Lições Bíblicas - 4º Trimestre de 2014 - CPAD - Para jovens e adultos
Tema: A Integridade Moral e Espiritual - O Legado Do Livro De Daniel Para A Igreja Hoje.
Comentários: Pr. Elienai Cabral
TEXTO ÁUREO
"E disse: Eis que te farei saber o que há de acontecer no último tempo da ira; porque ela se exercerá no determinado tempo do fim" (Dn 8.19).
VERDADE PRÁTICA
O tempo do fim não é o fim do mundo, mas o tempo de tratamento de DEUS com o povo de Israel, prenunciando a vinda de CRISTO.
LEITURA DIÁRIA
Segunda - Tt 2.13 O aparecimento do grande DEUS
Terça - Dn 7.13 CRISTO vindo em glória nas nuvens
Quarta - Mc 13.26 CRISTO vindo com grande poder
Quinta - Mt 25.31,32 JESUS vindo em glória para julgar as nações
Sexta - At 1.10,11 Os anjos afirmam que JESUS voltará
Sábado - Mt 16.27 JESUS vindo para julgar a cada um
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - Daniel 8.1,3-11
Daniel 8.1 No ano terceiro do reinado do rei Belsazar, apareceu-me uma visão, a mim, Daniel, depois daquela que me apareceu no princípio.
Daniel 8.3-11 - 3 Então, se ajuntaram os sátrapas, os prefeitos, os presidentes, os juízes, os tesoureiros, os conselheiros, os oficiais e todos os governadores das províncias, para a consagração da estátua que o rei Nabucodonosor tinha levantado, e estavam em pé diante da imagem que Nabucodonosor tinha levantado. 4 E o arauto apregoava em alta voz: Ordena-se a vós, ó povos, nações e gente de todas as línguas: 5 Quando ouvirdes o som da buzina, do pífaro, da harpa, da sambuca, do saltério, da gaita de foles e de toda sorte de música, vos prostrareis e adorareis a imagem de ouro que o rei Nabucodonosor tem levantado. 6 E qualquer que se não prostrar e não a adorar será na mesma hora lançado dentro do forno de fogo ardente. 7 Portanto, no mesmo instante em que todos os povos ouviram o som da buzina, do pífaro, da harpa, da sambuca, do saltério e de toda sorte de música, se prostraram todos os povos, nações e línguas e adoraram a estátua de ouro que o rei Nabucodonosor tinha levantado. 8 Ora, no mesmo instante, se chegaram alguns homens caldeus e acusaram os judeus. 9 E falaram e disseram ao rei Nabucodonosor: Ó rei, vive eternamente! 10 Tu, ó rei, fizeste um decreto, pelo qual todo homem que ouvisse o som da buzina, do pífaro, da harpa, da sambuca, do saltério, da gaita de foles e de toda sorte de música se prostraria e adoraria a estátua de ouro; 11 e qualquer que se não prostrasse e adorasse seria lançado dentro do forno de fogo ardente.
INTERAÇÃO
"O tempo do fim." Há pessoas que têm arrepios quando ouvem tal expressão. Mas esta nada tem com o fim do mundo. Todavia, parece que o tema escatológico do fim do mundo mexe com os sentimentos das pessoas. Não por acaso, a indústria cinematográfica americana tem investido bilhões de dólares acerca destes temários. No meio evangélico não é diferente, pois não poucos autores e cineastas têm assustado pessoas fazendo com que as profecias pareçam um filme de Hollywood. Quando ensinamos o oitavo capítulo do livro de Daniel, a nossa perspectiva de ensino não pode ser a do terror, mas a da esperança. Apresentando aos nossos alunos o triunfo do Reino de DEUS mediante o contexto profético apresentado no capítulo em estudo.
OBJETIVOS - Após a aula, o aluno deverá estar apto a:
Conhecer os símbolos proféticos do carneiro e do bode.
Identificar a visão do chifre pequeno.
Compreender o período do tempo do fim
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Prezado professor, após lecionar o primeiro tópico da lição, sugerimos que reproduza o esquema da baixo. A ideia é reforçar o aprendizado dos alunos. De acordo com o esquema elaborado e objetivando a assimilação das informações pelos alunos, é salutar ao professor acrescentar ao esquema proposto figuras do bode, do carneiro e dos impérios medo-persa e grego - as imagens podem ser identificadas na internet ou adquiridas nas lojas da CPAD. A exposição oral do assunto conjugado ao esquema e as figuras dos animais farão com que os alunos tenham sucesso no processo ensino-aprendizagem. Boa aula!
O CARNEIRO | OS CHIFRES DO CARNEIRO | O BODE E O GRANDE CHIFRE |
O significado do carneiro é o advento do império medo-persa | Eram dois os chifres do carneiro: o maior e o menor. O maior referia-se a Ciro, o persa; o menor, Dario da Média | A figura do bode representava o império grego. E o chifre, o imperador Alexandre. |
Resumo da Lição 9 - O Prenúncio do Tempo do Fim
I - A VISÃO DO CARNEIRO E DO BODE (Dn 8.3-5)
1. A visão do carneiro (Dn 8.3,4,20).
2. Os chifres do carneiro.
3. A visão do bode (Dn 8.5-8).
II - O CHIFRE PEQUENO (Dn 8.9)
1. A visão da ponta pequena.
2. A ultrajante atividade desse rei contra Israel (Dn 8.10,11).
3. A purificação do santuário (Dn 8.14).
III - ANTÍOCO EPIFÂNIO, O PROTÓTIPO DO ANTICRISTO
1. Antíoco Epifânio.
2. A visão do anjo Gabriel (Dn 8.16).
3. O tempo do fim (Dn 8.17).
SINOPSE DO TÓPICO (1) A visão do bode e do carneiro refere-se respectivamente aos impérios medo-persa e grego
SINOPSE DO TÓPICO (2) O chifre pequeno de Daniel 8.9 refere-se à Antíoco Epifânio, um opressor cruel e terrível contra Israel.
SINOPSE DO TÓPICO (3) Por perseguir os judeus em Jerusalém e na Judeia, por cometer tantas atrocidades contra o povo de DEUS, Antíoco Epifânio é considerado por muitos estudiosos um tipo do Anticristo
AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO I- Subsídio Histórico
"MEDOS, MÉDIA
Em Isaías 13.17,18 e Jeremias 51.11,28, foi predito o papel que os medos iriam desempenhar na queda da Babilônia, embora nessa época os persas estivessem dominando. Daniel também atribui aos medos um papel importante na queda da cidade da Babilônia (Dn 5.30,31). Talvez em 539 a.C. os exércitos de Ciro o Grande fossem dirigidos por um Dario, o medo, que 'ocupou o reino, na idade de sessenta e dois' (v.31). Entretanto, é difícil identificar esse Dario, o medo. O estudioso J. C. Whitcomb Jr. acredita que era o Gubaru das Crônicas de Nabonido (PFEIFFER, Charles F.; VOS, Howard, F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Rio de Janeiro: CPAD, 2009, pp.1242-43).
AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO II- Subsídio Histórico
"PÉRSIA
Os reis assírios foram os primeiros a mencionar a Pérsia em seus relatos. Salmanaser III recebeu tributo dos reis da Parsua em 836 a.C., Tiglate Pilaser III invadiu a Parsua em 737, e Senaqueribe lutou contra eles em Halulina em 681. Aquêmenes (Hakhmanish da Pérsia) foi o ancestral epônimo que fundou a dinastia persa. Teispes, filho de Aquêmenes, dois netos, Ariyaramnes e Ciro I, e um bisneto, Cambises, governaram a terra natal, mas foram subordinados aos seus primos mais poderosos do norte, os medos. A pátria deste povo de língua indo-europeia era chamada de Parsa, mas eles a chamavam de Airyana, do sânscrito arya, 'nobre', e a partir daí o atual Irã. O país situava-se a leste de Elão a partir do golfo Pérsico até o Grande Deserto de Sal. Este povo passou pelo planalto do Irã e ocupou esta região no início do primeiro milênio a.C.
Depois da queda de Nínive, em 612 a.C., os medos controlaram todo o norte da Mesopotâmia. O casamento de Cambises com a filha do rei medo Astíages, resultou no nascimento de Ciro II. Este líder uniu as tribos persas e juntou forças com Nabu-na'id (Nabonido) da Babilônia, em uma revolta contra os medos. Em pouco tempo, o controle da Média caiu nas mãos de Ciro o Grande, em 547 a.C. ele venceu Creso, o rei de Lídia que governava a Anatólia ocidental.
Ciro não fez uma mudança radical quando tomou os reinos dos caldeus, mas instituiu reformas. Colocou o templo da Babilônia sob sua própria administração, mas teve uma atitude iluminada em relação
às religiões que eram diferentes da sua. Os judeus exilados não foram os únicos a receber liberdade religiosa e voltar para a sua terra natal (PFEIFFER, Charles F.; VOS, Howard, F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Rio de Janeiro: CPAD, 2009, pp.1515-16).
BIBLIOGRAFIA SUGERIDA
PFEIFFER, Charles F.; VOS, Howard, F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Rio de Janeiro: CPAD, 2009.
SILVA, Severino Pedro. Daniel Versículo por Versículo: As visões para estes últimos dias. 13.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2005.
STAMPS, Donald C (Ed.). Bíblia de Estudo Pentecostal: Antigo e Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 1995.
SAIBA MAIS
Revista Ensinador Cristão - CPAD nº58. p.40.
Prezado professor, a partir deste capítulo, o sete, iniciaremos outro gênero de narrações sobre o profeta Daniel e os seus amigos. Até o capítulo seis o gênero predominante no livro é classificado como história. Mas a partir do capítulo sete, o gênero que passa a dominar a obra é o das visões de Daniel. Uma série de visões dadas por Deus ao profeta é revelada a respeito do futuro do mundo e do Reino de Deus.
Orientações
Professor, para explicar didaticamente o primeiro tópico da lição recomendamos que ministrasse a aula de acordo com a descrição do tópico I: a descrição da visão e, posteriormente, a interpretação da visão. Descreva o primeiro animal, o segundo, o terceiro e o quarto. Então, em seguida, trabalhe a questão da interpretação destes animais. Leve em conta que a interpretação evangélica conservadora tende a compreender estes quatro animais como sendo os quatro impérios do mundo: Babilônia, Pérsia, Grécia e Roma. Estes impérios representam o período de tempo desde Daniel até a segunda vinda de Cristo.
Considere também que os muitos interpretes de Daniel tendem a colocar a profecia do capítulo 7 e 8 como uma continuação do capítulo 2. Lembra do que trata este capítulo? Os impérios são representados por uma grande estátua com cabeça de ouro; peito e braços de prata; ventre e quadris de bronze; pés de ferro e de barro. Entretanto, a estátua é derrubada por uma pedra. Esta pedra é o Reino de Deus destruindo toda a concepção humana de imperialismo.
Além do primeiro, do segundo e do terceiro, o quarto animal traz algo bastante específico: "dez chifres" e um "chifre pequeno". Quando o professor explicar estes elementos considere que ao longo dos anos muitas especulações foram feitas a respeito dessas duas figuras. Não vá além do que menciona o texto bíblico.
No passado, muitos crentes sinceros consideraram Hitler o pequeno chifre, isto é, o Anticristo. Outros consideraram Stalin o líder mundial. Alguns disseram que o Comunismo iria gerar o Anticristo. Outros ainda compreenderam que o papa João Paulo II era o Anticristo. A história provou que todas estas especulações não se sustentaram. Não sabemos a respeito do Anticristo porque simplesmente a sua identidade não foi ainda declarada. Ao que parece, nem saberemos. Não seremos arrebatados antes? Boa aula!
Revista Ensinador Cristão. Editora CPAD. pag. 40.
COMENTÁRIOS DE VÁRIOS AUTORES
INTRODUÇÃO
Os estudiosos do livro de Daniel dividem o livro em duas partes, histórica e profética. Os capítulos 1 a 6 o identificam como históricos, mesmo contendo uma parte profética no capítulo 2. Os capítulos 7 a 12 são tratados como sendo proféticos. É interessante notar que os acontecimentos dos capítulos 7 e 8 antecedem os descritos nos capítulos 5 e 6. Se no capítulo 6, Daniel já passava dos 80 anos de idade, no capítulo 7, ele tinha aproximadamente uns 70 anos. Quando Daniel organizou o seu livro tratando das interpretações dos sonhos nos capítulos 2 e 6 e as visões que ele recebeu de Deus as separou da parte histórica.
No capítulo 7 inicia-se, essencialmente, a parte profética do livro de Daniel, o verdadeiro Apocalipse do Antigo Testamento. Esse capítulo 7 com a sua visão dos impérios mundiais é paralelo com o capítulo 2 que tem o sonho de Nabucodonosor. O capítulo 2 apresenta quatro impérios representados por quatro figuras do mundo material. A visão do capítulo 2 foi dada a um rei pagão, o rei Nabucodonosor e a visão do capítulo 7 foi dada a um servo de Deus, o príncipe Daniel. A Nabucodonosor a visão revela o lado político e material dos impérios, representados na figura da grande Estátua. A Daniel Deus revelou o lado moral e espiritual desses impérios representados pelas figuras dos quatro animais. Os fatos são os mesmos, mas o objetivo das duas visões difere nas finalidades. Deus mostra a decadência desses impérios e o surgimento do reino eterno do Messias.
Igualmente, os acontecimentos preditos e proféticos nos capítulos 7 a 12 se darão em sequência cronológica. As duas primeiras visões dos capítulos 7 e 8 se deram antes da festa de Belsazar, descrita no capítulo 5. Porém, a visão do capítulo 9 precedeu à experiência de Daniel na cova dos leões no capítulo 6. Já, a quarta visão de Daniel (cap.10 a 12) se deu no “ano terceiro de Ciro,rei da Pérsia”(Dn 10.1).
Elienai Cabral. Integridade Moral e Espiritual. O Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje. Editora CPAD. pag. 97-98.
Os seis capítulos anteriores desse livro eram históricos. Ingressamos agora com temor e tremor nos seis posteriores, que são proféticos, e onde existem muitas coisas misteriosas e difíceis de serem entendidas, das quais certamente não ousamos determinar o sentido, e ainda muitas coisas claras e proveitosas, das quais eu creio que Deus nos permitirá fazer um bom uso. Nesse capítulo, temos: I. A visão de Daniel dos quatro animais (1-8). II. Sua visão do trono de domínio e juízo de Deus (9-14). III. A explicação dessas visões, que lhe foram dadas por um anjo que estava presente (15-28). E difícil dizer se essas visões procuram antecipar o fim dos tempos, ou se elas deveriam ter um rápido cumprimento. Nem mesmo os intérpretes mais criteriosos estão completamente de acordo neste ponto.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Isaías a Malaquias. Editora CPAD. pag. 868.
Este capítulo inicia a segunda parte do livro de Daniel. Nos capítulos 1 a 6 vimos a parte histórica do livro; agora, nos capítulos 7 a 12, veremos a parte profética.
O livro de Daniel é chamado de “O Apocalipse do Antigo Testamento”. Ele trata da saga dos reinos do mundo e da vitória triunfal do Reino de Cristo. É um livro escatológico e apocalíptico.
Edward Young diz que o capítulo 7 de Daniel trata do mesmo assunto que foi tratado no capítulo 2. Ele afirma que esses dois capítulos são paralelos. José Grau sugere que para um claro entendimento, esses dois capítulos devem ser lidos conjuntamente. Evis Carballosa corretamente afirma que o capítulo 2 apresenta um panorama na perspectiva do homem, enquanto o capítulo 7 apresenta uma perspectiva divina do mesmo tema. Como a revelação divina é progressiva, o capítulo 7 acrescenta detalhes importantes à revelação dada no capítulo 2.
O capítulo 7 está dividido em duas grandes partes: os versículos 1 a 14 retratam o sonho de Daniel; os versículos 15 a 28, a interpretação do sonho. Daniel 7 trata do desenrolar da história humana até o fim do mundo. Se olharmos apenas para os reinos deste mundo somos o povo menos favorecido da terra, mas se olharmos para o trono de Deus somos o povo mais feliz da terra. Os impérios do mundo surgem, prosperam e desaparecem, mas o Reino de Cristo permanece para sempre.
LOPES. Hernandes Dias. DANIEL Um homem amado no céu. Editora Hagnos. pag. 89-90.
Esta visão, na realidade, foi um sonho espiritual, e, quanto ao título, difere das visões que se seguem nos capítulos 8-12. Novamente encontramos os quatro impérios, paralelos às quatro partes da imagem do sonho de Nabucodonosor (capítulo 2).
Os quatro impérios são simbolizados pelos quatro animais que correspondem aos quatro diferentes metais da visão do capítulo 2. Aqui também achamos uma escala descendente de valor e poder, descendo do leão, passando pelo urso e pelo leopardo, e chegando finalmente a um animal não chamado pelo nome, os quais correspondem ao ouro, à prata, ao bronze e ao ferro da visão anterior. Em ambas as visões, o reino de Deus (que é eterno) vem depois dos reinos terrenos. Há aí um toque escatológico que nos leva à era do reino milenar de Deus. Atenção especial é dada ao pequeno chifre, o último rei do quarto império, o qual é variegadamente identificado. Se os santos do Senhor serão especialmente perseguidos por ele, as páginas do livro da história o encerrarão, ao passo que o Reino de Deus prosseguirá infinitamente depois do milênio. Este capítulo divide-se naturalmente em três partes: vs. 1; vss. 2-7 e vs. 28. Também há certo número de claras subdivisões.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3401.
I – A VISÃO DOS QUATROS ANIMAIS (Dn 7.1-8)
1. A visão.
Daniel, em sua visão, viu “os quatro ventos do céu agitavam o Mar Grande” (7.2) que simbolizam os poderes celestiais movimentando o mundo nos quatro pontos cardeais. São ventos que representam as grandes comoções políticas, os conflitos bélicos e sociais nas nações do mundo.
“margrande”(v. 2) e “subiam do mar”(v. 3). O “Mar Grande” tem sido interpretado de dois modos: Alguns estudiosos veem o “mar grande” como sendo a humanidade; outros veem o “Mar Grande” como sendo o Mar Mediterrâneo, pelo fato, de que os quatro impérios da visão surgem junto ao Mediterrâneo. Por outro lado, “o mar”, nas profecias escatológicas da Bíblia é interpretado, também, como sendo “as nações gentílicas” (Is 17.12,13). Minha opinião particular, fruto das avaliações que fiz do texto é de que “o Mar Grande” é o Mediterrâneo. O versículo 3 diz que “subiam do mar” e isto indica que se trata das nações adjacentes ao Mediterrâneo. Uma das razões é que, o último império do capítulo 2 e 7, é o Império Romano, cujas dimensões alcançavam as nações gentílicas adjacentes a Roma.
Os quatro animais como já dissemos estão ligados com o Mar Mediterrâneo. O uso simbólico e profético do “mar” revela as turbulências e inquietações promovidas pelas lideranças desses personagens dos quatro impérios. Esses animais são diferentes uns dos outros e possuem características que revelam a brutalidade daqueles dias de forma irracional porque as ações desses animais ultrapassarão o nível da racionalidade. Era o retrato que Deus dava desses impérios nas figuras animalescas do texto para revelar o surgimento deles ao longo da vida de Israel e do mundo, bem como, destacar o último grande império mundial sob a égide de Satanás, representado pelo Anticristo.
“o primeiro era como leão e tinha asas de águia” (7.4.). O leão, do mundo animal, o rei dos animais, simboliza a Babilônia, profetizado, também, pelo Profeta Jeremias (Jr 4.6,7). Comparando as visões do capítulo 2, a “cabeça de ouro”(Dn 2.32,37,38) é a “Babilônia” representada no capítulo 7 pelo “leão com asas de águia” (Dn 7.4), percebemos o paralelo entre os dois capítulos. Deus se utiliza de figuras do conhecimento cultural do homem para revelar verdades morais e espirituais, por isso, na visão de Daniel Deus usou figuras do mundo animal. No reino animal, o leão é o predador maior, portanto o rei. Aqui no capítulo 7 o leão representa o Império Babilônico e as “asas de águia” fala da conquista em extensão desse império que foi o maior do mundo naquela época. Na natureza, na fauna animal, o leão e a águia são os animais nobres. O leão é símbolo do rei dos animais terrestres e a águia é identifica como a rainha das aves do céu. Os dois, o leão e a águia representam a Babilônia pela ostentação de domínio e riqueza que tinha em relação ao mundo de então. O leão lembra a bravura, a violência e a força bruta sobre suas presas. Foi o que Nabucodonosor fez com as nações que subjugou sob seu domínio. A águia lembra a rapidez e a voracidade. Portanto, o domínio da Babilônia aconteceu entre os anos 605-539 a.C. Na visão, Daniel viu que o fim chegou para a Babilônia quando lhe “foram arrancadas as asas” (7.4) e isto lembra o fato quando Nabucodonosor que ficou demente, agindo como animal do campo, porque não soube reconhecer a soberania divina. Ora, uma águia sem asas significa um poder desfeito, sem capacidade de voar. Depois de “arrancadas as asas”, diz o texto que o mesmo “foi posto em dois pés como homem”, e na sua recuperação voltou à racionalidade e passou a agir como homem normal. Com esta experiência, Nabucodonosor teve que reconhecer a soberania divina e lhe dar a glória que só pertence a Deus (Dn 4.24,25,32,33,36,37).
O segundo grande animal da visão é UM URSO (7.5). O urso, pela sua força e voracidade é quase tão formidável quanto o leão. E um animal pesado que tem um apetite voraz, carnívoro e que estraçalha suas presas sem dificuldade. E um animal que age com ataques súbitos e inesperados. Na interpretação de Daniel, esse “urso” representa o segundo império que sucedeu ao babilônico que foi o “império medo-persa” (Dn 2.39). Um detalhe interessante é que o texto diz: “o qual se levantou de um lado” (v. 5). Em outras versões, a compreensão se amplia com a forma como está escrito, quando diz: “com uma das patas levantada, pronto para atacar”, conforme está na Bíblia Viva. Subentende-se que o urso não está dormindo, mas está pronto para atacar e foi o que fez, unindo a Média e a Pérsia, num ataque violento contra os exércitos de Nabonido. Na visão, o urso tinha “três costelas entre os dentes” que podem representar o domínio sobre três pequenas nações conquistadas por Ciro e por Dario. O Império Medo-persa foi formado com a união das duas nações: a Média e a Pérsia. No capítulo 2, o peito e os braços da colossal estátua simbolizavam o império que sucedeu ao Babilônico, que é o medo-persa. Os dois braços simbolizavam a Média e a Pérsia que se aliaram para atacar a Babilônia e formar um governo só. Em relação a visão de Daniel, “o grande urso” se levantou de um lado, ou seja, se levantou para atacar com voracidade e foi o que fez.
Diz mais o texto que o tinha “três costelas entre os dentes” (v. 5). Os estudiosos escatológicos discutem sobre “as três costelas” entre os dentes do grande urso, que podiam representar três outras nações que foram conquistadas por esse império. A maioria desses estudiosos entende que se tratava da Babilônia, da Lídia, na Ásia Menor e do Egito. Essas nações fizeram uma coligação para suplantar as ameaças de dois reis, Dario e Ciro. Essas três nações (Babilônia, Lídia e Egito) não conseguiram reagir porque “o urso” atacou com força voraz e muita violência e os desfez. As “costelas entre os dentes” era o resultado de outra ordem divina para o ataque do Urso, quando diz: ”Levanta-te, devora muita carne”. Segundo a história e as profecias bíblicas, especialmente, de Isaías, Ciro da Pérsia foi usado por Deus e é chamado o seu “ungido” para desfazer a força da Babilônia (Is 44.28; 45.5). Deus usou um rei pagão para fazer o que ele estabeleceu em sua soberana vontade para punir aquelas nações e para restaurar o seu povo em Jerusalém. Porém, na presciência divina, haveria um tempo para os sucessos do Império Medo-persa e esse tempo chegaria com o surgimento de outro animal: um leopardo.
O terceiro grande animal da visão é um LEOPARDO COM QUATRO ASAS (7.6). A primeira frase que aparece na sequência da visão depois do segundo animal, o urso, foi a seguinte: “Depois disso, eu continuei olhando”. Essa frase dá a entender que os animais apareceram na visão em sequência. Não apareceram todos ao mesmo tempo, mas um depois do outro, porque Deus queria facilitar a compreensão do seu servo Daniel em todos os detalhes da visão. O terceiro animal, portanto, era um leopardo, ou semelhante a um leopardo. A característica principal desse animal era a sua agilidade, a sua rapidez. Acima de tudo, esse leopardo não era semelhante aos leopardos comuns porque ele tinha “quatro asas nas costas” e tinha, também, “quatro cabeças”. Deus toma a figura desse animal extraordinário, porque não havia no mundo animal nenhum semelhante. Esse leopardo era uma representação da Grécia, que, com estupenda velocidade e crueldade conquistou o mundo de então que estava sob o domínio medo-persa. O leopardo comum, além de ser carnívoro, é capaz de ataques súbitos e inesperados. Esse ágil e forte leopardo representa, sem dúvida, ao reino grego sob a força militar de Alexandre em 331 a.C. Como figura mítica, esse leopardo tinha quatro asas de ave e quatro cabeças. As asas indicam o império depois da morte de Alexandre (323 a.C.). O Império Grego, no capítulo 2 é representado no sonho da Estátua de Nabucodonosor representado pelo “ventre e as coxas de cobre” (Dn 2.32). No capítulo 7, Daniel vê o leopardo alado e com quatro cabeças como o Império Grego que veio com Alexandre, o Grande, da Macedônia. Em dez anos, Alexandre com enorme rapidez dominou o Império Medo-persa em 334 a.C., e expandiu o seu domínio na Europa e na índia. Ele tinha uma obsessão em conquistar outros territórios, e o fez com quatro principais generais de guerra.
O texto diz que “foi-lhe dado o domínio” (v. 6) e, de fato, rapidamente Alexandre conquistou as nações ao redor e a influência do seu domínio, especialmente, na cultura, foi capaz de tornar-se referencial cultural para o mundo inteiro até os tempos modernos. Porém, em 323 a.C., Alexandre teve uma morte súbita e o seu reino foi dividido por seus quatro generais. A Cassandro, foi-lhe dado a Macedônia e a Grécia; a Ptolomeu I, a Palestina e o Egito; a Selêuco I, foi-lhe dado a Síria e a Lisímaco, foi-lhe dado a Ásia Menor e Trácia.
Na linguagem bíblica, a figura da “cabeça” simboliza governo (Is 7.8,9; Ap 13.3,12) e “as quatro cabeças” do leopardo representam os quatro generais que repartiram entre si o império depois da morte de Alexandre, o Grande. O leopardo, como um todo, diz o texto no versículo 6 que “foi lhe dado o domínio”. Naturalmente, entende-se, antes de tudo, que Deus tem o cetro de governo do universo e deu ao rei grego o poder de dominar por um pequeno período de tempo. No projeto divino prevalece a sua soberania que domina sobre as nações do mundo. Esses quatro generais se tornaram reis nas regiões designadas e se destacaram pela mesma ambição de glória e de poder como seu líder e desenvolveram conflitos entre si e lutaram entre si. Segundo outra visão que Daniel teve acerca desse mesmo império no capítulo 11.4: “o seu reino será quebrado, e repartido para os quatro ventos do céu, mas não para a sua posteridade”. Mais uma vez, ninguém rouba o cetro de governo de Deus. O Império Grego também passou e foi superado por outro mais forte e violento, o Império Romano. O leopardo audaz foi abatido pelo “animal terrível e espantoso” (Dn7.7).
Elienai Cabral. Integridade Moral e Espiritual. O Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje. Editora CPAD. pag. 99-103.
A data desse capítulo o coloca antes do capítulo 5, que ocorreu no último ano de Belsazar, e do capítulo 4, que aconteceu no primeiro ano de Dario. Pois Daniel teve aquelas visões no primeiro ano de Belsazar, quando o cativeiro dos judeus na Babilônia estava concluindo um ciclo. O nome de Belsazar é aqui, no original, soletrado diferentemente do que costumava ser. Antes ele era Bel-sa-zar - Bei é aquele que acumula riquezas. Mas este é Bel-eshe-zar neste nome, Bei significa aquele que arde em chamas ateadas pelo inimigo. Bei era o deus dos caldeus. Aquele governante havia prosperado, mas estava então prestes a ser destruído. Nós temos, nesses versículos, a visão de Daniel das quatro monarquias que foram opressivas aos judeus. Observe:
I - As circunstâncias dessa visão. Daniel havia interpretado o sonho de Nabucodonosor, e agora ele mesmo é honrado com revelações divinas semelhantes (v. 1): Ele teve visões da sua cabeça em sua cama, quando estava dormindo. Assim Deus às vezes revelava aos filhos dos homens tanto a si mesmo como também os seus pensamentos. Sim, quando caía um sono profundo sobre eles (Jó 33.15). Pois quando estamos mais isolados do mundo, e afastados das coisas dos sentidos, estamos mais aptos para a comunhão com Deus. Mas quando estava acordado, ele escreveu o sonho para seu próprio proveito, para que não o esquecesse como um sonho que se desvanece. E ele contou o resumo dos assuntos para os seus irmãos judeus, para o proveito deles, e lhes entregou por escrito, para que pudesse ser comunicado àqueles que estavam longe, e fosse preservado para seus filhos que viriam depois, que veriam essas coisas se cumprirem. Os judeus, interpretando mal algumas das profecias de Jeremias e Ezequiel, se animaram com esperanças de que, depois de seu retorno para a sua própria terra, desfrutariam uma tranquilidade total e ininterrupta. Mas, para que não se iludissem dessa forma, e suas desventuras se tornassem duplamente dolorosas pelo desapontamento, Deus faz com que saibam através desse profeta que terão tribulações: as promessas de sua prosperidade deveriam ser cumpridas nas bênçãos espirituais do reino da graça. Cristo diz aos seus discípulos que eles devem esperar perseguições, e as promessas nas quais confiam serão cumpridas nas bênçãos eternas do reino da glória. Daniel tanto escreveu essas coisas como as disse, para indicar que a igreja deveria ser ensinada tanto através da Escritura quanto pela pregação dos ministros. Pela palavra escrita e verbalmente. E os ministros, em suas pregações, devem divulgar os pontos principais dos assuntos que estão escritos.
II - A própria visão, que prediz as evoluções dos governos naquelas nações, sob cuja influência estaria a congregação dos judeus nas eras seguintes. mencionou os quatro ventos combatendo no mar grande (v. 2). Eles lutavam para definir quem sopraria com mais força e, no longo prazo, quem sopraria sozinho. Isso representa as contendas entre os príncipes pelo império, e as agitações das nações por causa dessas disputas, às quais essas poderosas monarquias (das quais ele devia agora ter um panorama) deviam a sua ascensão. Se um vento de qualquer direção soprar forte, causará uma grande agitação no mar. Mas que tumulto deve necessariamente se instaurai- quando os quatro ventos lutam pelo comando! Este é o ponto importante devido ao qual os reis das nações estão lutando em suas guerras, que são tão turbulentas e violentas quanto a batalha dos ventos. Mas como é o mar sacudido, e agitado, quão terríveis são as suas concussões, e quão violentas são as suas convulsões, enquanto os ventos estão em luta para decidir qual deles terá o poder exclusivo de atormentá-lo! Note que este mundo é como um mar violento e tempestuoso, graças aos ventos orgulhosos e ambiciosos que o atormentam. 2. Ele viu quatro grandes animais surgirem do mar, das águas agitadas, nas quais as mentes ambiciosas adoram pescai’. Os monarcas e as monarquias são representados por animais, porque muito frequentemente é pelo furor selvagem e pela tirania que são engrandecidos e mantidos. Esses animais eram diferentes uns dos outros (v. 3), de tamanhos diferentes, para denotar as diferentes índoles e o aspecto geral das nações em cujas mãos eles estavam alojados. (1) O primeiro animal era como um leão (v. 4). Esse representava a monarquia cal- déia que era forte e feroz, e tornava os reis absolutos. Esse leão tinha asas de águia, com as quais voava sobre a presa, simbolizando a extraordinária rapidez com que Nabucodonosor realizou a conquista de muitos reinos. Mas Daniel logo vê as asas arrancadas, um ponto final colocado à carreira dos seus exércitos vitoriosos. Diversas nações que haviam sido suas tributárias se revoltam e avançam contra ele. De modo que esse monstruoso animal, esse leão alado, é obrigado a ficar de pé como um homem, e um coração de homem lhe é dado. Ele perdeu o coração de leão, devido ao qual havia se tornado célebre (um dos nossos reis ingleses foi chamado de Coeur de Lion - Coração de Leão), perdeu a sua coragem e se tornou fraco e medroso, temendo tudo, não ousando fazer mais nada. Eles foram atemorizados, e lhes foi feito saber que eram apenas homens. Algumas vezes a coragem de uma nação estranhamente se deteriora, e ela se torna covarde e fraca, de maneira que aquela que era a cabeça das nações em uma ou duas gerações se torna a cauda delas. (2) O segundo animal era semelhante a um urso (v. 5). Este simbolizava a monarquia persa, menos poderosa e generosa do que a anterior, mas não menos voraz. Esse urso se levantou de um lado contra o leão, e logo o dominou. Ele levantou um império. Assim alguns o interpretam. A Pérsia e a Média, que na estátua de Nabucodonosor eram os dois braços ligados a um peito, agora estabeleceram um governo conjunto. Esse urso tinha em sua boca três costelas entre os dentes, os restos das nações que ele havia devorado, que eram o símbolo de sua voracidade, e ainda um indício de que embora ele tivesse devorado muito, não poderia devorar tudo. Algumas costelas, que não pôde conquistar, ficaram grudadas em seus dentes. Como conseqüência disso, foi-lhe dito: “Levanta-te, devora muita carne”. Deixa em paz os ossos, as costelas, pois estes não podem ser subjugados. Assim, ataque aquela que será uma presa mais fácil. Os príncipes encorajarão tanto os reis quanto o povo a prosseguir em suas conquistas, e a não permitir que nada se oponha a eles. Note que as conquistas, realizadas injustamente, são apenas como aquelas de animais que caçam, e nesse aspecto são muito piores, pois os animais não caçam os de sua própria espécie, como fazem os homens maus e irracionais. (3) O terceiro animal era semelhante a um leopardo (v. 6). Este representava a monarquia grega fundada por Alexandre, o Grande, que era ágil, astucioso, e cruel como um leopardo. Ele tinha quatro asas como as de uma ave. O leão parece ter tido apenas duas asas. Mas o leopardo tinha quatro, pois embora Nabucodonosor fosse rápido em suas conquistas, Alexandre foi muito mais. Em um período de seis anos ele conquistou todo o império da Pérsia, uma grande parte fora da Ásia, tornou-se senhor da Síria, Egito, índia, e outras nações. Esse animal tinha quatro cabeças. Na morte de Alexandre suas conquistas foram divididas entre seus quatro chefes militares. Seleuco Nicanor ficou com a Ásia Maior. Perdicas, e depois dele Antígono, ficou com a Ásia Menor. Cassandro ficou com a Macedônia. E Ptolemeu com o Egito. O domínio foi dado a esse animal. Foi dado por Deus, o Único de quem vem a promoção.
(4) O quarto animal era mais feroz, terrível e nocivo do que qualquer um deles, diferente de todos os outros. Não há nenhuma entre as feras com a qual ele possa ser comparado (v. 7). Os eruditos não estão de acordo a respeito desse animal desconhecido. Alguns entendem que seja o império romano, que, quando se encontrava em sua glória, abrangia dez reinos: Itália, França, Espanha, Alemanha, Britânia, Sarmatia, Pannonia, Ásia, Grécia e Egito. E então a pequena ponta que ascendeu através da queda de três das outras pontas (v. 8) entendem ser o império turco, que ascendeu no lugar da Ásia, Grécia e Egito. Outros entendem ser este quarto animal o reino da Síria, a família dos selêucidas, que era muito cruel e opressora para com a nação dos judeus, como encontramos em Josefo e na história dos macabeus. E nisso esse império era diferente daqueles que vieram antes, pois nenhum dos poderes precedentes forçou os judeus a renunciarem à sua religião, mas os reis da Síria o fizeram, e aproveitaram-se deles barbaramente. Seus exércitos e comandantes eram os grandes dentes de ferro com os quais devoraram e fizeram em pedaços o povo de Deus, e eles pisotearam seus restos. Supõe-se, então, que as dez pontas sejam os dez reis que reinaram sucessivamente na Síria. Portanto, a ponta pequena é Antíoco Epifânio, o último dos dez, que de uma forma ou de outra debilitou gradativamente três dos reis, e conquistou o governo. Ele era um homem de grande engenhosidade, e então foi dito que tinha olhos iguais aos de um homem. Ele era muito destemido e ousado, e tinha uma boca que falava grandiosamente. Nós o encontraremos novamente nessas profecias.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Isaías a Malaquias. Editora CPAD. pag. 868-869.
Dn 7.4: “O primeiro era como leão”. Todos os estudiosos das profecias de Daniel concordam nesta passagem, com o mesmo simbolismo. O leão é Babilônia, compreendendo seu rei. (Ver Jr 4.7; 49.19; Hc 1.8). Podemos observar que, nas próprias composições que são empregadas para representar este reino, diz-se que seus sucessores cresceriam naquele reino sempre apontando para baixo (Dn 2.39, 40). Três composições nas visões de Daniel, que representam Babilônia e o monarca, formam um simbolismo evidentemente perfeito: 1) A cabeça de ouro. 2) O leão. 3) A águia. A cabeça é a parte mais nobre do corpo humano e, sendo de ouro, é mais evidente. O leão e a águia são dois animais nobres da fauna: o primeiro, como o rei dos animais terrestres, e a águia, como a rainha das aves do céu. Esse simbolismo sempre representou Babilônia, em várias conexões das Escrituras Sagradas. O leão, majestoso, corajoso, representa perfeitamente essa grande cidade. Babilônia, de fato, era representada em seu escudo por um leão com asas de águia. A águia é outro animal majestoso, a rainha das alturas, como o leão o é das planuras. O leão representa a brutalidade, a força e a violência. E fera de mandíbula trituradora. Na simbologia profética das Escrituras Sagradas, é o Império Babilônico “um destruidor de nações” (Jr 4.7). A águia, por sua vez, metaforiza a rapidez e a voracidade. Esse Império é considerado nas Escrituras como “u- ma nação feroz” que voa como a águia (Dt 28.49-50; Mq 1.6-8). “E tinha asas de águia”. Na simbologia profética, isso bem pode, como em outras partes das Escrituras, simbolizar Nabonido e Belsazar.
“E foi levantado da terra”. A presente passagem, descreve em resumo, a humilhação, a doença, a exaltação do poderoso monarca Babilônico, o rei Nabucodonosor. No capítulo quatro deste livro, Deus o feriu de licantropia. O doutor Montagu G. Barker, a descreve também como segue: “Licantropia”, uma condição freqüentemente mencionada em tempos antigos. Muitas vezes ligada à hidrofobia, em que parecia que as pessoas afetadas imitavam cães e lobos. Nabucodonosor, uma vez ferido por Deus desta doença, foi colocado junto com os animais do campo (Dn 4.33), onde passou “sete tempos”. Sete tempos (“sete anos”). A palavra “iddãnin” não denota especificamente “anos”, mas pode significar “estações”. E a mesma palavra traduzida por “tempo” em 2.8 e “momento” em 3.8, do livro em foco. A sua situação é indefinida, mas, no conceito geral, isso significa mesmo “sete anos” (Dn 7.25; 12.7; Ap 12.14. Um tempo nessas passagens significa um ano).
“E posto em pé como um homem”. O texto em foco descreve, em resumo, o estado normal e o restabelecimento do rei Nabucodonosor, e, com certeza, também o seu restabelecimento no posto e trono, como ele mesmo descreve: “Mas ao fim daqueles dias, eu, Nabucodonosor, levantei os meus olhos ao céu, e tornou-me a vir o meu entendimento, e eu bendisse o Altíssimo, e louvei... no mesmo tempo me tornou a vir o meu entendimento, e, para a dignidade do meu reino, tornou a vir a minha majestade e o meu resplendor” (cap. 4.34-36).
“E foi-lhe dado um coração de homem”. O coração deste monarca estava muito endurecido no início do reinado; era realmente “um coração de leão” (Jr 4.7). Ele tornou-se um Faraó. Faraó foi um monarca, também de coração endurecido. Dez vezes lemos que ele endureceu seu coração e dez vezes lemos, também, que Deus o endureceu (Ex 7.13,14, 22; 8.15,19, 32; 9.7, 34, 35; 13.15 - Faraó). (Êx 4.22; 7.3; 9.12; 10.1, 27; 11.10; 14.4, 8, 17 - Deus). Theodoret assim explica o caso: “O sol pelo seu calor torna a cera mole e o barro duro, endurecendo um e amolecendo outro, produzindo, pela mesma ação, resultados contrários. Assim a longanimidade de Deus faz bem a alguém e mal a outros. - Por quê? - Porque alguns apresentam-se amolecidos e outros endurecidos”. O juízo de Deus caiu sobre Faraó quando se exaltou. O juízo de Deus caiu também sobre Nabucodonosor quando se exaltou. Diferença: Faraó se endureceu; Nabucodonosor se humilhou. Teve seu “coração” mudado de “leão” para “coração de homem”. Nabucodonosor morreu, e seus dois sucessores, as asas, foram arrancadas, terminando, assim, aquela dinastia Babilônica (Dn 5.30; 7.4).
Dn 7.5: “Continuei olhando, e eis aqui o segundo animal, semelhante a um urso, o qual se levantou de um lado, tendo na boca três costelas entre os seus dentes; e foi-lhe dito assim: Levanta-te, devora muita carne”.
“...o segundo animal...” No capítulo 2 versículos 32 e 39 do livro em foco, o Império Medo-persa é representado pelo “peito e braços” de prata da estátua “terrível” do sonho do monarca Nabucodonosor. O “peito do colosso, na simbologia profética, representava a unificação dos dois reinos (Média e Pérsia) em um só. Os “braços”, porém, geograficamente falando, são seus dois monarcas: Dario e Ciro, respectivamente. 1. O braço esquerdo representava Dario. 2. O braço direito representava Ciro (Is 45.1). São eles os dois “Tufões de vento do Sul, que tudo assolam...” (Is 21.1). No capítulo 4 de Daniel, esse Império, bem pode ser visto nos “ramos” da árvore que o rei Nabucodonosor viu em sonho.
“... um urso”. O segundo animal presenciado por Daniel, nesta visão é “um urso”. E quase tão temível quanto o leão, o primeiro animal. O urso marrom da Síria pode chegar a 250 kg de peso e tem um apetite voraz. “Embora o urso não seja considerado o rei dos animais, atinge maior estatura e peso, como já ficou demonstrado, do que o leão. Diz-se que sua espécie foi encontrada na Média, país montanhoso, acidentado e frio. Seus quarenta e dois (42) dentes pontiagudos, suas garras aguçadas, sua malícia, o seu enorme peso, a sua coragem e a sua astúcia, fá-lo grandemente terrível. No que diz respeito à sua crueldade, ferocidade e sede de sangue, não tem rival”. Todos esses requisitos possuídos por essa fera, foram realmente incorporados em grau supremo ao Império Medo-persa, e mais ainda. Dele está escrito: “Levanta-te, devora muita carne”.
"... levantou-se de um lado”. O presente versículo põe em foco Dario e Ciro se “levantando do sudeste” da Babilônia; nessa região se encravavam a Média e a Pérsia; os medos predominaram antes dos persas. A frase: “levantou-se de um lado” é interpretada na maneira de haver a fera se levantado de um lado, isto é, no sentido literal, o urso levantou-se sobre duas patas, ficando as duas outras suspensas, como se quisesse andar com os pés. Esses dois reinos, após conquistarem Babilônia, cada um queria andar só. Eis a razão por que Ciro depois vence Dario e reina com grande poder.
“Tendo na boca três costelas...” O presente texto mostra algo admirável no urso faminto, como fora presenciado no majestoso leão do versículo 4. As três costelas em foco, que o urso trazia na sua boca, na simbologia profética significam as três primeiras potências conquistadas pelo Império Medo-persa. São elas: 1) Babilônia. 2) A Lídia, na Ásia Menor. 3) O Egito. Esses três reinos (costelas) fizeram uma coligação pensando suplantar as ameaças do inimigo. Mas não tiveram nenhum êxito nisso, pois a conquista por Dario e Ciro dessas nações já estava vaticinada cerca de 80 anos antes, como está descrito pelo profeta do Senhor: “O Senhor despertou o espírito dos reis da Média; porque o seu intento contra Babilônia é para a destruir. (Jr 51.11, 29). Dario e Ciro fizeram com estas três costelas (nações) o que antes já fora vaticinado. As nações aí mencionadas foram, em suma, as primeiras a caírem nas garras do urso voraz. Ele as subjugou.
"... entre os seus dentes”. O profeta Daniel, observa um detalhe importante na presente visão: as três costelas acima mencionadas, vinham presas “entre” os dentes da fera. Foi realmente o que aconteceu com as três potências aludidas: Babilônia, Lídia, e Egito. Elas foram conquistadas pelos poderosos dentes (exércitos) do urso faminto. Segundo a história natural, um urso da Média, é portador de 42 dentes pontiagudos. Nas conquistas mencionadas foram usados 42 exércitos em revezamento. As Escrituras são proféticas e se combinam em cada detalhe. (Ver Ec 7.27).
“Levanta-te, devora muita carne”. Essa voz que ordena ao “urso” que devore muita carne é a voz de Deus. Refere-se a Ciro, também chamado o “pastor” de Deus (Is 44.28) e seu “ungido”, em Is 45.1. Esses títulos lhe são dados, não por causa do seu caráter, pois ele era ignorante quanto à pessoa de Deus (Is 45.5). Ele não conhecia a Deus, e é chamado “uma ave de rapina” em Is 46.11, mas Deus o predestinou para executar a destruição de Babilônia e a obra de restauração de Israel. No texto de Is 45.1, 2, lemos a seu respeito: “Assim diz o Senhor ao seu ungido, a Ciro, a quem tomo pela mão direita, para abater as nações diante de sua face, eu soltarei os lombos dos reis, para abrir diante dele as portas e as portas não se fecharão. Eu irei diante de ti, e endireitarei os caminhos tortos; quebrarei as portas de bronze e despedaçarei os ferrolhos de ferro”. O leitor deve observar que os elementos apresentados nesta profecia existiam de fato em Babilônia. No cap. 8.3- 22 deste livro, o poderoso Império Medo-persa ainda continua, porém, já enfraquecido: não é mais representado por um “urso voraz”, mas por um animal doméstico. Não está mais diante do mar (v. 3) mas diante do rio (8.3).
Dn 7.6: "... eis aqui outro”. No texto em foco, é o Império Greco-macedônio que entra em cena. No capítulo 2, versículos 35 a 39 deste livro, esse Império é representado pelo “ventre e coxas” de cobre da estátua vista pelo monarca Nabucodonosor, em seu majestoso sonho. Como na representação anterior dos dois reis, Dario e Ciro, o mesmo acontece aqui. “O ventre” como é descrito pelo profeta do Senhor, simboliza a unificação dos reinos Grego e Macedônio em um só. As “coxas” falam de duas nações que se uniram, depois, porém se dividiram com o “andar” das coxas. O ventre e as coxas formam uma extensão maior do que a cabeça. Contudo, a cabeça é mais nobre. O Império Babilônico era de fato maior do que todos em riquezas e glórias, mas foi menor em extensão territorial do que o reino de Alexandre Magno. Na simbologia profética, esse Império Greco-macedônio pode ser visto nas “folhas” da árvore do sonho do rei Nabucodonosor (4.21). O profeta Daniel diz, na sua interpretação, que as “folhas eram formosas”. Alexandre, foi de fato o maior em sua geração: foi chamado de Magno (o Grande). Ele foi um vulto muito culto e inteligente, mas, ao mesmo tempo, era violento e traiçoeiro até para com seus generais.
“... um leopardo”. O simbolismo usado na presente passagem se coaduna com a etimologia da palavra que dá nome ao animal do texto em foco. “Leo” (leão) e “pardo” (pantera). E realmente perfeito o que foi o reino de Alexandre Magno: duas naturezas. As duas naturezas interligadas deste Império Greco-macedônio eram vistas em vários aspectos, mas tomemos como exemplo: 1) Os dois povos (gregos e macedônios) eram diferentes em temperamento: os gregos sempre foram diferentes dos macedônios; isto pode ser visto e examinado em Atos dos Apóstolos e nas Epístolas de Paulo. Esse apóstolo foi enviado por Deus a esses dois povos. (Ver At 16.9 a 40 e 17.15 a 34; 1 Co 16.5, etc.) 2) Sentido geográfico: A Grécia ficava “no sudeste da Europa, ocupando a parte Sul da península dos Bálcãs e numerosas ilhas do mar Jônico e do mar Egeu, no Mediterrâneo”. 3) A Macedônia. A região geográfica da antiga Macedônia compreende hoje “a Iugoslávia, o Sul da Bulgária e a Turquia europeia”. Vejamos onde se encravam essas três nações: a. Iugoslávia. Sua situação geográfica, Sudeste da Europa. E limitada ao norte pela Áustria e pela Hungria, a leste pela Romênia e Bulgária, ao sul pela Grécia e pela Albânia e a oeste pelo mar Adriático e pela Itália, b. A Bulgária. Sua situação geográfica, sudeste da Europa, na parte oriental da península balcânica. A Bulgária é limitada ao norte pela Romênia, a leste pelo mar Negro, ao sul pela Turquia e a Grécia, e a oeste pela Iugoslávia”, c. A Turquia Europeia. E separada da parte asiática pelo estreito de Dardanelos, pelo mar de Mármara e pelo Bósforo. A parte europeia é constituída de colinas próprias para a agricultura.
“E tinha quatro asas de ave nas suas costal. O profeta Daniel, em sua visão futurística, observa algo mais no “leopardo” como vira no leão e no urso, respectivamente. Ele notifica que, nas costas do animal, vinham quatro asas. Na simbologia profética e em outras representações simbólicas, asas têm sempre o sentido de insígnia militar. Verdade é que pode trazer também o sentido de rapidez. Um fato notável que deve ser observado no texto em foco é que essas asas estavam postas nas “costas” do animal. Elas representam, sem dúvida, os “quatro generais” de Alexandre que, após sua morte, fundaram quatro realezas. São eles: 1) Ptolomeu. 2) Selêuco. 3) Lísímaco. 4) Cassan- dro. Esses generais, de fato, estavam por “trás” de Alexandre em tudo que ele fazia. Cada um deles começou por implantar-se na região que lhe fora designada, e não ficaram somente nisso, pois a ambição de glória e de poder, levou- os a lutarem entre si, para novas conquistas.
“Tinha também este animal quatro cabeças”. O profeta do Senhor, Daniel, continua em sua descrição sobre o famoso “leopardo”. Ele observa algo mais naquela fera: ela tinha quatro cabeças. A cabeça, que é de um animal quadrúpede, está diante de si. Na simbologia profética, isso significa as quatro realezas que estavam por vir. Após a morte de Alexandre, seus quatro generais, já mencionados, fundaram quatro realezas dentro da divisão do Império. São elas: 1) Egito (Ptolomeu). 2) Síria (Selêuco). 3) Macedônia (Lisímaco). 4) Ásia Menor (Cassandro).
“E foi-lhe dado domínio”. Esse domínio, do texto em foco, dado a Alexandre, foi, sem dúvida, concedido pelo próprio Deus (Ver Rm 13.1-6). Mas em breve surgiram dissensões entre seus próprios generais, que, ao todo, eram sete (7): Ptolomeu, Selêuco, Lisímaco, Cassandro, Pérdicas, Antípatro e Polispercon. Os três últimos era os primeiros agentes do reino, mas foram afastados do poder. Enquanto que os quatro primeiros dividiram-se em quatro formas ideológicas (4 cabeças) e fundaram as 4 realezas já mencionadas. Cumpriu-se, assim o que está escrito a respeito de Alexandre, em 11.4: “O seu reino será quebrado, e repartido para os quatro ventos do céu mas não para a sua posteridade”. O domínio que foi dado, ele não soube aproveitar, e, assim, foi-lhe tirado, mas não para seus filhos, isto é, para a sua posteridade.
Dn 7.7: "... eis aqui o quarto anima". O presente versículo coloca em cena o quarto Império Mundial. E o Império Romano. Esse poderoso Império, desde sua fundação, tem como capital a cidade de Roma. E cidade das mais antigas da península itálica, está edificada sobre “sete colinas” que João, o apóstolo do amor, chama de “sete montes” (Ap 17.9). Nos dias do Império, essas sete colinas eram chamadas: Aventino, Palatino, Célio, Esquilino, Vidimal, Quirinal e o Capitólio. A cidade ficava à margem esquerda do rio Tibre, a 24 quilômetros da desembocadura desse rio no mar Tirreno, na costa ocidental da península itálica. O seu fundador foi um habitante do Lácio (donde vem a palavra latino), chamado Rômulo, que, junto com seu irmão Rêmulo, foi amamentado pela loba do Capitólio. (Lenda). No capítulo 2.33, deste livro, esse Império é representado pelas “pernas de ferro” do majestoso colosso visto pelo monarca Nabucodonosor, em seu sonho escatológico. Não é contemplado com os dois Impérios (Medo-persa e o Greco- macedônio) anteriores, que eram unificados pelo “peito e ventre” da imagem; mas segue um paralelismo até sua consumação. Na simbologia profética, esse paralelismo é representado pelas pernas da estátua. (Ver notas expositivas sobre isso em 2.33). No campo simbólico, esse Império pode ter também sua representação nos “frutos” da árvore do sonho do rei Nabucodonosor (Dn 4.14). A maneira como os romanos conquistaram o Império Greco-macedônio todos conhecem. Os romanos conquistaram o Ocidente e voltaram depois suas vistas para o Oriente. Apoderaram-se da Grécia, Síria, Palestina e outros países. Tornaram-se senhores do mundo. Quando Matatias começou a lutar pela independência de seu país, os romanos eram fracos; agora, porém, eram os dominadores do mundo. O anjo deixou bem claro para Daniel quem seria o quarto animal, quando disse: “O quarto animal será o quarto reino na terra” (v. 23). Todos os estudiosos das profecias de Daniel sabem a quem esta passagem se refere. E ao Império Romano, o quarto reino mundial. Esta fera terrível não há nada a que ela se compare. A descrição salienta apenas o caráter destruidor da fera, como segue:
“Terrível...” O Império Romano foi, de fato, “terrível” em todos os seus aspectos; Jesus Cristo, o nosso Senhor, foi morto sob a força brutal deste terrível poder. Os próprios judeus sofreram muito sob esse sistema de governo desumano. O Velho Testamento deixa a Palestina como uma satrapia persa. Abrimos o Novo Testamento e ali encontramos a dominação romana no apogeu da sua força.
"... espantoso”. O texto em foco, se consolida em uma profecia de alcance muito vasto. A própria história secular diz que este Império deixou atrás de si um rastro de sangue. Ele era espantoso até mesmo para seus próprios governantes; ali havia muita traição e maldade. Só em falar na palavra “romano” todo o mundo tremia. (Ver Jo19.12, 13; At 16.37-39).
"... muito forte”. Essa expressão e outras correlatas se coadunam muito bem com a natureza desse império, que é o ferro visto nas pernas do majestoso colosso do sonho do rei, conforme Dn 2. Esse Império desenvolveu os três emblemas consolidados nas composições anteriores: O domínio do leão, a força do urso e a rapidez do leopardo; por essa razão, tornou-se “terrível, e espantoso, e muito forte”.
"... tinha dentes grandes de ferro”. O animal tinha a mesma natureza das pernas e pés da estátua descrita em Daniel 2.33, 41. Isto é, composto de ferro e barro. O Império Romano tinha o mais poderoso arsenal militar em sua época. Seus dentes (exércitos) pontiagudos, eram adversários velozes como cavaleiros, fortes como leões, venenosos como serpentes, e lançavam elementos que cegavam e queimavam com poder mortal. É descrito, portanto, que eles eram forças mortais poderosas, maliciosas, e incansáveis. Eram, em suma, como diz a profecia divina: verdadeiros dentes grandes de ferro.
“Ele devorava...” O presente texto, fala do que fez de fato o Império Romano. Ele conquistou, em pouco tempo, o mundo civilizado; subjugou todos os reinos, dominou todos os povos, tornando-se, assim, o senhor do mundo. Ele fez mesmo, como diz o texto em foco: devorou toda a terra. Essa foi a interpretação dada pelo próprio ser angelical, no versículo 23, do presente capítulo: “O quarto animal será o quarto reino na terra, o qual será diferente de todos os reinos; e devorará toda a terra...”
"... fazia em pedaços”. A primeira coisa que fazia o Império Romano após conquistar uma nação, era dividir suas terras em regiões, tetrarquias, províncias e distritos. Roma, depois de conquistar o mundo, dividiu-o em regiões chamadas “províncias”. A divisão dos romanos era semelhante às satrapias dos persas. A Judéia foi anexada à Síria, e ambas, com outros pequenos países, constituíram uma província romana. Nos dias de Jesus como pessoa humana, encontramos o território da Palestina dividido em 4 ou 5 regiões, como por exemplo: Galiléia, Samaria, Judéia, Peréia e Decápolis. Os próprios judeus foram despedaçados por esses dentes (exércitos) de ferro, e, ainda hoje (1986 d.C.) encontram-se judeus em todas as partes do mundo. (Ver Mt 21.44).
“E pisava aos pés o que sobejava”. O texto em foco salienta o que já ficou demonstrado no capítulo 2.33 da estátua terrível que tinha os seus pés de ferro. O Império Romano só tinha dois objetivos consigo em suas grandes conquistas: matar e reduzir à escravidão. As Sagradas Escrituras falam com intensidade sobre esses “pés” em várias partes (Ver Dn 2.33, 34, 41,42; 7.7,19, 23; 8.10,13). Outras expressões com o mesmo sentido são vistas no Novo Testamento (Lc 21.24, “pisada”, “pisarão”; Ap 11.2 “pisarão”; Ap 13.2, observe a expressão “seus pés”). As Escrituras são proféticas e se combinam entre si em cada detalhe! Até o “mapa geográfico” do país sede deste Império é a “figura de um pé” (mapa da península Itálica)!
“Era diferente de todos os animais”. Na interpretação feita pelo anjo a Daniel, ele lembra isso ao profeta do Senhor, dizendo: “o quarto animal será o quarto reino na terra, o qual será diferente de todos os reinos. Realmente é o que diz a profecia de Daniel; o Império Romano, durante sua existência, de 754 a.C. a 455 d.C. (1209 anos), foi diferente de todos os reinos que já existiram no mundo. Ele era, no campo profético, o emblema expressivo do reinado cruel do Anticristo, a Besta que subiu do mar (Ver Ap 13.1 e ss.).
“E tinha dez pontas”. O animal espantoso do texto em foco tinha dez pontas como tinham dez dedos os pés da estátua do capítulo 2. Isso já tivemos a oportunidade de ver em outras notas expositivas sobre este livro, isto é, as dez pontas vistas em alinhamento na cabeça da fera simbolizam dez reis que “se levantarão” no tempo do fim. Eles não existiram nos dias do Império. Observe bem a frase: “se levantarão”. João, o vidente de Patmos, descreve a mesma coisa em Ap 13.1. O fato de estarem em alinhamento como em alinhamento estavam os dez dedos da estátua do cap. 2, quer dizer que esses reis escatológicos governarão ao mesmo tempo (Ap 17.12). Alguns deles (três) receberão poder apenas por “uma hora” mas depois cairão (Ap 17.12).
Dn 7.8: “Estando eu considerando...” A presente passagem nos dá a entender que existia um espaço de tempo para que essas pontas se mobilizassem. Os intérpretes históricos procuram encaixar essas profecias dentro da história secular. Segundo eles, nesta identificação ocorre um fato a comprovar sua exatidão perfeita, quando diz: “... diante da qual [do pequeno chifre] três das pontas primeiras foram arrancadas”. Com efeito, em prol da ascensão do “papado” foram extirpadas três nações representadas pelas dez pontas. Essas três nações, alojadas por sinal na península Itálica, são os povos Hérulos, Ostrogodos e Lombardos. Para nós, essa maneira de interpretar o texto é muito lógica, mas não se coaduna com a tese principal. Os intérpretes contemporâneos são de opinião que o Mercado Comum Europeu é o princípio de formação desta grande profecia. Para os intérpretes futuristas (o que nós aceitamos), a ponta pequena que subiu por último, é o Anticristo que, após estar tudo pronto aparecerá no cenário mundial. Ele fará uma aliança com dez monarcas escatológicos, porém com sua ascensão, três destes reis serão afastados, e apenas sete lhe apoiarão. (Ver Dn 7.8, 20, 24; Ap 17.12, 16 e ss.).
Severino Pedro da Silva. Daniel vercículo por vercículo. Editora CPAD. pag. 127-138.
2. O leão (7.4). Corresponde à cabeça de ouro da estátua do capítulo 2, isto é, Babilônia (2.32,37,38). O leão tinha duas asas, o que fala da rapidez nas suas conquistas, como bem revela a história.
Primeiro império mundial dos tempos dos gentios: Babilônia (606-536 a.C.). Simbolizada pelo leão (Dn 7.4), rei dos animais. Isso fala da primazia do Império Babilônico sobre os demais que se seguiram. Corresponde á cabeça de ouro da estátua de Dn 2.32,37,38. As asas de águias falam de suas rápidas conquistas.
3. O urso (7.5) corresponde ao peito de prata do capítulo 2, isto é, à Medo-Pérsia (2.32,39). No capítulo 8.20 a Medo-Pérsia volta a ser representada por um carneiro. O urso se levantou sobre um dos lados, e tinha na boca três costelas. O lado que se elevou foi a Pérsia, que passou a ter ascendência sobre a Média. As três costelas na boca aludem à conquista (pela Pérsia) de Babilônia, Lídia e Egito.
Segundo império mundial dos tempos dos gentios: a Pérsia. Simbolizada por um urso que se levantou sobre um dos lados tendo três costelas na boca (Dn 7.5). O lado que elevou-se foi a Pérsia que passou a ter ascendência sobre a Média. As três costelas falam da sua conquista da Babilônia, Lídia e Egito. Período da Pérsia como império mundial: 536-331 a. C.
4. O leopardo (7.6) corresponde ao ventre de bronze do capítulo 2, isto é, à Grécia (2.32,39). No capítulo 8.5,21 a Grécia volta a aparecer sob a figura de um bode. O leopardo tinha quatro asas e quatro cabeças. As quatro asas indicam mais rapidez nas conquistas do que Babilônia. As quatro cabeças falam da quádrupla divisão do império grego após a morte de Alexandre, a saber: Egito, Macedônia, Síria e Ásia Menor. De fato, em dez anos Alexandre dominou o mundo civilizado do seu tempo. Seu exército era altamente treinado e utilizava o princípio da guerra-relâmpago, isto é, surpresa e rapidez nos ataques.
Terceiro império mundial dos tempos dos gentios: a Grécia. Período: 331-146 a. C. É simbolizada por um leopardo tendo quatro azas e quatro cabeças. As quatro azas falam do avanço relâmpago da Grécia nas suas guerras. As quatro cabeças falam da quádrupla divisão do império grego após a morte de Alexandre. Texto bíblico: Dn 7.6.
5. O quarto animal (7.7,8,11,19-24) corresponde às pernas e pés da estátua do capítulo 2, ou seja, ao Império Romano, e ainda à sua última forma de expressão, por ocasião da vinda de Jesus. Tinha dez chifres. Entre esses dez surgiu um pequeno. Três dos outros foram derrubados pelo chifre pequeno (vv. 8,24).
O quarto império mundial dos tempos dos gentios: Roma. Período: 146 a. C- a 476 d. C. quando se deu a queda de Roma. Tinha dez chifres (Dn 7.7,8,19-24).
O quarto animal seria um rei ou reino, como os demais animais (7.17,23). Esse animal tinha dentes de ferro (v. 7). Seria o reino da força, da ferocidade, do esmagamento, como foi o Império Romano. Os dez chifres do versículo 7 correspondem a dez futuros reis (v. 24). Esses futuros reis ou reinos correspondem aos dez dedos dos pés da estátua do capítulo 2.41,44, e aos dez chifres da besta de Apocalipse 13.1 e 17.12, a saber, ao Anticristo e suas nações confederadas durante a Grande Tribulação.
A visão do quarto animal com seus detalhes foi tão impressionante, que Daniel concentrou sua atenção sobre ele, querendo saber a que se referia (vv. 19,20).
6. O chifre pequeno (7.8) representa o futuro Anticristo. Ele, ao emergir entre os dez reinos, abaterá três reis. Essa expressão do Império Romano em dez reinos ainda não ocorreu, pois quando esse império deixou de existir tinha apenas duas formas, correspondentes às duas pernas da estátua do capítulo 2, isto é, o Império Romano do Ocidente e o Império Romano do Oriente. O primeiro caiu em 476 d.C. O segundo, em 1453. A divisão do império em dois deu-se em 395 d. C. Portanto, os fatos proféticos do versículo 8 são ainda futuros, como bem mostra o livro de Apocalipse. O versículo 8 em apreço revela também que o Anticristo será muito inteligente {"olhos" - vv. 8,20), e também um orador inflamado e magnetizador de massas ("boca que falava com insolência" - vv. 8,20). Com isso concorda Apocalipse 13.5,6.
Antônio Gilberto. DANIEL & APOCALIPSE Como entender o plano de Deus Para os últimos dias. Editora CPAD.
2. A interpretação.
A semelhança do capítulo 2, o Império Romano aparece no sonho de Nabucodonosor representado pelas “pernas de feno e os pés, em parte de ferro e em parte de barro” (2.33). No capítulo 7, o Império Romano aparece na visão de Daniel como um “animal terrível e espantoso” (Dn 7.7). Esse quarto animal não se parece com qualquer outro tipo do mundo animal. Não havia nada comparável do mundo animal. O profeta percebe que era um animal, um monstro mítico o qual define como um animal “terrível e espantoso”. A característica que se destacava nesse animal era a sua força e poder de destruição. Esse animal tinha “dentes de ferro” que triturava tudo o que estivesse à sua frente, indicando força e insensibilidade no trato com coisas vivas (v. 23). A força desse império foi demonstrada pela força militar que se tornou o maior referencial da sua conquista. Esse é o império sequente que veio depois do medo-persa.
“terrível e espantoso” (7.7). Esse animal deixou seus rastros de morte e destruição por onde passava. O Império Romano é caracterizado pela dureza do ferro que é um símbolo do poder militar. Pelo poder militar, o Império Romano impôs sua força brutal, com violência e dureza, inclusive nos tempos da vida terrestre de Jesus Cristo. Os sofrimentos impingidos na prisão, martírio e crucificação de Jesus revelam a força bruta das milícias romanas contra as pessoas. Em relação ao quarto animal, Daniel o vê como “terrível e espantoso”. Isto lembra, não só as proezas romanas, mas a violência como cultura e entretenimento, quando levavam seus prisioneiros às arenas romanas para serem devorados por animais carnívoros e famintos, enquanto a elite e o povo assistiam com aplausos e gritos (At 19.12-18;At 16.36-39). Nos tempos cristãos, ainda sob a égide romana, milhares de cristãos foram martirizados nessas arenas e circos, especialmente, em Roma. O império se impunha pela força bruta, por isso, “tinha dentes grandes de ferro” que a tudo destruía e triturava. Diz o texto que a tudo que tomava nos dentes “fazia em pedaços”. No versículo 23, Daniel explica e interpreta a figura desse quarto animal representando um reino em que a crueldade seria a marca do império desde 241 a. C. até 476 d. C. Esse império é visto numa perspectiva escatológica, pois cremos que, mesmo que aparente e fisicamente tenha deixado de existir, historicamente, num tempo especial ele ressurgirá com força reunindo as forças gentílicas das nações do mundo, especialmente, as nações adjacentes ao “Mar Grande”, o Mediterrâneo, e mostrará sua força sob a liderança do Anticristo.
“Estando eu considerando as pontas (chifres), eis que entre elas subiu outra ponta pequena (chifre)” (7.8). Em outras versões, a tradução apresenta de forma direta como “chifre pequeno” que surge entre os demais chifres no espantoso animal. Esse “chifre pequeno” representa, escatologicamente, “o homem do pecado” ou “o filho da perdição” (2 Ts 2.3) que surgirá num determinado tempo designado por Deus identificado como o “anticristo”. Esse personagem aparecerá, literalmente, no “último tempo”, ou seja, na Grande Tribulação, blasfemando contra o Altíssimo até que venha o juízo de Deus sobre ele. Os dez chifres do quarto animal representam a força desse terrível animal. Conforme a visão, Daniel vê sair do meio da cabeça desse espantoso animal, entre os dez chifres um “chifre pequeno” que tem olhos e uma boca que “fala insolências”. Falar insolências significa falar com desrespeito às instituições e pessoas. Significa ser desaforado e é exatamente o que o personagem do “chifre pequeno” fazia e fará na pele do Anticristo. Esse “chifre pequeno” surgirá entre os outros chifres do “animal terrível espantoso”, ou seja, entre os dez reinos no último tempo como está profetizado e interpretado por Daniel nos versículos 24 e 25, quando diz: ”E, quanto às dez pontas, daquele mesmo reino se levantarão dez reis; e depois deles se levantará outro, o qual será diferente dos primeiros e abaterá a três reis. E proferirá palavras contra o Altíssimo, e destruirá os santos do Altíssimo, e cuidará em mudar os tempos e a lei; e eles serão entregues nas suas mãos por um tempo, e tempos, e metade de um tempo”. Esse chifre pequeno será um homem que aparecerá no “último tempo” e blasfemará contra Deus, até que lhe venha o juízo divino.
“o chifre pequeno” (7.8). Tanto em Daniel 7.8 como em Apocalipse 13.1,5,6, as profecias apontam para um personagem dos últimos tempos, o Anticristo. A relação das profecias dadas a Daniel no Antigo Testamento e a João, o apóstolo, no Novo Testamento, nos mostra que os dois apontam para o governante simbolizado por esse “chifre pequeno” e que o mesmo adquire personalidade porque tem “uma boca que fala grandiosamente”. Falar coisas grandes sugere que este Líder fará promessas políticas persuasivas, especialmente, para enganar o povo de Israel e todo o mundo, que ficarão pasmados com a eloquência desse personagem. Assim como os discursos de líderes políticos do mundo influenciam nações e políticos com decisões que podem ser para a guerra ou para a paz, o Anticristo terá um poder enorme de persuasão entre as nações. É desse modo que o Anticristo fará um pacto com Israel no período da Grande Tribulação. Segundo a visão escatológica de Daniel, esse Líder (o “chifre pequeno”) representado pelo Anticristo será investido de autoridade e fará fortes ameaças para manipular os governos de todo o mundo naquela época. Ele dirá grandes blasfêmias contra DEUS e, arrogantemente terá uma postura zombeteira contra Deus e contra o povo de Israel. O apóstolo João, em sua visão apocalíptica no capítulo 13.6 diz: “Abriu a boca contra Deus, para blasfemar do seu nome, e do seu tabernáculo, e dos que habitam no céu”. Hoje, nosso mundo parece estar sob a síndrome desse líder futuro que mostra os seus primeiros sinais e se não mostrou a sua cara ainda é porque a Igreja de Cristo está na terra. Mas não há dúvida, o espírito do Anticristo, movido pelo Diabo, está agindo e preparando o cenário mundial para o seu advento. Os líderes atuais do planeta, para governar as nações, usam recursos do materialismo, da idolatria, mas terão uma retórica vazia com discursos inflamados para acusar as nações que ainda possuem um pouco de temor a Deus. Esse líder será, sem dúvida, um líder político, mas irá explorar a religiosidade dos seres humanos e mostrará, entre outras simulações, alguém que terá aparência religiosa para enganar os povos religiosos do mundo, explorando o fanatismo religioso dos povos com o objetivo de tirar proveito para si.Vivemos tempos de rebelião e oposição contra Deus quando o Diabo prepara o mundo para a plataforma do Anticristo.
O juízo divino contra o império sob o domínio do “chifre pequeno” está declarado assim: “estive olhando até que o animal foi morto, e o seu corpo desfeito, e entregue para ser queimado pelo fogo” (7.11). O juízo de Deus, sentado em seu Trono de Justiça e Juízo, rodeado de seus anjos, é lançado para por fim a soberba do Anticristo e seus aliados naqueles dias. Ele acabará como os demais. A semelhança dos reis profanos, soberbos e arrogantes como Nabucodonosor, Antíoco Epifânio, Herodes, Nero, Hitler e outros que tiveram uma liderança de destruição e morte, desafiando a Deus e não reconhecendo a sua Soberania, foram destruídos porque só Deus é Deus Todo-Poderoso e tem o cetro de autoridade e governo do mundo.
O apóstolo João profetizou o fim do Anticristo naqueles dias, à semelhança da visão de Daniel 7.11,12, ele viu e revelou em Apocalipse 19.11,17-19: “E vi o céu aberto, e eis um cavalo branco. O que estava assentado sobre ele chama-se Fiel e Verdadeiro e julga e peleja com justiça. E vi um anjo que estava no sol, e clamou com grande voz, dizendo a todas as aves que voavam pelo meio do céu: Vinde e ajuntai-vos à ceia do grande Deus, para que comais a carne dos reis, e a carne dos tribunos, e a carne dos fortes, e a carne dos cavalos e dos que sobre eles se assentam, e a carne de todos os homens, livres e servos, pequenos e grandes, e vi a besta, e os reis da terra, e os seus exércitos reunidos, para fazerem guerra àquele que estava assentado sobre o cavalo e ao seu exército”. Esse cavalo branco e seu cavaleiro de Ap 19.11 não são os mesmos do capítulo 6.2. Lá no capítulo 6 de Apocalipse, o personagem é o Anticristo e no capítulo 19, o personagem é o próprio Cristo, descendo do céu para destruir o Anticristo e seus comparsas no período da Grande Tribulação. Assim como o personagem do “chifre pequeno” de Dn 7 foi morto e destruído, o futuro Anticristo será destruído pelo poder da vinda de Cristo. O tempo de domínio do personagem do “chifre pequeno” terá seu fim, porque a profecia diz que “foi lhe dada prolongação de vida até certo espaço de tempo” (Dn 7.12).
“a ponta pequena (o chifre pequeno) fazia guerra contra os santos e os vencia” (7.21). Este chifre pequeno é a encarnação do Anticristo, forte e robusto, que fará guerra contra Israel e produzirá grande sofrimento e perda em Israel naqueles dias. Será um líder com grande domínio de massas e politicamente atrativo e atrairá apoio das nações contra Israel. Mas seu poder será desarraigado por um poder maior, o poder do “Filho do Homem”,Jesus Cristo que o destruirá e tomará posse de um reino prometido, poderoso e consolidador. A Bíblia declara que o Anticristo será, de fato, o último líder mundial antes de Cristo, o Messias desejado e sonhado por Israel.
“o tempo em que os santos do Altíssimo possuirão o reino” (7.22). Esse tempo será cumprido ao final da grande Tribulação, ou seja, especialmente depois do segundo período da “semana profetizada por Daniel (Dn 9.27). O “ancião de dias”, subjetivamente é Deus Pai quem declara que o tempo da possessão do reino havia chegado. Até o final dos dias da “última semana”, o “chifre pequeno” será quebrado para sempre. Seu reino será aniquilado. A destruição desse rei blasfemo e déspota acontecerá inevitavelmente quando se terá cumprido o período de três anos e meio, ou seja, o período que compreende ao “tempo, tempos e metade de um tempo”. E, exatamente, na metade da semana da Grande Tribulação. Esse período é identificado como o “tempo dos gentios” no qual as nações gentílicas dominarão o mundo e massacrarão a Israel. O tempo dos gentios terminará com o fim da “última semana” de Daniel 9.27, ou seja, dos sete anos da Grande Tribulação.
(7.23,24) Nestes dois versículos Daniel dá a interpretação da identidade e das ações do quarto animal que é o Império Romano. Descreve a sua força, domínio e glória, bem como, o juízo que virá sobre esse império e a sua destruição pelo poder da vinda de Cristo, a sua parousia com poder e glória (2Ts 2.8 e Ap 19.20).
Elienai Cabral. Integridade Moral e Espiritual. O Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje. Editora CPAD. pag. 104-106;108-109;111.
Dn 7.17 “São quatro reis”. A grande visão dada a Daniel se adapta perfeitamente com a interpretação verdadeira. Aqueles grandes impérios eram de fato discernidos quanto ao seu verdadeiro caráter de bestas ferozes. Em linhas gerais, esses grandes animais são discernidos pelo tempo e pela história, como segue: 1) O leão (tipificando o Império da Babilônia). O versículo 4 do capítulo em foco, determina essa interpretação: Numa simbologia perfeita, o monarca caldeu é ali representado. Tem também respaldo bíblico em outras partes das Escrituras Sagradas (Jr 4.7; 49.19; Hc 1.8; ver Ez 17.3). 2) O urso simbolizava o Império Medo-persa. Já tivemos a oportunidade de explicar, em outras notas, porque esta fera se “levantou de um lado”. As três costelas na sua boca representam as três primeiras potências conquistadas por Ciro (Babilônia, Lídia, na Ásia Menor, e Egito). 3) O leopardo representa o Império Greco-Macedônio. As 4 asas, significam seus 4 generais; as 4 cabeças, as quatro realezas fundadas por estes generais depois da morte de Alexandre. 4) A fera terrível representa o Império Romano.
7.19: “Então tive desejo de conhecera verdade a respeito do quarto animal, que era diferente de todos os outros, muito terrível; cujos dentes eram de ferro e as suas unhas de metal; que devorava, fazia em pedaços e pisava a pés o que sobrava”.
“Então tive desejo de conhecer a verdade a respeito do quarto animal’. O grande interesse de Daniel, na presente visão, não se prendia tanto ao futuro dos santos, pois esse ele sabia que estava controlado e já estabelecido pelo próprio Deus, mas está concentrado no “terrível” animal, cujo governo deveria perdurar por um pouco, mas precederia aquele que, apesar de ser tão glorioso, ainda se encontrava distante (comp. Mc 1.15). “Além da explicação dada pelo anjo a Daniel, os dentes dessa fera, cujo simbolismo se encontra já comentado no versículo 7 deste capítulo, correspondem a um dos elementos da estátua”.
“... as suas unhas de metaF. Na visão presenciada por Daniel, logo a princípio, quando descreve o caráter destruidor da fera (v. 7) não se mencionam as “unhas” do animal espantoso, mas elas agora, aparecem na interpretação dada pelo ser celestial. Isso esclarece o que ficou demonstrado. O Império Romano não só usava seus “dentes”, isto é, seus exércitos destruidores, mas também, após conquistar todo o mundo civilizado, se ser via das pequenas “unhas” (pequenas tribos), nas fronteiras do Império, que trabalhavam na defesa contra possíveis tribos invasoras.
Dn 7.20: "... tinha olhos”. Isso também nos é dito na descrição do animal do versículo 8 deste capítulo. O Anticristo, como já ficou demonstrado, possuirá, no campo cultural, um notável saber (Ver 7.8, 20; Ap 13.5); ele será um elemento altamente inteligente, por isso será um grande orador e, sem dúvida, um filósofo notável (comp. 7.23 e 11.34), e um político habilidoso (Ap 13.4), tudo isso, e mais ainda, são características que farão dele um super-homem de Satanás; ele será possuído por forças invisíveis do mal, pois nos é dito, em Ap 13.2, que o dragão “lhe deu o seu poder, e o seu trono, e grande poderio”. Todas essas habilidades possuídas pelo homem do pecado, são verdadeiros “olhos da inteligência”.
“... uma boca que falava grandiosamente”. A presente expressão encontra seu paralelo em Ap 13.5, onde lemos: “E foi-lhe dada uma boca para proferir grandes coisas e blasfêmias; e deu-se-lhe poder para continuar por 42 meses”. Isso é dito porque, conforme já vimos, esse homem, apesar de possuir naturalmente grande inteligência e autoridade, não poderá ser explicado somente sobre bases humanas. Por isso seis vezes (o número de homem) é dito que esse poder “lhe foi dado” (Ap 13.2, 5, 14, 15).
Dn 7.23: “Disse assim: O quarto animal será o quarto reino na terra, o qual será diferente de todos os reinos; e devorará toda a terra, e a pisará aos pés, e a fará em pedaços”.
“O quarto animal será o quarto reino na terra”. O presente texto descreve, com muita precisão, o que fez o Império Romano no apogeu da sua glória. Ele reduziu todos os povos à escravidão; devorou toda a terra. Os romanos conquistaram primeiro o Ocidente e voltaram depois suas vistas para o Oriente. Apoderaram-se primeiro da Grécia, Síria, Palestina, incluindo a “terra formosa” (a terra de Israel) e outras nações circunvizinhas. Tornaram-se senhores do mundo, isso já estava predito: "... o quarto reino... devorará toda a terra”. Quando Matatias começou a lutar pela independência de seu país, os romanos eram fracos em poderio político; agora, porém, eram os dominadores do mundo. Este Império fez, de fato, tudo quanto estava predito a seu respeito. Semelhantemente, num futuro próximo, o Anticristo, fará tudo, e mais ainda, do que ele (o Império Romano) realizou durante sua existência. (Ver o comentário ao versículo 7 deste capítulo, pois aqui repetimos algo, para fixar).
Severino Pedro da Silva. Daniel vercículo por vercículo. Editora CPAD. pag. 142-146.
A Interpretação do Anjo (7.15-28)
d) A explicação dos animais (7.15-18). Não é de admirar que Daniel estava perplexo e abatido (15) com a visão que acabara de ter. Devido a sua sabedoria em relação aos caminhos de Deus, ele tinha percepção suficiente para compreender algo do significado do panorama que havia se estendido diante dele. Mas a amplitude disso e as implicações sombrias para as pessoas da terra e para o seu próprio povo eram mais do que Daniel podia absorver calmamente.
Deus é bom em prover ajuda aos seus filhos quando mais precisam dela. O anjo de Deus estava lá para socorrer Daniel, para que ele compreendesse melhor o que estava acontecendo. Os quatro animais, ele explicou, eram quatro reis (17) ou reinos. Mas a conseqüência final da história é o quinto reino, o governo dos santos do Altíssimo (18).
b) O quarto animal (7.19-26). Esse animal era a preocupação maior de Daniel, como tem sido no caso dos estudantes do livro de Daniel. Assim, o anjo concentrou-se nesse aspecto e deu-lhe uma atenção maior.
Esse animal com grandes dentes [...] de ferro e garras de metal (“bronze”, ARA) era indescritivelmente horrível. Ele era mais devasso na sua capacidade de destruir e sua crueldade do que qualquer um dos seus predecessores. Embora no início tivesse dez pontas (chifres), um pequeno chifre surgiu para desalojar três outros e distinguir-se no seu vigor e crescimento. Em ferocidade e ostentação esse chifre era mais firme do que o das suas companheiras. No final, esse chifre atacou o próprio Deus, o Altíssimo, e fazia guerra contra os santos e os vencia (21).
Esse quarto animal, explica o anjo, será o quarto reino na terra, o qual será diferente de todos os reinos; e devorará toda a terra, e a pisará aos pés, e a fará em pedaços (23).
1) Que império é esse? Que reino na história pode ser identificado com o quadro pavoroso desse quarto animal? Seguindo a interpretação adotada no capítulo 2, esse seria o Império Romano, embora a maioria dos intérpretes modernos discorde desse ponto de vista. O parecer popular é que o animal em forma de dragão representa os gregos, cujos dez chifres representam os dez governantes que sucederam Alexandre. O pequeno chifre seria Antíoco Epifânio.
2) Roma identificada. Young, apoiando a posição de que esse quarto animal representava o Império Romano, diz: “E provavelmente correto concordar com a visão tradicional de que esse quarto império é Roma. Isso já era expresso na época de Josefo, e tem sido amplamente aceito. Podemos citar Crisóstomo, Jerônimo, Agostinho, Lutero, Calvino como alguns dos comentaristas que concordam com essa posição, ou que são, pelo menos, partidários da mesma. Em tempos posteriores, estudiosos como E. W. Hengstenberg, H. Ch. Hávernick, Cari Paul Caspari, Karl Friedrich Keil, Edward Pusey e Robert Dick Wilson [apoiaram essa teoria]”.
Young apresenta duas razões de a teoria romana ter obtido a supremacia no Novo Testamento e ter sido aceita pelos intérpretes desde então.
a) “Nosso Senhor identificou-se como o Filho do Homem, a figura celestial de Daniel 7, e conectou a ‘abominação da desolação’ com a futura destruição do Templo (Mt 24)”.
b) “Paulo usou a linguagem de Daniel para descrever o Anticristo, e o livro de Apocalipse empregou o simbolismo de Daniel 7 para referir-se aos poderes que existiam naquela época e aos poderes futuros.
“A razão de a teoria do Império Romano tornar-se tão predominante na igreja primitiva é porque ela é encontrada no Novo Testamento, não porque os homens pensavam que tinham achado uma saída simples para a dificuldade”.
3) O que significa a “ponta pequena” (“pequeno chifre”, w. 8,11,20-22,24-26)? Intérpretes conservadores concordam quase de maneira universal em que o pequeno chifre de Daniel 7 é o Anticristo, que deverá vir no final dos tempos. Jerônimo insistia nesta teoria, contrariando Porfírio.22 Poucos que aceitam a inspiração sobrenatural de Daniel têm questionado a argumentação de Jerônimo. No entanto, inúmeros estudiosos insistem em que o pequeno chifre nesse capítulo não deve ser identificado com o pequeno chifre (ponta pequena) do capítulo 8. Quanto ao pequeno chifre — a audácia profana —, o egoísmo crescente desse ser humano que surge do solo político da história humana o distingue como a culminação da iniquidade e impiedade. Sua caracterização como tendo olhos de homem (8) sugere que ele é um homem de caráter extraordinário, possuindo inteligência, sagacidade e uma percepção muito além da dos seus contemporâneos. Ele vencerá o mundo pela racionalidade e lógica tanto quanto pela força armada. A expressão boca que falava grandiosamente (8) indica habilidade na eloquência, persuasão, um poder de comunicação que serve como arma de guerra contra Deus e o homem.
Esse é o “homem do pecado, o filho da perdição, o qual se opõe e se levanta contra tudo o que se chama Deus ou se adora; de sorte que se assentará, como Deus, no templo de Deus, querendo parecer Deus” (2 Ts 2.3-4). Esse é o “mistério da injustiça” (2 Ts 2.7), “o iníquo” (2 Ts 2.8). E impossível que esse perverso seja identificado com Antíoco Epifânio. Esse tirano estava morto havia cerca de duzentos anos na época de Paulo. Ele pode simbolizar “o iníquo”, mas Paulo colocou o Anticristo no fim dos tempos, na culminação do conflito entre Deus e o Anti-Deus.
Roy E. Swim. Comentário Bíblico Beacon. Daniel. Editora CPAD. Vol. 4. pag. 523-524.
II – O CLÍMAX DA VISÃO PROFÉTICA
1. Tronos, “ancião de dias” e juízo divino (vv.9-14).
A escatologia está sendo abandonada por muitas igrejas e pregadores, porque entendem que a igreja não deve se preocupar com Israel, nem com o seu futuro. Algumas igrejas e pregadores preferem uma teologia horizontalizada que se preocupa, essencialmente, com “o aqui e agora”, com o “hoje”. Ensinam alguns que as profecias de Daniel e Apocalipse têm um caráter apenas alegórico e que pode ser descartado por temas atuais. Entretanto, não podemos descartar a importância dessas profecias que apontam para o futuro.
A visão de Tronos e do Juízo de Deus (7.9-14)
O texto diz: “forampostos uns tronos”(7.9).A partir do versículo 9, Daniel vê uma cena de juízo da parte de Deus contra o quarto animal, ou seja, a quarta Besta que aparece na visão com um vislumbre escatológico para o Anticristo. Esses tronos, no plural, indicam vários juízos aplicados nos dias da Grande Tribulação. E interessante notarmos que os tronos de juízo aparecem simultaneamente com a aparição do “chifre pequeno” indicando todos aqueles juízos revelados na visão do Apocalipse a João na Ilha de Patmos. Esses tronos vistos na visão de Daniel indicam tribunais em que alguns personagens especiais se assentam para julgar. O texto lembra um tribunal como a Suprema Corte que reúne juízes para julgar. O próprio Deus, Juiz Supremo, se assenta no seu Trono, acompanhado de seu Conselho Celestial para julgar (1 Rs 12.19; Jó 1.6). “o ancião de dias” (7.9-12). Esse personagem, o “ancião de dias”, ganha destaque na visão de Daniel. E uma figura humana que ilustra o respeito pelo que Deus é, naturalmente, muito mais que “um ancião de dias”; muito mais que alguém respeitado pela idade, porque Deus é o Supremo Juiz, que aparece como um “ancião de dias” numa referência a cultura humana de respeito às pessoas idosas, por causa da experiência e a sabedoria. As palavras hebraicas atiz e yomin que se traduz por “ancião de dias” é uma designação do Deus Todo poderoso como Juiz supremo, quem derramará seus juízos contra os reinos do mundo que tenham se associado com o Anticristo. Por isso, essa figura do “ancião de dias” é utilizada para identificar a Deus como aquEle que tem autoridade e poder para julgar, especialmente, contra o personagem daquele “pequeno chifre”.
A suia “veste branca como a neve” (7.9) fala de pureza e santidade. Deus é Santo (Is 6.1-4) e está rodeado de anjos santos.
“ Um rio de fogo manava e saía de diante dele” (7.10). Como vislumbrar a glória que envolve a majestade divina? A figura do fogo ilustra o que Deus é: santo, puro, iluminador, purificador. A visão do profeta Isaías no capítulo 6 do livro seu livro ilustra a glória do fogo diante do Trono de Deus. O versículo 10 fala da santidade do “ancião de dias” que é o Pai Celestial e a relação do seu trono com o fogo que manava do Trono para falar de pureza e justiça. As “rodas do trono” indicam que Deus não é uma figura estática como os promulgará a sentença final contra o quarto animal (Roma) e o Chifre Pequeno, representado como o grande opositor dos interesses de Deus para com Israel (7.11,12).
“milhares de milhares o serviam diante dele” (7.10). Daniel percebe que o fogo que manava e saía de diante dEle é identificado com os anjos celestiais que o servem. Os anjos são seres espirituais que podem tomar muitas formas, porque não possuem forma que se possa identificá-los. Na visão de Daniel eles são chamas de fogo que se diversificam em milhares de seres que servem ao Trono do Supremo Deus.
Elienai Cabral. Integridade Moral e Espiritual. O Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje. Editora CPAD. pag. 107-108.
Quer entendamos o quarto animal como indicando o império sírio ou o romano, ou o anterior como uma imagem do último, está claro que esses versículos são planejados para o consolo e o apoio ao povo de Deus. A referência em questão é feita às perseguições. E provável que eles sofressem perseguições tanto de um quanto de outro, e de todos os seus orgulhosos inimigos em todas as épocas. Tudo isso foi escrito para o aprendizado daqueles sobre quem os fins dos séculos chegaram, para que eles também possam ter esperança, através da paciência e do consolo dessa Escritura. Três coisas muito encorajadoras são aqui reveladas:
I Que há um julgamento por vir, e Deus é o Juiz. Agora os homens têm o seu dia, e todo embusteiro acredita que deveria ter o seu dia, e luta por isso. Mas Aquele que se senta no céu ri deles, pois vê que vem chegando o seu dia (SI 37.13). “Eu olhei” (v. 9) até que os tronos foram derrubados, não somente os tronos desses animais, mas todo governo, autoridade, poder, que são estabelecidos em oposição ao reino de Deus entre os homens (1 Co 15.24): assim são os tronos dos reinos do mundo, em comparação com o reino de Deus. Aqueles que os vêem estabelecidos precisam esperar apenas pouco tempo, e os verão derrubados. Eu olhei até que os tronos foram postos (assim se pode ler este texto). O trono de Cristo e o trono de Deus Pai. Um dos rabinos confessa que esses tronos são estabelecidos, um para Deus, outro para o Filho de Davi. E o julgamento que está instalado aqui (v. 10). Assim sendo: 1. O objetivo é proclamar o sábio e justo governo do mundo por Deus através de sua providência. Há algo que proporciona uma satisfação indizível a todos os homens bons em meio às convulsões e às agitações dos estados e dos reinos: que o Senhor tenha preparado o seu trono nos céus, que o seu reino domine sobre tudo (SI 103.19), e que verdadeiramente há um Deus que julga na terra (SI 58.11). 2. Ele possivelmente aponta para a destruição trazida pela providência de Deus sobre o império da Síria, ou de Roma, por sua opressão ao povo de Deus. Mas: 3. O episódio parece principalmente planejado para descrever o último julgamento, pois embora não suceda imediatamente depois do domínio do quarto animal, e embora ainda esteja por vir daqui a muitas eras, ainda assim fora planejado para que em todas as gerações o povo de Deus se encorajasse mesmo sob as suas dificuldades, através da convicção e da perspectiva de um evento tão importante quanto este julgamento. Enoque, o sétimo depois de Adão, profetizou sobre isso (Jd 14). A boca do inimigo fala grandiosamente (v. 8). Mas aqui estão coisas muito maiores, ditas pela boca do Senhor. Muitas das predições do Novo Testamento sobre o julgamento que virá contêm uma clara alusão a essa visão, e nesse sentido podemos mencionar especialmente a visão de João (Ap 20.11,12). (1) O juiz é o próprio Ancião de dias, Deus Pai. A glória da sua presença é descrita aqui. Ele é chamado de Ancião de dias, porque Ele é Deus de eternidade a eternidade. Entre os homens se acredita que com o ancião esteja a sabedoria, e que o tempo julgará. Não deverá, então, toda carne ficar em silêncio diante Daquele que é o Ancião de dias? A glória do Juiz é demonstrada aqui por sua vestimenta, que era branca como a neve, simbolizando o seu esplendor e a sua pureza em todas as aplicações da sua justiça. E os seus cabelos eram limpos e brancos, como a pura lã, para que, tal como a cabeça grisalha dos mais velhos, Ele mostre que é altamente venerável. (2) O trono é esplêndido. E como a chama ardente, terrível para os maus que serão intimados a comparecer diante dela. E sendo o trono móvel sobre rodas, ou ao menos a carruagem na qual ele percorria o trajeto, suas rodas são como o fogo ardente, para devorar os adversários. Pois o nosso Deus é um fogo consumidor, e com Ele estão as labaredas eternas (Is 33.14). Isso é detalhado no versículo 10. Para todos os seus amigos fiéis, procede do trono de Deus e do Cordeiro um rio puro de água da vida (Ap 22.1), do mesmo modo como para todos os seus implacáveis inimigos emana de seu trono uma torrente flamejante, uma torrente de enxofre (Is 30.33), um fogo que devorará diante dele. Ele é uma testemunha veloz, e a sua palavra é uma palavra que se move sobre rodas. (3) Os servos são numerosos e muito admiráveis. A Shekiná está sempre acompanhada por anjos. E assim aqui (v. 10): Milhares de milhares o servem, e dez mil vezes dez mil estão diante dele. E para a sua glória que tenha tais servos, mas é uma glória ainda maior não precisar deles, nem tirar proveito deles. Veja como são numerosos os exércitos do céu (há milhares de milhares de anjos), e quão dispostos a servir estão - eles se postam diante de Deus, prontos para se encarregarem de suas missões e agir ao primeiro sinal de sua vontade e agrado. Eles serão especialmente utilizados como ministros da sua justiça no último dia, no julgamento final, quando o Filho do homem chegar, e com Ele todos os santos anjos. Enoque profetizou que o Senhor viria com miríades de seus santos. (4) O processo é justo e irrepreensível: O julgamento será estabelecido, pública e abertamente, para que todos possam recorrer a ele. E os livros serão abertos. Assim como nos tribunais de julgamento entre os homens, os procedimentos são colocados por escrito e sob registro, sendo expostos quando a causa chega à audiência. O interrogatório das testemunhas é realizado, e os depoimentos lidos, para esclarecer os fatos, e os estatutos e a lei comum são consultados para se saber como é a lei. Da mesma forma, no julgamento do grande dia, a equidade da sentença será tão incontestavelmente evidente como se houvessem livros abertos para justificá-la.
II Que os orgulhosos e cruéis inimigos da igreja de Deus certamente terão que sofrer o acerto de contas, e serão destruídos no devido tempo (w. 11,12). Isto nos é aqui representado: 1. Na destruição do quarto animal. A desavença de Deus com esse animal se deve à voz das grandes palavras que a ponta emitia, oferecendo resistência ao Céu, e prevalecendo sobre tudo o que é sagrado. O comportamento orgulhoso do inimigo ofende a Deus mais do que qualquer outra coisa (Dt 32.27). Por essa razão, o faraó deve ser humilhado, porque disse: Quem é o Senhor? E também porque disse: Eu perseguirei, Eu alcançarei. Enoque profetizou que por isso o Senhor viria para julgar o mundo, para que pudesse condenar a todos os que são ímpios, por suas duras palavras (Jd 15). Note que as palavras pronunciadas com arrogância são apenas palavras inúteis, pelas quais os homens terão que prestar contas no grande dia. E veja o que resta desse animal que fala tão alto: Ele está morto, e seu corpo destruído e entregue para ser queimado pelo fogo. O império sírio, depois de Antíoco, foi destruído. Ele próprio morreu vítima de uma doença deplorável. Sua família foi exterminada. O reino foi destruído pelos partos e armênios, e, por fim, foi transformado por Pompeu em uma província do império romano. E o próprio império romano (se o considerarmos como o quarto animal), depois que começou a perseguir o cristianismo, declinou e definhou, e a sua sociedade foi destruída. “Assim perecerão todos os teus inimigos, O Senhor! E serão mortos diante de Ti”. 2. Na degradação e no enfraquecimento dos outros três animais (v. 12): Eles tiveram seu domínio retirado, e então ficaram impossibilitados de provocar os danos que haviam causado à igreja e ao povo de Deus. Mas uma prolongação de vida lhes foi dada, até um tempo e uma época, uma hora marcada, cujos limites eles não podem ultrapassar. O poder dos reinos anteriores estava completamente aniquilado, mas o seu povo ainda permanecia em uma condição pobre, frágil e baixa. Podemos fazer referência a isso descrevendo os resíduos do pecado nos corações das pessoas boas. Elas, cujas vidas são prolongadas, possuem em si corrupções, de forma que não estão completamente livres do pecado, mas o domínio deste foi retirado, de modo que o pecado não reine em seus corpos mortais. E, dessa maneira, Deus lida com os inimigos de sua igreja. Algumas vezes Ele quebra os dentes deles (SI 3.7). Quando Ele não lhes quebra o pescoço, reprime a perseguição, como também retarda a punição aos perseguidores, para que eles possam ter um tempo para se arrepender. E é justo que Deus, ao realizar a sua obra, faça-o no seu próprio ritmo, e à sua própria maneira.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Isaías a Malaquias. Editora CPAD. pag. 869-870.
Dn 7.9: “ O presente versículo, e os que seguem, encontram paralelos nos de Ap 1.13 a 16, onde cena similar está em foco. Ali o Senhor Jesus é o filho do “Ancião de dias”, e por essa razão tem a mesma natureza do Pai. E aquele que morreu com trinta e três (33) anos de idade. Depois de levar os nossos pecados na cruz e suportar uma eternidade de dores; tem cabelos brancos como a neve. Entre o povo de Deus, a “coroa de honra são as cãs” (Pv 16.31). Certamente a alvura dos cabelos na pessoa de Cristo provém, em parte, da intensidade de glória celestial, e em parte da sua sabedoria e, sobretudo, da sua idoneidade moral. No “ancião” do texto em foco, a brancura dos cabelos não significa velhice, antes sugere a eternidade, indicando também pureza e divindade.
Dn 7.10: “... milhões de milhões” (de anjos). O presente versículo tem seu paralelo em Ap 5.11, onde lemos que “milhões de milhões e milhares de milhares” de anjos estavam ao redor do trono de Deus. Os anjos são mencionados em toda a extensão das Escrituras Sagradas, onde são vistos por mais de 273 vezes, e, no caso do texto em foco, encontramos “milhões de milhões e milhares de milhares”. A angelologia do Antigo Testamento afirma que os anjos são tão numerosos, que o seu número é incalculável para a habilidade humana. O doutor Bancroft, citando Gabelein diz que “em Hb 12.22 os anjos são indicados como uma inumerável companhia, literalmente, miríades. De acordo com Lc 2.13, multidões de anjos apareceram na noite do nascimento de Cristo; claramente foram vistos cruzando o céu da Palestina, clamando de alegria em vista do início da nova criação, como tinham feito no princípio da primitiva criação. Quão vasto é o número deles! somente o sabe aquele cujo nome é Jeová-Sabaote, o Senhor dos Exércitos”.
Dn 7.11: "... o seu corpo desfeito, e entregue para ser queimado...” O presente versículo tem seu cumprimento literal em Ap 19.20, onde lemos: “E a besta foi presa, e com ela o falso profeta, que, diante dela, fizera os sinais, com que enganou os que receberam o sinal da besta, e adoraram a sua imagem. Estes dois foram lançados vivos no ardente lago de fogo e de enxofre”, O Anticristo e o seu falso profeta serão lançados vivos no ardente lago de fogo, no juízo, pois mereceram. O fato de que os dois serão lançados “vivos” no lago de fogo significa, para alguns eruditos, que não poderão ser homens ordinários, e, sim, seres demoníacos, que se apresentarão como homens. Mas a verdade é que serão homens, embora possuídos por Satanás. O texto em foco diz que o corpo da terrível fera será queimado. A besta e o falso profeta, serão os dois agentes diretos do dragão, preparados como “filhos da perdição”. Eles inaugurarão o ardente lago de fogo. Isso se coaduna realmente com sua natureza: ela (a Besta) saiu do abismo (Ap 11.7) e irá à perdição (Ap 17.8), seu destino final.
Dn 7.12: “Foi-lhes tirado o domínio”. O texto em foco prediz a ruína dos três primeiros impérios mundiais: Babilônico, Medo-persa e o Greco-macedônio. Mas a palavra divina dizia, ao mesmo tempo, que eles continuariam a existir, mas sem o poder de governar. A sua continuação de existência deve relacionar-se com a vinda do tempo determinado por Deus. As grandes dinastias do mundo tiveram seus períodos áureos na história, mas depois declinaram; alguns destes exemplos podemos deduzi-los, tanto das profecias como da própria história. O Egito dos Faraós, a Grande Babilônia dos caldeus e a Roma dos Césares, foram, em verdade, verdadeiros impérios de ferro que subjugaram, mataram, destruíram e reduziram nações inteiras à escravidão. Mas, com o passar do tempo, Deus, pouco a pouco, foi-lhes tirando o domínio; hoje os impérios babilônicos, Medo-persa, Greco-macedônio e Romano, não mais existem, e os países situados nos seus antigos territórios não têm projeção mundial como potências.
Severino Pedro da Silva. Daniel vercículo por vercículo. Editora CPAD. pag. 138-140.
Juízo das Nações (7.9-13). Aqui temos uma previsão dos juízos do Apocalipse, culminando no Juízo das Nações, na vinda do Filho do homem (v. 13). (Ler aqui Mateus 25.31-46 e Apocalipse 19.11 ss.) O "Ancião de Dias" (vv. 13,22) é Deus. (Ver Isaías 57.15 - Aquele "que habita a eternidade".) O versículo 13 também mostra que Jesus e o Pai Eterno são duas pessoas distintas. Logo a seguir vemos Jesus recebendo o reino (v. 14): "O reino do mundo se tornou de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará pelos séculos dos séculos" (Ap 11.15).
Antônio Gilberto. DANIEL & APOCALIPSE Como entender o plano de Deus Para os últimos dias. Editora CPAD.
2. O “Filho do Homem” (vv.13,14).
FILHO DO HOMEM
I. Sentido da Expressão e Algumas Estatísticas
II. Origem Veterotestamentâria
III. Uso da Expressão no Novo Testamento
I. Sentido da Expressão e Algumas Estatísticas
No hebraico, ben-adam (Sal. 8:4; 80:17; Dan. 7:13; Eze. 2:1-3). No grego, o uiõs toü anthrôpou (em Mateus, 32 vezes; em Marcos, 14 vezes; em Lucas, 26 vezes; em João, 12 vezes; em Atos, 7 vezes; em Hebreus, uma vez; no Apocalipse, duas vezes – um total de noventa e quatro vezes no Novo Testamento, sempre nos lábios do próprio Senhor Jesus, exceto em João 12:34, Atos 7:56; Heb. 2:6; Apo, 1:13 e 14:14).
No hebraico a idéia é a de alguém que pertence à raça de Adão; no grego, a idéia é a de alguém que pertence à raça humana.
Tradicionalmente, essa expressão, «Filho do homem.., designaria a humilde humanidade de Jesus Cristo, fazendo contraste com sua natureza divina. Esse sentido está envolvido na expressão; mas, quando examinamos o que a Biblia tem a dizer a respeito, vemos que uma significação muito mais profunda é transmitida nas Escrituras Sagradas.
II. Origem Veterotestamentâria
- O texto de Salmos 8:4, ...que , o homem, que dele te lembres? e o filho do homem, que o visites parece aplicar-se tanto aos homens mortais quanto a Jesus Cristo, em sua encarnação, quando ele se identificou com os homens. Em Salmos 80:17, encontramos o desejo expresso, durante um período de declínio nacional em Israel, pelo aparecimento de algum herói nacional que redimisse a Israel. Essas foram idéias iniciais que ajudaram a formar a consciência judaica acerca da necessidade do aparecimento do Messias. Ele seria o Homem por excelência, que serviria de modelo a todos os homens. Em Ezequiel 2:1-3, a expressão «Filho do homem», que nesse livro aparece por um total de quarenta e cinco vezes, designa «um filho de Adão por motivo de descendência». Porém, a mais importante ocorrência da expressão «Filho do homem», no Antigo Testamento, encontra-se em Daniel 7:13. Muitos estudiosos estão certos de que ali a expressão alude, primariamente, à personificação do Israel ideal, ou então dos santos do Altíssimo; porém, com um sentido mais profundo, está em foco a figura do Messias prometido, contemplado já em sua glória futura. Lemos ali: «Eu estava olhando nas minhas visões da noite, e eis que vinha com as nuvens do céu um como o Filho do homem, e dirigiu-se ao Ancião de dias, e o fizeram chegar até ele. Foi-lhe dado domínio e glória, e o reino, para que os povos, nações e homens de todas as línguas o servissem; o seu domínio é domínio eterno, que não passará, e o seu reino jamais será destruído... Um homem a quem cabia uma glória que sô a Deus pode ser atribuída, não poderia ser um mero homem. De fato, à proporção que avança a revelação bíblica sobre o Messias, mais claro vai se tomando que ele não seria apenas um homem extraordinário, ou algum grande guerreiro salvador de Israel de seus inimigos, mas seria o Deus homem, um figura ímpar e multifacetada. O que nos deixa admirados é que o povo judeu não tenha entendido isso, nem antes do aparecimento de Cristo, quando só havia expectações messiânicas, e nem quando do aparecimento de Cristo. Mas, se o povo judeu em geral não compreendeu quem era Jesus Cristo (como também não o entendem todos os gentios que permanecem na incredulidade), o remanescente eleito compreendeu. Quando Jesus estava no mundo, exclamou: «Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas cousas aos sábios e entendidos, e as revelaste aos pequeninos. Sim, ó pai, porque assim foi do teu agrado. Tudo me foi entregue por meu Pai. Ninguém conhece o Filho senão o Pai; e ninguém conhece o Pai senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar» (Mat. 11:25-27). Compreender a verdade espiritual que cerca a figura do Filho do homem, Jesus Cristo, é uma questão de revelação divina, e não de perspicácia humana. Alguns estudiosos têm dito que Jesus extraiu dos livros apócrifos e pseudoepígrafos a idéia do «Filho do homem..; mas a opinião deles é insustentável. Bastaria esse trecho de Daniel 7:13,14 para derrubar essa idéia. O conceito do «Filho do homem>> começa no Antigo Testamento, embora cautelosamente, ainda que inequivocamente. E só no Novo Testamento chega à sua plena fruição.
Mas, voltando ao Antigo Testamento, em Daniel 10:16, o profeta refere-se a «...uma como semelhança dos filhos dos homens me tocou os Iábios », E, dois versículos adiante: «Então me tomou a tocar aquele semelhante a um homem, e me fortaleceu». No hebraico, a expressão envolvida é «semelhante a Adão», Sim, 'aquela figura ainda não era um Adão, um homem, porque ainda não se encarnara, O termo hebraico enosh, «homem», algumas vezes é usado como sinônimo de ben-adam ; «filho do homem» (ver, por exemplo, Jó 25:6; Sal. 8:4; 90:3; 144:3). Essa palavra hebraica ocorre por um total de quarenta vezes no Antigo Testamento. O termo hebraico geber, «poderoso», empregado por cerca de setenta vezes no Antigo Testamento, foi usado por Jeremias de modo especial, quando disse: ..Porque o Senhor criou coisa nova na terra: a mulher infiel virá a requestar um homem (Jer, 31:22). Mais literalmente, essa passagem diria «uma fêmea envolverá um poderoso», cf. Isa. 7:14.
III. Uso da Expressão no Novo Testamento
Já vimos que das noventa e quatro ocorrências da expressão «Filho do homem», no Novo Testamento, apenas por cinco vezes não foi Jesus quem a usou. - Portanto veremos abaixo as razões e o uso que Jesus fe; da expressão, e depois examinaremos aquelas cinco ocorrências da expressão, usada por escritores do Novo Testamento.
1. RaziIeI de Jesus no Uso da expreção Filho do Homem
A primeira razão, naturalmente, que Jesus estava cônscio de que era o Messias. Daniel usa a mesma em um inequívoco sentido messiânico, Portanto quando Jesus se chamou de «Filho do homem» (o que fez por oitenta e nove vezes), isso era o equivalente a dizer: «Eu sou o Messias... A segunda razão é que esse titulo permitia-lhe ocultar-se quanto à sua verdadeira identidade. O povo judeu não estava preparado para recebê-lo como o Messias. De fato, apenas por uma vez, nos evangelhos, Jesus declara-se abertamente o Messias. Isso ocorreu por ocasião de seu dialogo com a mulher samaritana: Lemos: "Eu sei, respondeu a mulher, que há de Vir o Messias, chamado Cristo; quando ele Vier nos anunciará todas as coisas. Disse-lhe Jesus: Eu o sou, eu que falo contigo» (João 4:25,26). A mulher samaritana aceitou Jesus como o Messias, ou Cristo, prometido. Quando ela foi falar com seus conterrâneos, indagou: «Vinde comigo, e vede um homem que me disse tudo quanto tenho feito. Será este, porventura, o Cristo» (João 4:29). Nunca mais Jesus deu a si mesmo o titulo profético de Messias. Mas fazia-o disfarçadamente, sempre que se intitulava ..Filho do homem... Essas considerações permitem que concluamos que o títulos «Messias.. «Filho do homem e «Cristo» são os mesmos perfeitos. Quando entendemos isso, então toda aura de mistério que circunda a expressão. Filho. Do homem desaparece. Só para exemplificar isso, consideremos o diálogo entre certos Judeus incrédulos e Jesus. Perguntaram eles: «Ate quando os deixarás a mente em suspenso? Se tu és o Cristo, dlze-o francamente. Respondeu-Ihes Jesus: Já vô-Io disse, e não credes. As obras que eu faço em nome do meu Pai, testificam a meu respeito. Mas vós não credes, porque não sois das minhas ovelhas João 10:24-26).
O efeito da pergunta, sobre Jesus, teria sido o mês o, se os judeus tivessem perguntado se ele era o Messias ou o Filho do homem. A resposta de Jesus foi afirmativa mas ele também mostrou que não tinha ilusões a respeito deles. Jesus sabia que só as suas ovelhas, os seus escolhidos, chegam a crer nessa profunda verdade.
Uma terceira razão de Jesus, quando usou a expressão «Filho do homem», é que assim ele se identificava com a humanidade dependente (Mat. 8:20: Luc. 9:58). Essa idéia reflete Sal. 8:4: «...que é o homem, que dele te lembres? e o filho do homem, que o visites? .. Temos ai a base do ensino da kenosis, ou humilhação de Cristo, quando de sua encarnação, e que Paulo se encarrega de desdobrar e explicar melhor. Ver Fil. 2:5-8. Nessa .passagem aprendemos que a encarnação não fez com que o Filho de Deus deixasse de ser Deus, somente porque agora era também o Filho do homem. O que sucedeu, porém, é que Jesus de esvaziou, assumindo a forma de servo, tomando-se em semelhança de homem; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou... » Por essa razão é que Jesus viveu na dependência. Da orientação ao Espírito Santo, orou ao Pai e reconheceu que não sabia de tudo, como, por exemplo não sabia a data de sua segunda vinda. Esse estado de apequenamento, pois, Jesus exprimia com o uso da expressão «Filho do homem».
Uma quarta razão é que a expressão «Filho do homem» indicava a sua missão remidora (Mat. 9:6 e Luc. 19:10). Sem importar como entendam «as chaves do reino- (Mat. 16:19), Deus determinara exclusivamente para o Filho do homem a autoridade de perdoar pecados sobre a terra. Em outras palavras, Deus só se tomou Salvador dos homens quando se tomou homem, na pessoa de Jesus Cristo. e o que lemos em Hebreus 2:14: «Visto, pois, que os filhos têm participação comum de carne e sangue, destes também ele, igualmente, participou..
Uma quinta razão é que a expressão «Filho. Do homem» indicava a completa vitória de Jesus Cristo como nosso Redentor (João 3:14). O Filho do homem não seria vencido nem na cruz e nem no sepulcro, porquanto haveria de ressuscitar dentre os mortos. E então como homem perfeito, ele seria o nosso Medidor. Não ê precisamente isso que nos diz Paulo? «Porquanto há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem (I Tim. 2:5).
Finalmente, a sexta razão pela qual Jesus lançou mão da expressão «Filho do homem», é que a mesma aponta para o Senhorio universal de Jesus Cristo (Mar. 14:62). Sendo Jesus o Filho do homem, uma vez ressuscitado, pouco antes de sua ascensão, ele exprimiu esse senhorio mediante uma palavra de ordem: «Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra. Ide, portanto, fazei discípulos em todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as causas que vos tenho ordenado. E eis que estou .convosco todos os dias até à consumação do século. (Mat. 28:18-20).
Cumpre-nos notar que o âmago mensagem apostólica era precisamente o senhorio universal de Cristo. A palavra «Senhor», quando aplicada a Cristo, é usada por cento e dez vezes somente no livro de Atos. Na qualidade de Senhor, o Filho do homem é o Juiz de todos os homens (Mat. 13:41,42; 19:28). As qualificações de Jesus, para operar como Juiz de todos os homens é que ele era Deus encarnado, vitorioso sobre todos os adversários e sobre a própria morte, e se identificara perfeitamente com o gênero humano, ao ponto de. conferir sua natureza divina aos homens que o aceitassem como Salvador. João retratou vividamente o desempenho do Filho .do homem, no dia do juizo, em Apocalipse 20:11-15.
CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol. 2. Editora Hagnos. pag.742-743.
FILHO DO HOMEM Uma tradução do aramaico bar'enas e do grego huios tou anthropou. A expressão tem vários significados nas Escrituras, dependendo do contexto. Em Salmos 8.4, significa "homem" em geral; em Ezequiel 2.1, enfatiza a diferença entre o profeta humano e o Senhor que fala com ele e por meio dele; em Daniel 7.13, a expressão refere-se a uma figura semelhante a um ser humano, mas também sobrenatural, líder dos santos do Altíssimo (Dn 7.18); enquanto no Novo Testamento a expressão é normalmente usada como um título para o Senhor Jesus (exceto em Apocalipse 1.13; 14.14).
O título aparece mais de 80 vezes no Novo Testamento, todas nos Evangelhos, exceto uma (veja Atos 7.56, a única passagem em que não é usada por nosso Senhor; João 12.34 não é uma exceção verdadeira, porque aqui é usada como uma citação das palavras do Senhor Jesus). Alguns autores descobrem outros três significados para a expressão: 1) como uma descrição daquele que virá (escatológica, Mt 24.27); 2) como referência ao sofrimento e à morte do Senhor Jesus (Mc 8.31); e 3) como uma descrição do seu ministério de ensino e cura na terra (Mc 2.10,28). Outros diferenciam duas categorias: 1) as palavras escatológicas; e 2) as palavras que se referem à missão do Senhor Jesus na terra.
Um recente estudo de J. M. Ford (JBL, LXXXVII [1968], 257-266) argumenta que o Senhor Jesus usava o título como um eufemismo para "o Filho de Deus", pois na Palestina a última expressão poderia soar como uma blasfêmia perante um público semita. Quando o cristianismo espalhou-se pelo mundo gentílico, a última expressão foi utilizada, e é notável que a expressão "o Filho do homem" nunca apareça nas cartas do Novo Testamento. O que foi original no uso do título pelo Senhor Jesus? W. Barclay (The Mind of Jesus, p. 155) argumenta que foi o fato de que Ele conectava o título com os seus sofrimentos e a sua morte. Porém outros consideram que essa ideia já esteja presente em Daniel 7, ou seja, que é por meio do sofrimento que "aqueles que são como o Filho do homem" (aqui identificados com os "santos do Altíssimo") são absolvidos e glorificados. Por que o Senhor usa um título tão enigmático como este? Talvez ao menos por duas razões: 1) o título era suficientemente genérico para incluir todos os aspectos da sua pessoa e da sua obra, quer presentes ou escatológicos; e 2) tomava de surpresa os seus ouvintes, chamava a atenção deles e os obrigava a perguntar: "Quem é esse Filho do Homem?" (Jo 12.34).
Embora alguns negassem que o Senhor Jesus tivesse usado esse título para si mesmo, a igreja palestina o atribuiu a Ele (por exemplo, Bornkamm, Jesus of Nazareth, p. 230), e a maioria dos autores da atualidade o aceitam como uma autodesignação genuína, na verdade a mais notável das autodesignações do nosso Senhor (como Hunter, Barclay, Klausner, Cullmann). E. Stauffer (New Testament Theology, p. 108) chega a escrever: "Mas a contribuição da história das religiões nos ensinou mais do que isso. 'Filho do Homem' é simplesmente a mais audaciosa autodescrição que qualquer homem no antigo Oriente poderia ter usado".
PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. pag. 800.
3. A Grande Tribulação (vv.24,25).
“tempo, tempos e metade de um tempo” (7.25). Esse texto aponta, literalmente, o período de tempo em que ocorrerá um grande sofrimento no mundo, especialmente, contra Israel. Será o período quando “o chifre pequeno”, e na linguagem do Novo Testamento o “anticristo”, firmará o concerto com Israel por “uma semana” (Dn 9.27). Esse período ganha uma linguagem metafórica quando fala de “um tempo, e tempos, e metade de um tempo”(v. 25). Esse período equivale a “três anos e meio”, ou a “42 meses”, ou “a 126 dias” (Dn 12.7; 9.27; Mt 24.21,22; Ap 7.14). E interessante notar que a primeira metade da semana de três dias e meio será de artifícios políticos do Anticristo simulando um tipo de paz nas relações de Israel com as nações. Até que o Anticristo quebre o pacto e comece a pressionar e perseguir a Israel, atraindo o apoio das nações contra Israel. Então se inicia a segunda metade da semana prescrita da Grande Tribulação. “O tempo dos gentios” será, literalmente, o tempo do ódio mundial contra Israel. Na primeira metade dos sete anos (três anos e meio) o Anticristo fará acordos com Israel os quais não cumprirá. Nesse primeiro período ele exercerá poder e influência política e econômica sobre Israel. Depois, quebrará o pacto feito e não cumprirá o acordo com Israel e fará pressões e incitará as nações para guerrear contra Israel para destruí-lo. Existe uma teoria, chamada midi-Tribulação e baseia esta interpretação no texto de Mt 24.15-28, quando Jesus discursa especialmente para o povo judeu.
A Grande Tribulação não será para a Igreja de Cristo. A igreja será, antes da Grande Tribulação, arrebatada para o céu e os mortos em Cristo serão ressuscitados gloriosamente (1 Co 15.51,52; 1 Ts 4.13-18). Portanto, o Messias virá para Israel e para o mundo e a igreja não estará na terra. O Messias virá para cumprir o sonho desejado e profetizado para intervir no “poder dos gentios” sob o comando do Anticristo e assumirá o Reino sobre a terra.
Elienai Cabral. Integridade Moral e Espiritual. O Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje. Editora CPAD. pag. 112.
Dn 7.24 O presente versículo e outros correlatos mostram a ascendência e desenvolvimento, e consumação do Império Romano. Mas, a profecia diz que daquele mesmo reino, no futuro, “se levantarão dez reis”. Isso significa que durante o período sombrio da Grande Tribulação, se levantarão dez reis dentro dos limites do antigo Império Romano. São eles as dez pontas que João contemplou na cabeça da Besta que subiu do mar (Ap 13.1). Em Ap 17.12, o anjo celestial faz a interpretação para João daqueles chifres, dizendo: "... os dez chifres que viste são dez reis, que ainda não receberam ó reino, mas receberão o poder como reis, por uma hora, juntamente com a besta”. Esses dez monarcas escatológicos serão dez agentes de Satanás, que, auxiliados por ele, ajudarão o Anticristo em sua política sombria pela conquista do mundo. (Comp. Ap 17.13).
Dn 7.25 "... um tempo, e tempos, e metade dum tempo”. O texto em foco, tem seu paralelo em Dn 12.7 e 14. O famoso comentador G. H. Pember diz que o sentido é: “um ano, dois anos, e metade de um ano”. Então, porque se diz “tempo, e tempos, e metade de um tempo, em vez de três tempos e meio? Parece que não é sem razão, pois, segundo o modo judaico de calcular, três anos juntos precisariam o acréscimo de um mês. De maneira que o período seria 1.290 dias em vez de 1.260, mas referindo-se a um dos anos, separadamente, evita-se este resultado. Isto é confirmado em Ap 11.2, 3 (diz Geo Lang) quando a cidade de Jerusalém será pisada pelos gentios pelo espaço de tempo de 42 meses.
Severino Pedro da Silva. Daniel vercículo por vercículo. Editora CPAD. pag. 146-147.
Ele permitirá que os inimigos o pisoteiem e o vençam? O que é essa ponta que por enquanto levará a melhor sobre os santos?” A isso, o seu intérprete responde (w. 23-25) que esse quarto animal é um quarto reino que devorará toda a terra, ou (como deve ser entendido) a terra inteira. As dez pontas são dez reis, e a pequena ponta é outro rei que subjugará três reis, e será muito agressivo contra Deus e o seu povo. Ele agirá: (1) Muito impiedosamente em relação a Deus. Ele falará grandiosamente contra o Altíssimo, desafiando tanto a Ele quanto a sua autoridade e a sua justiça. (2) Muito arrogantemente para com o povo de Deus. Ele enfraquecerá os santos do Altíssimo. Ele não os liquidará imediatamente, mas os debilitará através de longas opressões e uma série interminável de sofrimentos impostos a eles, arruinando suas propriedades e enfraquecendo as suas famílias. O plano de Satanás era destruir os santos do Altíssimo, para que o precioso e bendito Senhor não se lembrasse mais deles. Mas a tentativa foi em vão, pois, enquanto o mundo existir, Deus terá nele uma igreja. Ele pensará em mudar os tempos e as leis, para abolir as práticas e as instituições da igreja, visando levar todos a falar e agir exatamente como ele desejava que fizessem. Ele pisoteará as leis e as práticas humanas e divinas. Diruit, aedificut, mutat quadrata rotundis - Ele destrói, ele constrói ele transforma quadrado em circulo, como se pretendesse alterar até mesmo os próprios regulamentos do céu. E nessas ousadas tentativas ele progredirá e terá sucesso por algum tempo. Eles lhe serão entregues nas mãos por um tempo, tempos e metade de um tempo (isto é, por três anos e meio), aquela famosa medida de tempo profética com a qual nos deparamos no Apocalipse, que algumas vezes é chamada de quarenta e dois meses, e às vezes 1260 dias, que é o mesmo período. Mas ao término
desse tempo, o julgamento será instaurado, e o seu domínio será tirado (v. 26).
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Isaías a Malaquias. Editora CPAD. pag. 872.
III - A VINDA DO FILHO DO HOMEM
1. A visão (vv.13, 14).
“e eis que vinha nas nuvens do céu um como o filho do homem”
(7.13,14). Nestes dois versículos, Daniel chega ao clímax das visões e revelações. A Palavra de Deus nunca se contradiz nem submerge com contradição. Pelo contrário, ela se complementa, se interpreta e se aplica a si mesma conforme as necessidades dos que servem a Deus. No versículo 13 está escrito literalmente que o Filho do homem “vinha nas nuvens do céu”. Esta profecia é repetida em Atos 1.9-11, onde os anjos anunciavam que o Jesus que subiu gloriosamente ao céu haveria de vir. Posteriormente, na revelação que Jesus deu ao seu amado apóstolo João, a mensagem é repetida: “Eis que vem com as nuvens, e todo olho o verá, até os mesmos que o traspassaram”(Ap 1.7). Daniel, em sua visão, viu esse personagem que vinha nas nuvens do céu e se identificava como “o filho do homem”, o qual se dirigiu ao Ancião de Deus. Não há dúvida que se tratava de Jesus, a segunda pessoa da Trindade. Este “filho do homem” recebeu a concessão de poder e domínio sobre todas as nações para que o servissem, porque o seu domínio seria um domínio eterno que não passaria e seu reino não seria destruído. O título “filho do homem” tem um sentido messiânico, porque se refere, primeiramente, à vida terrena de Jesus. Porém, esse mesmo Jesus que foi rejeitado pelos judeus em sua primeira vinda e que se manifestou como “o filho do homem”, virá gloriosamente e com a aparência de “filho do homem” para desfazer o reino do Anticristo e tomar o reino de Israel e se assentar no Trono de Davi (Zc 14.1-4). Ele receberá o poder, a glória e o domínio sobre a terra quando descer para instalar o reino milenial na terra. Ao introduzir o Reino de Deus na terra, em sua vida terrena, como o Verbo divino feito carne (Jo 1.1,14) Jesus Cristo, virá a segunda vez, e inaugurará uma nova fase do governo de Deus na terra, instalando um reino de mil anos (Ap 20.2,6).
Elienai Cabral. Integridade Moral e Espiritual. O Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje. Editora CPAD. pag. 109-110.
Dn 7.13 "... um como o Filho do homem”. Filho do homem é um título que freqüentemente é aplicado à pessoa de Cristo (Mt 16.13). Cerca de 79 vezes esta expressão ocorre nos Evangelhos, e 22 destas somente em Apocalipse. Daniel (cerca de 607 a.C.), na presente visão, faz esta referência específica sobre o “Filho do homem”. Em Ezequiel, o profeta do cativeiro, a expressão “filho do homem”, é empregada por Deus, quando fala com o profeta, cerca de 91 vezes. Em Ap 14.14, há um quadro sobre o “Filho do homem”. Jesus é o “Filho do homem”, porque, de um modo especial, é Ele o representante da humanidade perante a pessoa do Pai. Ele é declarado “Filho de Davi segundo a carne” (Rm 1.3). Ele se tornou o “Filho do homem” para que nós, humanos, nos tornássemos filhos de Deus” (Jo 1.12).
Dn 7.14 "... foi-lhe dado o domínio”. O presente versículo coloca em foco o Milênio de Cristo, o Ungido do Senhor. Isso acontecerá diante do toque da sétima trombeta escatológica de Apocalipse 11.15. Esse toque de trombeta assinala o tempo em que “O mistério” de Deus deve ser cumprido, “no Céu e na Terra”. Na Bíblia temos uma série de mistérios, mas o que está em foco, fala do “mistério da sua vontade, segundo o seu beneplácito, que propusera em si mesmo, de tornar a congregar em Cristo todas as coisas, na dispensação da plenitude dos tempos [o Milênio], tanto as que estão nos céus como as que estão na terra” (Ver Ef 1.9 a 10). O domínio e reino do presente texto, para que todos os povos, nações e línguas o servissem, é o estabelecimento do Reino de Deus sobre a terra, que começará com o reino milenar de Cristo (Ap 20.1-6). O reino de Deus e de Cristo é um só. Em Ef 5.5, encontramos menção do “reino de Cristo e de Deus”.
Severino Pedro da Silva. Daniel vercículo por vercículo. Editora CPAD. pag. 140-141.
“Quanto tempo?” (8.13-14). Deus revelou a Daniel por meio da conversa de seres santos que o tempo do mal não seria prolongado. A pergunta era: Até quando durará a visão do contínuo sacrifício e da transgressão assoladora, para que seja entregue o santuário e o exército, a fim de serem pisados? (13). E a resposta veio: Até duas mil e trezentas tardes e manhãs; e o santuário será purificado (14). De que maneira devemos entender essa simbologia de números? Jerônimo apresenta uma interpretação muito simples e sensata:
Se lermos os livros dos Macabeus e a história de Josefo, vamos encontrar registrados lá que [...] Antíoco entrou em Jerusalém e, depois de provocar uma devastação geral, voltou novamente no terceiro ano e ergueu a estátua de Júpiter no Templo. Até o tempo de Judas Macabeu [...] Jerusalém ficou devastada por um período de seis anos, e por três anos o Templo ficou maculado — totalizando dois mil e trezentos dias mais três meses.
Roy E. Swim. Comentário Bíblico Beacon. Daniel. Editora CPAD. Vol. 4. pag. 530.
A cena não estava terminada. Outros elementos de alta valia estavam ainda por surgir e Daniel confessa que, nas suas visões da noite, depois de todo o cenário já descrito, viu vindo, com as nuvens do céu, UM como o Filho do Homem e que dirigiu-se ao Ancião de dias, e o fizeram chegar até ele (v. 13). A vinda com as nuvens do céu desperta em nossa mente um simbolismo evanescente e sublime, pois é UM que tem os ares como sua morada, e não conta com elementos terrestres para se conduzir. Quando Jesus se apresentava como o Filho do Homem tinha este simbolismo como base e também é o que Ezequiel apresenta em sua longa profecia.
A vinda deste UM, Filho do Homem, indica que o julgamento não ficou concluído, pois a Ele restava a palavra final. Não temos qualquer dúvida quanto a este Filho do Homem (não filho do homem), figura singular lídimo representante da raça humana, e que domina sobre todos os reinos simbolizado nas quatro eras. A ele pertencem o Reino e a majestade, a honra e a glória. O reino universal é dele, e não dos reinos simbolizados nas quatro feras.
Daniel diz claramente: Foi-lhe dado domínio e glória, e o reino, para que os povos, nações e homens de todas as línguas o servissem; e seu domínio é domínio eterno, que não passará, e o seu reino jamais será destruído (v. 14). Como Daniel nos informa, esta inigualável figura celestial, escoltada por miríades de miríades de seres angelicais, foi levada até onde estava o Juiz supremo, e o reino eterno lhe foi entregue. Reino que não será jamais destruído. É assim o reino de Cristo. Um quadro mais perfeito do governo e domínio de Cristo não poderíamos esperar de uma visão profética. Só o Apocalipse tem figuras iguais. Somos gratos a Deus que, lá dos confins da história, nos vem esta alegoria tão perfeita quanto seria possível, nos domínios humanos, a respeito de nosso Senhor Jesus Cristo.
Mesquita. Antônio Neves de,. Livro de Daniel. Editora JUERP.
2. “Os santos do Altíssimo” (v.18).
“os santos do Altíssimo” (7.18). Quem são? Os amilenistas que negam a literalidade do Milênio e o veem alegoricamente, isto é, não creem na realidade são dos amilenistas, “os santos do Altíssimo” são os anjos. Na visão milenista e pré-tribulacionista, “os santos do Altíssimo” são, indubitavelmente, os judeus (Dn 7.21; 9.24; Ap 13.7; 17.6). Jesus Cristo, “o filho do Homem” reinará literalmente na terra por mil anos. Esses santos são, de fato, os judeus fiéis salvos quando o Messias voltar para reinar literalmente. O reino milenar não é para a igreja de Cristo, mas é para os judeus e o mundo depois da Grande Tribulação. O milênio não é mera alegoria. O milênio será real e literal, quando Jesus Cristo tomar posse do governo do mundo e desfazer o poder da trindade satânica constituída pelo Diabo, o Anticristo e o Falso Profeta. Segundo o autor D. Pentecost, diz que “o propósito original de Deus era o de manifestar sua absoluta autoridade, e este propósito se realizará quando Cristo reunir a teocracia terrenal com o reino eterno de Deus. Desta maneira se por uma parte o domínio teocrático terrenal se limita a mil anos, que é tempo suficiente para manifestar o governo perfeito de Deus sobre a terra, uma vez que seu reino é eterno e para sempre”.
Elienai Cabral. Integridade Moral e Espiritual. O Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje. Editora CPAD. pag. 110-111.
Dn 7.18 Este versículo e outros correlatos do livro de Daniel, apontam em sentido profético, para o Milênio de Cristo. Nessa época, todos “os reinos do mundo virão a ser de nosso Senhor e do seu Cristo, e Ele reinará para todo o sempre” (Ap 11.15), e os santos recebê-lo-ão como algo que lhes será confiado pelo “Filho do homem”, e o possuirão para sempre. O presente capítulo apresenta o “Filho do homem” como uma figura central na posse do Reino. Há uma outra possível interpretação para este capítulo, no que diz respeito ao “Filho do homem”. Os advogados da posição esboçada acima identificam a figura celestial semelhante a “um filho do homem” com o povo de Israel, “os santos do Altíssimo”. Em apoio a essa interpretação, apelam para 7.18 e 27, onde nos é dito que o reino será entregue aos santos. Essa interpretação é muito lógica, mas não coaduna com o argumento principal.
Severino Pedro da Silva. Daniel vercículo por vercículo. Editora CPAD. pag. 143.
Dn 7.18 - Os “santos do Altíssimo" são o verdadeiro Israel, o povo governado pelo Messias. Jesus Cristo deu o reino ao novo Israel, sua Igreja, que é composta por todos os crentes fiéis. Sua vinda prenunciava o Reino de Deus. cujos cidadãos são todos os crentes (ver também 7.22.27). Apesar de Deus permitir a perseguição por um tempo, o destino de seus seguidores é possuir o reino e estar com Ele para sempre.
BÍBLIA APLICAÇÃO PESSOAL. Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Editora CPAD. pag. 1104.
Mas os santos do Altíssimo receberão o reino e possuirão o reino para todo o sempre e de eternidade em eternidade (18). O fim da história não deverá ocorrer em decorrência de uma explosão atômica ou da destruição do que é bom. O alvo do projeto de Deus é o reino de Deus e a consumação e preservação de tudo o que é bom e belo e verdadeiro e santo.
Roy E. Swim. Comentário Bíblico Beacon. Daniel. Editora CPAD. Vol. 4. pag. 527.
3. Destruição do Anticristo (vv.26,27).
Até chegar a esse ponto, Cristo descerá sobre a terra literal e visivelmente sobre o Monte das Oliveiras (Zc 14.1-4). Cristo é o Messias sonhado e desejado por Israel e virá para esse povo. Na sua vinda gloriosa e visível, especialmente para Israel promoverá espanto no mundo inteiro. O Diabo saberá que o seu poder de destruição do povo de Israel estará detido. O Messias, Jesus Cristo, então, destruirá esse rei blasfemo e déspota, o Anticristo, e assumirá com autoridade o governo do povo de Deus naqueles dias e iniciará seu governo milenar na terra. Desse modo terá cumprido o período dos “três anos e meio” da segunda metade da semana de Daniel (Dn 9.27). Alguns historiadores preferem interpretar esse período como tendo o seu cumprimento no ano 70 d. C, mas esquecem que é no final do período do domínio do “pequeno chifre” que o reino será dado aos santos do Altíssimo, o povo de Israel. Não há o que duvidar! Depois de tudo isso se estabelecerá o reino do Messias. Não há dúvidas, também, de que a igreja de Cristo não estará na terra nesse período, porque será arrebatada antes que inicie o tempo da Grande Tribulação.
“E o reino e o domínio, e a majestade dos reinos debaixo de todo o céu serão dados ao povo dos santos do Altíssimo” (7.27). O Anticristo não poderá resistir ao poder daquEle que é mais poderoso do que ele, que é o Senhor Jesus Cristo o qual destruirá ao Anticristo e tomará o seu domínio e o passará aos “santos do Altíssimo” que são israelitas naqueles dias. O Anticristo será destruído pelo fogo ( Dn 7.11) e será lançado no Geena (o Lago de fogo) para sempre (Ap 19.20). A Bíblia diz que ele será destruído pela força da vinda do Messias (2 Ts 2.8). A vitória final contra as forças do mal será culminada com o triunfo de Cristo Jesus (Dn 7.27).
Elienai Cabral. Integridade Moral e Espiritual. O Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje. Editora CPAD. pag. 112-113.
Dn 7.26 O Apóstolo Paulo fala a seu filho Timóteo, na segunda carta, cap. 4.1 o que segue: “Conjuro-te pois diante de Deus, e do Senhor Jesus Cristo, que há de julgar os vivos e os mortos, na sua vinda [parousia] e no seu reino [Milênio]...” O texto em foco diz, de fato, o que acontecerá na vinda de Cristo com poder e grande glória. A Besta e seus agentes serão julgados naquele grande dia da ira de Deus e do Cordeiro. (Ver 2 Ts 2.8 e Ap 19.20). O supremo juízo de Deus desfará todo e qualquer império do mal; o reino será estabelecido para que os santos do Altíssimo reinem e o Senhor Jesus Cristo reine sobre eles. Esses acontecimentos terão lugar sete anos após o arrebatamento da igreja, aqui na terra. Todo o domínio das trevas será aniquilado ante a face do Senhor em glória, e todo o domínio e a majestade dos reinos debaixo de todo o céu serão dados ao povo dos santos do Altíssimo.
Dn 7.27 O presente versículo terá sua consumação em Ap 11.15, onde lemos: “E tocou o sétimo anjo a sua trombeta, e houve no céu grandes vozes que diziam: Os reinos do mundo vieram a ser de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará para todo o sempre”. Ali haverá, após a grande vitória de Cristo no vale do Armagedom, o estabelecimento do reino milenar, então o domínio, e a majestade dos reinos do mundo serão dados ao povo dos santos do Altíssimo. Em Ap 10.7, é previsto este grande acontecimento, e em 11.15, a sua consumação. Este grande “segredo de Deus” mencionado na passagem anterior, é, sem dúvida, o estabelecimento do reino de Deus na terra, que começara com o reino milenar de Cristo, como pode ser depreendido do texto em foco, de Daniel. O reino de Deus e de Cristo é um só. Em Ef 5.5, encontramos menção do “reino de Deus e de Cristo”.
Severino Pedro da Silva. Daniel vercículo por vercículo. Editora CPAD. pag. 147-148.
[2] O tribunal será estabelecido (v. 26). Deus mostrará que julga na terra, e advogará a justa causa do seu povo tanto com sabedoria quanto com imparcialidade. No grande dia, o precioso Senhor julgará o mundo com justiça por meio do varão que designou. [3] O domínio do inimigo será tirado (v. 26). Todos os inimigos de Cristo serão postos por escabelo de seus pés, e serão completamente consumidos e destruídos: esse era o procedimento dos apóstolos em relação ao homem iníquo (2 Ts 2.8). Ele será consumido com o sopro da boca de Cristo, e destruído com o esplendor da sua vinda. [4] O julgamento é entregue aos santos do Altíssimo. E confiada aos apóstolos a incumbência da pregação do Evangelho através do qual o mundo será julgado. Todos os santos por meio de sua fé e de sua obediência condenam um mundo descrente e desobediente. Em Cristo, que é o seu comandante, eles julgarão o mundo, julgarão as doze tribos de Israel (Mt 19.28). Veja o motivo que temos para honrar aqueles que temem ao Senhor. Quão vis e abomináveis os santos parecem agora aos olhos do mundo, e quanto desprezo é despejado sobre eles. Eles são os santos do Altíssimo. Eles são preciosos para Deus. Ele os considera como seus, e o juízo é entregue a eles. [5] Aquilo que é mais enfatizado é que os santos do Altíssimo receberão o reino e o possuirão para todo o sempre (v. 18). E novamente (v. 22): Chegou o tempo em que os santos possuíram o reino. E outra vez (v. 27): O reino, e o domínio, e a majestade dos reinos debaixo de todo o céu serão entregues ao povo dos santos do Altíssimo. Longe de nós pressupormos por isso que o domínio é encontrado na graça, ou que ele autorizará alguém, sob o pretexto de santidade, a usurpar a realeza. Não. O reino de Cristo não é deste mundo. Mas isso sugere o domínio espiritual dos santos sobre os seus próprios desejos e perversões, suas vitórias sobre Satanás e suas tentações, e o triunfo dos mártires sobre a morte e os seus pavores. Aqui também é prometido que o reino do Evangelho será estabelecido como um reino de graça, cujos privilégios e consolos, agora sob o comando dos céus, serão o penhor e os primeiros frutos do reino da glória nos céus. Quando o império se tornou cristão, e os príncipes fizeram uso de seu poder para a defesa e o progresso do cristianismo, então os santos tomaram posse do reino. Os santos governam através do Espírito que os governa (esta é a vitória que vence o mundo, a nossa fé), fazendo com que os reinos deste mundo se tornem o reino de Cristo. Mas o pleno cumprimento destas coisas tão boas estará na felicidade eterna dos santos, no reino que não pode ser abalado, o qual nós, de acordo com a sua promessa, aguardamos (essa é a grandeza do reino). A coroa de glória que aguardamos jamais perecerá, pois o reino que nos foi prometido é eterno. Os santos possuirão o reino para sempre, eternamente. E a razão é que os santos pertencem ao Altíssimo, e o seu reino é um reino perpétuo (v. 27). Como Ele é assim, os seus deverão ser também. “Porque eu vivo, vós também vivereis” (Jo 14.19). O reino do Senhor é deles. Eles se consideram enaltecidos na exaltação dele, e não desejam honra e satisfação maior para si mesmos do que a de que todos os domínios o servirão e o obedecerão, como eles o farão (v. 27). Os povos se sujeitarão ao seu cetro de ouro, ou serão levados à destruição por sua vara de ferro. Daniel, no final, quando encerra esse assunto, nos conta que impressões essa visão lhe causou. Ela dominou os seus pensamentos a tal ponto que o seu semblante foi modificado, e o fez parecer pálido. Mas ele guardou o assunto em seu coração. Note, o coração deve ser o cofre e o depósito das coisas divinas. Lá devemos guardar a palavra de Deus, assim como Maria guardou as palavras de Cristo (Lc 2.51). Daniel guardou o assunto em seu coração, com um propósito: não escondê-lo da igreja, mas guardá-lo para ela, para que aquilo que havia recebido do Senhor pudesse ser transmitido ao povo de uma forma plena e fiel. Observe que compete aos profetas e ministros de Deus guardar na memória as coisas de Deus, e ali assimilá-las muito bem. Se quisermos ter a palavra de Deus em nossos lábios quando for oportuno, devemos guardá-la em nossos corações em todo o tempo.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Isaías a Malaquias. Editora CPAD. pag. 873.
ELABORADO: Pb Alessandro Silva (http://estudaalicaoebd.blogspot.com.br/) com algumas modificações do Ev. Luiz Henrique.
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