Lição 2, A Necessidade Universal da Salvação em CRISTO





Lição 2, A Necessidade Universal da Salvação em CRISTO

2º trimestre de 2016 - Maravilhosa Graça - O Evangelho de JESUS CRISTO Revelado Na Carta Aos Romanos
Comentarista da CPAD: Pr. José Gonçalves
Complementos, ilustrações, questionários e vídeos: Ev. Luiz Henrique de Almeida Silva

TEXTO ÁUREO
“Como está escrito: Não há um justo, nem um sequer.” (Rm 3.10)

VERDADE PRÁTICA
O pecado manchou toda a raça humana e somente o sangue de CRISTO é suficiente para purificá-la.
LEITURA DIÁRIA
Segunda - Rm 3.9 Todos os homens, depois da Queda, estão debaixo do pecado
Terça - Rm 3.10 Não há um nenhum justo sob a face da Terra, judeu ou gentio
Quarta - Rm 3.23 Todos pecaram e foram afastados da presença de DEUS
Quinta - Rm 3.20 Nenhum homem pode ser justificado diante de DEUS pelas obras da lei
Sexta - Rm 6.23 O castigo ou o salário para o pecado é a morte
Sábado - Rm 3.24 Somos justificados somente pela graça e redenção de JESUS CRISTO
 
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - Romanos 1.18-20,25-27; 2.1, 17-21
Rm 1.18 - Porque do céu se manifesta a ira de DEUS sobre toda impiedade e injustiça dos homens que detêm a verdade em injustiça; 19 - porquanto o que de DEUS se pode conhecer neles se manifesta, porque DEUS lho manifestou. 20 - Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder como a sua divindade, se entendem e claramente se veem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis;
25 - pois mudaram a verdade de DEUS em mentira e honraram e serviram mais a criatura do que o Criador, que é bendito eternamente. Amém! 26 - Pelo que DEUS os abandonou às paixões infames. Porque até as suas mulheres mudaram o uso natural, no contrário à natureza. 27 - E, semelhantemente, também os varões, deixando o uso natural da mulher, se inflamaram em sua sensualidade uns para com os outros, varão com varão, cometendo torpeza e recebendo em si mesmos a recompensa que convinha ao seu erro.
Rm 2.1 - Portanto, és inescusável quando julgas, ó homem, quem quer que sejas, porque te condenas a ti mesmo naquilo em que julgas a outro; pois tu, que julgas, fazes o mesmo.
17 - Eis que tu, que tens por sobrenome judeu, e repousas na lei, e te glorias em DEUS; 18 - e sabes a sua vontade, e aprovas as coisas excelentes, sendo instruído por lei; 19 - e confias que és guia dos cegos, luz dos que estão em trevas, 20 - instruidor dos néscios, mestre de crianças, que tens a forma da ciência e da verdade na lei; 21 - tu, pois, que ensinas a outro, não te ensinas a ti mesmo? Tu, que pregas que não se deve furtar, furtas?
 
OBJETIVO GERAL
Mostrar que o pecado manchou toda a raça humana, por isso, todos necessitam de salvação.
 
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Apontar a necessidade de salvação dos gentios;
Mostrar a necessidade de salvação dos judeus;
Explicar a necessidade de salvação da humanidade.
 
PONTO CENTRAL
O pecado afetou toda a raça humana, por isso, todos precisam de salvação.
 
COMENTÁRIO/INTRODUÇÃO
Na lição de hoje teremos a oportunidade de compreender que o pecado, em sua universalidade, atingiu os gentios, os judeus e toda a raça humana. Todos ficaram debaixo do impiedoso jugo do pecado. A necessidade de uma salvação universal, na pessoa de nosso Senhor JESUS CRISTO é um tema bastante claro na argumentação do apóstolo Paulo em Romanos 1.18 a 3.20.
Paulo nos mostra em Romanos que tanto os pagãos, que estavam nas trevas do pecado, quanto os judeus, que se orgulhavam de possuir a Lei divina entregue a Moisés no Sinai, estão sob o domínio do pecado. Veremos nesta lição que somente a revelação da justiça de DEUS em CRISTO JESUS é suficiente para salvar tanto os judeus quanto os gentios.
 
Resumo da Lição 2, A Necessidade Universal da Salvação em CRISTO
I - A NECESSIDADE DA SALVAÇÃO DOS GENTIOS (Rm 1.18-32)
1. A rejeição.
2. A revelação.
3. A punição.
II - A NECESSIDADE DE SALVAÇÃO DOS JUDEUS (Rm 2.1-3.8) 
1.Os judeus em relação aos gentios.
2. Os judeus em relação à Lei.
3. Os judeus em relação à aliança.
III - A NECESSIDADE DA SALVAÇÃO DA HUMANIDADE (Rm 3.9-20)
1. A universalidade e o jugo do pecado.
2. Valores e comportamentos.
 
SÍNTESE DO TÓPICO I Os gentios necessitam de salvação, pois também foram afetados pela Queda.
SÍNTESE DO TÓPICO II Os judeus, embora fosse o povo escolhido de DEUS, também necessitam de salvação.
SÍNTESE DO TÓPICO III Todos, judeus e gentios, pecaram e necessitam da salvação que só pode ser encontrada em JESUS CRISTO.
 
SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO top1
"Paulo retratou claramente a inevitável decadência em direção ao pecado. Primeiro, as pessoas rejeitaram a DEUS; em seguida, elaboraram seu conceito de como Ele deveria ser; depois cedem a toda espécie de iniquidades: ganância, ódio, inveja, crimes, lutas, engano, malícia; finalmente, chegam a odiar a DEUS e a encorajar os outros a fazerem o mesmo. Mas Ele não é o agente dessa progressão em direção ao mal. Quando as pessoas o rejeitam, DEUS permite que elas vivam como desejam. Permite que experimentem as consequências naturais dos pecados que praticam. Uma vez preso nesse movimento descendente rumo ao pecado, ninguém poderá libertar-se por suas próprias forças. Os pecadores devem confiar somente em CRISTO para libertá-los da destruição" (Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal, Rio de Janeiro: CPAD, p. 1553).
 
CONHEÇA MAIS
*A comunidade da aliança do Antigo Testamento
"Todo menino judeu era circuncidado ao 8º dia de nascimento. Assim, estava unido à comunidade da aliança do Antigo Testamento, a quem DEUS concedera a sua Lei. Possuir a Lei, entretanto, era inexpressivo, salvo se a pessoa a guardasse. Em breve Paulo irá demonstrar que não há quem possa cumprir às exigências de sua própria consciência, quanto mais as mais elevadas obrigações determinadas pela Lei de DEUS". Para conhecer mais leia Guia do Leitor da Bíblia, CPAD, p. 738.
 
SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO top2
"Bem sabemos que o juízo de DEUS é segundo a verdade" (Rm 2.2). Que podemos entender nessa declaração? O julgamento de DEUS é instituído aqui em razão dos pecados do paganismo e do falho moralismo dos judeus em condenar os gentios. A questão da condenação do pecado é uma só para todos. Uma vez que tenha pecado, qualquer um incorre na condenação de DEUS. Paulo declara que os gentios pecaram (1.18-32) e os judeus também pecaram (2.17-3.8). Portanto, uma vez que, tanto judeus como gentios pecaram, todos carecem da justiça de DEUS (3.9-20).
O judeu cria que possuía privilégio especial, e por isso poderia escapar do juízo já conhecido para os gentios, mas a realidade era que o juízo seria 'segundo a verdade'. Esta expressão 'segundo a verdade' significa que o julgamento divino seria conforme a culpa de cada um, baseada nos pecados cometidos por cada um. O judeu interpretava erradamente a misericórdia, pois imaginava como um ato de tolerância divina com o pecado.
[...] DEUS demonstrou aos judeus sua 'bondade, tolerância e longanimidade', a fim de que eles deixassem o pecado e se arrependessem. Mas não fizeram caso dessa 'riqueza' (2.4) e, por isso, por sua 'dureza e impenitência' (falta de arrependimento), e por julgarem negativamente o propósito divino, entesouraram para si 'ira para o dia da ira' (2.5). Qual é o dia da ira? É o dia do ajuste de contas. É o dia quando a balança julgadora de DEUS vai pesar nossos atos e, mediante seu peso, serão julgados. É o dia da retribuição ao pecado e da sua inevitável punição" (CABRAL, Elienai. Romanos: O Evangelho da Justiça de DEUS. 5.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2005, pp.39-40).
 
SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO top3
"Não há um justo, nem um sequer (3.9-18). Paulo havia argumentado que tanto os judeus quanto os gentios haviam pecado, e não alcançaram a glória de DEUS. Agora ele prova essa observação citando vários Salmos. Seus leitores judeus poderiam rejeitar seu argumento, mas dificilmente rejeitariam o veredicto das palavras que eles sabem que são palavras de DEUS.
'Tudo o que a lei diz aos que estão debaixo da lei o diz, para que toda boca esteja fechada e todo o mundo seja condenável diante de DEUS' (3.19,20). A palavra bupodikos foi usada no sentido legal de 'passível de punição'. A lei moral, na qual esperam o judeu e o gentio de boa moral, provou não ser uma fonte de esperança, e sim o padrão pelo qual foi estabelecido o insucesso deles. Assim, a lei não é marco de estrada nos direcionando à recompensa divina, mas espelho que, quando usado corretamente, nos revela nossos pecados" (RICHARDS, Lawrence. Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento. 7.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2012, p. 292).
 
PARA REFLETIR
A respeito da Carta aos Romanos, responda:
Segundo a lição em que culmina a atitude de rebelião contra DEUS?
Essa atitude de rebelião contra DEUS culmina com a adoração idólatra que põe a criatura em lugar do Criador.
A ignorância espiritual conduz a quê?
A ignorância espiritual conduz à idolatria religiosa.
Os judeus moralistas estavam em melhor situação espiritual que os gentios?
Não. A argumentação de Paulo é que tanto os gentios como os judeus sem CRISTO estão debaixo da condenação do pecado (Rm 3.9).
O que produziu o conhecimento da Lei, sem a devida interiorização das normas e preceitos?
Apenas o conhecimento da letra da Lei, sem a devida interiorização das suas normas e preceitos, conduziu o judaísmo a um moralismo estéril e farisaico.
Segundo Paulo, qual a vantagem de ser judeu?
Muita, em toda a maneira, porque, primeiramente, as palavras de DEUS lhe foram confiadas" (Rm 3.1,2).
 
CONSULTE - Revista Ensinador Cristão - CPAD, nº 66, p. 37.
 
Comentários de vários autores com alguma modificações do EV. Luiz Henrique
Pontos difíceis e polêmicos
 
Deut 30.14 Mas a palavra está mui perto de ti, na tua boca, e no teu coração, para a cumprires. 
15Vê que hoje te pus diante de ti a vida e o bem, a morte e o mal. 16 Se guardares o mandamento que eu hoje te ordeno de amar ao Senhor teu DEUS, de andar nos seus caminhos, e de guardar os seus mandamentos, os seus estatutos e os seus preceitos, então viverás, e te multiplicarás, e o Senhor teu DEUS te abençoará na terra em que estás entrando para a possuíres. 17 Mas se o teu coração se desviar, e não quiseres ouvir, e fores seduzido para adorares outros deuses, e os servires, 18 declaro-te hoje que certamente perecerás; não prolongarás os dias na terra para entrar na qual estás passando o Jordão, a fim de a possuíres.
 ESCOLHA - Vê que hoje te pus diante de ti a vida e o bem, a morte e o mal.
Foi dai que Paulo tirou Romanos 10.8, 9 (O ESPÍRITO SANTO o levou a revelação da salvação no livre arbítrio. ---- Mas que diz? A palavra está junto de ti, na tua boca e no teu coração; esta é a palavra da fé, que pregamos, A saber: Se com a tua boca confessares ao Senhor JESUS, e em teu coração creres que DEUS o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo.
Romanos 10:8,9
 
Esse "SE" comanda tudo. Se confessa e crê é salvo e Se não confessa e não crê é condenado.
 
PAULO, CIDADÃO DETARSO E ROMANO E JUDEU
"Quanto a mim, sou judeu, nascido em Tarso da Cilícia, e nesta cidade criado aos pés de Gamaliel, instruído conforme a verdade da lei de nossos pais, zeloso de DEUS, como todos vós hoje sois." Atos 22:3 - Para você entender melhor ainda - Nascido em Tarso (cidade- era Tarciano), Na Cilícia (região da Ásia - era Ciliciano - hoje é país Turquia), Como era filho de pai e mãe Judeus e todo filho de judeu é judeu não importando em qualquer parte do mundo nasceu, então era judeu também. Como tarso pertencia ao território dominado por Roma e era uma colônia de Roma, então Paulo era também cidadão romano, título recebido de nascença por ter nascido em uma colônia romana.
 
Lição 2: A depravação dos gentios - 2º Trimestre de 1998 - Título: Romanos — O Evangelho da justiça de DEUS
Comentarista: Esequias Soares da Silva -

TEXTO ÁUREO 
“Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de DEUS” (Rm 3.23).

VERDADE PRÁTICA 
Apesar da pecaminosidade humana, todos podem ser alcançados pela fé em CRISTO JESUS.

LEITURA DIÁRIA 
Segunda — Mc 7.21-23 O que contamina o homem vem de seu próprio interior
Terça — 1Co 6.9,10; 2Co 12.20 Lista de pecados de Corinto
Quarta — Gl 5.19-21 Lista de pecados da Galácia
Quinta — Ef 5.3-6 Devemos nos afastar do pecado
Sexta — Cl 3.5,8,9 Devemos estar revestidos do novo homem
Sábado — 2Tm 3.2-5 Pecados dos últimos dias

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - Romanos 1.18-32.
18 — Porque do céu se manifesta a ira de DEUS sobre toda a impiedade e injustiça dos homens que detêm a verdade em injustiça; 19 — porquanto o que de DEUS se pode conhecer neles se manifesta, porque DEUS lho manifestou. 20 — Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder como a sua divindade, se entendem e claramente se veem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis; 21 — porquanto, tendo conhecido a DEUS, não o glorificaram como DEUS, nem lhe deram graças; antes, em seus discursos se desvaneceram, e o seu coração insensato se obscureceu. 22 — Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos. 23 — E mudaram a glória do DEUS incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, e de aves, e de quadrúpedes, e de répteis. 24 — Pelo que também DEUS os entregou às concupiscências do seu coração, à imundícia, para desonrarem seu corpo entre si; 25 — pois mudaram a verdade de DEUS em mentira e honraram e serviram mais a criatura do que o Criador, que é bendito eternamente. Amém! 26 — Pelo que DEUS os abandonou às paixões infames. Porque até as suas mulheres mudaram o uso natural, no contrário à natureza. 27 — E, semelhantemente, também os varões, deixando o uso natural da mulher, se inflamaram em sua sensualidade uns para com os outros, varão com varão, cometendo torpeza e recebendo em si mesmos a recompensa que convinha ao seu erro. 28 — E, como eles se não importaram de ter conhecimento de DEUS, assim DEUS os entregou a um sentimento perverso, para fazerem coisas que não convêm; 29 — estando cheios de toda a iniquidade, prostituição, malícia, avareza, maldade; cheios de inveja, homicídio, contenda, engano, malignidade; 30 — sendo murmuradores, detratores, aborrecedores de DEUS, injuriadores, soberbos, presunçosos, inventores de males, desobedientes ao pai e à mãe; 31 — néscios, infiéis nos contratos, sem afeição natural, irreconciliáveis, sem misericórdia; 32 — os quais, conhecendo a justiça de DEUS (que são dignos de morte os que tais coisas praticam), não somente as fazem, mas também consentem aos que as fazem.

PONTO DE CONTATO
Você tem identificado as maravilhas de DEUS manifestas na criação? Já percebeu o que DEUS tem feito em sua vida por causa da salvação? Veja se consegue enumerar as principais experiências de seu relacionamento com DEUS e esteja pronto para compartilhar com seus alunos durante a aula. Por certo eles poderão fazer o mesmo, e receberão as bênçãos que estão reservadas para eles no plano eterno de DEUS.

OBJETIVOS - Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
Diferenciar a ira divina da ira dos homens.
Identificar a origem da idolatria e da imoralidade na vida dos homens.
Enumerar as provas da existência de DEUS.
Construir para si novas estratégias de ação a fim de viver justificado por DEUS neste mundo depravado e distanciado do evangelho.

SÍNTESE TEXTUAL
Estudaremos nesta lição a consequência da escolha errada feita pelos homens, prefigurados aqui pelos gentios que representam a humanidade amada por DEUS, porém, decaída e entregue a si mesma para sua própria condenação. Como consequência desta situação, DEUS derrama sua ira sobre o homem, que passa a colher os amargos frutos de seu próprio plantio. Paulo começa, então, pelos gentios a mostrar que toda a humanidade está sujeita ao pecado e, portanto, sob a ira de DEUS.

ORIENTAÇÃO DIDÁTICA
Para facilitar o entendimento desta lição use a técnica de audiovisual, desenhando numa folha de papel ofício branca, um pequeno ponto preto no centro. Pergunte à classe o que estão vendo. Com certeza dirão um ponto preto. O seu objetivo será demonstrar que vemos sempre o que é sujo, feio e mau feito, mesmo sendo pequeno, esquecendo-nos do belo que está a nossa volta, que é imensamente maior. As obras de DEUS são grandiosas, visíveis e, às vezes, não as percebemos. Se, contudo, escolhermos ter conhecimento de DEUS e procurar obedecer-lhe, seremos diferentes neste mundo. Não nos contaminaremos com o que é mundano, mas, seremos limpos, justos e puros. Assim agradaremos a DEUS e viveremos as consequências desta comunhão.

COMENTÁRIO - INTRODUÇÃO 
O estudo de hoje é sobre a condição dos gentios diante de DEUS. Nesse texto, eles representam a raça humana. O apóstolo discorre sobre o assunto, mostrando a pecaminosidade humana e realçando a justiça divina.

I. A MANIFESTAÇÃO DA IRA DE DEUS 
1. Ira. A palavra grega traduzida por “ira” é orge, e aparece 12 vezes em Romanos (1.18; 2.5,8; 3.5; 4.15; 5.9; 9.22; 12.19; 13.4,5). Convém que se saiba que a ira de DEUS é a reação de Sua santidade diante da impiedade, muito diferente da ira dos homens, que é egocêntrica, carregada de ódio e paixão. Esse tipo de ira não é apropriada para a natureza divina.
2. A ira de DEUS sobre o pecado. É a reação divina sobre o pecado. A Bíblia exemplifica a ira de DEUS no passado: Dilúvio (Gn 6.17; Mt 24.37-39), Sodoma e Gomorra (Lc 17.28-30). Fala também da ira futura (1Ts 1.10) — julgamento das nações (Mt 25.32), Juízo Final (Ap 20.1-15), etc.
3. A ira de DEUS na história. Como a graça salvadora não é manifestada na consumação dos séculos, mas na experiência humana, assim também a ira de que fala o apóstolo, não é a futura. E a ira manifesta na vida dos homens ao longo de sua história. Veja que três vezes o apóstolo Paulo diz que DEUS “os entregou” (vv.24,26,28). Isso mostra a atuação da ira divina neste mundo. Como disse Friedrich Schiller: “A história do mundo é o juízo do mundo”.
4. Impiedade e injustiça. A impiedade, aqui, diz respeito ao descaso que o homem faz de DEUS, e a injustiça fala da conduta pecaminosa humana. Dessa maneira, a raça humana, por rejeitar a DEUS e viver na injustiça, detém a verdade. “Deter” significa “impedir”, e isso perverte a verdade, transformando-a em mentira.

II. A IDOLATRIA 
1. Definição. A palavra “idolatria” vem de duas palavras gregas: eidolon, que significa “ídolo”, e latreuo, que significa “adorar, servir, prestar serviço sagrado”. A idolatria, portanto, consiste em cultuar ao ídolo, e é consequência da apostasia geral do ser humano. A avareza é uma forma de idolatria (Ef 5.5; Cl 3.5). Tudo aquilo que o homem ama mais do que a DEUS, torna-se o seu deus (Fp 3.19).
2. Origem da idolatria. Essa prática era desconhecida no mundo pré-diluviano. A Bíblia fala de violência, maldade e corrupção (Gn 6.5,11,12). Não menciona a idolatria. Esta começou com Ninrode, o construtor da Torre de Babel (Gn 10.9-12). Foi o primeiro a ser adorado como deus. Sua mulher, Semíramis, é a mãe de Adônis, ou Tamuz, divindade de Babilônia (Ez 8.14).
As migrações humanas partiram de Babilônia para todos os quadrantes da terra, levando consigo suas crenças e divindades. Babilônia é, pois, o berço da idolatria.
3. Provas da existência de DEUS (vv.19,20). O Salmo 19 apresenta os três livros que provam a existência de DEUS: o universo que DEUS criou (1-6), a Bíblia (7-10) e o testemunho do cristão (11-14). Como o apóstolo está falando dos gentios, que não têm lei, (Rm 2.14), ele apresenta, aqui, a lei natural ou teologia natural.
As coisas invisíveis de DEUS são claramente vistas como recursos que Ele proveu para que o homem reconheça a existência do Criador: “para que eles fiquem inescusáveis” (v.20). Por isso, ninguém pode alegar ignorância. O mais obtuso dentre os homens é capaz de reconhecer a existência de DEUS, considerando as coisas que Ele criou.
4. O homem rejeitou a DEUS (v.21). Todos os homens vieram de um só casal. Adão e Eva tinham acesso a DEUS e o conheciam. A luz de Gênesis 5 e 11, a vida de Metusalém coincidiu 243 anos com a de Adão, e 600 anos com a de Noé, e a vida de Sem coincidiu mais de 50 anos com a de Abraão. Assim, o conhecimento de DEUS passou para toda a humanidade. Aos poucos, porém, os homens foram se fechando para DEUS, e afastando-se cada vez mais dEle. Isso levou a raça humana à idolatria.
Sim, o homem caiu na idolatria ao recusar-se a tributar honra, glória e graças ao Criador.
A expressão seus discursos denota a alta confiança dos homens em seus raciocínios e argumentos artificiais, misturando discurso filosófico com iluminação espiritual, como o fazem hoje os adeptos da Nova Era e das demais seitas. Por causa desse orgulho, seu coração obscureceu-se, ficando destituído de entendimento espiritual e mergulhado em trevas medonhas.
5. Substituiu a criatura pelo Criador (vv.22,23). Os gentios recusaram-se a reconhecer a fonte de sabedoria, que é DEUS. Os materialistas orgulham-se de seus conhecimentos, fazendo-se sábios a seus próprios olhos, mas a Bíblia diz que eles tornaram-se loucos, pois somente “o temor do Senhor é o princípio da sabedoria” (Jó 28.28; Sl 111.10; Pv 1.7; 9.10; 15.33).
Essa loucura levou-os à idolatria. O v.23 é uma citação do Salmo 106.20. Assim como os hebreus cultuaram a um bezerro em lugar de DEUS, dando ao animal a glória que pertence exclusivamente a DEUS, da mesma maneira fizeram os gentios.

III. A IMORALIDADE 
1. Perversão sexual. A idolatria leva o homem à imoralidade. O que o apóstolo introduz no v.24, esclarece nos vv.26 e 27. Inclui como consequência dessa apostasia o homossexualismo, tanto masculino como feminino. Há sete passagens bíblicas que fazem menção do homossexualismo, e todas condenando ou mostrando tal prática como algo degradante e abominável (Gn 19.1-11; Lv 18.22; 20.13; Jz 19.22-25; Rm 1.25-27; 1Co 6.9,10; 1Tm 1.9,10).
2. A sociedade moderna. À medida que o tempo vai passando, a sociedade vai se tornando cada vez mais permissiva, e os homens vão se afastando cada vez mais de DEUS. Para nossa perplexidade, há pseudocrístãos alegando tais práticas como coisa natural. O apóstolo Paulo declara que “DEUS os entregou às paixões infames”, porque não reconheceram a DEUS. Declara, ainda, tais práticas como “torpeza”..., uso desnatural, “contrário à natureza”. Diz em outro lugar que os tais não herdarão o reino de DEUS (1Co 6.9; Gl 5.19-21).
3. Satanismo e perversão sexual. Satanás é o principal promotor da prostituição. Desde os tempos do Antigo Testamento que a sodomia e outras formas de prostituição estiveram ligadas ao culto pagão. Os pagãos praticavam, nesses rituais, o que se chama “prostituição sagrada”. Essas práticas são comuns nos cultos satânicos, pois o objetivo do Diabo é perverter a ordem das coisas. Tudo o que é perversão é uma afronta a DEUS (Is 5.20,21).

IV. CATÁLOGO DE PECADOS 
Nos vv.29-31, do capítulo 1, o apóstolo apresenta a mais longa lista de pecados encontrada em todas as suas epístolas. A depravação dos gentios é a fotografia da humanidade corrupta, sem DEUS. Esses pecados são inerentes à natureza pecaminosa do homem (Mc 7.21-23). Nos versículos já citados (29-31) acha-se uma lista de 22 pecados, encabeçada pela palavra “iniquidade”, retratando a presente sociedade incrédula e distanciada de DEUS.

CONCLUSÃO 
O quadro funesto e aterrorizador em que se encontra o homem é mostrado nesta lição pelo apóstolo. Isso serve também para mostrar de onde viemos e, dessa forma, conscientizar cada crente da graça e da bondade de DEUS. Sejamos agradecidos a Ele por sua provisão quanto à nossa completa e eterna redenção em CRISTO JESUS.

VOCABULÁRIO
 Contemporâneo: Que é do mesmo tempo, que vive na mesma época.
Depravação: Ato ou efeito de depravar (-se); perversão, corrução; degeneração mórbida.
Detrator: Aquele que difama, infama; detrata.
Inescusáveis: Que não se pode escusar ou dispensar; indesculpável.

AUXÍLIOS SUPLEMENTARES 
Subsídio Teológico 
“Antes de Paulo desenvolver mais o modo pelo qual a forma de justiça de DEUS é exposta no Evangelho, ele mostra por que é tão urgentemente necessário que se conheça o meio de ficar certo para com DEUS. Como as coisas são, os homens estão ‘no errado’ para com DEUS, e Sua ira se revela contra eles. Na vida há uma lei moral segundo a qual os homens são deixados entregues às consequências do curso de ação que eles mesmos escolheram livremente. E a menos que essa tendência seja invertida pela graça divina, a situação deles irá de mal a pior. Três vezes aí ocorrem as palavra de condenação: ‘Por isso DEUS os entregou...’ (vv.24,26,28).
O objetivo de Paulo é demonstrar que a humanidade toda está moralmente arruinada, incapaz de conseguir um veredito favorável no tribunal do juízo de DEUS, em desesperada necessidade de Sua misericórdia e perdão.
Ele começa tratando de uma área da vida humana cuja falência moral era objeto de acordo geral entre os moralistas da época — a grande massa do paganismo contemporâneo de Paulo. O quadro que desenha é feio deveras. Não porém mais feio do que o quadro que disso vemos na literatura pagã contemporânea. Qual é a causa, pergunta ele, desta pavorosa condição que se desenvolveu no mundo? Donde vêm estas vergonhosas perversões, esta encarniçada inimizade entre homem e homem? Tudo surge, diz ele, de ideias errôneas a respeito de DEUS. E essas ideias errôneas não surgiram inocentemente. O conhecimento do DEUS verdadeiro era acessível aos homens, mas eles fecharam suas mentes para ele. Em vez de apreciarem a glória do Criador ao contemplarem o universo que Ele criou, davam a coisas criadas aquela glória que pertencia somente a DEUS” (Romanos, Introdução e Comentário. F. F. Bruce). 

Subsídio Devocional 
O problema humano não é a ignorância, mas a oposição a DEUS. O problema não é que o homem não conheça a DEUS, mas sim, que, tendo conhecido, decidiu não glorificá-lo. “Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos” (Rm 1.22). O apóstolo Paulo assegura, por sua declaração, que DEUS sempre tem oferecido evidência de sua verdade “desde a criação do mundo”. No entanto, este não é o ponto que interessa ao apóstolo. Na verdade, o que Paulo estabeleceu é que DEUS tem revelado sua verdade mas o homem sempre se opôs a ela. Então, Paulo declara categoricamente que os homens, apesar de haver “conhecido a DEUS, não o glorificaram como DEUS, nem lhe deram graças” (Rm 1.21). Só há uma esperança para os homens: voltarem-se para DEUS e à sua verdade. Quando o homem busca estabelecer sua própria verdade independente de DEUS, o resultado inevitável é a degradação, a destruição da maravilhosa criação de DEUS, projetada por Ele para viver em glória, mas condenada à morte e à corrupção por causa do pecado.

Subsídio Bibliológico 
O comentário da Bíblia de Estudo Pentecostal destaca no texto sagrado a ira divina em três tempos: “No passado, a ira de DEUS e seu ódio ao pecado revelou-se através do dilúvio (Gn 6-8), da fome e da peste (Ez 6.11ss). do abrasamento da terra (Dt 29.22,23), da dispersão do seu povo (Lm 4.16) e de incêndio através da terra (Is 9.18,19).
No presente, a ira de DEUS é vista quando Ele entrega os ímpios à imundícia e às vis paixões e leva à ruína e à morte todos quantos persistem em lhe desobedecer (Rm 1.18-3.18; Ez 18.4; Ef 2.3).
No futuro, a ira de DEUS incluirá a Grande Tribulação para os ímpios deste mundo (Mt 24.21; Ap 6-19) e um dia vindouro de juízo para todos os povos e nações (Ez 7.19; Dn 8.19) — ‘dia de alvoroço e de desolação, dia de trevas e de escuridão’ (Sf 1.15), um dia de prestação de contas para os iníquos (Rm 2.5; Mt 3.7; Lc 3.17; Ef 5.6; Cl 3.6; Ap 11.18; 14.8-10; 19.15). Por fim, DEUS manifestará sua ira mediante o castigo eterno sobre os que não se arrependerem”.
 
 Lição 3: O fracasso espiritual dos judeus - 2º Trimestre de 1998 
Título: Romanos — O Evangelho da justiça de DEUS - Comentarista: Esequias Soares da Silva
 
TEXTO ÁUREO
 “Pois que? Somos nós mais excelentes? De maneira nenhuma! Pois já dantes demonstramos que, tanto judeus como gregos, todos estão debaixo do pecado” (Rm 3.9).
 
VERDADE PRÁTICA 
Não obstante serem o povo eleito de DEUS, os judeus rejeitaram a graça que fora anunciada na lei e nos profetas.
 
 LEITURA DIÁRIA
Segunda — Rm 3.1-4 A incredulidade dos judeus não anula a fidelidade de DEUS
 Terça — Rm 11.28 Os judeus tornaram-se inimigos do evangelho por causa dos gentios
 Quarta — 1Ts 2.14-16 Os judeus não agradam a DEUS e são contrários a todos os homens
 Quinta — Jr 30.11 A eleição de Israel não isenta os judeus do castigo divino
 Sexta — Gn 12.1-4 O antissemitismo é condenado pela Palavra de DEUS
 Sábado — Hb 6.13-18 A eleição de Israel é uma determinação divina e por isso é imutável
 
 LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - Romanos 2.1-16.
1 — Portanto, és inescusável quando julgas, ó homem, quem quer que sejas, porque te condenas a ti mesmo naquilo em que julgas a outro; pois tu, que julgas, fazes o mesmo.
2 — E bem sabemos que o juízo de DEUS é segundo a verdade sobre os que tais coisas fazem.
3 — E tu, ó homem, que julgas os que fazem tais coisas, cuidas que, fazendo-as tu, escaparás ao juízo de DEUS?
4 — Ou desprezas tu as riquezas da sua benignidade, e paciência, e longanimidade, ignorando que a benignidade de DEUS te leva ao arrependimento?
5 — Mas, segundo a tua dureza e teu coração impenitente, entesouras ira para ti no dia da ira e da manifestação do juízo de DEUS,
6 — o qual recompensará cada um segundo as suas obras,
7 — a saber: A vida eterna aos que, com perseverança em fazer bem, procuram glória, e honra, e incorrupção;
8 — mas indignação e ira aos que são contenciosos e desobedientes à verdade e obedientes à iniquidade;
9 — tribulação e angústia sobre toda a alma do homem que faz o mal, primeiramente do judeu e também do grego;
10 — glória, porém, e honra e paz a qualquer que faz o bem, primeiramente ao judeu e também ao grego;
11 — porque, para com DEUS, não há acepção de pessoas.
12 — Porque todos os que sem lei pecaram sem lei também perecerão; e todos os que sob a lei pecaram pela lei serão julgados.
13 — Porque os que ouvem a lei não são justos diante de DEUS, mas os que praticam a lei hão de ser justificados.
14 — Porque, quando os gentios, que não têm lei, fazem naturalmente as coisas que são da lei, não tendo eles lei, para si mesmos são lei,
15 — os quais mostram a obra da lei escrita no seu coração, testificando juntamente a sua consciência e os seus pensamentos, quer acusando-os, quer defendendo-os,
16 — no dia em que DEUS há de julgar os segredos dos homens, por JESUS CRISTO, segundo o meu evangelho.
 
 PONTO DE CONTATO
 Estamos na terceira lição da Epístola de Paulo aos Romanos. Você já tem percebido algumas mudanças na vida de seus alunos em função das lições anteriores? Não?
Então ore, jejue e continue se preparando para que o seu trabalho seja, realmente, eficaz.
 
OBJETIVOS - Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
Identificar que o juízo de DEUS é segundo a verdade independente de outras condições como, posição social, riqueza, nacionalidade, religiosidade, etc.
Compreender que, diante de DEUS, seja gentio ou judeu, todos são pecadores.
Conscientizar-se de que o juízo de DEUS sobre gentios e judeus é com imparcialidade e equidade.
Decidir submeter-se cada vez mais a DEUS, para que a sua consciência seja sempre dirigida por Ele.
 
SÍNTESE TEXTUAL 
Os judeus se achavam superiores e com direito de julgar a todos por serem descendentes de Abraão e detentores da lei. Mas, neste capítulo o apóstolo discorre sobre a incoerência deles, mostrando-lhes que são inescusáveis por conhecerem a lei e não praticá-la. Vemos a imparcialidade do julgamento divino, quando coloca a todos sob a condenação do pecado, tanto judeus como gentios, para que aceitem a justiça de DEUS pela fé em CRISTO JESUS.
 
ORIENTAÇÃO DIDÁTICA 
Comece a lição de maneira gostosa e descontraída. Um ambiente alegre pode aumentar muito o índice de aprendizagem. Nesta lição você pode usar uma parábola para introduzir o assunto. Podemos pedir que um dos alunos leia Lc 7.40-43.
Depois da leitura pergunte-lhes: A quem DEUS cobrará mais? A resposta deverá ser: a quem Ele der mais. Neste ponto deveremos aproveitar para fazer correlação com a nossa aula, explicando-lhes que os judeus eram detentores da lei. Então, DEUS os havia dado muito, mas também cobraria muito deles, e não os constituía juízes dos povos. Porém, deveriam exercer misericórdia para com os que desconheciam ou conheciam pouco a vontade de DEUS. Não esqueça de fazer aplicação para a igreja de hoje, mostrando-lhes que, semelhantemente ao recebermos a missão de levar o evangelho ao mundo, somos responsáveis diante de DEUS pela salvação dos homens.
 
COMENTÁRIO/INTRODUÇÃO 
Na lição passada, estudamos a depravação generalizada dos gentios denunciada pelo apóstolo Paulo. Mas qual a situação dos judeus? Embora reprovassem o pecado dos gentios, continuaram indesculpáveis diante de DEUS.
 
I. CONSIDERAÇÕES GERAIS 
1. Os judeus. A conjunção “portanto”, no v.1, mostra a ligação com o texto anterior. O judeu é identificado, aqui, como aquele que condena pronta e energicamente os pecados dos gentios. Todavia, o apóstolo mostra que eles também são inescusáveis: embora acusem os gentios, praticam os mesmos pecados e iniquidades.
2. Judeus e gentios. A primeira parte do capítulo 2 (vv.1-16), diz respeito aos judeus como inescusáveis diante de DEUS, transgressores da lei divina, tanto quanto aos gentios (ver os vv.9,10,11), já a segunda parte do mesmo capítulo (vv.17-29) diz respeito diretamente aos judeus como inescusáveis. Paulo evidencia a partir deste capítulo o modo de DEUS lidar com a raça humana no seu todo. Ou seja: diante de DEUS, seja gentio ou judeu, todo mundo é escravo do pecado.
3. Caráter universal da mensagem divina. Havia entre os pagãos muitos moralistas. Isso significa que tantos os devassos como os moralistas estão sob o pecado. Trazendo essa situação para a atualidade, vemos que tantos os iníquos, identificados em Romanos 1.18-32, como os pecadores “respeitáveis” — religiosos e moralistas, identificados em Romanos 2, precisam nascer de novo, necessitam de um encontro pessoal e transformador com JESUS (Jo 3.3).
 
 II. O JUÍZO DE DEUS 
1. Juízo segundo a verdade (vv.2,3). DEUS é DEUS de justiça e de verdade. É estultícia imaginar que é possível escapar do juízo divino por condenar os pecados dos outros. Infelizmente, há quem aponte os erros alheios como se isso viesse a resolver seus problemas (Mt 7.1-5). Paulo apresenta, aqui, dois grupos: os gregos e os judeus. Ambos mostram que DEUS reprova as pessoas manifestamente iníquas. O primeiro por se considerar “melhor” ao pertencer a uma determinada raça, civilização, cultura ou educação considerada superior (2.1-16). O segundo por se escudar em sua religião (2.17-29). Saiba-se, porém, que o juízo de DEUS independe de tudo isso, ele é “segundo a verdade” (v.2).
2. Juízo segundo a culpa acumulada (v.5). Os judeus achavam que, por conhecerem a misericórdia de DEUS, não seriam julgados como os gentios. Não se deram conta de que a bondade de DEUS era para levá-los ao arrependimento (v.4). Eles falharam em não aproveitar a benignidade divina e, com isso, acumularam, como tesouro, a ira de DEUS. “Dia da ira e da manifestação do juízo de DEUS” apresenta seus indícios na atualidade, conforme estudamos na lição passada (Sl 7.11), mas a manifestação plena do juízo está reservada para o dia da ira (Tg 5.3).
3. Conforme as obras (vv.6,7). E verdade que as obras não salvam, mas elas dão a evidência pública que servem como instrumento para DEUS julgar (Pv 24.12). O juízo, segundo a obra de cada um, é um princípio divino baseado na justiça, e não podia ser diferente. É outra maneira da expressão da lei da sementeira (Gl 6.7).
Não confundir, portanto, a doutrina paulina da salvação pela fé. O apóstolo não está ensinando a salvação pelas obras, mas salientando a imparcialidade do julgamento divino sobre gentios e judeus. Caso contrário, o apóstolo estaria numa contradição insuperável (Rm 1.17; Gl 3.11; Ef 2.8,9; Tt 3.5). Devemos entender “vida eterna aos que, com perseverança em fazer bem, procuram glória, honra e incorrupção” (v.7) como resultado da vida cristã — fruto do ESPÍRITO (Gl 5.22). 
 
III. O JUDEU 
1. O que é um judeu? Responde o rabino Morris Kertzer: “É muito difícil encontrar uma simples definição do que é um judeu. Judeu é todo aquele que aceita a fé judaica. Esta é a definição religiosa. Judeu é aquele que, não tendo afiliação religiosa formal, considera os ensinamentos do Judaísmo — sua ética, seus costumes, sua literatura — como propriedade sua. Esta é a definição cultural. Judeu é aquele que se considera judeu ou que assim é considerado pela sua comunidade. Esta é a definição prática”.
No Novo Testamento, o termo “judeus” indica todo o povo de Israel que tem Abraão como pai (Jo 8.56,57).
2. Judaísmo. E uma religião que veio de DEUS, através de Moisés no monte Sinai. Em nenhum momento JESUS e Paulo desrespeitaram essa religião. O conceito que os rabinos tinham do Judaísmo era calcado no Talmude, que era em si um fardo insuportável (Gl 1.13,14).
Paulo conhecia profundamente o Judaísmo. JESUS disse que não se pode costurar remendo novo em vestido velho, nem colocar vinho novo em odres velhos (Mt 9.16,17; Mc 2.21,22). Na visão do apóstolo, o judeu precisava despir-se do velho homem, e aceitar a justiça de DEUS pela fé em CRISTO. Os judeus rejeitaram essa provisão divina para a salvação, por isso Paulo critica a hipocrisia dos judeus.
3. O orgulho do judeu (vv.8-10). A responsabilidade dos judeus é maior do que a dos gentios por causa de seus pendores religiosos e das bênçãos espirituais que DEUS lhes conferiu (Rm 9.4,5). Como as bênçãos divinas foram dirigidas primeiramente aos judeus, o julgamento há de vir na mesma proporção (vv.9,10).
 
 IV. OS GENTIOS 
1. O Juiz. Antes de tudo, convém salientar que o justo Juiz de toda a terra saberá fazer justiça (Gn 18.25). “Porque, para com DEUS não há acepção de pessoas” (Rm 2.11; Dt 10.17; At 10.34). Seu juízo é segundo a verdade, e independe de condições externas como posição social, riqueza, nacionalidade, etc. Por isso, os judeus não devem esperar nenhum tratamento especial no dia do juízo. O apóstolo não está enfatizando a culpa do judeu, mas defendendo a equidade do juízo divino.
2. A obra de cada um (vv.12-14). JESUS disse: “Haverá menos rigor para os de Sodoma, no Dia do Juízo, do que para ti” (Mt 11.24). Isso mostra que há graus de castigo no juízo divino. Assim como há escalonamento no galardão dos salvos (Ap 22.12), da mesma forma haverá também graus de punição para os condenados.
Os judeus incrédulos serão condenados pela própria lei, pois foram agraciados por DEUS pela lei escrita — a luz maior. Os gentios, por outro lado, terão um julgamento proporcional à luz natural — luz menor. Como não tiveram acesso à lei, serão julgados pela luz de sua consciência.
3. A consciência (vv.15,16). É a faculdade inata no ser humano capaz de discernir entre o bem e o mal. É a lei de DEUS nos corações. Se nos incrédulos é o testemunho capaz de convencer o homem natural entre o certo e o errado, quanto mais nos crentes! Temos a consciência iluminada pelo ESPÍRITO SANTO e gravada pela graça! (Jr 31.33). Todo o conteúdo a partir do v.6, é resumido no v.16. JESUS CRISTO é o Juiz de todos os homens (At 17.31; 2Co 5.10) e conhece o mais profundo do coração dos homens. 
 
CONCLUSÃO
Os judeus servem de aviso para todos nós. Muitas vezes nos orgulhamos por motivos infundados (por exemplo: orgulharmo-nos do pentecostalismo), quando deveríamos cuidar sempre da obra da evangelização e de buscarmos o poder do ESPÍRITO SANTO, e, assim, não corremos o risco de perder as bênçãos de DEUS.
 
 AUXÍLIOS SUPLEMENTARES 
Subsídio Teológico - O v.11 diz: “porque, para com DEUS, não há acepção de pessoas”. O julgamento divino para com os homens é de acordo com a sua resposta à revelação divina. A verdade de DEUS se manifesta em diferentes maneiras. No entanto, esta diferença não causa nenhuma mudança na justiça de DEUS. O que interessa é que DEUS manifesta a sua verdade aos homens e Ele espera deles uma resposta positiva: aceitar a verdade, obedecer a DEUS. glorificá-Lo é dar-Lhe graças.
O v.13 emprega dois verbos chaves para a compreensão do ensino de Paulo quanto à relação judeu — lei: ouvir e praticar. A justiça de DEUS não era para os que apenas escutaram a lei, mas para os que se arrependeram (“praticam”). Praticar significa dar resposta com fé à oferta divina de justificação. E impossível para todos os homens, tanto judeus quanto os gentios, cumprirem integralmente a lei, mas crer em DEUS que c capaz de conceder a justificação é possível. Por isso. DEUS não faz acepção de pessoas. Ele justifica os que são “praticantes”, seja dentro (judeus) ou fora (gentios) da lei. Praticantes da lei, aqui, não é praticar os ritos e sinais externos, mas viver a verdade revelada na lei — “mostram a obra da lei no seu coração, testificando juntamente a sua consciência e os seus pensamentos...” (v.15).
 
Subsídio Doutrinário - “‘Portanto és indesculpável quando julgas, ó homem, quem quer que sejas
Quando o apóstolo Paulo fez esta declaração, estava na verdade, acusando os judeus que se consideravam inculpáveis. Paulo coloca o judeu e o gentio na mesma condição espiritual diante de DEUS: Culpados! O escritor condena os moralistas que julgavam os erros dos gentios, pois julgavam erros que eram cometidos por eles mesmos. Os judeus julgavam que pelo fato de DEUS ter mostrado graça e favor especial à sua raça, os livraria da condenação. Imaginavam que, pelo simples fato de serem israelitas de sangue, estariam salvos. Entretanto, era um conceito comodista e falso. Lucas escreveu a mensagem de João Batista que colocava cada judeu na mesma condição dos demais seres humanos. Se não se arrependessem, de nada valeria serem filhos de Abraão, pois dizia: ‘Porque eu os afirmo que mesmo destas pedras DEUS pode Suscitar filhos a Abraão’ — (Lc 3.3-9) (Compare João 8.31-47: Romanos 9.1-13).
Entendemos então que, diante de DEUS, tanto judeus como gentios são pecadores e estão debaixo da ira divina. São dois tipos de pecadores, que se protegem atrás de sua ‘própria moralidade’ para se justificarem diante de DEUS. O judeu justificava-se na sua ‘religião’ e o gentio na sua moralidade. Porém, a Bíblia responde a ambos e diz: ‘O que encobre as suas transgressões, jamais prosperará’ (Pv 28.13). ‘És indesculpável quando julgas, ó homem’ (2.1). Esta expressão anula a pretensão do pecador de querer julgar. Na verdade, ele não está em condições de julgar, porque DEUS é quem julga. Ele é o Supremo Juiz! Quando Ele sentencia, não há apelação, pois seu julgamento é justo e nele não há possibilidade de erro” (Carta aos Romanos, CPAD).
 
Subsídio Devocional
JESUS disse em Mt 5.20: “Se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no Reino dos Céus”. O que JESUS pretendia dizer com essas palavras é respondido em Mt 5.21-48. A verdade é que o pecado está no coração dos homens e que as suas intenções são más. A natureza humana é má, ainda que o homem não cometa o ato de pecado. Esta verdade pode ser exemplificada na vida dos próprios judeus. Eles não matavam, mas muitas vezes estavam cheios de ódio; não cometiam adultério, mas permitiam que um homem olhasse para uma mulher com desejos lascivos; exigiam justiça (“olho por olho”), mas não se dispunham a perdoar uns aos outros; amavam aos que os amavam, mas odiavam os inimigos. Que nenhum crente tenha o mesmo pensamento que os judeus, principalmente, os escribas e fariseus — achavam que a sua religiosidade exterior os tomariam salvos diante de DEUS. Mas tinham coração cheio de ira, de lascívia, de mentira, de vingança, e de preconceito.
 
Romanos - Serie Cultura Biblica - ROMANOS - INTRODUÇÃO E COMENTÁRIO
F. F. Bruce. M.A., D.D. - SOCIEDADE RELIGIOSA EDIÇÕES VIDA NOVA, Caixa Postal 21486, São Paulo-SP 04602-970
 
Pecado e Retribuição: Diagnóstico da Necessidade Universal (1:8-3:20).
 
a. O mundo pagão (1:18-32).
Antes de Paulo desenvolver mais o modo pelo qual a forma de justiça de DEUS é exposta no Evangelho, ele mostra por que é tão urgentemente necessário que se conheça o meio de ficar certo para com DEUS. Como as coisas são, os homens estão "no errado" para com DEUS, e Sua ira se revela contra eles. Na vida há uma lei moral segundo a qual os homens são deixados entregues às conseqüências do curso de ação que eles mesmos escolheram livremente. E a menos que essa tendência seja invertida pela graça divina, a situação deles irá de mal a pior. Três vezes aí ocorrem as palavras de condenação: "Por isso DEUS os entregou..." (vs. 24, 26,28).
O objetivo de Paulo é demonstrar que a humanidade toda está moralmente arruinada, incapaz de conseguir um veredito favorável no tribunal do juízo de DEUS, em desesperada necessidade de Sua misericórdia e perdão.
Ele começa tratando de uma área da vida humana cuja falência moral era objeto de acordo geral entre os moralistas da época — a grande massa do paganismo contemporâneo de Paulo. O quadro que desenha é feio deveras. Não porém mais feio do que o quadro que disso vemos na literatura paga contemporânea. Qual é a causa, pergunta ele, desta pavorosa condição que se desenvolveu no mundo? Donde vêm estas vergonhosas perversões, esta encarniçada inimizade entre homem e homem? Tudo surge, diz ele, de idéias errôneas a respeito de DEUS. E essas idéias errôneas acerca de DEUS não surgiram inocentemente. O conhecimento do DEUS verdadeiro era acessível aos homens, mas eles fecharam suas mentes para ele. Em vez de apreciarem a glória do Criador ao contemplarem o universo que Ele criou, davam a coisas criadas aquela glória que pertencia somonte a DEUS. A idolatria é fonte de imoralidade. Assim o autor de Sabedoria já tinha dito:
"Porque a idéia de fazer ídolos foi o princípio da fornicação, e a sua invenção foi a corrupção da vida." 43
(Livro da Sabedoria 14:12.)
Podemos comparar a linguagem de Paulo sobre a criação visível como fonte de conhecimento concernente à natureza do seu Criador invisível (vs. 19, 20) com o discurso que fez em Listra (At 14:15-17) e principalmente com o que fez em Atenas (At 17:22-31). Há diferença de ênfase entre o discurso em Atenas e a argumentação neste passo, mas não há nenhuma contradição: Paulo estava tentando conseguir ali um auditório de pagàos, ao passo que aqui está escrevendo a cristãos formados. No discurso em Atenas, a apresentação da criação divina do mundo e de Sua disposição providencial das estações do ano e das regiões habitaveis da terra para o bem-estar do homem visava a levar os homens a "buscarem a DEUS" e a achá-lo (At 17:27). Todavia, se eles reconheciam que Ele é um "DEUS desconhecido" deles, sua ignorância confessa não recebe indulto como venial, embora DEUS, em Sua misericórdia, não tenha levado "em conta os tempos de ignorância" anteriores à vinda de CRISTO.
O caráter culposo da ignorância em que o homem está de DEUS é salientado ainda mais aqui: é ignorância deliberada. Os homens tinham o conhecimento de DEUS ao alcance deles, mas desprezaram o conhecimento de DEUS (vs. 28). A verdade era-lhes acessível, mas preferiram abraçar a "mentira". Portanto, "DEUS os entregou" às conseqüências da escolha que fizeram. E precisamente aí Ele manifestou Sua "ira" — aquele princípio de retribuição que deve operar num universo moral.
Para um homem tão convicto de que o mundo foi criado e é dirigido por um DEUS de justiça e misericórdia, esta retribuição não podia ser um princípio impessoal. Era a própria ira de DEUS. Se se pensa que a palavra "ira" não é muito apropriada para usar-se com relação a DEUS, é provavelmente porque a ira, como a conhecemos na vida humana, constantemente envolve paixão egocêntrica, pecaminosa. Com DEUS não é assim. Sua "ira" é a reação da santidade divina face à impiedade e rebelião. Paulo decerto concordaria com Isaías ao descrever esta ira de DEUS como "sua obra estranha" (Is 28:21), à qual Ele se aplica lentamente e com relutância. De fato,,Paulo expõe aqui a revelação da ira de DEUS como o cenário de fundo da "obra" de misericórdia de DEUS, obra que Lhe é apropriada, com tanta afinidade com o Seu caráter que Ele se apressa com jubilosa rapidez a prodigalizá-la a penitentes destituídos de merecimento.
Mas mesmo tendo em vista que o quadro da retribuição divina, agindo como um severo princípio na vida humana, fornece um pano de fundo para a misericórdia eterna, trata-se de um cenário real e terrível, que deve ser considerado com seriedade.
18. A ira de DEUS se revela.
Não no Evangelho (no qual a salvadora "justiça de DEUS" é revelada), mas nos fatos da experiência humana: "a história do mundo é o juízo do mundo" (Schiller). A revelação da "ira vindoura" nos tempos finais (1 Ts 1:10) é antecipada pela revelação do mesmo princípio na vida corrente do mundo. "A idéia de que DEUS é ira não é mais antropopática do que o pensamento de que DEUS é amor. A razão pela qual a idéia da ira divina está sempre sujeita a mal-entendidos é que a ira entre os homens é eticamente errada. E contudo, mesmo entre os homens não falamos da 'ira justa'?'" A exposição da idolatria e imoralidade paga nestes versículos segue linhas fixadas em obras de apologética judaica tais como o Livro da Sabedoria citado acima (ver especialmente Sabedoria 12-14), e a Epístola de Aristeas. Reaparece nos apologetas cristãos do segundo século A. D. (e. g. o autor da Epístola a Diogneto, Aristides, Taciano, Atenágoras, e a Pregação de Pedro mencionada por Clemente de Alexandria —Stromata vi. 5).
Que detêm a verdade pela injustiça. Melhor: "Que retêm firmemente a verdade na injustiça" (RV), ou: "Em sua impiedade, eles estão sufocando a verdade" (NEB). "A verdade" é mais precisamente definida no versículo 25 como "a verdade de DEUS".
20. Desde o princípio do mundo.
"Desde" no sentido de"desde então" (RSV).
Claramente se reconhecem (...) sendo percebidos. Grego: nooumena kathnratai, onde o primeiro verbo se refere estritamente à inteligência e o segundo à visão física. "Os dois verbos (...) descrevem como, na contemplação das obras de DEUS, o homem pode captar o suficiente, de Sua natureza, para impedir-lhe o erro de identificar qualquer das coisas criadas com o Criador, capacitando-o a manter seu conceito de DEUS livre da idolatria.2
22. Tornaram-se loucos.
Como na literatura veterotestamentária da Sabedoria, loucura (ver "o coração insensato" deles, no versículo 21), implica em embotamento moral antes que mera deficiência da inteligência.
23. E mudaram a glória do DEUS incorruptível em semelhança daimagem de (...) quadrúpedes...
Ver o Salmo 106:20: "E assim trocaram a glória de DEUS pelo simulacro de um novilho que come erva" 45
(referência ao culto ao bezerro de ouro). Aqui a linguagem é generalizada. A tríplice classificação dos animais (ver Gn 1:20-25) e os termos "glória", "imagem" e "semelhança" (ver Gn 1:26) sugerem que "a descrição que Paulo faz da impiedade do homem foi posta deliberadamente em termos da narrativa bíblica da queda de Adão".3
24. 26, 28, DEUS os entregou.
Atos 7:42 onde, devido às tendências idolátricas dos israelitas, "DEUS (...) os entregou ao culto da milícia celestial." Uma impressionante afirmação moderna deste princípio de retribuição divina é-nos oferecida por C. S. Lewis em The Problem ofPain (1940), p. 115s. Os perdidos, diz ele, "gozam para sempre da horrível liberdade que sempre pediram, e portanto estão escravizados por si mesmos".
27. Recebendo em si mesmos a merecida punição do seu erro.
NEB traduz acertadamente: "o justo salário por tal perversão". No inglês moderno "error" (erro) é um substantivo fraco demais para traduzir plane num contexto como este.4 Ver Judas 11, ondeo"erro(p/a«ê) de Balaão" é a idolatria e fornicação de Baal-Peor a que os israelitas foram seduzidos por seu conselho (Nm 25:lss., 31:16).
 
b. O moralista(2:l-16).
O estilo de Paulo é próprio para a forma de composição que os antigos chamavam de diatribe. Nesta, questões e objeções eram postas na boca de um crítico imaginário, para serem respondidas ou destruídas.
Quase podemos vê-lo, enquanto dita a carta a Tércio, pegar o indivíduo complacente que está saboreando a exposição daqueles pecados que "não apelam para ele", e dizer-lhe que não é melhor do que ninguém. Paulo imagina uma interrupção feita por algum opositor, e se volta para refutar à objeção, primeiro admoestando-o com "DEUS não o permita!" ("Nem pense nisso!"), e depois dando-lhe ponderada réplica. Inicia uma nova fase da sua argumentação com esta indagação retórica: "Que diremos?"5
E o tempo todo o seu pensamento vai célere na frente de suas palavras de modo que as palavras têm de saltar valas para alcançar o pensamento. Mal podemos tentar imaginar como a pena de Tércio mantinha o ritmo das palavras do apóstolo. Não admira que, principalmente nos momentos mais ardentes, seu grego esteja cheio de falhas na construção, e de sentenças inacabadas.
Sabemos que existia outro lado do mundo pagâo do primeiro século além do que Paulo retratou nos parágrafos anteriores. Que dizer de homens como o ilustre contemporâneo de Paulo — Sêneca — o moralista estóico, o tutor de Nero?6 Seneca podia ter ouvido a acusação feita por Paulo e ter dito: "Sim, isso é perfeitamente verdadeiro quanto às grandes massas da humanidade, e dou meu apoio ao juízo que você emitiu sobre elas — mas naturalmente há outros que, como eu, deploram estas tendências tanto como você as deplora."
Paulo imagina alguém interferindo em termos como esses, e se dirige ao suposto opositor: "Meu bom senhor, julgando outros, você está-se julgando a si próprio, seja você quem for, pois em princípio você faz as mes-mas coisas que condena neles." E quão pertinente teria sido esta réplica a um homem como Seneca! Pois Seneca pôde escrever com tanta eficiência sobre o bom modo de viver, que houve cristãos posteriores que se orgulhavam de chamar-lhe "o nosso Seneca".7 Não se restringia a exaltar as grandes virtudes morais. Ele desmascarava a hipocrisia, apregoava a igualdade de todos os homens, reconhecia a penetrante natureza do mal ("todos os defeitos morais existem em todos os homens, embora não aconteça que todos os defeitos sejam proeminentes em cada homem), praticava e procurava inculcar o auto-exame diário, ridicularizava a idolatria vulgar, assumia o papel de guia moral. Muitas vezes, porém, tolerava em si mesmo defeitos não muito diferentes daqueles que condenava em outros — sendo que o exemplo mais flagrante disto é sua conivência com Nero no assassinato de sua mãe Agripina.
Mesmo nesta seção do capítulo 2, e mais explicitamente do versículo 17 em diante, Paulo está pensando principalmente num crítico judeu. Denúncia da idolatria paga como a que encontramos no capítulo 1 era uma forma comum de propaganda judaica. Os judeus religiosos achavam amplo campo de ação para lançar juízo moral adverso sobre os seus vizinhos gentios.
 
c. O judeu (2:17-3:8)
(1) Privilégio traz responsabilidade (2:17-29).
Em 2:17 Paulo se dirige ao moralista definindo-o explicitamente como judeu. "Você tem o honroso nome de judeu", diz ele, "sua posse da lei dá-lhe confiança, gloria-se de que é ao DEUS verdadeiro que você cultua e de que conhece a vontade dele." Talvez haja aqui mais um eco de Sabedoria:
 
"Pois mesmo se pecamos, somos teus, conhecendo o teu poder; mas não haveremos de pecar, porque sabemos que somos considerados teus. Pois conhecer-te é a justiça completa, e conhecer o teu poder é a raiz da imortalidade." (Sabedoria 15:2, 3.)
 
"Você aprova o caminho mais excelente", continua Paulo, "pois o aprendeu da lei. Considera-se mais instruído do que aqueles que são inferiores por não terem a lei. Considera-se guia de cegos e instrutor de tolos.
"Mas por que não dar uma sincera olhada em você mesmo? Você não tem defeitos? Você conhece a lei, mas a guarda? Você diz: 'Não roubarás.' Mas não rouba nunca? Você diz: "Não adulterarás." Mas será que
cumpre sempre esse mandamento? Você detesta ídolos, mas nunca rouba templos? Você se gloria na lei mas, de fato, sua desobediência à lei dá má fama entre os pagãos, a você e ao DEUS que cultua.
"Ser judeu aproveitará ao homem diante de DEUS, somente se cumprir a lei. O judeu que quebra à lei não é melhor do que o gentio. E inversamente, o gentio que cumpre as exigências da lei é tão bom à vista de DEUS como qualquer judeu que permanece na lei. Na verdade, o gentio que guarda a lei de DEUS condenará o judeu que a quebra, não importa quão versado nas Escrituras esse judeu seja, não importa quão cano-nicamente se tenha processado a sua circuncisão. Você vê, não é questão de descendência natural e de sinal externo como a circuncisão. A palavra 'judeu' significa 'louvor', e o verdadeiro judeu é o homem cuja vida é digna de louvor pelos padrões de DEUS, cujo coração é puro à vista de DEUS, cuja circuncisão é a circuncisão interna, do coração. Este é judeu de verdade, digo eu — homem verdadeiramente digno de louvor — e seu louvor não é matéria de aplauso humano, mas da aprovação divina."
17. Se, porém tu que tens por sobrenome judeu.
AV: "Vê, tu és chamado judeu." Porém o texto mais bem credenciado diz: "mas se" (ei de), como AA, e não "vê" (ide). Ver RV, RSV.
18. Que conheces a sua vontade.
Lit. "conheces a vontade"; a vontade de DEUS é "a vontade"par ex-cellence. Ver 1 Macabeus 3:60, RV: "seja qual for a vontade no céu, assim ele fará".
Aprovas as causas excelentes. A palavra diapheronta significa primariamente "coisas que diferem" e secundariamente "coisas que diferem de outras, sobrepujando-as", i. e., "coisas excelentes". AV, RV e RSV — como também AA — aceitam para esta passagem o último sentido. NEB prefere o primeiro sentido ("você está ciente das distinções morais"). A mesma frase aparece em Fp 1:10 (AV e AA: "para aprovar-des as cousas excelentes". NEB; "assim lhe dê o dom da discriminação correta").
20. A forma da sabedoria e da verdade.
AV: "A forma do conhecimento e da verdade." Ou seja, a formulação ou sistematização orgânica do conhecimento e da verdade.
22. Lhes roubas os templos?
AV: "Cometes sacrilégio?" Lit. "roubas templos". O verbo grego é hierosulêo. É difícil dizer o que Paulo tem em mente. Talvez se refira a algum incidente escandaloso, como o do ano 19 A. D., registrado por Josefo (Antigüidades 18:81ss.), quando quatro judeus de Roma, guiados por um que dizia ensinar a fé judaica a gentios interessados, persuadiram uma dama da nobreza romana, convertida ao judaísmo, a fazer uma generosa contribuição em favor do templo de Jerusalém, mas se apropriaram da oferta para seu próprio uso. Quando o fato veio à luz, o imperador Tibério expulsou de Roma todos os judeus ali residentes (ver p. 15). Um incidente como este dava má reputação ao nome de "judeu" entre os gentios.
24. Pois, como está escrito, o nome de DEUS é blasfemado entre os gentios por vossa causa,
(Ou "... por meio de vós", AV.) A referência é a Is 52:5: "o meu nome é blasfemado incessantemente todo dia" ("menosprezado", RSV). A triste situação dos judeus no exílio levava os gentios a falarem levia-namente do seu DEUS, imaginando-O incapaz de socorrer Seu povo. Agora não se trata de desventura do povo de DEUS, mas é o seu mau comportamento que leva os gentios a concluírem que o DEUS de tal povo não pode ser de muita valia. Os membros da comunidade de Qumran eram exortados a serem cuidadosos no trato com os gentios, "para que eles não blasfemem".8
25. A circuncisão tem valor se praticares a lei.
Ver Gálatas 5:3: "todo homem que se deixa circuncidar (...) está obrigado a guardar toda a lei." A circuncisão, realizada como exigência legal, coloca sobre o homem a responsabilidade de guardar o restante da lei, quer seja aceita mais tarde na vida, como no caso dos prosélitos (que é o que Pauio tem em vista em Gálatas), quer seja ministrada às crianças judaicas (que é o que tem em mente aqui). Visto como nenhuma classe de pessoas circuncidadas pode guardar completamente a lei, mas inevitavelmente, acaba falhando no cumprimento de sua responsabilidade, Paulo acrescenta: Se é, porém, transgressor da lei, a tua circuncisão já se ton nou incircuncisão.
Esta lição já fora ensinada em parte por Jeremias: "Eis que vêm dias, diz o Senhor, em que castigarei a todos os circuncidados mas ainda incircuncisos — o Egito, Judá, Edom, os filhos de Amom, Moabe — pois todas estas nações são incircuncisas, e toda a casa de Israel é incircuncisa de coração" (Jr 9:25s., RSV). Os vizinhos 49
de Israel na maior parte praticavam a circuncisão (os filisteus eram uma notória exceção). Mas a circuncisão dos vizinhos de Israel não era sinal da aliança de DEUS, como a circuncisão israelita pretendia ser. Todavia, se Israel e Judá se apartavam de DEUS no coração, sua circuncisão física não era melhor do que a dos seus vizinhos, à vista de DEUS: na medida em que houvesse qualquer interesse religioso, não era circuncisão nenhuma. Ver Deuteronômio 10:16: "circuncidai, pois, o vosso coração, e não mais endureçais a vossa cerviz." Mas Paulo vai mais longe que Jeremias. Não somente reconhece a circuncisão como incircuncisão, se desacompanhada da devoção de coração; como também reconhece a incircuncisão como circuncisão espiritual, se apesar disso se presta obediência a DEUS.
27. E se aquele que é incircunciso por natureza, cumpre a lei, certamente ele te julgará a ti.
Quer dizer, as faltas de um judeu indigno serão realçadas pelo exemplo de um gentio que, não tendo nenhum dos privilégios característicos dos judeus, não obstante agrada a DEUS.
29. Cujo louvor não procede dos homens, mas de DEUS.
Os judeus derivaram seu nome de Judá, seu antepassado (heb. Yehudah) cujo nome no Velho Testamento se associa ao verbo yadah, "louvar". Ver as palavras de sua mãe quando ele nasceu: "Esta vez louvarei o Senhor" (Gn 29:35), e a bênção pronunciada por seu pai no leito de morte: "Judá, teus irmãos te louvarão" (Gn 49:8).
Romanos - Serie Cultura Biblica - ROMANOS - INTRODUÇÃO E COMENTÁRIO
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