Lição 9, A Corrupção dos Últimos Dias
3º trimestre de 2015 - A Igreja E O Seu Testemunho - As Ordenanças De CRISTO Nas Cartas Pastorais
Comentarista da CPAD: Pr. Elinaldo Renovato de Lima
Complementos, ilustrações, questionários e vídeos: Ev. Luiz Henrique de Almeida Silva
TEXTO ÁUREO
"Mas estes, como animais irracionais, que seguem a natureza, feitos para serem presos e mortos, blasfemando do que não entendem, perecerão na sua corrupção." (2 Pe 2.12).
VERDADE PRÁTICA
O ensino da Palavra de DEUS, de modo cuidadoso, pode evitar que a corrupção domine os corações dos salvos.
Segunda - 1 Co 13.5 Quem tem amor "não busca seus interesses"
Terça - Rm 1.31 Homens sem DEUS, sem afeto natural
Quarta - 1 Jo 3.15 Qualquer que odeia ao seu irmão é homicida
Quinta - Mt 23.23-28 Quem ensina e não dá exemplo é hipócrita
Sexta - 1 Pe 3.15 O ensino bíblico dá segurança quanto à fé
Sábado - Fp 4.8 O crente precisa ter cuidado com aquilo que pensa
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - 2 Timóteo 3.1-4, 14-16
1 - Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos; 2 - porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, 3 - sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, 4 - traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de DEUS, 14 - Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste e de que foste inteirado, sabendo de quem o tens aprendido. 15 - E que, desde a tua meninice, sabes as sagradas letras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em CRISTO JESUS. 16 - Toda Escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça.
OBJETIVO GERAL
Descrever a corrupção dos últimos dias
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Apontar as características dos tempos trabalhosos.
Apresentar o apóstolo Paulo como exemplo de obreiro em tempos difíceis.
Conscientizar os alunos acerca do valor do ensino bíblico nesses tempos trabalhosos.
INTERAGINDO COM O PROFESSOR
Professor, os dias não são fáceis para quem deseja servir a JESUS com humildade, sinceridade e fidelidade ao Senhor. São tempos que requer dos líderes, sobriedade, temperança, firmeza. A lição desta semana visa munir os alunos de conhecimento sólido do Evangelho de CRISTO a fim de que eles, autonomamente, discirnam a corrupção desses últimos dias. Tal corrupção deve ser combatida por aqueles que têm a vocação ministerial para servir a Igreja de CRISTO JESUS na terra. Incentive os alunos a desenvolverem uma consciência crítica em relação a tudo o quanto se mostra claramente contra o princípio do Evangelho de CRISTO: amar a DEUS sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.
PONTO CENTRAL
Nesses tempos trabalhosos, o valor do ensino das Escrituras deve ser reconhecido e aplicado pelos verdadeiros obreiros do Senhor.
Resumo da Lição 9 - A Corrupção dos Últimos Dias
I - OS TEMPOS TRABALHOSOS
1. Nos últimos dias (v. 1).
a) Amantes de si mesmos. b) Avarentos. c) Presunçosos, soberbos. d) Blasfemos. e) Desobedientes a pais e mães e ingratos. d) Profanos e sem afeto natural. e) Irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes e cruéis.
2. Falsa aparência (v. 5).
II - PAULO, UM EXEMPLO DE OBREIRO EM TEMPOS DIFÍCEIS
1. Um obreiro exemplar (v. 10).
2. Modo de viver.
3. Intenção, fé longanimidade e amor.
III - O ENSINO DA PALAVRA DE DEUS EM TEMPOS DIFÍCEIS
1. O valor do ensino bíblico.
2. Combatendo o "espírito do Anticristo" com a Palavra de DEUS.
a) O relativismo. b) Leis infames.
3. A Palavra de DEUS e seus referencias éticos.
SÍNTESE DO TÓPICO I - O apóstolo Paulo descreveu as características malévolas dos dias trabalhosos.
SÍNTESE DO TÓPICO II - O apóstolo Paulo é um exemplo de vida piedosa exemplar para vivermos esses dias trabalhosos.
SÍNTESE DO TÓPICO III - O ensino da Palavra de DEUS tem o valor de combater o "espírito do Anticristo" e promover os referenciais éticos do Reino de DEUS.
SUBSÍDIO DIDÁTICO top1
Caro professor, nesta oportunidade, você pode usar o artigo do subsídio para Lições Bíblicas da Escola Dominical, da Revista Ensinador Cristão (p.40) deste trimestre. O prezado professor poderá usá-lo para uma leitura reflexiva após a exposição do tópico primeiro ou pode igualmente usá-lo como introdução ao tópico para iniciar a lição. A ideia para a exposição deste tópico é que fique bem claro para os alunos a descrição que o apóstolo Paulo fez acerca dos falsos mestres. Por isso, abra esse tópico de maneira a aguçar a curiosidade dos alunos com questões como: "Dê exemplos de uma pessoa amante de si mesma"; "O que é uma pessoa avarenta?"
CONHEÇA MAIS top1
*Tempo difíceis
"Essa passagem, a exemplo de outras, silencia a perspectiva otimista de alguns, de que a mensagem do evangelho se destina a converter a maior parte da humanidade e introduzir uma era de paz antes da volta de JESUS. O apóstolo faz contrastar essa visão com o aumento maléfico das condições morais e sociais tendentes a irem de mal a pior. O desafio cristão não é de apresentar a paz universal mas de permanecer fiel a DEUS em tempos de tribulação e promover o Evangelho da salvação de CRISTO, apesar da corrupção no interior da igreja e da perseguição externa de que é vítima". Leia mais em Guia do Leitor da Bíblia, CPAD, p. 843.
Ser longânimo é ter paciência para suportar os fracos, os defeituosos, os problemáticos (Gl 5.22).
SUBSÍDIO DIDÁTICO top2
Outro exemplo que pode auxiliá-lo a mostrar o quanto um homem de DEUS pode ser um modelo para o povo escolhido do Senhor, com o objetivo de estimular ao povo a viver na presença de DEUS, é apresentarmos o contexto do profeta Malaquias. Igualmente ao do apóstolo Paulo, o profeta Malaquias vivia num contexto hostil aos valores do Eterno. Mas a vida do profeta foi capaz de demonstrar "que DEUS sempre amou seu povo, dizia Malaquias, mas este nunca havia assimilado a profundidade deste amor, e na verdade retribuía-o com desonra e desobediência (Ml 1.6-14). Tudo isto pode ser visto na própria indiferença do povo para com as ofertas, pois enquanto se empenhavam em importar o melhor para suas próprias casas, os sacrifícios eram da pior espécie, com animais cegos e doentes. Os próprios sacerdotes se voltavam contra DEUS, violando abertamente o compromisso de levitas (Ml 2.8). Além disso, muitos judeus tinham se divorciado de suas mulheres, sinalizando assim seu descaso para com os ensinamentos das Escrituras (Ml 2.10). Como resultado, o Senhor enviaria seu mensageiro messiânico para purgar o mal enraizado no coração do povo e purificar um remanescente que andaria diante da presença do Senhor em verdade" (MERRIL, Eugene H. História de Israel no Antigo Testamento: O reino de sacerdotes que DEUS colocou entre as nações. 6.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2007, p.548,49). Lembre aos alunos que o nosso DEUS conta com as nossas vidas para sermos sal da terra e luz do mundo (Mt 5.13-16) numa geração hostil à vontade do Senhor.
SUBSÍDIO SUBSÍDIO DE TEOLOGIA PASTORAL top3
"Conservando a sã doutrina e Manifestação do ESPÍRITO SANTO
O que acho alarmante é o número crescente de pastores e igrejas que estão caindo vítimas desta mentalidade de 'especialidades'. Muitas igrejas parecem só se envolverem em determinadas áreas ministeriais nas quais ou têm prazer ou acham particularmente fáceis. Temos igrejas da 'Palavra', igrejas do 'louvor, igrejas do 'fogo e enxofre', igrejas da 'família', igrejas do 'discipulado', e a lista prossegue sem fim. Em resposta a muitas pessoas feridas, cujas necessidades ou problemas não se ajustam em uma especialidade em particular, muitas igrejas teriam a dizer: 'Desculpe, não fazemos esse tipo de serviço aqui'. Nestes últimos dias, a igreja precisa ser lugar de cura e refúgio para todo aquele que precisar - pouco importando qual seja a necessidade. Temos de insistir em ser uma igreja equilibrada. Podemos e devemos redescobrir que temos a imutável sã doutrina da Palavra de DEUS e que ainda fluímos com o vento e a espontaneidade do ESPÍRITO" (CARLSON, Raymond; TRASK, Thomas E.; TRIPLETT, Loren (et al). Pastor Pentecostal: Teologia e Práticas Pastorais. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1999, pp.633-34).
PARA REFLETIR - A respeito das Cartas Pastorais:
Paulo inicia o capítulo três falando a respeito de qual assunto?
Paulo inicia falando a respeito da extrema corrupção dos últimos dias.
O termo "últimos dias" se refere somente aos tempos escatológicos?
O termo "últimos dias" não se refere somente ao fim dos tempos escatológicos, mas faz referência ao ataque gnóstico sobre a Igreja.
Quais as características principais dos falsos mestres?
Amantes de si mesmos; avarentos; presunçosos, soberbos; blasfemos, etc.
Segundo a lição, qual era o verdadeiro propósito de Paulo?
Promover o Evangelho de CRISTO.
Quais são os "instrumentos" utilizados por Satanás nesses últimos dias?
O relativismo e Leis infames.
Paulo inicia o capítulo três falando a respeito de qual assunto?
Paulo inicia falando a respeito da extrema corrupção dos últimos dias.
O termo "últimos dias" se refere somente aos tempos escatológicos?
O termo "últimos dias" não se refere somente ao fim dos tempos escatológicos, mas faz referência ao ataque gnóstico sobre a Igreja.
Quais as características principais dos falsos mestres?
Amantes de si mesmos; avarentos; presunçosos, soberbos; blasfemos, etc.
Segundo a lição, qual era o verdadeiro propósito de Paulo?
Promover o Evangelho de CRISTO.
Quais são os "instrumentos" utilizados por Satanás nesses últimos dias?
O relativismo e Leis infames.
CONSULTE a Revista Ensinador Cristão - CPAD, nº 63, p. 40.
Você encontrará mais subsídios para enriquecer a lição. São artigos que buscam expandir certos assuntos.
SUGESTÃO DE LEITURA
Formando um Homem de DEUS, A Batalha pela sua mente e Neemias - Paixão pela fidelidade.
COMENTÁRIOS DE DIVERSOS COMENTARISTAS COM ALGUMAS MODIFICAÇÕES DO Ev. HENRIQUE
Avarentos - literalmente, “amor do dinheiro”, é traduzido em Lc 16.14 e 2 Tm 3.2 por “avarento”,
sendo o significado mais amplo e devido a “amantes de dinheiro”.
E tu. dentre todo o povo, procura homens capazes, tementes a Deus. homens de verdade. que aborreçam a avareza: e põe-nos sobre eles por maiorais de mil. Maioraisde
cem. maiorais de cinquenta e maiorais de dez" (Ex 18.21).
Soberbos - arrogantes - “A soberba do homem o abaterá, mas o humilde de espirito
obterá honra" ( Pv 29.23).
huperephanos, significa “mostrar-se a si mesmo acima dos outros” (formado de huper.“muito
acima de”, e phainomai, “aparecer, ser manifesto”), embora muitas vezes denote
“preeminente”, sempre é usado no Novo Testamento no mau sentido de “arrogante, desdenhoso,
orgulhoso, altivo. soberbo” (Lc 1.51; Rm 1.30; 2 Tm 3.2; Tg 4.6 e1 Pe 5.5). Nos dois ultimos textos,
e posto em contraste com o termo tapeinos, “humilde, humildemente”. Contraste com o
substantivo huperephania, que ocorre em Mc 7.22 (“soberba”).
Presunçosos - Presunção, s.f. Pretensão; opinião excessivamente boa acerca de si mesmo; demonstração dessa opinião em público; expressão de vaidade, afetação. Segurança ou confiança que se tem em si mesmo.
Blasfemo -
A. Substantivo. blasphemia, formado ou de blax, “indolente, estupido", ou, provavelmente,
de blapto^ F “ferir, magoar, injuriar**, c pheme. "linguagem** (em portugues, “blasfêmia” )
ocorre muitas vezes (por exemplo, em Mt 15.19; Mc 7.22; Ef 4.31; Cl 3.8: 1 I Tm 6.4: Jd 9). A palavra “blasfemia” esta praticamente limitada a linguagem difamatoria acerca da Majestade
Divina. (LINGUAGEM MÁ, ULTRAJAR)
B. Verbo. blasphemeo. “blasfemar, vituperar. zangar-se com ou ultrajar”, é usado:
(a) de modo geral, acerca de qualquer linguajar insultante, ultra, calunia, vitupério, etc., como os que se zangaram com Cristo (por exemplo, Mt 27.39; Mc 15.29; Lc .65: 23.39);
(b) a respeito daqueles que falam denhosamente de Deus ou das coisas sagradas por exemplo. Mt 9.3; 26.65; Mc 3.28: Rm 2.24; 14.16; 1 Co 4.13; 10.30; 1 Tm 1.20; 6.1; Tt 3; 2 Pe 4.4; 2 Pc 2 .2 .1 0 ,1 2 : Jd 8.1 0 : Ap 13.6
|6.9,11,21). O verbo (na forma do participio preme) significa “blasfemador. falar blasfemias” (At 9.37; Mc 2.7).
No original, não há substantivo que represente femador em nosso idioma. Tal
termo é expresso pelo verbo blasphemeo ou pelo adjetivo blasphemas.(CALUNIAR.
INJURIAR EM RELATÓRIO ULTRAJAR.
C. Adjetivo. blasphemos “linguagem abusiva, iciosa” (At 6.11,13: 1 Tm 1.13; 2 Tm 3.2; 2 Pe 1).
2 Timóteo 3.1-4
DESGRAÇAS DOS ÚLTIMOS DIAS. 3:1-9
1. Como em 1 Tm 4:1 ss, Paulo agora relembra a Timóteo (Sabe, porém, isto) acerca da convicção cristã primitiva de que o período que antecederia a volta de CRISTO seria de crise agonizante, envolvendo um colapso de padrões morais. Visto que está fazendo uso de matéria profética corrente na igreja, naturalmente emprega o tempo do futuro, mas logo toma-se aparente que sua atenção está fixa no presente, quando aquelas predições estão sendo por demais exatamente cumpridas. Sua lição é que Timóteo, longe de ficar desanimado, deve ficar de sobreaviso, e, em certo sentido, até mesmo estimulado, pelas evidências ao seu redor da má conduta e da fé religiosa insatisfatória, que o Apóstolo classifica juntas, visto que todas fazem parte do padrão dos eventos que foi profetizado. Para a expressão Nos últimos dias, cf. At 2:17; Tg 5:3; 2 Pe. 3:3; Jd 18. Não é achada nas Paulinas reconhecidas (mas cf. 1 Tm 4:1: “nos últimos tempos”), denota o período pouco antes da Parusia e do fim da era presente. A igreja apostólica acreditava que o próprio CRISTO predissera que estes eventos seriam introduzidos por uma crise do mal, inclusive a emergência, de impostores religiosos e uma apostasia geral (Mt 24; Mc 13; Lc 21), e a apocalíptica judaica previu um colapso total da moralidade diante da vinda do Messias. Paulo, portanto, pode aceitar como verdade estabelecida (cf. 2 Ts 2:3-12) de que sobrevirão tempos difíceis, i.é, penosos e perigosos para os servos verdadeiros de DEUS, e a situação deplorável em Éfeso parece fornecer confirmação empírica do fato. A fim de descrever o colapso moral dos últimos dias Paulo introduz (w. 2-5) um catálogo de vícios do tipo que ocorre freqüentemente nas suas cartas reconhecidas: ver sobre 1 Tm 1:9. Esta lista específica tem uma semelhança notável, no conteúdo bem como na construção retórica e o uso de assonância, àquela em Rm 1:29-31, mas também há diferenças que tomam implausível a hipótese de empréstimo direto. O fato de que os paralelos mais notáveis de estilo e de vocabulário achamse em Filo (ver C. Spicq, págs. 381-2) sugere que a origem documentária ulterior da matéria incluída na lista é ensino tradicional judaico ao invés de ser a diátribe helenística.
2. Paulo começa com uma declaração generalizante de que os homens serão vis de várias maneiras. Não está pensando primeiramente de grupos específicos, mas, sim, está. dando expressão aos prenúncios apocalípticos de um repúdio, geral à lei, à decência, ç à afeição natural. Os epítetos que se seguem parecem estar agrupados em pares, sendo que em vários casos são ligados por assonância. Destarte, os adjetivos egoístas e avarentos (lit. “amantes de si mesmos” e “amantes do dinheiro”) têm, igualmente, o prefixo phil- em Grego. Pode ser notado que o catálogo é encerrado com um par construído de modo semelhante: amigos dos prazeres eamigos de DEUS. Estes pares fornecem a chave dos demais, visto que a corrupção moral completa tende a ser o resultado quando os homens abandonam a DEUS para ficarem ocupados com o próprio-eu e a satisfação material. Para o conceito do dinheiro como uma causa radical do mal, cf. 1 Tm 6:10. O segundo par, jactanciosos, arrogantes, expressam aspectos diferentes, porém correlatos, do orgulho que brota do egocentrismo. Jactanciosos tem a ver com palavras, gestos, e o comportamento externo, e arrogantes, com sentimentos interiores. Os dois adjetivos aparecem juntos em Rm 1:30. O terceiro par, blasfemadores, desobedientes aos pais, abrangem conduta desnaturada com relação a outras pessoas e à própria família, respectivamente. O último destes vícios figura também em Rm 1:30.
3,4. Os dois membros do quarto par, ingratos, irreverentes, têm o prefixo adversativo a- no original, assim como têm desafeiçoados, implacáveis. O adjetivodesafeiçoado (Gr. astorgos) conota a falta de toda a afeição natural; é achado somente aqui e em Rm 1:31 no N.T. A palavra grega traduzida implacável (aspondos)deriva de spondè (= “trégua”), e assim denota um homem que não consegue entender-se com outras pessoas. Os epítetos seguintes, caluniadores, sem domínio de si, cruéis, inimigos do bem, pintam um quadro terrível dos homens que, embora tenham se afundado até ao nível dos instintos animais, permanecem suficientemente humanos para reconhecerem a verdade e a bondade e para serem animados pelo ódio para com elas. As duas últimas expressões têm o prefixo adversativo em Grego, e assim formam um par, Assim acontece também com traidores, atrevidos, sendo que as duas palavras têm o mesmo prefixo grego, pro-. É possível que traidores dê um indício da disposição dos sectários para trair seus irmãos, e até mesmo dar informações contra eles; mas não ficamos sabendo noutros lugares de problemas entre a igreja e a autoridade civil, e não é necessário que cada item no catálogo, que em grande parte é convencional, deva ter uma referência exata. O homem que é atrevidonão se detém diante de nada para obter seus propósitos.
2 Timóteo 3.14-16
14. Paulo agora receita o remédio soberano contra serem enganados por tais charlatães, viz, a adesão leal à mensagem do evangelho em contraste com as novidades imaginativas (cf. 2:16) que vão mercadejando. Tu, porém, diz ele, contrastando Timóteo com os enganadores especiosos que acaba de mencionar,permanece naquilo que aprendeste, e de que foste inteirado. Sua confiança nestas verdades devia ter uma base dupla. Primeiramente, sabe de quem (o pronome está no plural no Grego) o aprendeste. Estas verdades da tradição cristã foram transmitidas a ele, não por aventureiros individualistas sagazes, para os quais ninguém pode ser fiador a não ser eles mesmos, mas, sim, por sua mãe e avó (cf. 1:5), o próprio Apóstolo, e outras testemunhas de fídedignidade comprovada; e deu seu assentimento firme a elas.
15. O segundo motivo para sua confiança deve ser a sólida base que recebeu na Escritura; desde a infância, conforme muito bem sabe, tem tido familiaridade com as sagradas letras. Esperava-se dos pais judeus que ensinassem aos seus filhos a Lei desde a idade de cinco anos. A expressão as sagradas letras (Gr. hiera grammatà) é achada somente aqui na Bíblia, onde o substantivo que denota a Escritura é normalmente graphè (singular ou plural). Os comentaristas têm feito esforços desne cessários para excogitar as razões para sua escolha na presente passagem, e a teoria menos plausível é que o plural abrange especificamente os escritos cristãos, inclusive as cartas do próprio Paulo, bem como o A.T. Aqueles que adotam este ponto de vista acreditam que o escritor pertencia à segunda quarta parte do século II, e que, portanto, deve-se esperar uma referência à literatura cristã autorizada. Mesmo com esta pressuposição, no entanto, (a) nada há na frase que dê a mínima sugestão dos escritos cristãos, e (b) é incrível, que o escritor, que, segundo se supõe, está fazendo o melhor que pode para representar o Apóstolo lembrando Timóteo da educação que recebeu na sua juventude, caísse num anacronismo tão desajeitado. Realmente, por sagradas letras Paulo quer dizer, é lógico, o A.T.; há evidência abundante de que esta era uma designação clássica para ele no judaísmo de fala grega (cf. Filo e Josefo). A ausência do artigo definido no Grego confirma que é usado de modo técnico. Seu uso da frase, no lugar da palavra mais usual graphê, está de acordo com sua predileção (ou a do seu amanuense) nestas cartas por uma linguagem idiomática mais rabínica. O A.T. era a única Escritura canônica para os cristãos bem como para os judeus na era apostólica, e por várias gerações depois. Irineu (c. de 180) foi o primeiro escritor a falar inequivocamente de um “Novo Testamento”; mas em data tão recuada quanto 2 Pe 3:15-16, as cartas de Paulo estavam sendo classificadas com “as demais Escrituras,” ao passo que para Inácio (c. de 110) “o evangelho” era uma autoridade ao passo que para Inácio (c. de 110) “o evangelho” era uma autoridade equivalente a “os profetas” (e.g. Smym. v.l; vii. 2). A razão porque os livros do A.T. são tão preciosos é porque podem tomar-te sábio para a salvação pela fé em CRISTO JESUS. Noutras palavras, transmitem, não simples fatos nem mesmo histór a sagrada, mas, sim, uma revelação do propósito salvífico de DEUS. A “sabedoria” referida ( o Grego tem o verbo: tomar-te sábio) é o profundo entendimento ou domínio que o crente normalmente possui, e é contrastada com ainsensatez dos mestres do erro, estigmatizada no v. 9. E esta apreensão vem pela fé em CRISTO JESUS. A chave à Escritura é CRISTO, e esta nada pode dizer aos homens até que O tenham recebido como Salvador e Senhor. Este, no cômputo geral, é o sentido mais provável das palavras finais, embora muitos prefiram entendê-las mais estreitamente com salvação. Segundo este ponto de vista, Paulo está enfatizando que a salvação sobre a qual o A.T. instrui os homens somente pode ser obtida mediante uma fé viva em CRISTO.
16. Paulo desenvolve sua doutrina do valor do A.T. numa frase que os comentaristas têm achado ambígua e frustradora. Toda Escritu ra, declara ele, é inspirada por DEUS e útil. . . Não precisa haver hesitação acerca do substantivo (Gr. graphê), pelo menos no que diz respeito à sua referência geral. Embora literalmente signifique “escrito” ou “livro” e possa concebivelmente abranger escritos ou livros em geral, tanto o contexto quanto o uso no N.T. requerem que tenha o sentido mais restrito deEscritura, i.é, o A.T. Muito mais difícil é a expressão total (Gr. pasa graphê), traduzida aqui Toda Escritura. No singular, graphê pode denotar (a) um livro da Escritura, (b)a Escritura na sua totalidade (e.g. G1 3:8, 22; Rm 11:1; cf. também 1 Tm 5:18), ou (c) uma passagem específica da Escritura (e.g. Mc 12:10; Jo 19:37; 20:9; At 8:35). O primeiro uso, freqüente no judaísmo helenístico, falta inteiramente no N.T., e provavelmente estamos justificados em exclui-lo aqui. Muitos preferem o segundo, e traduzem Toda Escritura, e a favor disto há o fato de que o Apóstolo está claramente pensando do A.T. na sua inteireza. Do outro lado, não há artigo definido no Grego aqui, e onde pas (= “todo” ou “cada”) é empregado com um substantivo no singular sem o artigo, usualmente significa “cada” ao invés de “totalidade” ou “todo.” O problema é complicado pelo fato de que não podemos ter certeza quão rigorosamente este dogma foi observado no koiné no século I, mas o equilíbrio do argumento parece favorecer Toda Escritura. Tendo falado de modo geral das sagradas letras, Paulo talvez agora esteja ansioso para enfatizar a importância delas em todas as passágens individuais que perfazem a totalidade. Tem havido, também, muita discussão acerca da construção da frase, pois não há verbo que corresponde a é no original. Visto que a partícula traduzida e tem o significado alternativo de “também,” inspirada por DEUS pode ser interpretado ou como predicado conforme supra, ou como um adjetivo qualificador (“Toda Escritura inspirada, é também útil. . .”). Os comentaristas que favorecem esta última interpretação argumentam que uma afirmação direta da inspiração da Escritura está fora de lugar aqui, visto que Timóteo presumivelmente nunca a duvidara e o objetivo de Paulo é ressaltar a utilidade do A.T. Mesmo assim, uma lembrança da sua origem divina é perfeitamente apropriada numa passagem que visa impressionar sobre seu discípulo o valor dela, tanto como a autenticação da mensagem cristã quanto como um instrumento pastoral. Uma decisão não é fácil, mas como apoio para a versão adotada pode ser argumentado que (a)parece natural, na ausência de um verbo, analisar os dois adjetivos da mesma maneira; (b) que a construção da frase é exatamente paralela com a de 1 Tm 4:4, onde os dois adjetivos são predicativos; (c) que se inspirada por DEUS fossse atributivo, dever/a- mos, nas circunstâncias, esperar que fosse colocado antes de Escritura, e, além do mais, “também” não teria razão de ser; e (d) que “Toda Escritura inspirada” parece conter uma insinuação qüe certas passagens da Escritura não são inspiradas. O adjetivo traduzido inspirada por DEUS (Gr. theopneutos) não ocorre em qualquer outra parte da Bíblia Grega, mas é achado quatro vezes na literatura grega pré-cristã e nos Oráculos Sibilinos. Significa literalmente “soprado para dentro por DEUS,” e expressa com exatidão o conceito da inspiração do A.T. que prevalecia entre os judeus do século I (cf. Josefo, C. Ap.' i. 37 ss.; Filo, Spec. leg. i. 65; iv. 49; Quis rer, div. 263 ss.). Á igreja o adotou na sua inteireza, conforme vemos na declaração em 2 Pe 1:21 de que, na profecia, “homens santos falaram da parte de DEUS movidos pelo ESPÍRITO SANTO,” Porque o próprio DEUS fala através dele, o A.T. é pastoralmente útil para o ensino, i.é, como fonte positiva de doutrina cristã (cf. o hábito de Paulo de constantemente reforçar sua mensagem com citações bíblicas); para a repreensão,i.é para refutar o erro e para repreender o pecado; para a correção, i.é, para convencer os mal-orientados dos seus erros e de colocá-los no caminho certo outra vez; epara a educação na justiça, i.é, para a educação construtiva na vida cristã. A palavra traduzida justiça (Gr. dikaiosunê) também significa “retidão;” para este sentido, cf. 2:22; 1 Tm 6:11 - também Rm 14:17; 2 Co 6:14; 11:15.
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