TEXTO AUREO (Dn 10:5)
LEITURA BÍBLICA EM CLASE (Dn 10.1-6,9,10,14)
O capítulo que ora vamos estudar encontra-se numa seção que se destaca dos capítulos sete a nove: a de dez a doze. Estes aparecem como profecia que os remete a uma retrospectiva histórica dos capítulos sete a nove.
A seção dos capítulos dez a doze dividi-se basicamente em três partes: introdução longa que descreve a aparição do emissário divino para Daniel (cap. 10); a revelação que envolve a história dos quatro impérios mencionados em profecias anteriores (11.1—12.4); a consumação dos segredos divinos até o tempo do fim (12.5-13).
O capítulo dez retrata o envio de um emissário celestial, conhecido como o homem vestido de linho, que trouxe uma mensagem a Daniel acerca do futuro das nações e do povo de Israel. O profeta Daniel esgotou-se fisicamente diante da realidade espiritual permeada na batalha entre anjos cuja maioria dos estudiosos conservadores diz serem aqueles anjos guardiões das nações que habitavam a região da Palestina e adjacências.
Mais importante é destacar que neste capítulo os anjos aparecem com uma missão específica em relação ao desenrolar da história revelada em visão a Daniel. Os seres espirituais são enviados pela parte de Deus para auxiliar o profeta concernente a interpretação de algo que Daniel buscava compreender. Perceba que em nenhum momento há uma atitude de deslumbramento por parte do profeta com relação aos seres espirituais. Pois o seu desgaste físico tem haver com a dimensão do mundo espiritual que ele viu-se imerso. Por isso, não podemos usar este texto para justificar os movimentos contemporâneos de "cair no espírito". É um "assalto" hermenêutico utilizar textos como este de Daniel para justificar movimentos que nada tem haver com o desenrolar do futuro das nações onde Deus se predispõe a revelar os mistérios divinos.
Não se pode deixar de apontar também que no nascimento de Jesus de Nazaré esta dimensão celestial foi novamente representada através dos anjos. O anjo Gabriel anunciou o advento do Messias. Na tentação de Jesus, após Ele ser provado e ter vencido as tentações, anjos o serviram. O apóstolo Paulo nos falou que a nossa luta não é contra carne e sangue, mas contra as potestades nas regiões celestiais. Os anjos são reais, o mundo espiritual é real e, por isso, não podem ser banalizados por meninices e falta de bom senso e respeito às coisas de Deus.
Revista Ensinador Cristão. Editora CPAD. pag. 41.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
O título desse capítulo desperta curiosidade porque apresenta uma figura que revela alguém singular, diferente de todas as figuras de linguagem que ilustra o próprio Deus e, que, de forma teofânica, indica a Pessoa de Jesus Cristo. Era, de fato, a revelação do Cristo pré-encarnado, que corresponde com a visão de Ezequiel (Ez 1.26) e depois, no Novo Testamento, com o Apocalipse de João (Ap 1.12-20). Em todo este capítulo, “o homem vestido de linho” é o personagem central das revelações feitas a Daniel.
Temos que considerar que os três últimos capítulos desse livro trazem a última visão e revelação que Daniel teve da parte de Deus. O capítulo 10 se constitui, de fato, numa preparação para a revelação que Deus queria dar a Daniel, O capítulo 11 apresenta a visão escatológica que destaca o futuro imediato de Israel em relação às nações. Nesta visão, Daniel lembra quando chegou como exilado político na Babilônia ainda bem jovem. Os anos se passaram, e agora nos capítulos 10,11 e 12, ele era um homem com mais de 85 anos de idade. Ele lembra o nome estrangeiro Belsazar que havia recebido da parte de Nabucodonosor e que tinha por objetivo apagar a memória do seu povo e do seu Deus. Mas Daniel, ao citá-lo em Dn 10.1, queria lembrar, também, que nada mudou na sua mente e coração em relação à sua fidelidade ao Deus de Israel. Ele provou que apesar do desterro de sua terra, nada havia mudado em relação à sua fé.
Fazendo uma digressão ao capítulo 9, Daniel sabia que o dedo de Deus dirige a história e o futuro do seu povo e nada o deteria de cumprir os seus desígnios para com o seu povo, mesmo que o mesmo tenha pecado contra o Senhor. Haviam passado os 70 anos preditos na profecia de Jeremias e, então, Deus envia o anjo Gabriel (Dn 9.21) para revelar esse futuro do seu povo. Foi uma revelação depois de muitas lágrimas e orações do profeta pelo seu povo. Daniel era um homem de lágrimas e Deus se agradava da sua humildade.
No capítulo 10, já era o terceiro ano do reinado de Ciro da Pérsia (534 a.C.), e Daniel, mesmo estando idoso, permaneceu no palácio sob a égide dos reis que sucederam Nabucodonosor. Assumiram o império Ciro, da Pérsia, e Dario, da Média. Constituindo, portanto, o Império Medo-persa. Entre 538 e 536 a.C., Ciro, o persa, concedeu um decreto que autorizava os judeus exilados na Babilônia a retornarem a Palestina, especialmente, em Jerusalém, para reedificarem o templo judeu. Porém, esse retorno aconteceu, de fato, a partir de 538 a.C. O edito real de Ciro emitido está registrado em Esdras nos capítulos 1 ao 6. Segundo a história, uma grande maioria de judeus havia aderido aos costumes estrangeiros e preferiu não voltar à sua terra, ficando na Babilônia. Porém, o sonho de Daniel era concretizado mediante sua pesquisa no livro do profeta Jeremias ao constatar que já haviam se passado os 70 anos profetizados de cativeiro. Mesmo assim, Daniel não desistiu de orar pelo seu povo e por sua cidade santa, Jerusalém. Daniel era um homem de oração. Neste capítulo algo diferente de todas as visões que tivera anteriormente acontece. Há uma manifestação teofanica quando o próprio Deus, prefigurativamente, na pessoa de Jesus Cristo, se apresenta a Daniel de uma forma ímpar e gloriosa. Há, também, no texto uma manifestação angelical em que anjos celestiais obedecem aos desígnios de Deus em favor dos seus servos na terra.
Elienai Cabral. Integridade Moral e Espiritual. O Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje. Editora CPAD. pag. 137-138.
Um intercessor amado no céu (Daniel 10.1-21)
Daniel é um dos maiores exemplos de oração que temos na Bíblia.
Ele ora com seus amigos, e os magos são poupados da morte (Dn 2.17,18). Ele ora com as janelas abertas para Jerusalém, e Deus o livra da cova dos leões (Dn 6.10). Ele ora confessando seu pecado e os pecados do povo, pedindo a restauração do cativeiro babilônico (Dn 9.3). Agora, Daniel ora novamente em favor de sua nação (Dn 10.1-3).
Esse texto tem muitas lições importantes a nos ensinar sobre oração e jejum. Também nos fala dos reflexos que as orações da igreja produzem no céu. Esse texto ainda nos ensina grandes lições sobre batalha espiritual.
LOPES. Hernandes Dias. DANIEL Um homem amado no céu. Editora Hagnos. pag. 127.
Esse capítulo, assim como os dois capítulos seguintes (que concluem esse livro), fazem um resumo de toda a visão e profecia reveladas a Daniel e destinadas ao uso da igreja, não através de sinais ou figuras como antes (capítulos 7 e 8), mas por meio de palavras expressas. E isso aconteceu cerca de dois anos depois da visão do capítulo anterior. Daniel orava diariamente e uma visão lhe era concedida uma vez ou outra. Nesse capítulo se vê algumas introduções à profecia, no capítulo décimo primeiro tem as previsões em particular, e no capítulo décimo segundo a conclusão final. Esse capítulo nos mostra: I. O solene jejum e a solene humilhação de Daniel antes de ter essa visão (w. 1-3). II. A gloriosa aparição do Filho de Deus e a profunda impressão que ela lhe causou (w. 4-9). III. Como foi encorajado a descobrir os futuros acontecimentos que seriam satisfatórios e úteis tanto para ele como para os outros e que, embora fosse difícil, ele seria capacitado a entender o significado dessa descoberta e permanecer forte sob o seu esplendor, mesmo sendo deslumbrante e terrível (w. 10-21).
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Isaías a Malaquias. Editora CPAD. pag. 889-890.
O capítulo 10 faz parte da última visão que Deus deu a Daniel, cobrindo os capítulos 10, 11 e 12. A visão foi dada dois anos após o retorno dos judeus à Palestina. No capítulo 10.1 afirma-se que foi no terceiro ano de Ciro. Ora, Ciro decretou o regresso dos judeus do Exílio no primeiro ano do seu reinado.
O capítulo 10 contém a descrição da visão. O capítulo 11 relata eventos que tiveram lugar durante o período grego, após a morte de Alexandre, culminando com a perseguição movida por Antíoco Epifânio. O capítulo 11 (parte), juntamente com o 12, descreve os amargos sofrimentos do povo judeu nos eventos do final dos tempos.
Estes três capítulos finais de Daniel revelam a culminância da crescente experiência espiritual do profeta, a qual é para todos nós um chamamento para uma vida profunda com Deus. De início, ele interpretou os sonhos e eventos de outros (caps. 2,4,5). A seguir, descreve visões suas (cap. 7). Depois é transportado em visão a outra terra (cap. 8). A isso segue-se a visita de um dos mais celebrados anjos (cap. 9). Por fim o profeta vê em visão o próprio Filho de Deus na sua preencarnação (cap. 10). Foi portanto uma experiência espiritual sempre crescente. Assim deve ser a de cada um de nós.
Antônio Gilberto. DANIEL & APOCALIPSE Como entender o plano de Deus Para os últimos dias. Editora CPAD.
I - UMA VISÃO CELESTIAL (10.1-3)
1. “Foi revelada uma palavra a Daniel”.
Indiscutivelmente, Daniel é um dos modelos de vida devocio- nal mais importante da Bíblia. Ele soube conciliar sua atividade palaciana com a sua vida devocional. No exilio, mesmo servindo a reis pagãos, Daniel não se descuidou de estar em oração, três vezes por dia. Ele não estava em Jerusalém para adorar ao Senhor no Templo, mas fazia do seu quarto de dormir o seu altar de adoração e serviço a Deus através da oração. Foi desse modo que ele teve as grandes revelações dos desígnios de Deus para o seu povo.
Daniel, um homem de revelações de Deus (10.1)
“foi revelada uma palavra a Daniel” (10.1). A palavra revelação significa, essencialmente, trazer à luz alguma coisa nova. A Daniel foi revelado coisas extraordinárias acerca do seu povo e acerca de coisas futuras, não apenas concernentes a Israel, mas abrangentes a todo o mundo, inclusive à igreja. Porém, nos capítulos 10, 11 e 12, toda a revelação fala de fatos que acontecerão “nos últimos dias”. Daniel era um homem sensível à voz de Deus, comprometido com a verdade e que dizia apenas o que Deus ordenasse. Daniel não enfeitava a profecia. As figuras de linguagem utilizadas por Deus para ilustrar as revelações eram extremamente fiéis ao que Deus queria revelar.
(10.2) A tristeza de Daniel. “Estive triste por três semanas completas”. A tristeza que afligiu o coração de Daniel o fez decidir por orar e jejuar por 21 dias, abstendo-se de carnes e de vinho. As notícias negativas acerca do que estava acontecendo com seu povo e com a reconstrução do templo em Jerusalém o fez perceber que estava havendo confusão, posição e má vontade da parte de muitos judeus em relação ao retorno para a sua cidade, o lugar do templo do Senhor em Jerusalém. Os samaritanos e palestinos que habitavam neste tempo em Jerusalém, começaram a criar obstáculos, principalmente, para a reconstrução do Templo. Os judeus haviam retornado para Jerusalém com o propósito de reconstruir o templo enfrentaram muita oposição, e Esdras confirmou esse fato, quando disse: “Todavia o povo da terra (samaritanos e palestinos) debilitava as mãos do povo de Judá, e inquietava-os no edificar” (Ed 4.4). Por causa dessa oposição ferrenha dos inimigos de Israel, agindo com falsidades e mentiras, e procurando desanimar o povo, tudo faziam para frustrar os propósitos da reconstrução do templo. Mais uma vez Esdras registrou essa oposição e disse: “E alugaram contra eles conselheiros, para frustrarem o seu plano, todos os dias âe Ciro, rei da Pérsia" (Ed 4.5). Além desses opositores, Daniel percebeu, também, que havia desinteresse de muitos exilados na Babilônia em voltar à sua terra, pois haviam se acomodado à vida exilada. A ordem de reconstrução e da volta do seu povo à Palestina já havia sido autorizada e, passados alguns anos, o povo não se animava de voltar à sua terra. Daniel ficou triste e se pôs a lamentar e chorar. Porém, ele não desistiu de interceder pela compaixão de Deus, o Deus de Israel. Ele percebeu que o povo havia se esquecido do Senhor e pouco se interessava em servi-lo, preferindo viver uma vida dissoluta e de acordo com os padrões da vida pagã. Ele sentia o peso desse fardo espiritual e se pôs a orar e jejuar diante de Deus por Israel (w. 3,12).
Elienai Cabral. Integridade Moral e Espiritual. O Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje. Editora CPAD. pag. 138-140.
Dn 10.1 “Foi revelada uma palavra...” O termo “revelar” ou o seu equivalente no presente versículo, tem o mesmo sentido e pode ser traduzido por “revelação”. Isto é, uma revelação de “uma guerra prolongada” que seria desenvolvida e consolidada no capítulo 11 deste livro, sendo aqui, porém, apenas o início da visão. Em toda a extensão da Bíblia, encontramos a “revelação” com dois pontos focais: a) Os propósitos de Deus. b) A pessoa de Deus. Por um lado, Deus informa os homens a respeito de si mesmo, revelando quem é Ele, o que tem feito, o que está fazendo, o que fará, e o que requer que os homens façam. Assim é que o Senhor tomou Noé, Abraão e Moisés, aceitando-os em relação de confiança, informando-os sobre o que havia planejado e qual era a participação deles nesse plano (Gn 6.13-21; 12.1 e ss.; 15.13-21; Ex 3.7-22). Por outro lado, quando Deus envia a sua palavra aos homens, Ele também os confronta consigo mesmo. “A Bíblia não conhece a revelação como uma simples transmissão de informações, divinamente garantidas, mas antes, como a vinda pessoal de Deus aos homens, para tornar-se conhecido deles. (Ver Gn 35.7; Êx 6.3; Nm 12.6-8; G1 1.15 e ss.). No texto em foco, Deus revelou a Daniel o que há de acontecer nos “últimos dias”.
Severino Pedro da Silva. Daniel vercículo por vercículo. Editora CPAD. pag. 185-186.
Uma idéia geral dessa profecia (v. 1): “A palavra é verdadeira”, e toda palavra de Deus é assim. É verdade que Daniel teve essa visão e que tais coisas foram ditas. Ele atesta esse fato solenemente, e jura na qualidade de profeta. Et hoc pamtus est verificare - ele estava preparado para verificá-las. E, como essas palavras tinham vindo do céu, não há dúvida de que seriam confiáveis e imutáveis. Mas o período mencionado ainda demoraria muito para chegar. O reinado de Antíoco ainda demoraria 300 anos, uma espera bastante longa. Além disso, como é habitual que os profetas enxerguem nas profecias as coisas espirituais e eternas, existe nessa profecia um aspecto que parece estar dirigido ao fim do mundo e à ressurreição dos mortos. Sendo assim, ele poderia muito bem dizer: O tempo determinado ainda vai demorar a chegar. Entretanto, ficou bem claro para Daniel que seria mais uma história do que uma profecia. E ele entendeu do que se tratava, pois foi transmitida com bastante clareza e recebida de uma forma que ele poderia dizer que havia entendido a visão. Ela não só operou em sua imaginação, mas também em seu entendimento.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Isaías a Malaquias. Editora CPAD. pag. 890.
1. "foi revelada uma palavra..." (10.1). Há um Deus no Céu que pode revelar o futuro, bem como qualquer assunto que for da sua vontade. Uma palavra revelada do Céu é algo maravilhoso, certo e infalível.
Antônio Gilberto. DANIEL & APOCALIPSE Como entender o plano de Deus Para os últimos dias. Editora CPAD.
2. Daniel um homem de oração.
Sem dúvida, Daniel é um grande exemplo da prática da oração. Durante toda a sua vida e, especialmente da juventude à velhice, o velho Daniel não deixou de orar. Era um homem determinado e consciente de suas limitações. Por três semanas consecutivas (21 dias) o velho Daniel não deixou de orar em favor do retorno do seu povo à sua terra. Ele nunca desistiu de clamar e pedir por esse retorno, porque sabia que o tempo de Deus não está preso às circunstâncias históricas. Ele não adianta nem atrasa. No tempo devido, seus desígnios são concretizados. Entretanto, Daniel, havia entendido que o plano de Deus para o seu povo não havia findado. Sua convicção era tão forte que não demorou muito para que Deus lhe desse outra grande revelação.
Daniel havia ficado triste por 21 dias por causa da profecia de Jeremias e havia nesta profecia a promessa de restauração do seu povo. Por isso, ele sentiu motivado, não apenas para lamentar, mas para orar suplicando que a promessa fosse realizada. Ele levou a sério esta necessidade de orar e orava como hábito cotidiano três vezes ao dia. Ele orava com seriedade, com reverência e com contrição, pois confessava o pecado do povo e esperava a misericórdia de Deus (Dn 9.3-15). No capítulo 10, Daniel é surpreendido pelo “homem vestido de linho” que lhe revela coisas maravilhosas.
Elienai Cabral. Integridade Moral e Espiritual. O Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje. Editora CPAD. pag. 140.
Dn 10.3: “Manjar desejável não comi, nem carne nem vinho entraram na minha boca, nem me ungi com ungüento, até que se cumpriram as três semanas”.
O presente versículo apresenta um jejum intensivo ainda que parcial, feito por Daniel. Uma boa parte das religiões da Antiguidade conheciam a prática do jejum. Abster-se de alimento era considerado, o meio de escapar do poder de demônios, que, teriam sua influência na ausência da oração e jejum. (Ver Mc 9.29). Antes de ser prática cultual oficialmente estabelecida, o jejum, é, no Antigo Testamento, primordialmente, um ato de piedade individual ou coletiva, realizada por ocasião de circunstâncias particulares pessoais ou nacionais. O israelita jejua quando está de luto (1 Sm 31.13; 2 Sm 1.12; 3.35), ou quando está em graves dificuldades e espera de Deus o auxílio de que necessita (2 Sm 12.16; 1 Rs 21.27; SI 35.13). Também se jejua em preparação para receber a revelação de Deus, como bem pode ser depreendido do texto de Ex 34.28 e do presente texto, ou antes de um empreendimento difícil (Ed 8.21-23; Et 4.16). O jejum é, pois, a expressão de profundo arrependimento e de uma esperança futura de algo que satisfaz (1 Rs 21.27; Jn 3.5).
Severino Pedro da Silva. Daniel vercículo por vercículo. Editora CPAD. pag. 186-187.
Daniel é um homem de lágrimas. Ele chora pelo povo (v. 2). Esse é o terceiro ano do reinado de Ciro. Daniel tem aproximadamente 84 anos, já é um ancião. Ele orou, chorou e jejuou pela libertação do cativeiro. Agora o povo está em Jerusalém, mas, sob fogo cruzado. A oposição dos samaritanos interrompeu a construção do templo. O povo voltou, mas a restauração plena ainda não aconteceu. Daniel, contudo, mesmo distante, aflige sua alma e chora pelo povo. Os fardos do povo de Deus precisam pesar em nosso coração. Jamais seremos verdadeiros intercessores a não ser que sintamos o peso das aflições do povo sobre nossos ombros. Daniel jejua e ora pelo povo (v. 3,12). Ele se abstém de alimentos. Daniel deixa por 21 dias o convívio social e se recolhe para um tempo de quebrantamento, jejum e oração em favor de sua nação. Muitos judeus preferiram ficar na Babilônia a voltar a Jerusalém. Daniel, porém, não voltou por causa de sua idade e também porque na Babilônia podia influenciar mais profundamente os reis persas. Mas durante os setenta anos de cativeiro, mesmo ocupando altos cargos, nunca se esqueceu de Jerusalém.
Diariamente, orava pela cidade (Dn 6.10).
Daniel jejua e ora por duas razões: muitos judeus haviam se esquecido de Jerusalém e mostravam pouco interesse em voltar do exílio; os poucos que voltaram, enfrentavam dificuldades sem precedentes para reconstruir o templo e a cidade. Os samaritanos haviam apelado ao rei da Pérsia e a obra ficou paralisada. Parecia que os poucos que haviam retornado, fizeram-no sem um verdadeiro motivo. Parecia que tudo fora em vão.112 Por essa razão, Daniel orava e jejuava.
LOPES. Hernandes Dias. DANIEL Um homem amado no céu. Editora Hagnos. pag. 128-129.
Dn 10.2,3 A informação por três semanas completas refere-se à observância de Daniel da Páscoa e da Festa dos Pães Asmos, que aconteceu durante o primeiro mês do ano (Ex 12.1-20). A Páscoa dava-se no décimo quarto dia do mês e a Festa dos Pães Asmos, nos oito dias seguintes. Toda a festividade terminava no vigésimo primeiro dia do mês.
EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo Comentário Bíblico Antigo Testamento com recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 1290.
3. A tristeza de Daniel.
Dn 10.2 “Estive triste...” O texto em foco tem seu paralelo em 2 Co 7.10, onde o apóstolo Paulo escreve dizendo: “Porque a tristeza segundo Deus opera arrependimento para a salvação, da qual ninguém se arrepende”. Daniel, já muito experiente, via, nas visões escatológicas, descritos todos os acontecimentos futuros envolvendo Israel; assim, cada visão por ele presenciada não lhe trazia alegria, mas tristeza de alma. Nas palavras de Paulo, podemos observar a similaridade de expressão, tanto no presente versículo como no anterior. Tal tristeza é, de conformidade com a vontade divina, obra de Deus, é fruto de sua atuação, a fim de Ele efetuar os seus propósitos no indivíduo. Não se trata de uma realização humana. Se porventura for uma operação real não pode ser efetuada sem a cooperação do livre arbítrio humano. Daniel sentiu-se “triste” em ver diante de si um quadro verdadeiro da sentença divina, confrontado com tanta indignidade.
Severino Pedro da Silva. Daniel vercículo por vercículo. Editora CPAD. pag. 186.
Um relato da mortificação de Daniel antes de receber a visão. Ele não a esperava, nem mesmo quando proferiu a sua solene oração (cap. 9). Ele não parecia alimentar qualquer expectativa de uma visão que correspondesse a ela, e estava sendo movido puramente por um princípio de devoção e de piedosa simpatia pelo aflito povo de Deus. Ele esteve triste durante três semanas inteiras (v. 2) por causa dos seus próprios pecados, e dos pecados e das lamentações do seu povo. Alguns crêem que as razões da sua tristeza e abatimento tenham sido a preguiça e a indiferença da maioria dos judeus que, embora tivessem a liberdade de retornar à sua terra, ainda continuavam na terra do seu cativeiro, sem dar valor aos privilégios que lhes haviam sido oferecidos. Talvez o que levasse Daniel a se sentir ainda mais triste fosse o fato de que aqueles que assim procediam tentassem se justificar através do exemplo de Daniel, embora não tivessem as mesmas razões do profeta para lá permanecer. Outros dizem que Daniel se entristeceu por ter ouvido a respeito da obstrução à construção do templo, feita pelos inimigos dos judeus que haviam contratado conselheiros contra eles a fim de frustrar os seus propósitos (Ed 4.4,5), durante todo o reinado de Ciro. Esses judeus tinham obtido o apoio do seu filho Cambises, ou de Artaxerxes, que governou enquanto Ciro esteve ausente na guerra da Cítia. Os homens justos não podem deixar de se entristecer ao ver como a obra de Deus anda devagar no mundo, e quanta oposição ela encontra. Como os seus amigos são fracos e como os seus inimigos são ativos. Durante os seus dias de tristeza, Daniel não comeu nenhum alimento desejável. Embora não pudesse viver sem se alimentar adequadamente, ele reduziu drasticamente a sua alimentação, e se mortificou tanto na qualidade como na quantidade daquilo que comeu. E isso pode ser realmente entendido como um jejum, e um sinal de humilhação e tristeza. Ele não comeu o pão que lhe era agradável e que costumava comer, mas somente aquele que era rude e sem gosto, a fim de não ser tentado a comer mais do que era necessário para apenas manter a sua natureza. Assim como os ornamentos, essas iguarias são completamente inconvenientes em um dia de humilhação. Daniel não comeu carne, não bebeu vinho, nem se ungiu com ungüento durante esse período de três semanas (v. 3). Embora fosse agora um homem idoso e pudesse alegar que a sua natureza exigisse aquilo que fosse nutritivo, e embora fosse um homem importante e pudesse alegar qüe estando acostumado a refeições elegantes não poderia passar sem elas, pois isso iria prejudicar a sua saúde, no entanto, para que tudo isto pudesse servir para testemunhar e auxiliar sua devoção, ele foi capaz de negar tais confortos a si mesmo. Que isso sirva para envergonhar muitos jovens que pertencem às fileiras comuns da vida, e que não são capazes, igualmente, de se convencer a se privarem de certas coisas.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Isaías a Malaquias. Editora CPAD. pag. 890.
Dn 10.2. A aflição de alma de Daniel (10.2,3). A razão do seu lamento e retraimento acompanhado de jejum é certamente explicada pela data mencionada no versículo 1: "No terceiro ano de Ciro". É que por volta do terceiro ano de Ciro, a obra iniciada, de reconstrução do templo, fora embargada. (Ed 1-3; 4.4,5). Daniel, como patriota e membro da nação eleita, preocupava-se com o futuro dela, como já vimos patenteado na sua oração do capítulo 9.
A perseverança de Daniel na oração e no jejum por 21 dias ocasionou a resposta divina. "Então me disse: Não temas, Daniel, porque desde o primeiro dia, em que aplicas-te o coração a compreender e a humilhar-te perante o teu Deus, foram ouvidas as tuas palavras; e por causa das tuas palavras é que eu vim" (10.12). Nesse versículo vemos que as nossas próprias palavras, na oração, são ouvidas no Céu!
Antônio Gilberto. DANIEL & APOCALIPSE Como entender o plano de Deus Para os últimos dias. Editora CPAD.
II - A VISÃO DO HOMEM VESTIDO DE LINHO (10.4,5)
1. Um “homem vestido de linho”.
O tempo da resposta à oração de Daniel
“e no dia vinte e quatro do primeiro mês” (10.4). Esse era o mês de Nisan (março-abril) e Daniel cita esse dia para declarar que era o final das três semanas que ele esteve confinado em oração e jejum. Essa data envolvia os dias da celebração da Páscoa em Israel, que era o dia em que Deus havia tirado Israel da escravidão egípcia. Neste contexto de oração e jejum, Daniel se lembra da sua vida de juventude a setenta anos atrás quando, em Jerusalém, podia celebrar com alegria a Páscoa e, naquele momento que estava vivendo, estava fora da sua terra. Isso tudo o levou a um profundo sentimento de recordações e de oração pela restauração do seu povo.
O local da revelação divina a Daniel
“eu estava à borda do grande rio Hidéquel” (10.4). Na verdade, o rio Hidekel é o mesmo rio Tigre. E um rio que nasce nas montanhas da Armênia e atravessa a planície da Mesopotâmia, por mais de 1.800 kilometros e, depois se junta ao rio Eufrates desaguando no Golfo Pérsico. O rio Tigre (ou Hidekel), pela sua importância geográfica foi o local onde, literalmente, Deus deu a grande visão dos capítulos 10,11 e 12 a Daniel. E interessante notar que Daniel não fora arrebatado em espírito para ver a grande visão, mas ele estava, literalmente naquele local “à borda do rio” acompanhado de alguns homens. Estes homens não viram a visão, apenas ficaram assustados com o ambiente e fugiram porque notaram que estava acontecendo algo extraordinário (10.7). A Daniel foi dada a visão e a mais ninguém. O texto do versículo 5 confirma,dizendo: “E levantei os meus olhos, e olhei...”
A aparição do homem vestido de linho “e eis um homem vestido de linho” (10.5). Deus sempre utilizou figuras de linguagem que pudessem aclarar suas revelações. O “homem vestido de linho” que lhe aparecera era literal, ainda que de forma magnífica e angelical. Segundo alguns estudiosos, esse “homem” pode ser uma aparição teofanica do próprio Cristo, cuja descrição pode ser comparada a visão que João, o apóstolo, teve na Ilha de Patmos (Ap 1.13-16). Ora, uma teofania significa Deus mani- festando-se, tomando formas distintas para falar com o homem. Na Bíblia, temos teofanias (manifestações de Deus) e temos angelofanias (manifestações angelicais). Geralmente, essas manifestações são com formas humanas. No caso da experiência de Daniel, quem poderia ser: um anjo ou o próprio Deus? Alguns exegetas não veem o “homem vestido de linho” como uma teofania, mas insistem em que o personagem é o de um ser angelical. Porém, o contexto bíblico fortalece a ideia de que seja, de fato, o próprio Deus manifestando-se de modo pessoal e visível como “um homem” a Daniel.
O que é uma teofania?
A palavra teofania deriva de duas outras palavras na língua grega: teos efanis que significam respectivamente “Deus” e “aparecer” ou (manifestar). Entende-se, portanto, teofania como “uma forma visível da divindade”. Crê-se que a aparição daquele ser angelical como “um homem vestido de linho” era uma teofania. O texto fortalece a ideia de que era Jesus, a segunda Pessoa da Trindade, pelas caraterísticas esplendorosas do personagem. A descrição desse personagem espiritual lembra a visão que o apóstolo João teve de Jesus quando estava na ilha de Patmos (Ap 1.13-16).
As caraterísticas do homem vestido de linho.
(10.5,6) A visão estrondosa e magnífica que Daniel teve do homem vestido de linho desafia os estudiosos da Bíblia em definir essa aparição. A pergunta que todos fazem é: Quem era aquele homem? Seria Gabriel, o embaixador de Deus em outras vezes para com Daniel? Seria um anjo com poderes especiais para cumprir um desígnio de Deus? Seria Miguel, o chefe das milícias de Deus que defende os interesses de Deus para com Israel? Seria esse “homem vestido de linho” o Cristo pré-encarnado, numa teofania especial? Percebe-se que essa aparição trazia um homem com vestes de linho, com os ombros cingidos de ouro, com um corpo semelhante a berilo, que tinha uma cor do tipo água marinha, ou verde-mar, o rosto como relâmpago e olhos como tochas de fogo, braços e pés como bronze polido e sua voz era como o barulho de uma multidão (Dn 10.5,6). Portanto, essas caraterísticas o faziam um ser diferente e singular que o identificavam com outras teofanias que aparecem na Bíblia. Entretanto, a visão de João, o apóstolo, na Ilha de Patmos se ajusta perfeitamente com as caraterísticas desse “homem” que apareceu a Daniel. Não devemos forçar uma interpretação, mas o contexto contribui para que creiamos que esse “homem” especial não podia ser outro senão Jesus Cristo, a segunda Pessoa da Trindade. Ele estava vestido de “linho”(v. 5), um tecido utilizado especialmente na roupagem dos sacerdotes segundo a liturgia hebraica e significa santidade, pureza e justiça. Em Apocalipse 1.13, o Senhor Jesus aparece em visão a João, na Ilha de Patmos, vestido de glória e majestade, e diz que: “um semelhante ao Filho do homem, vestido até aos pés de um roupa comprida”.
Elienai Cabral. Integridade Moral e Espiritual. O Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje. Editora CPAD. pag. 141-143.
Dn 10.4 “... rio Hidequel. O rio que traz este nome é o mesmo que o “Idiklart” em assírio, e, grego, “Tigre”. Era um dos rios que assinalavam a localização do jardim do Éden (Gn 4.2,14). Nasce nas montanhas da Armênia e corre na direção sueste, atravessando 1.834 quilômetros, via Diabehr, através da planície da Mesopotâmia, até reunir-se ao rio Eufrates, a 64 quilômetros ao norte do Golfo Pérsico, onde finalmente deságua. É um rio bastante largo e que serpenteia em muitos meandros através da Babilônia, e é alimentado por tributários que descem das colinas persas. Quando as neves se derretem, o rio enche em março-maio e ou- tubro-novembro. Nínive, Galá e Assur, ambas mencionadas em Gêneses capítulo 10, fixaram-se em suas margens. Daniel confessa que, em sua grande visão futurística, se encontrava ali, na borda desse rio.
Dn 10.5 "... um homem vestido de linho”. O que Daniel diz neste versículo e naqueles que seguem é dito também por João a respeito de Cristo, em Ap 1.13 e ss. Ali Jesus é visto “vestido até os pés de um vestido comprido”. Era uma vestimenta talar, usada exclusivamente pelos sacerdotes e juizes no desempenho de suas funções. E isso realmente, a dupla função do Filho de Deus, atualmente (2 Tm 4.8 e Hb 3.1). “O cinto de ouro cingido à altura do peito era também usado pelos sacerdotes quando ministravam no santuário; e estava à altura do peito e não nos rins, para ajustar as vestes, de modo a facilitar os movimentos; é símbolo de dignidade e majestade, coisas que são inerentes ao Filho de Deus, tanto no passado como no presente. Na Dispensação da Graça, Cristo é o nosso sumo sacerdote perfeito para sempre” (Hb 7.28). Porém alguns teólogos acham que aqui, em Daniel, refere-se a um anjo e não a Cristo porque esse personagem não pôde vencer o “príncipe do reino da Pérsia” sem o auxílio do arcanjo Miguel (v. 13). Seja como for, um elevado poder, uma autoridade celestial, está em foco!
Dn 10.6: O presente versículo reúne vários elementos descritos em Ap 1.14 a 16, aplicados à pessoa de Cristo. Em Ap 4.3 há uma visão similar, mas é evidente que, ali, é a pessoa do Pai que está em foco. Ele está “assentado”, porquanto assumiu a posição de autoridade, como um Rei, o qual se “assenta em um trono”, enquanto que seus ministros estão “à sua mão direita e à sua esquerda”. O profeta Ezequiel, outro profeta do cativeiro babilónico, viu a aparência de Deus (Ez 1.26-28) junto ao rio Quebar, quando se encontrava em estado de êxtase. Outras passagens das Escrituras falam em profundidade sobre a “forma de Deus”. Na presente passagem, porém, deve ser um ser celestial que está em foco, como uma figura expressiva daquele que havia de vir ao mundo. (Comp. Ez cap. 9).
Severino Pedro da Silva. Daniel vercículo por vercículo. Editora CPAD. pag. 187-188.
Recebe especial visitação do céu (Dn 10.4-12)
Daniel recebe uma visitação angelical. O anjo que o visita é cheio de esplendor (v. 4-6). Alguns estudiosos como Stuart Olyott, Evis Carballosa e Young entendem que a descrição desse anjo é uma teofania e trata-se da segunda Pessoa de Trindade.113 A razão apresentada é que a descrição é muito semelhante àquela apresentada em Apocalipse 1.13-17. Também entendem que só a presença de Jesus provocaria tanto impacto em Daniel, e só o Senhor pode tocar e restaurar vidas.
Outros estudiosos, porém, como Calvino, Osvaldo Litz e Ronald Wallace entendem que a descrição é mesmo de um anjo, sobretudo, porque no versículo 13 há resistência em relação a esse anjo, e ele precisa de reforço espiritual. As descrições do anjo são magníficas e muito parecidas com a aparição gloriosa de Jesus a João, na ilha de Patmos: sua vestimenta (v. 5); seu corpo (v. 6); seu rosto (v. 6); seus olhos (v. 6); seus braços (v. 6); seus pés (v. 6) e sua voz (v. 6).
Daniel, diante do esplendor do anjo, reage de três formas diferentes (v. 7-12). Em primeiro lugar, ele tem claro discernimento (v. 7). Apenas Daniel conseguiu discernir a voz do anjo. Os outros ouviram, temeram e fugiram, mas apenas Daniel compreendeu. Foi assim também com Saulo de Tarso no caminho de Damasco (At 9.7; 22.9). Apenas aqueles que vivem na intimidade de Deus discernem a voz de Deus. Houve uma irresistível percepção do céu na terra. Ao fugirem os demais, Daniel ficou sozinho perante o anjo do Senhor.
Em segundo lugar, ele passou por profundo quebrantamento (v. 8). Quando Daniel ficou sozinho diante do ser celestial, seu corpo enfraqueceu. Daniel cai prostrado diante do fulgor do anjo. Diante da manifestação da glória de Deus os homens se prostram e se humilham. A glória de Deus é demais para o frágil ser humano suportar.
Em terceiro lugar, Daniel experimentou gloriosa consolação (v. 12). O Daniel que está prostrado ouve, agora, palavras doces e encorajadoras. Ouve que é amado no céu (v. 11). Toma conhecimento que suas orações foram ouvidas (v. 12). Ouve que o que é ligado na terra é ligado no céu. Ouve que Deus aciona Seus anjos para atender Seus filhos quando esses se pôe de joelhos em oração (v. 12b). Por isso, Daniel não deve ter medo (v. 12).
LOPES. Hernandes Dias. DANIEL Um homem amado no céu. Editora Hagnos. pag. 129-130.
Uma descrição da gloriosa pessoa que Daniel viu na sua visão e que, como em geral acreditam, não podia ser outra a não ser o próprio Cristo, o Verbo eterno. Daniel estava ao lado do rio Hidéquel (v.
4), provavelmente caminhando por ah, não por diversão, mas por devoção e contemplação, como Isaque caminhou pelos campos a fim de meditar. E, como era uma pessoa distinta, os servos que o atendiam mantinham certa distância. Nesse lugar ele olhou para cima e viu um homem, Cristo Jesus. Entende-se que era Ele, pois tinha a mesma aparência Daquele que apareceu ao apóstolo João na ilha de Patmos (Ap 1.13-15). As suas vestes eram sacerdotais, pois sendo o Sumo Sacerdote da nossa profissão de fé, Ele estava vestido de linho, e como o próprio sumo sacerdote se vestia no dia da expiação, os seus lombos estavam cobertos (na visão de João, o peito estava coberto) com um cinto do mais fino ouro, igual ao de Ufaz. Pois tudo o que se relaciona a Cristo deve ser o melhor que existir. O cinto ao redor dos lombos significa a prontidão e a diligência dele em relação ao seu trabalho, na qualidade de servo de Deus Pai, na obra da nossa redenção. A sua aparência era amável e o seu corpo como o berilo, uma pedra preciosa que tem a cor do céu. O seu semblante era terrível, suficiente para inspirar terror nos espectadores, pois o seu rosto tinha a aparência de um relâmpago. O brilho dos seus olhos trazia a sensação de beleza e ameaça. Eram brilhantes e luminosos como tochas de fogo. Os seus braços e pés brilhavam como o bronze polido (v. 6). A sua voz era alta, forte, e muito penetrante, como a voz de uma multidão. A vox dei - a voz de Deus - pode se sobrepor à vox populi - a voz do povo. Cristo se manifestou dessa forma gloriosa, e por esta razão devemos: 1. Pensar nele com muito respeito e dignidade. Devemos considerar como o Senhor Jesus Cristo é grande e importante. Ele deve ter a preeminência em todas as coisas. 2. Admirar a sua condescendência em relação a nós e à nossa salvação. Apesar de todo esse esplendor, Ele se cobriu com um véu quando assumiu a forma de servo, e se esvaziou.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Isaías a Malaquias. Editora CPAD. pag. 890-891.
2. “Eis que uma mão me tocou”.
“me tocou os lábios” (10.16). Daniel tinha caído por terra por não ter tido condições físicas e emocionais de suportar toda aquela revelação. Ficou sem fala, mas ao ser tocado nos lábios, abriu a boca e começou a falar, à semelhança do que aconteceu com o profeta Isaías (Is 6.7). Quando somos tocados pelo Senhor, a sua santidade produz em nós um sentimento de indignidade e impureza perante os seus olhos. Ao ser tocado nos lábios, Daniel, antes emudecido diante da visão, começou a falar.
"Como pois pode o servo deste meu Senhor falar com aquele meu Senhor”? (10.17). Dois personagens se destacam nesta experiência, o anjo que falava com ele e o Ser superior a quem Ele entendeu que não tinha condições de estar de pé diante dEle. Quem era aquele “Senhor”? O contexto da escritura indica Alguém que era mais que um ser angelical. Não poderia ser o Senhor Jesus Cristo? Não podemos especular sobre isso, mas não há dificuldade alguma para entender a possibilidade de ser o Senhor Jesus, pré-encarnado, numa aparição especial. Na transfiguração de Jesus diante de seus três discípulos, Moisés e Elias viram a glória de Deus na pessoa de Jesus Cristo, seu Filho amado (Êx 33.19; Lc 9.28-31).
(10.18,19) Daniel foi confortado pelo anjo. Daniel descobriu que os opositores da obra em Jerusalém, não eram apenas os sa- maritanos e palestinos que se opunham contra tudo, mas tinha por trás de toda essa oposição, a ação de demônios. Mas Daniel é confortado pelo anjo quando lhe diz que “era muito amado” por Deus.
(10.20) O anjo revela a Daniel que “o príncipe da Grécia” na figura de um dos espíritos satânicos também se levantaria para se opor ao povo de Deus num tempo bem próximo daquele que ele, Daniel, estava vivendo. A revelação foi feita ainda dentro do período do Império Medo-persa, mas logo passaria, e outro império haveria de surgir, suplantando o medo-persa, que era o Império Grego. Aquele anjo embaixador de Deus anunciou a Daniel que ele enfrentaria as milícias espirituais com o apoio de Miguel, o príncipe de Deus a favor de Israel.
A grande lição que aprendemos com este capítulo é que no mundo temos uma guerra espiritual sobre as nossas cabeças.Trata- se de uma guerra invisível, mas temos a promessa da vitória porque Deus cumpre a sua Palavra.
Elienai Cabral. Integridade Moral e Espiritual. O Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje. Editora CPAD. pag. 147-148.
ANJO (hebraico maUak e grego aggelos, "agente," "mensageiro").
Natureza e Hierarquia dos Anjos
Os anjos são uma ordem sobrenatural de seres celestiais criados separadamente por Deus antes da criação do mundo (cf. Jó 38.6,7) e chamados de espíritos (Hb 1.4,14). Embora sem organismo corpóreo, foi-lhes permitido aparecer frequentemente na forma de homem (Gn 19.1,5,15; At 1.11). As Escrituras os descrevem como seres pessoais, mais elevados que a raça humana (SI 8.4,5) e não meras personificações. Eles não são seres humanos glorificados (1 Co 6.3; Hb 1.14). Possuem mais do que conhecimento humano, mas ainda assim não são oniscien-tes (2 Sm 14.20; 19.27; Mt 24.36; 1 Pe 1.12). São mais fortes que os homens, mas não são onipotentes (SI 103.20; 2 Pe 2.11; 2 Ts 1.7). Também não são onipresentes (Dn 10.12-14). Às vezes são capacitados para realizar milagres (Gn 19.10-11). O NT revela que existem grandes multidões de anjos no céu (Mt 26.53; Hb 12.22; Ap 5.11). Os anjos têm, individualmente, diferentes capacitações e hierarquias (veja Querubim; Serafim), e são altamente organizados (Rm 8.38; Ef 1.21; 3.10; Cl 1.16). Dois dos anjos mais importantes são Gabriel (Dn 8.16; 9.21; Lc 1.19,26) e Miguel, o arcanjo (Dn 10.13,21; 12.1; Judas 9; Ap 12.7). Satanás era um dos querubins e era chamado "querubim ungido para proteger" (Ez 28.14). Portanto, ele era um dos mais elevados bem como um dos mais dotados dentre as hostes celestiais (Ez 28.13-15) até que caiu. Veja Satanás.
O Ministério dos Anjos
O trabalho dos anjos é variado. Seu principal papel no NT é o de mensageiros ou por-ta-vozes divinos. Um anjo falou com Zacarias (Lc 1.11-20), com Maria (Lc 1.26-38), com José (Mt 1.20-24; 2.13,19), com os pastores de ovelhas (Lc 2.9-15), com Cornélio (At 10.3,6,22), com Paulo (At 27.23), e com João no Apocalipse. Anjos proclamam juízos divinos por todo o Apocalipse. Os santos anjos permanecem na presença de Deus e o adoram (Mt 18.10; Hb 1.6; Ap 5.11,12). Eles ministram aos santos (Hb 1.14) dando assistência, proteção e livramento (Gn 19.11; SI 91.11; Dn 3.28; 6.22; At 5.19); guiam-nos (At 8.26; 12.7-10); às vezes, trazem encorajamento (Dn 9.21; At 27.23,24); interpretam a vontade de Deus (Dn 7.16; 10.5,11; Zc 1.9ss) e a executam com relação tanto aos indivíduos quanto às nações (Gn 19.12-16; 2 Sm 24.16). Nesta qualidade os anjos de Deus são frequentemente chama-dos de "anjos da guarda," e alguns crêem que cada um deles é designado para assistir a um crente e representá-lo no céu (At 12.15; SI 34.7; Mt 18.10). Veja Vigilantes. Os seis homens de Ezequiel 9.1-7 eram aparentemente executores divinos. Anjos levaram o mendigo Lázaro para o seio de Abraão (Lc 16.22). Eles são instrumentos de Deus para punir seus inimigos (2 Rs 19.35; At 12.23) e punir até mesmo o seu próprio povo (2 Sm 24.16). Um de seus grandes privilégios é mostrar as características do céu aos remidos (Ap 21.9-22.6), por cuja conversão eles se regozijaram (Lc 15.10). Os anjos tiveram uma grande participação na vida de Cristo, aparecendo tanto antes quanto após o seu nascimento (Mt 1.20; Lc 1.30; 2.9,13), para fortalecê-lo após a sua tentação (Mt 4.11) e no jardim do Getsêmani (Lc 22.43). Um anjo rolou a pedra em sua ressurreição (Mt 28.2-7), e dois apareceram e confirmaram seu retorno em sua ascensão (At 1.11). O Senhor Jesus poderia ter solicitado a seu Pai 12 legiões de anjos para livrá-lo de seus inimigos (Mt 26.52).
Anjos Caídos
Os anjos malignos, dos quais Satanás é o príncipe (Jo 12.31; 14.30; Ef 2.2; cf. 6.12), se opõem aos bons (Dn 10.13), perturbam o bem-estar do homem às vezes adquirindo o controle que Deus tem sobre as forças da natureza (Jó 1.12-19) e as doenças (Jó 2.4-7; cf. Lc 13.16; At 10.38). Eles tentam o homem para pecar (Gn 3.1-7; Mt 4.3; Jo 13.27; 1 Pe 5.8) e espalham falsas doutrinas (1 Rs 22.21-23; 2 Co 11.13,14; 2 Ts 2.2; 1 Tm 4.1). No entanto, sua liberdade para tentar e testar o homem está sujeita à vontade permissiva de Deus (Jó 1.12; 2.6).
Embora eles ainda tenham a sua habitação no céu e, às vezes, tenham acesso ao próprio trono de Deus (Jó 1.6), serão lançados à terra por Miguel e seus anjos antes da Grande Tribulação (Ap 12.7-9), e finalmente serão lançados no lago de fogo e enxofre "preparado para o diabo e seus anjos" (Mt 25.41). Os anjos, como seres criados separadamente. não se casam nem se dão em casamento (Mt 22.30; Lc 20.36). Em contraste, os homens são todos participantes da raça humana e descenderam do primeiro casal, Adão e Eva. Deus, portanto, não pode lidar com os anjos através de um representante e, sendo assim, os anjos caídos não podem ser remidos por um comandante federal como o homem (por exemplo, "em Adão" e "em Cristo", Rm 5.12ss.; 1 Co 15.22). Com que base Deus, então, separou os santos anjos (Mt 25.31; Mc 8.38) daqueles que pecaram (2 Pe 2.4; cf. Judas 6)? Com base em sua obediência, amor e lealdade a Ele. Aqueles que seguiram a Lúcifer em sua rebelião contra Deus (Is 14.12-17; Ez 28.12-19) desse modo pecaram e caíram. Alguns destes foram colocados em cadeias eternas (Judas 6), mas os outros ainda estão livres e ativos e são chamados de demónios. Aqueles anjos que continuaram firmes em amor, lealdade e obediência a Deus foram confirmados em um caráter de justiça. Assim, os anjos podiam pecar ou permanecer puros até serem totalmente testados e confirmados em justiça. Uma vez que Deus é imutável, nós aprendemos disto que Adão e Eva da mesma forma poderiam ter amado a Deus, permanecido leais a Ele, e lhe obedecido e sido confirmados em justiça; ou se rebelado e pecado, como fizeram, e se perderem. A grande diferença entre os anjos caídos e o homem é que, enquanto o homem pode ser salvo através de um representante substituto, ou seja, Cristo, tomando-o como Salvador e vindo sob seu comando total, os anjos caídos não podem. Cristo teria que morrer uma vez para que cada anjo perdido e separado fosse salvo. Veja Anjo do Senhor; Arcanjo; Demonolo-gia; Diabo.
ANJO DO SENHOR. Discute-se se o anjo do Senhor (Gn 16.7-14; 22.11,14,15; Êx. 3.2; Jz 2.1,4; 5.23; 6.11-24; 13.3) ou anjo de Deus (Gn 21.17-19; 31.11-13) é um dos anjos ou a aparição do próprio Deus. O fato de que o anjo fala, não meramente em nome de Deus, mas como Deus, na primeira pessoa do singular, não deixa dúvida de que o anjo do Senhor é uma teofania - uma automanifestação de Deus (Gn 17.7ss.; 22.llss.; 31.13). O anjo identifica-se com Deus e reivindica exercer as prerrogativas de Deus. Às vezes ele é distinguido de Deus (2 Sm 24.16; Zc 1.12s.). Contudo, quando distinguido, a identidade como Divindade permanece (cf. Zc 3.Is.; 12.8). Portanto, qualquer distinção entre o anjo e o Senhor é apenas uma distinção entre o Senhor invisível e o Senhor manifestado. Uma vez que o anjo do Senhor para de aparecer depois da encarnação de Cristo, é frequentemente inferido que o anjo é, no AT, uma aparição pré-encarnada da Segunda Pessoa da Trindade.
PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. pag. 138-139.
ANJOS.
Distribuição das tarefas. Em geral, o trabalho dos anjos é executar a vontade universal de Deus no céu e na terra. Eles louvam, reverenciam e obedecem a Deus. Promovem a bondade divina e são mediadores do amor e do beneplácito de Deus para com o homem. Quanto à relação deles com os homens, o livro de Hebreus declara sucintamente: “Não são todos eles espíritos mi- nistradores, enviados para serviço a favor dos que hão de herdar a salvação?” (Hb 1.14). O serviço dos anjos apresenta-se numa ampla distribuição de tarefas, observando-se as seguintes categorias.
A. Anunciar e preanunciar. Os anjos anunciaram com antecedência os nascimentos de alguns servos de Deus especiais. Um anjo preanunciou a Abraão e Sara a concepção e o nascimento do filho deles, Isaque (Gn 18.9ss.). Semelhantemente, um anjo predisse o nascimento de Sansão aos seus pais, Manoá e sua esposa (Jz 13.2-24). Gabriel anunciou o nascimento de João Batista ao seu pai Zacarias, antes que a esposa deste, Isabel, ficasse grávida; anunciou também o nascimento de Jesus a Maria, antes que ela engravidasse (Lc 1.13,30). Na noite do nascimento de Jesus, o momento glorioso foi anunciado por um anjo aos pastores, imediatamente unindo-se a ele um coro de anjos que louvaram a Deus e abençoaram os homens (Lc 2.8-15).
Os anjos não somente anunciam eventos de bênção, mas, em certas ocasiões, predisseram aos justos perigos iminentes ou desastres ameaçadores. Abraão e Ló foram avisados por anjos sobre a destruição de Sodoma e Gomorra (Gn 18.16—19.29). José foi alertado por um anjo: “Dispõe-te, toma o menino e sua mãe, foge para o Egito e permanece lá até que eu te avise; porque Herodes há de procurar o menino para o matar” (Mt 2.13). Gabriel revelou acontecimentos futuros envolvendo o juízo de Deus ao profeta Daniel: “Eis que te farei saber o que há de acontecer no último tempo da ira, porque esta visão se refere ao tempo determinado do fim” (Dn 8.19). De forma similar, um anjo revelou a João, na ilha de Patmos, num caleidoscópio de visões, algumas cenas escatoló- gicas incluindo a Ressurreição, o Juízo Final e a Nova Jerusalém (Ap 1—22).
B. Guiar e instruir. Desde o dia em que Abraão saiu de sua casa em Ur dos Caldeus até que Josué estabeleceu as tribos de Israel em Canaã, há uma clara implicação de que o povo escolhido era divinamente liderado. Sempre e em todos os estágios da peregrinação nômade dos patriarcas, a descida para o Egito e a jornada pelo deserto até a Terra Prometida, parecia sempre haver um anjo por perto, visível, ou invisível. Repetidamente Abraão conversou com anjos; quando ele enviou seu servo Eliezer à Mesopotâmia para procurar uma esposa para Isaque, assegurou-lhe: “Oh Senhor, Deus do céu, que me tirou da casa de meu pai e de minha terra natal, e que me falou, e jurou, dizendo: A tua descendência darei esta terra, ele enviará o seu anjo, que te há de preceder, e tomarás de lá esposa para meu filho” (Gn 24.7,40). Tempos depois, quando Jacó estava, ele próprio, numa missão similar, teve um sonho maravilhoso deanjos subindo e descendo por uma escada que ia da terra até o céu; o Senhor lhe apareceu e lhe assegurou: “Eis que eu estou contigo, e te guardarei por onde quer que fores, e te farei voltar a esta terra, porque te não desampararei, até cumprir eu aquilo que te hei referido” (Gn 28.12-15). Quando Moisés liderou os israelitas para fora do Egito, “o Anjo de Deus, que ia adiante do exército de Israel, se retirou e passou para trás deles” (Ex 14.19). Subseqüentemente, Moisés confortou os israelitas com a promessa divina: “Eis que eu envio um Anjo adiante de ti, para que te guarde pelo caminho e te leve ao lugar que tenho preparado” (Ex 23.20). Ele reforçou esta promessa lembrando que o Senhor “enviou o Anjo e nos tirou do Egito” (Nm 20.16). Direção e instrução eram funções análogas, muitas vezes combinadas na mesma missão angelical. A instrução mais abrangente no AT foi a lei recebida por Moisés de um anjo no Monte Sinai. Quando estava sendo julgado diante do Sinédrio, Estevão mencionou, em seu resumo da história de Israel, “o anjo que falou com [Moisés] no Monte Sinai”, a seguir, responsabilizou os líderes dizendo: “Vós que recebestes a lei por ministério de anjos e não a guardastes” (At 7.38,53). Paulo afirmou que a lei foi “promulgada por meio de anjos, pela mão de um mediador” (G1 3.19). Eliú visualizou “uma teu respeito, para que te guardem em todos os teus caminhos” (Sl 91.11). O anjo que falou com Daniel disse que fora o anjo guardião de Dario. Afirmou também que Miguel era o anjo guardião de Daniel, provavelmente no sentido mais amplo de guardião dos judeus, e que ele e Miguel tinham lutado contra o príncipe (anjo) da Pérsia e que, mais tarde, o príncipe da Grécia viria (Dn 10.13—11.1). Obviamente, então, nações e cidades, bem como indivíduos, têm anjos da guarda. Poderíamos incluir também igrejas, como vemos nos sete anjos das sete igrejas da Ásia Menor (Ap 2—3).
Na guarda do povo de Deus, às vezes, os anjos se engajavam em ações militantes contra seus inimigos. “O destruidor”, o anjo da morte, destruiu os primogênitos egípcios para forçar a libertação dos israelitas da escravidão (Êx 12.23,29). Quando o exército de Senaqueribe ameaçou destruir Jerusalém, nos dias do rei Ezequias e do profeta Isaías, “naquela mesma noite, saiu o Anjo do Senhor e feriu, no arraial dos assírios, cento e oitenta e cinco mil” (2Rs 19.35). O comentário mais esclarecedor e confortador sobre a guarda dos anjos foi feito pelo próprio Jesus, por ocasião de sua prisão no Jardim do Getsêmani. Pedro acabara de tentar defender o mestre, desembainhando sua espada com uma certa eficácia, quando Jesus o desarmou e pronunciou palavras impressionantes de confiança: “Acaso, pensas que não posso rogar a meu Pai, e ele me mandaria neste momento mais de doze legiões de anjos?” (Mt 26.53).
D. Ministrar os necessitados. Todo serviço angélico prestado ao homem é ministrado para suas necessidades, de alguma forma. Os anjos são mediadores do amor e da boa vontade de Deus para com o homem, e sua missão é sempre benevolente, seja imediatamente ou em seu objetivo final. Como já vimos, anjos ministraram a Abraão, Isaque e Jacó em tempos de necessidade premente. O serviço angélico não se restringia aos homens de honra e de posição, mas estendeu-se em gentil compaixão ao prestar a ajuda necessária a uma jovem escrava, Hagar e seu pequeno filho, Ismael, quando ambos estavam com a vida ameaçada pela sede e pela fome no deserto (Gn 21.17ss.). Quando os israelitas sofriam no Egito, sob a severa opressão do chicote dos feitores e pareciam sem esperança na escravidão, o anjo do Senhor apareceu a Moisés e disse: “Certamente, vi a aflição do meu povo, que está no Egito, e ouvi o seu clamor por causa dos seus exatores.
Conheço-lhe o sofrimento; por isso, desci a fim de livrá-lo” (Êx 3.7ss.). Quando Elias, sentindo exaustão, medo e solidão, pegou no sono sob um zimbro no deserto, um ser celeste ministrou suas necessidades. Um anjo o acordou e lhe serviu um bolo quente e uma vasilha de água, proporcionando-lhe as forças para a longa jornada que tinha pela frente (lRs 19.5-7). Depois que Jesus passou quarenta dias no deserto, ameaçado por animais selvagens, enfraquecido pelo jejum e tentado pelo diabo, “os anjos o serviam” (Mc 1.13). Na sua agonia, solidão e tristeza no Getsêmani, “então lhe apareceu um anjo do céu que o confortava” (Lc 22.43). Depois que Jesus foi colocado no túmulo (após a crucificação), “um anjo do Senhor desceu do céu, chegou-se, removeu a pedra e assentou- se sobre ela” (Mt 28.2). Pedro foi libertado das correntes e da prisão por um anjo, da mesma maneira que, pouco antes, “de noite, um anjo do Senhor abriu as portas do cárcere e, conduzindo- os para fora, lhes disse: Ide e, apresentando-vos no templo, dizei ao povo todas as palavras desta Vida” (At 5.19; 12.6-11).
E. Assistir no julgamento. Finalmente, anjos auxiliam no julgamento de Deus. Há um número suficiente de exemplos, registrados para mostrar que isso está continuamente ocorrendo na história humana. Alguns notáveis exemplos já foram mencionados. Outro exemplo impressionante deste ponto é a morte de Herodes Agripa: “No mesmo instante, um anjo do Senhor o feriu, por ele não haver dado glória a Deus; e, comido de vermes, expirou” (At 12.23). Alguns exemplos do papel dos anjos nos julgamentos divinos são mostrados nas visões de João em Patmos. Um anjo com grande autoridade e magnífico esplendor proclamou a queda de Roma, enquanto que um anjo poderoso lançou uma enorme pedra no mar, simbolizando o mesmo evento (Ap 18.1,21). No final da guerra na qual Cristo e seus exércitos celestes derrotaram a besta e suas hostes, um anjo ficou em pé no sol e invocou aves de rapina para comerem os cadáveres dos inimigos de Deus, que foram destruídos no conflito (Ap 19.17s.). Outro anjo amarrou Satanás e o atirou no abismo (20.1-3). Jesus disse a Natanael que, aquilo que Jacó viu numa visão, ele veria na realidade no seu ministério: “Em verdade, em verdade vos digo que vereis o céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem” (Jo 1.51). Posteriormente, Jesus declarou à sua audiência: “Qualquer que de mim e das minhas palavras se envergonhar, dele se envergonhará o Filho do Homem, quando vier nasua glória e na do Pai e dos santos anjos” (Lc 9.26). Ele disse também: “Todo aquele que me confessar diante dos homens, também o Filho do Homem o confessará diante dos anjos de Deus; mas o que me negar diante dos homens será negado diante dos anjos de Deus” (12.8,9). Além disso, Jesus disse que os anjos o assistiriam em sua Segunda Vinda: “Quando vier o Filho do Homem na sua majestade e todos os anjos com ele, então, se assentará no trono da sua glória” e julgará todas as nações (Mt 25.31). Quando ele vier, “ele enviará os seus anjos, com grande clangor de trombeta, os quais reunirão os seus escolhidos, dos quatro ventos, de uma a outra extremidade dos céus” (24.31; cp. Mc 13.27). Sem dúvida a função principal dos anjos, na era vindoura, será louvar a Deus continuamente (Ap 19.1-3; Lc 2.13).
MERRILL C. TENNEY. Enciclopédia da Bíblia. Editora Cultura Cristã. Vol. 1. pag. 310-314.
3. “O príncipe do reino da Pérsia”.
“o príncipe do reino da Pérsia” e “o príncipe do reino da Grécia”.
(10.13,20). Subtende-se que Satanás designou dois dos seus anjos para influenciarem os reis da Pérsia e da Grécia e colocá-los contra o povo de Deus, Israel. No contexto do conflito no céu do capítulo 10, essas figuras procuraram impedir e resistir ao anjo Gabriel, mensageiro de Deus que tinha a resposta à oração de Daniel. Deus enviou o arcanjo Miguel, defensor dos interesses divinos para com Israel, a fim de possibilitar o cumprimento da missão do anjo Gabriel. Satanás tem sua própria organização angelical e esse texto indica que ele estabelece categorias de comandos. No caso do texto de Dn 10.13,20, Satanás incumbe anjos perversos com poder delegado para agir contra as nações do mundo. São espíritos que assumem territórios, e alguns teólogos, interpretam esta ação demoníaca coino ação de “espíritos territoriais”, que exploram culturas e crendices para aprisionar mentes e corações contra a possibilidade de conhecerem o Deus Verdadeiro. Segundo Paulo, esses espíritos atuam nas regiões celestiais para resistirem e criarem obstáculos à obra de Deus e à realização da sua vontade.
Elienai Cabral. Integridade Moral e Espiritual. O Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje. Editora CPAD. pag. 145.
O Príncipe da Paz e os príncipes terrenos (10.2—11.1). Mais uma palavra confortadora vem da experiência de Daniel. O Senhor que cuida presta atenção às nossas orações. Três semanas Daniel esteve orando em santo desespero. Porventura Deus o tinha ouvido? O Ser resplandecente fala: Não temas, Daniel, porque, desde o primeiro dia [...] são ouvidas as tuas palavras; e eu vim por causa das tuas palavras (12).
Enquanto João viu o Filho do Homem no meio do castiçal, no âmbito da Igreja, Daniel viu o “homem vestido de linho” no meio de uma batalha com governos terrenos. O mesmo Cristo eterno, que veio para ser revelado à Igreja e por meio dela, também tem se preocupado com o curso da história humana.
Não sabemos exatamente o que significavam as três semanas de luta com o príncipe do reino da Pérsia (13) e qual foi a possível conseqüência dessa luta. Deve ter sido difícil e intensa para que Miguel viesse ajudá-lo. A maioria dos intérpretes entende que príncipe (sar) usado nesse texto refere-se a seres sobrenaturais que tinham uma influência importante sobre as nações. Visto que o príncipe dos persas bem como o príncipe da Grécia (20) estavam em conflito com o Ser glorioso e seu ajudante, Miguel, parece evidente que pelo menos alguns desses não são anjos.
Uma das responsabilidades especiais do arcanjo Miguel é o bem-estar do povo de Israel. Chamado em 10.13 como um dos primeiros príncipes, ele é conhecido em 10.21 como Miguel, vosso príncipe. Judas 9 nos relata que foi “o arcanjo Miguel” que “contendia com o diabo e disputava a respeito do corpo de Moisés”. Novamente João nos conta que Miguel e suas hostes celestiais batalharão contra o dragão e o expulsarão das regiões celestiais (Ap 12.7-9). Esse príncipe, um dos príncipes mais elevados do céu, sujeito ao Redentor de Israel, tem um importante papel sobre o destino de Israel. Daniel o viu nessa ocasião como “alguém que parecia um homem mortal” (16, Moffatt).
Além de o Anjo de Javé revelar uma batalha que trava pela vontade e as decisões de Ciro e antever um conflito com o príncipe da Grécia (20), Ele revela que no primeiro ano de Dario, rei dos medos, Ele levantou-se para animar e fortalecer Daniel (11.1). Dessa forma, o Príncipe da Paz luta com os príncipes da terra para alcançar seus propósitos.
Roy E. Swim. Comentário Bíblico Beacon. Daniel. Editora CPAD. Vol. 4. pag. 540.
Dn 10.13 — O príncipe do reino da Pérsia não pode ser um governante humano, pois o conflito a que esse versículo faz menção é espiritual. A alusão a Miguel garante isso. Logo, o príncipe deve ser entendido como uma figura satânica que supervisionaria os negócios da Pérsia, inspirando as suas estruturas religiosa, social e política para o mal. Paulo refere-se a principados, poderes, príncipes das trevas deste século, bem como a hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais (Ef 6.12). O homem aqui diz que foi retido por vinte e um dias, o mesmo tempo que Daniel levou em luto e jejum (v. 2,3). O ímpio príncipe da Pérsia buscou deter o homem para que Daniel não pudesse ouvir mais das revelações de Deus (v. 12,14).
EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo Comentário Bíblico Antigo Testamento com recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 1290.
III - DANIEL É CONFORTADO POR UM ANJO (10.10-12)
1. Daniel é confortado por um anjo (10.10-12).
Daniel é confortado por um anjo (10.10-12)
A visão provocou um efeito extraordinário em Daniel. Ele não teve forças físicas para se manter em pé e caiu adormecido pela glória do “homem vestido de linho”. A mesma experiência que João teve na Ilha de Patmos com a visão do Cristo glorificado (Ap 1.17,18) foi experimentada por Daniel junto ao rio Hidekel, ou seja, o rio Tigre. Daniel reergueu-se de seu desmaio e foi confortado por um anjo da parte de Deus depois da grande peleja que houve no céu entre os comandados de Satanás e os anjos de Deus, naqueles 21 dias de oração do grande servo de Deus. O anjo falou-lhe que era muito amado (10.12) por Deus.
A REVELAÇAO DO CONFLITO ANGELICAL NO CÉU
Os anjos são uma realidade espiritual (10.5,6,13,20)
A realidade dos anjos é indiscutível. Os anjos não são meras figuras de retórica, nem são invencionices de teólogos. Não são coisas, mas são seres pessoais criados por Deus. Anjos e homens são criações distintas de Deus. Ambos são seres pessoais, diferenciados nas finalidades da criação. Os anjos são criados como espíritos sem a capacidade procriativa, que Deus deu apenas aos homens (Lc 20.36; Hb 1.14; SI 148.5).
Serviços prestados pelos anjos
Na criação dos anjos o Criador os classificou em categorias especiais de serviços (Cl 1.16). Os anjos não são meras figuras de retórica. Eles são seres criados por Deus para executarem a vontade divina. Eles existem para cumprirem os interesses de Deus no universo. O autor da Carta aos Hebreus diz que os anjos são “espíritos ministradores, enviados para servir a favor dos que hão de herdar a salvação”(Hb 1.13,14). Da mesma sorte, os espíritos que se rebelaram e acompanharam a Lúcifer na sua rebelião contra Deus, os quais denominamos como “anjos caídos” obedecem as ordens do seu chefe, Satanás (Is 14.12-15; Ap 12.7-12; Mt 25.41). Eles são realidade invisíveis e muito atuantes no mundo que se opõe contra toda a obra de Deus ( Ef 2.2; 6.12; Cl 1.13,16).
Existem opiniões de que o ser espiritual do versículo 5 é o mesmo que fala com Daniel nos versículos 10-12. Outros entendem que são dois seres angelicais. O primeiro ser angelical do v. 5 é uma teofania, ou seja, uma aparição especial de Deus a Daniel. O segundo ser angelical dos w. 10-12 é visto como um anjo com poderes delegados por Deus para consolar o coração de Daniel e lhe revelar acerca do conflito angelical nos céus por causa da oração de Daniel.
Duas categorias de seres angelicais Neste capítulo nos deparamos com duas categorias de seres angelicais. Os anjos da parte de Deus e os anjos da parte de Satanás. Os anjos da parte de Satanás são identificados na Bíblia como “espíritos maus”, “demônios” e que, na realidade, são considerados os anjos caídos da presença de Deus e que seguiram a Lúcifer. Eles obedecem ao comando de seu chefe que é o Diabo. Neste capítulo, eles aparecem com funções de liderança opositora aos interesses de Deus contra Israel (vv.13,20). Eles podem tomar formas diferentes do mundo físico sem ficarem retidos a essas formas porque são seres espirituais apenas. Deus não os criou como demônios ou maus.
Todas as milícias angelicais foram criadas para a glória de Deus (Jó 38.6,7). Foram criados seres morais e livres. Porém, a Bíblia fala de anjos que pecaram e não guardaram a sua dignidade, tornando-se maus (2 Pe 2.4;Jd 6;Jó 38.18-21). Pelo fato de serem espíritos sem corpos materiais, eles podem tomar formas materiais representando figurativamente coisas ou pessoas, como é o caso dos anjos que representam “o príncipe do reino da Pérsia” e “o príncipe do reino da Grécia” (Dn 10.13, 20).
Elienai Cabral. Integridade Moral e Espiritual. O Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje. Editora CPAD. pag. 143-145.
Dn 10.10: “E eis que uma mão me tocou, e fez que me movesse sobre os meus joelhos e sobre as palmas das minhas mãos”.
Daniel, o profeta da corte babilónica, teve a mesma experiência que João, o apóstolo do amor, teria muitos anos depois, na “ilha de Patmos”, quando teve uma visão do Cristo glorificado (Ap 1.17). Há diversos exemplos nas Escrituras, como já focalizamos, de homens que ficaram sem forças ao lhe aparecerem anjos, porém, este caso é muito evidente. Daniel tinha aplicado o seu coração a entender, conforme está explícito no versículo 12 do presente capítulo, um problema concernente ao seu povo. (Confronte o versículo 1 com o versículo 14). Ficou sem forças, não só porque teve aquela grande visão, mas sobretudo, por causa do aparecimento da grandeza do panorama celestial, dos grandes acontecimentos do porvir. Eles tinham relações marcantes com a nação judaica, e Daniel era um dos integrantes dela.
Dn 10.11: “Eme disse: Daniel, homem mui desejado, está a tento às palavras que te vou dizer, e levanta-te sobre os teus pés; porque eis que te sou enviado. E, falando ele comigo esta palavra, eu estava tremendo”.
“Homem mui desejado”. Alguns teólogos acham que o personagem desta visão não é Cristo, baseados no versículo 13 do capítulo em foco. Mas, para nós (nosso ponto de vista), é que de fato a pessoa de Cristo é quem está em foco aqui. “A vestimenta de linho fino, a veste celeste, os lombos cingidos de ouro puro, o seu corpo luzente como berilo, o rosto como um relâmpago, os olhos como tochas de fogo, os braços e os pés luzentes e como se fossem de bronze polido, e a voz como a voz de muitas águas, são características inerentes ao Filho de Deus”. (Comparar Ap caps. 1 e 10). Diante de tal majestade, Daniel se sente aterrado, mas logo a seguir, entende o sentido daquela presença augusta. O seu fim não era para matar, e, sim, para dar entendimento. Aquela voz animou o profeta e pediu que estivesse atento ao que ia ouvir, pois, não devia haver temor, em virtude de ele (Daniel) ser um “homem mui amado” na corte celestial.
Dn 10.12: “Então me disse: Não temas, Daniel, porque desde o primeiro dia, em que aplicaste o teu coração a compreender e a humilhar-te perante o teu Deus, são ouvidas as tuas palavras; e eu vim por causa das tuas palavras”.
“Não temas”. O presente versículo tem seu fundo literário em várias conexões das Escrituras Sagradas, mas seu paralelo profético está em Ap 1.17, onde o Senhor Jesus consola a João com palavras similares, dizendo: “Não temas”. O texto de Apocalipse nos mostra João caindo aos pés do Filho de Deus, como Paulo no caminho de Damasco (At 9.4), porém as vozes ouvidas nos dois episódios são completamente diferentes: a primeira diz “Por que me persegues?”, a segunda diz “Não temas”. Essas palavras, observa o doutor Norman, podem ser comparadas a Is 44.2; Dn 10.12 (o texto em foco); Mt 14.2; 27.7; Lc 1.13, 30). Essa ordem é dada a fim de consolar (Mt 14.27; Jo 6.20; At 27.24); a expressão ocorre na Bíblia cerca de 365 vezes (uma para cada dia). Essas palavras dirigidas a Daniel e semelhantemente a outros personagens da Bíblia, servem para nossa consolação em tempo e crise. Para nós, o Senhor tem a mesma mensagem de esperança e firmeza: “Tende bom ânimo! Sou Eu. Não temais”.
Severino Pedro da Silva. Daniel vercículo por vercículo. Editora CPAD. pag. 190-191.
Dn 10.10 Eis que certa mão me tocou. De sua posição prostrada, Daniel caiu de joelhos, sobre as duas mãos. O toque do anjo efetuou essa mudança de posição, e assim o profeta agora estava de “quatro”, tremendo. Sua consciência foi recobrada, pelo que ele pôde conversar com o anjo. Ele foi restaurado e encorajado pelo toque do anjo, para cum prir sua missão de profeta, que agora chegava ao fim. Agora ele estava apenas meio de pé, mas outro toque terminaria o trabalho. No vs. 11 vemos Daniel de pé, ainda trêmulo, mas já recuperado.
Dn 10.11 Daniel, homem muito amado. Daniel é novamente chamado de m uito amado por Yahweh, um homem que tinha recebido favor especial de Deus e um bom destino. Cf. Dan. 9.23. Agora nós o vemos de pé. Cf. II Esd. 2.1; Enoque 14.25 e Eze. 2.1. Daniel, embora idoso, foi novamente enviado com uma mensagem. Ainda lhe restava receber o toque final para completar sua missão. Restava-lhe mais uma volta, e então sua missão estaria terminada. Ele completaria sua tarefa, sem nada deixar por favor, conforme diz certa canção popular: Fiz o que tinha para fazer, e tudo terminei Sem exceção.
A palavra encorajadora fez Daniel levantar-se e pôr-se de pé. Ele não estava sozinho em seu empreendimento. Correria sua última volta vigorosamente, e não em fraqueza.
Dn 10.12 Então me disse: Não temas, Daniel. A oração e a determinação do homem bom tinham garantido, desde o começo, que ele seria divinamente ajudado naquilo que deveria fazer, pelo que alcançaria sucesso retumbante. Cf. Luc. 1.11 ss., onde encontramos algo similar envolvendo o ministério angelical. “Enquanto nossa paixão dominante não for conhecer a Deus e à Sua verdade, não poderemos saber muito sobre Ele. Que propósito maior poderia existir para um homem aprender sobre Deus? Firmamos nossa mente para conseguir, mas poucos firmam sua mente para compreender. Mas se alguém faz disso o seu alvo, poderá confiar na promessa de Jesus: “Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-á” (Mat. 7.7)" (Gerald Kennedy, in loc.). Se assim são as coisas, não temos por que temer, pois se podemos conhecer o futuro então conhecemos Aquele nas mãos de quem repousa nosso futuro. Poderá haver empecilhos (conforme mostra o vs. 13), mas a vitória final está assegurada, porque um homem bom não está sozinho naquilo que procura fazer. Cf. este versículo com Dan. 9.23, onde encontramos algo similar.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3419.
2. O conflito entre o Arcanjo Miguel e o príncipe do reino da Pérsia (10.13).
“Mas o príncipe do reino da Pérsia se pôs defronte de mim vinte e um dias” (10.13). Esses dois príncipes não os reis da Pérsia e da Grécia, mas são figuras metafóricas de dois seres angelicais demoníacos
designados pelo Diabo para atuarem sobre os reinos da Pérsia e da Grécia. O anjo Gabriel declarou que a resistência de Satanás viria também da parte do “príncipe da Grécia” na sua volta à presença de Deus. Esses dois príncipes terrenos representavam neste conflito dois espíritos da parte do Diabo que atuavam sobre aquelas nações. São espíritos territoriais. Alguns dos nossos teólogos rejeitam a expressão “espíritos territoriais”, mas não podem negar a existência de demônios designados pelo Diabo para interferirem e regerem sobre aquelas nações. E interessante notar que “o homem vestido de linho” que falava com Daniel declarou que Miguel, o anjo de Deus, era o “príncipe” de Israel, para defender e proteger os interesses de Deus na vida desse povo (Dn 12.1). O anjo Gabriel que trouxe a resposta de Deus, disse a Daniel que havia sido retido no céu por 21 dias com a resposta de Deus às suas petições. Esses dois príncipes das milícias satânicas:“o príncipe do reino da Pérsia”(v. 13) e o “príncipe da Grécia” (v. 20) que tentaram impedir que Gabriel trouxesse a resposta eram, na verdade, figuras desses príncipes satânicos que operam pelo poder do Diabo, de forma organizada, sobre as nações do mundo. Sem dúvida, Satanás tem sua hierarquia e dispõe de autoridades no mundo inteiro. Assim como Deus delegou ao Arcanjo Miguel para ser o “guardião de Israel” (Dn 10.13), o diabo estabelece os seus guardiões nas nações. São os opositores de Deus. Se o Príncipe da Pérsia representa um príncipe satânico com a finalidade de criar obstáculos ao projeto divino para que não alcance o seu objetivo, também, da parte de Deus, o Príncipe de Israel é o Arcanjo Miguel, e foi ele que veio em ajuda do anjo Gabriel para abrir espaço nos céus com a resposta divina para Daniel. Alguns teólogos rejeitam a ideia de que esses príncipes, da Pérsia e da Grécia, sejam anjos caídos. Defendem a ideia de que eram apenas reis desses impérios terrenos.
Elienai Cabral. Integridade Moral e Espiritual. O Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje. Editora CPAD. pag. 145-146.
Dn 10.13 Devemos observar quatro pontos focais no presente versículo: 1) Esse “príncipe” opositor do “mensageiro celestial” não era simplesmente o rei da Pérsia ou qualquer outro oficial na terra, porque o anjo não pôde vencê-lo sem o auxílio do Arcanjo Miguel, o anjo guerreiro da vasta expansão celestial (Jd v. 9; Ap 12.9). 2) Como Deus tem anjos a seu dispor, também, Satanás os tem. (Ver Mt 25.41 e Ap 12.7). 3) Os filhos de Deus, na presente Era, têm de lutar, não contra a “carne e o sangue”, isto é, forças visíveis, mas contra hostes de anjos iníquos e espíritos maus que infestam a atmosfera terrestre e celeste (Ef 6.12). Esses elevados poderes das trevas são chefiados por Satanás. 4) Não se podem vencer esses seres invisíveis com armas humanas (2 Co 10.4). Essas forças são forças espirituais, são forças do mal, que só podem ser enfrentadas por uma força superior - O Espírito de Deus - fora disso, tudo fracassa.
Severino Pedro da Silva. Daniel vercículo por vercículo. Editora CPAD. pag.192.
"o príncipe do reino da Pérsia" (v. 13). Esse príncipe não era de origem terrena. Tratava-se de um anjo diabólico tão forte, que a vitória, no caso aí abordado, só foi decidida quando Miguel, o poderoso arcanjo, entrou em ação e assim a resposta da oração chegou a Daniel. Houve pois conflito no ar entre anjos bons e maus. Assim como Deus tem anjos que protegem nações, Satanás também tem os dele, que operam, mas a seu modo. Esse anjo mau da Pérsia controlava os destinos desse país, mas foi desbancado pelos anjos de Deus. "E eu obtive vitória sobre os reis da Pérsia" (v. 13).
Há muitos atos e práticas humanas por trás dos quais estão enganosamente os agentes de Satanás, como é o caso das falsas religiões. Por exemplo, em 1 Coríntios 10.19,20, a Bíblia nos mostra que a adoração a ídolos tem como causa motivante os demônios. Significa que por trás dos ídolos estão invisivelmente os demônios.
Pelo fato de os anjos maus serem invisíveis, aqui no mundo geralmente percebemos apenas os efeitos das suas ações, e não a causa, que são eles mesmos. Assim sendo, não adianta combatermos os efeitos surgidos e sim a causa, e somente teremos vitória nisso, na força do Senhor. Diz Efésios 6.12: "Porque a nossa luta não é contra a carne e o sangue, e sim, contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes". "Carne e sangue" é uma outra forma de dizer homens visíveis.
"Miguel, um dos primeiros príncipes" (v.13). "primeiros" é literalmente "principais". Isto mostra que os anjos dividem-se me categorias, "príncipe", no hebraico "sor", corresponde a chefe; aquele que domina. O arcanjo Miguel é anjo guardião de Israel (10.21; 12.1).
Antônio Gilberto. DANIEL & APOCALIPSE Como entender o plano de Deus Para os últimos dias. Editora CPAD.
O Deus do céu é, e sempre será, o protetor do seu povo. E, sob as ordens dele, os anjos do céu são os patronos e protetores desse povo. [1] Aqui temos o anjo Gabriel ocupado a serviço da igreja, fazendo a sua parte na defesa dos vinte e um dias contra o príncipe da Pérsia, e permanecendo naquela corte como cônsul ou embaixador a fim de cuidar dos negócios dos judeus, prestando-lhes os seus serviços (v. 13). E, embora os reis da Pérsia lhes tivessem feito muito mal (mediante a permissão de Deus), é provável que maiores maldades tivessem sido praticadas contra eles, e teriam ficado bastante arrumados (como exemplo desta verdade, temos a conspiração de Hamã) se Deus não tivesse evitado essas ocorrências nefastas através do ministério dos anjos. Gabriel decidiu, ao ser despachado na missão a favor de Daniel, que iria retornar para lutar contra o príncipe da Pérsia, que iria continuar a se opor a ele, e que, no final, iria humilhar e derrotar aquela orgulhosa monarquia (v. 20), embora soubesse que outra monarquia igualmente perniciosa, a da Grécia, surgiria mais tarde. [2] Aqui está Miguel, o nosso príncipe, o grande encarregado de proteger a igreja, e o patrono dessa causa justa, que está repleta de injustiças por parte dos inimigos de Deus e do seu povo. Miguel é um dos principais príncipes de Deus (v. 13). Alguns entendem que ele é um anjo criado, porém um arcanjo de ordem mais elevada (1 Ts 4.16; Jd 9). Outros crêem que o arcanjo Miguel seja o próprio Senhor Jesus Cristo, o Anjo da Aliança, e o Senhor dos anjos, Aquele que Daniel viu na visão (v. 5). Ele “veio para ajudar-me” (v. 13) “e ninguém há que se esforce comigo contra aqueles” (v. 21). Mas Cristo é o Príncipe da igreja, não os anjos (Hb 2.5). Ele preside os assuntos da igreja, e com eficiência provê aquilo que é o melhor para ela. O Senhor é quem capacita os anjos, fazendo com que sejam úteis aos herdeiros da salvação. E, se Ele não estivesse ao lado da igreja, a situação dela seria terrível. A igreja pode dizer como Davi: “O Senhor está comigo entre aqueles que me ajudam” (SI 118.7). “O Senhor está com aqueles que sustêm a minha alma” (SI 54.4).
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Isaías a Malaquias. Editora CPAD. pag. 894.
3. A hostilidade espiritual contra o povo de Deus.
Deus tem uma aliança com Israel e a cumprirá, porque Ele é imutável e cumpre suas promessas. Quanto à igreja de Cristo, os mesmos espíritos do mal operam e hostilizam a igreja e aos crentes em particular. Há resistência espiritual às nossas orações. Quando oramos entramos em batalha contra as potestades do mal (Ef 6.12). Israel tem o seu ajudador especial da parte de Deus. A igreja, também, é guardada pelos anjos dos ataques satânicos.
Elienai Cabral. Integridade Moral e Espiritual. O Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje. Editora CPAD. pag. 146-147.
Embora o anjo devesse retornar em breve para continuar sua luta contra o anjo-guardião-líder da Pérsia, primeiramente ele transmitiria a mensagem a Daniel. Aquela era uma espécie de missão lateral. O anjo estava muito ocupado e tinha muitas coisas das quais cuidar. No meio (ou depois) do conflito contra o anjo da Pérsia, o anjo-guardião-líder da Grécia haveria de aparecer para perturbá-lo. Somente Miguel seria seu aliado naquelas lutas celestiais (conforme o vs. 21 passa a dizer). Alguns estudiosos pensam que o anjo da Grécia, neste caso, é Alexandre, o Grande, mas é melhor supormos que o anjo guardião da Grécia seria a força e a inspiração de Alexandre, e isso explicaria como esse conquistador conseguiu fazer o que fez, incluindo a derrubada do império persa. Alexandre e seus sucessores também teriam muito para perturbar a Israel, nação à qual Gabriel e Miguel defenderiam.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3420.
Dn 10.20 “E, saindo eu, eis que virá o príncipe da Grécia”. Havia entre os antigos povos a opinião de que cada nação tinha o seu anjo guardião. Muitos intérpretes, ajuntam, como figura disso, além de outros textos, Ap 16.5, onde João faz referência ao “anjo das águas”. Para outros comentadores, o “anjo das águas” não deve ser entendido em sentido literal, mas simbolicamente. E verdade que as águas que existem na face e no interior da terra, são calculadas em “sessenta e cinco quintilhões de pés cúbicos”; assim, segundo eles, Deus designou um anjo para guardar essa parte da natureza. (Ver Jo 5.4; At 27.23, 24; Ap 10.2, 5). Desse modo, tomando Daniel 10.20, com sentido literal e Ap 16.5 e 17.15, com sentido figurado, podemos deduzir que o anjo das águas e o anjo das nações referem-se a um “anjo-capitão”, que seria responsável pela segurança das nações, tendo também a incumbência de executar juízos sobre eles (Ver Êx 14.19; 20.23; Dn 10.13, 20 e 21).
Severino Pedro da Silva. Daniel vercículo por vercículo. Editora CPAD. pag. 195.
Ef 6.12 Os cristáos têm que lutar contra o mal - esta expressão descreve um combate corpo a corpo. Mas nós não estamos em uma campanha militar terrena - nossa batalha náo é contra carne e sangue. Ao contrário, nós lutamos contra os demônios sobre os quais Satanás tem controle. Os demônios trabalham para que as pessoas pequem. Eles não foram criados por Satanás, pois Deus é o Criador de tudo. Ao contrário, os demônios são anjos caídos que se juntaram a Satanás em sua rebelião e, dessa forma, se tornaram maus e pervertidos. Adescrição revela as características desses inimigos, bem como a sua esfera de atuação. “Principados” e “potestades” sáo poderes cósmicos ou demônios, mencionados em 1.21. Esses seres espirituais têm poder limitado. Eles são invisíveis para nós e operam no mundo invisível (nos lugares celestiais). “Potestades” refere-se àqueles poderes espirituais que aspiram conquistar o mundo. Elas são a maldade (das trevas) e atualmente governam este mundo. “As iiostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais” é uma expressão que se refere às moradas dos demônios, planetas, e estrelas, a partir dos quais eles controlam a vida das pessoas. Paulo utilizou os nomes de grupos das forças do mal não tanto para definir classes ou diferenciar poderes demoníacos, mas para mostrar a completa extensão do armamento de Satanás. Aqui está um exército de forças espirituais agrupadas contra nós, exigindo que usemos a armadura completa de Deus. Esses são seres reais e poderosos, não meras fantasias. Os crentes não devem subestimá-los. Os efésios haviam praticado magia e feitiçaria (At 19.19) e estavam bem a par do poder das trevas. Enfrentamos um poderoso exército cujo objetivo é derrotar a igreja de Cristo. Quando cremos em Cristo, os seres satânicos tornam-se nossos inimigos e usam todos os truques para nos afastar dele e nos levar de volta ao pecado. Embora nós, os crentes, tenhamos certeza da vitória, devemos nos engajar na luta até que Cristo retorne, porque Satanás luta constantemente contra todos que estáo ao lado de Deus.
Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol. 2. pag. 353.
1. O perigo e a necessidade que temos de revestir-nos de toda armadura, considerando os tipos de inimigos com os quais precisamos lidar - o Diabo e todos os poderes das trevas: “...porque não temos que lutar contra carne e sangue” (v. 12). O combate para o qual precisamos estar preparados não é contra inimigos humanos comuns, não contra homens constituídos de carne e sangue, nem contra nossa própria natureza corrompida, mas contra os diversos graus de demónios, que têm um controle que exercitam neste mundo. (1) Lidamos com um inimigo sutil, um inimigo que usa manhas e estratagemas, como lemos no versículo 11. Ele tem mil maneiras de iludir almas inconstantes; por isso é chamado de serpente, em virtude de sua sutileza, a velha serpente, experimentada na arte de tentar. (2) Ele é um inimigo poderoso: principados, potestades e príncipes. Eles são numerosos e poderosos; eles governam as nações pagãs que ainda estão nas trevas. As partes sombrias do mundo são o alicerce do império de Satanás. Eles estão usurpando e destituindo príncipes sobre todos os homens que ainda estão em um estado de pecado e ignorância. Satanás é um reino de trevas, enquanto Cristo é um reino de luz. (3) Eles são inimigos espirituais: “...hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais”, ou espíritos maus, como alguns traduzem. O Diabo é um espírito, um espírito mau; o perigo é maior porque nossos inimigos são invisíveis e nos atacam antes de nos darmos conta deles. Os demónios são espíritos maus, e eles especialmente aborrecem e provocam os santos à perversidade, ao orgulho, à inveja, à malícia etc. Esses inimigos ficam nos lugares celestiais, de acordo com o texto original (ou “regiões celestes”, versão RA); nesse caso, o céu significa toda a expansão, ou além da nossa atmosfera, o lugar entre a terra e as estrelas, de onde os demónios nos assaltam. Ou, o significado pode ser: “Lutamos por lugares celestiais ou coisas celestiais”; essa é a forma de alguns antigos interpretarem esse texto. Nossos inimigos se esforçam para impedir nossa subida ao céu, para privar-nos de bênçãos celestiais e para obstruir nossa comunhão com o céu. Eles nos atacam nas coisas que pertencem à nossa alma e se esforçam para desfigurar a imagem celestial em nosso coração; e, portanto, precisamos estar vigilantes contra eles. Necessitamos de fé em nossa batalha cristã, porque temos inimigos espirituais que precisamos combater, bem como fé em nosso trabalho cristão, porque precisamos buscar força espiritual. O nosso perigo é grande.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento ATOS A APOCALIPSE Edição completa.Editora CPAD. pag. 604-605.
O inimigo contra quem lutamos nessa batalha (6.11-13)
O apóstolo Paulo descreve nosso arqui-inimigo de forma clara:
Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais permanecer firmes contra as ciladas do Diabo; pois não é contra pessoas de carne e sangue que temos de lutar, mas sim contra principados e poderios, contra os príncipes deste mundo de trevas, contra os exércitos espirituais da maldade nas regiões celestiais. Por isso, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, havendo feito tudo, permanecer firmes (6.11-13).
Não podemos lutar contra quem não conhecemos. Quais são as características desse inimigo? Efésios 6.11,12 diz que o diabo, mesmo não sendo onipresente, onisciente e onipotente, tem seus agentes espalhados por toda parte, e esses seres caídos estão a seu serviço para guerrear contra o povo de Deus.
Chamamos a atenção para algumas verdades: 1) o reino das trevas possui uma organização. O diabo não é tão tolo a ponto de não ser organizado. É o que podemos chamar de “a ordem da desordem”; 2) existe uma estratificação de poder no reino das trevas. Paulo fala de principados, poderios, príncipes deste mundo de trevas e exércitos espirituais do mal. Existe uma cadeia de comando. Existem cabeças e subalternos. Líderes e liderados. Quem manda e quem obedece; 3) o reino das trevas articula-se contra a igreja. O diabo e seus demônios rodeiam a terra e passeiam por ela. Eles investigam nossa vida, buscando uma oportunidade para nos atacar. Esse inimigo não dorme, não tira férias nem descansa. Esse inimigo tem um variado arsenal. Ele usa “ciladas” imetodeiá). Para cada pessoa, ele usa uma estratégia diferente. Ele ousa mudar os métodos.
Destacamos, agora, algumas características desse terrível inimigo:
Em primeiro lugar, é um inimigo invisível (6.11,12). O diabo e seus agentes são seres reais, porém invisíveis. Esse inimigo espreita-nos 24 horas por dia. Ele é como um leão que ruge ao nosso derredor. Ele escuta cada palavra que você fala, vê cada atitude que você toma e acompanha cada ato que você pratica escondido. Ele é um inimigo espiritual. Você não pode guerrear contra ele com armas carnais. Ele não pode ser destruído com bombas atômicas. Ele age de forma inesperada.
Em segundo lugar, é um inimigo maligno (6.11,12). A Bíblia o chama de diabo, Satanás, assassino, ladrão, mentiroso, destruidor, tentador, maligno, serpente, dragão, Abadom e Apoliom. Seu intento é roubar, matar e destruir. Ele sabe que já está sentenciado à perdição eterna e quer levar consigo homens e mulheres.
Em terceiro lugar, é um inimigo astuto (6.11). Ele usa ciladas, armadilhas e ardis. Ele age dissimuladamente como uma serpente. Ele disfarça-se. Ele transfigura-se em anjo de luz. Seus minitros parecem ser ministros de justiça. Ele usa voz mansa. Ele usa muitas máscaras. Ele tenta enganar as pessoas levando-as a duvidar da Palavra de Deus, exaltando o homem ao apogeu da glória. Ele também age assustadoramente como um leão. Ele ruge para assustar.
Paulo fala que precisamos tomar toda a armadura de Deus para poder resistir no dia mau (6.13). O “dia mau” é o dia de duras provas, os momentos mais críticos da vida, quando o diabo e seus subordinados sinistros nos assaltam com grande veemência. O “dia mau” refere-se àqueles dias críticos de tentação ou de constante assalto satânico que todos os filhos de Deus conhecem. Nesses dias, somos subitamente assaltados, sem nenhum aviso, nenhum sinal de tempestade, nenhuma queda do barômetro.
O diabo e seus asseclas ameaçam e intimidam as pessoas com o propósito de destruí-las. Eles atacam com fúria no dia mau. Eles também agem com diversidade de métodos. Eles estudam cada pessoa para saber o lado certo para atacá-la. Sansão, Davi, Pedro foram derrubados porque o diabo variou seus métodos.
Entre as histórias do livro Mil e uma noites encontramos a de Simbad nos mares da índia. Enorme rocha magnética destacava-se no meio das águas tranquilas com aspecto inocente, sem oferecer perigo. Mas, quando o navio de Simbad se aproximou dela, a poderosa força magnética de que estava impregnada a rocha arrancou todos os pregos e cavilhas que mantinham unida a estrutura do barco. Desfeito em pedaços, o navio condenou à morte os que nele viajavam. As forças do mal continuam em ação. Precisamos estar atentos para identificá-las; do contrário sofreremos sérios danos.321 William Hendriksen, escrevendo sobre essas ciladas do diabo, afirma:
Alguns destes manhosos ardis e malignos estratagemas são: confundir a mentira com a verdade de forma a parecer plausíveis (Gn 3.4,5,22); citar (melhor, citar erroneamente) as Escrituras (Mt 4.6); disfarçar-se em anjo de luz (2Co 11.4) e induzir seus “ministros” a fazerem o mesmo, “aparentando ser apóstolos de Cristo (2Co 11.13); arremedar a Deus (2Ts 2.1-4,9); reforçar a crença humana de que ele não existe (At 20.22); entrar em lugar onde não se esperava que entrasse (Mt 24.15; 2Ts 2.4); e, acima de tudo, prometer ao homem que por meio das más ações pode-se chegar a obter o bem (Lc 4.6,7).
Em quarto lugar, é um inimigo persistente (6.13b). “E, havendo tudo feito, permanecer firmes”. O diabo e suas hostes não ensarilham suas armas. Ao ser derrotados, eles voltam com novas estratégias. Foi assim com Jesus no deserto, onde foi tentado (Lc 4.13). Elias fugiu depois de uma grande vitória. Sansão foi subjugado pelos filisteus depois de vencê-los. Davi venceu exércitos, mas caiu na teia da luxúria. Pedro caiu na armadilha da autoconfiança.
Em quinto lugar, é um inimigo numeroso (6.12). Paulo fala de principados, poderios, príncipes deste mundo de trevas e exércitos espirituais do mal. O diabo e seus anjos estáo tentando, roubando e matando pessoas em todo o mundo. Eles são numerosos. Não podemos vencer esses terríveis exércitos do mal sozinhos nem com nossas próprias armas.
Em sexto lugar, é um inimigo oportunista (6.11,14). Mesmo depois que o vencemos, precisamos continuar firmes (6.11,14), porque ele sempre procura um novo jeito de atacar. Quando o crente deixa de usar toda a armadura de Deus, ele encontra uma brecha, entra e faz um estrago (4.26,27). Não podemos ter vitória nessa guerra se não usarmos todas as peças da armadura. Não podemos permitir que o inimigo nos encontre indefesos. O diabo e suas hostes buscam uma estratégia para nos atacar de súbito, sem nenhum aviso, sem nenhum sinal de tempestade.
Alistamos a seguir algumas dessas interferências do diabo na vida do povo de Deus: 1) ele furta a Palavra do coração (Lc 8.12); 2) ele semeia o joio no meio do trigo (Mt 13.24-30); 3) ele opõe-se ao pregador (Zc 3.1-5); 4) ele intercepta a resposta às orações dos santos (Dn 10); 5) ele oprime pessoas com enfermidades (Lc 13.10-17); 6) ele resiste à obra missionária (lTs 2.8); 7) ele atormenta as pessoas em cujo coração não há espaço para o perdão (Mt 18.23-35); 8) ele usa a arma da dissimulação (2Co 11.14,15); 9) ele usa a arma da intimidação (IPe 5.8); 10) ele age na disseminação de falsos ensinos (lTm 4.1); e 11) ele ataca a mente dos homens (2Co 4.4)..
LOPES, Hernandes Dias. EFESIOS Igreja, a noiva gloriosa de Cristo. Editora Hagnos. pag. 179-183.
ELABORADO: Pb Alessandro Silva.
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