos semelhantes e contrastantes. 

Principais Semelhanças

1.      O êxodo trouxe uma emancipação majestosa para Israel. O evangelho traz libertação da culpa, do castigo e da servidão do pecado.

2.      O êxodo foi centrado na Páscoa e no cordeiro sacrificado. O evangelho é centrado na grande páscoa do Calvário e “no Cordeiro morto desde a fundação do mundo”.

3.      O êxodo foi, desde então, comemorado na festa da Páscoa. Assim sendo, “Cristo, nosso Cordeiro pascal, foi imolado. Por isso celebremos a festa” (1 Co 5.7, 8).   

      Principais Contrastes

1.      Nos meios. O sangue protetor, no êxodo, era o de um simples animal. No evangelho, ele é “o sangue precioso de Cristo”. No primeiro caso, muitos cordeiros são sacrificados; no segundo, Um só por todos.

2.      Na extensão. O êxodo foi nacional e, portanto limitado. O evangelho é universal, sua expressão característica é “quem quer que”.

3.      Nos efeitos. O primeiro significava libertação das algemas físicas; o segundo, da servidão espiritual. Uma liberdade era temporal, a outra, eterna. A primeira abria caminho para uma Canaã terrena, a outra, para uma celestial.

Amem!!!!

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