Lição 2, A Necessidade Universal da Salvação
em CRISTO
2º trimestre de 2016 - Maravilhosa Graça
- O Evangelho de JESUS CRISTO Revelado Na Carta Aos Romanos
Comentarista da CPAD: Pr. José
Gonçalves
Complementos, ilustrações, questionários e
vídeos: Ev. Luiz Henrique de Almeida Silva
TEXTO ÁUREO
“Como está
escrito: Não há um justo, nem um sequer.” (Rm 3.10)
VERDADE PRÁTICA
O pecado
manchou toda a raça humana e somente o sangue de CRISTO é suficiente para
purificá-la.
LEITURA DIÁRIA
Segunda - Rm
3.9 Todos os homens, depois da Queda, estão debaixo do pecado
Terça - Rm 3.10
Não há um nenhum justo sob a face da Terra, judeu ou gentio
Quarta - Rm
3.23 Todos pecaram e foram afastados da presença de DEUS
Quinta - Rm
3.20 Nenhum homem pode ser justificado diante de DEUS pelas obras da lei
Sexta - Rm 6.23
O castigo ou o salário para o pecado é a morte
Sábado - Rm
3.24 Somos justificados somente pela graça e redenção de JESUS CRISTO
LEITURA BÍBLICA
EM CLASSE - Romanos 1.18-20,25-27; 2.1, 17-21
Rm 1.18 - Porque
do céu se manifesta a ira de DEUS sobre toda impiedade e injustiça dos homens
que detêm a verdade em injustiça; 19 - porquanto o que de DEUS se pode conhecer
neles se manifesta, porque DEUS lho manifestou. 20 - Porque as suas coisas
invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder como a sua
divindade, se entendem e claramente se veem pelas coisas que estão criadas,
para que eles fiquem inescusáveis;
25 - pois
mudaram a verdade de DEUS em mentira e honraram e serviram mais a criatura do
que o Criador, que é bendito eternamente. Amém! 26 - Pelo que DEUS os abandonou
às paixões infames. Porque até as suas mulheres mudaram o uso natural, no
contrário à natureza. 27 - E, semelhantemente, também os varões, deixando o uso
natural da mulher, se inflamaram em sua sensualidade uns para com os outros,
varão com varão, cometendo torpeza e recebendo em si mesmos a recompensa que
convinha ao seu erro.
Rm 2.1 -
Portanto, és inescusável quando julgas, ó homem, quem quer que sejas, porque te
condenas a ti mesmo naquilo em que julgas a outro; pois tu, que julgas, fazes o
mesmo.
17 - Eis que
tu, que tens por sobrenome judeu, e repousas na lei, e te glorias em DEUS; 18 -
e sabes a sua vontade, e aprovas as coisas excelentes, sendo instruído por lei;
19 - e confias que és guia dos cegos, luz dos que estão em trevas, 20 -
instruidor dos néscios, mestre de crianças, que tens a forma da ciência e da
verdade na lei; 21 - tu, pois, que ensinas a outro, não te ensinas a ti mesmo?
Tu, que pregas que não se deve furtar, furtas?
OBJETIVO GERAL
Mostrar que o
pecado manchou toda a raça humana, por isso, todos necessitam de salvação.
OBJETIVOS
ESPECÍFICOS
Apontar a
necessidade de salvação dos gentios;
Mostrar a
necessidade de salvação dos judeus;
Explicar a
necessidade de salvação da humanidade.
PONTO CENTRAL
O pecado afetou
toda a raça humana, por isso, todos precisam de salvação.
COMENTÁRIO/INTRODUÇÃO
Na lição de
hoje teremos a oportunidade de compreender que o pecado, em sua universalidade,
atingiu os gentios, os judeus e toda a raça humana. Todos ficaram debaixo do
impiedoso jugo do pecado. A necessidade de uma salvação universal, na pessoa de
nosso Senhor JESUS CRISTO é um tema bastante claro na argumentação do apóstolo
Paulo em Romanos 1.18 a 3.20.
Paulo nos
mostra em Romanos que tanto os pagãos, que estavam nas trevas do pecado, quanto
os judeus, que se orgulhavam de possuir a Lei divina entregue a Moisés no
Sinai, estão sob o domínio do pecado. Veremos nesta lição que somente a
revelação da justiça de DEUS em CRISTO JESUS é suficiente para salvar tanto os
judeus quanto os gentios.
Resumo da Lição 2, A Necessidade Universal da
Salvação em CRISTO
I - A
NECESSIDADE DA SALVAÇÃO DOS GENTIOS (Rm 1.18-32)
1. A rejeição.
2. A revelação.
3. A punição.
II - A NECESSIDADE DE SALVAÇÃO
DOS JUDEUS (Rm 2.1-3.8)
1.Os judeus em relação aos
gentios.
2. Os judeus em relação à Lei.
3. Os judeus em relação à
aliança.
III - A NECESSIDADE DA SALVAÇÃO
DA HUMANIDADE (Rm 3.9-20)
1. A universalidade e o jugo do
pecado.
2. Valores e comportamentos.
SÍNTESE DO TÓPICO I Os gentios necessitam de
salvação, pois também foram afetados pela Queda.
SÍNTESE DO TÓPICO II Os judeus, embora fosse o povo escolhido de DEUS, também necessitam de
salvação.
SÍNTESE DO TÓPICO III Todos, judeus e gentios, pecaram e necessitam da salvação que só pode
ser encontrada em JESUS CRISTO.
SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO top1
"Paulo retratou claramente a inevitável decadência em direção ao
pecado. Primeiro, as pessoas rejeitaram a DEUS; em seguida, elaboraram seu conceito
de como Ele deveria ser; depois cedem a toda espécie de iniquidades: ganância,
ódio, inveja, crimes, lutas, engano, malícia; finalmente, chegam a odiar a DEUS
e a encorajar os outros a fazerem o mesmo. Mas Ele não é o agente dessa
progressão em direção ao mal. Quando as pessoas o rejeitam, DEUS permite que
elas vivam como desejam. Permite que experimentem as consequências naturais dos
pecados que praticam. Uma vez preso nesse movimento descendente rumo ao pecado,
ninguém poderá libertar-se por suas próprias forças. Os pecadores devem confiar
somente em CRISTO para libertá-los da destruição" (Bíblia de Estudo
Aplicação Pessoal, Rio de Janeiro: CPAD, p. 1553).
CONHEÇA MAIS
*A comunidade da aliança do Antigo Testamento
"Todo menino judeu era circuncidado ao 8º dia de nascimento.
Assim, estava unido à comunidade da aliança do Antigo Testamento, a quem DEUS
concedera a sua Lei. Possuir a Lei, entretanto, era inexpressivo, salvo se a
pessoa a guardasse. Em breve Paulo irá demonstrar que não há quem possa cumprir
às exigências de sua própria consciência, quanto mais as mais elevadas
obrigações determinadas pela Lei de DEUS". Para conhecer mais leia Guia do
Leitor da Bíblia, CPAD, p. 738.
SUBSÍDIO
BIBLIOLÓGICO top2
"Bem
sabemos que o juízo de DEUS é segundo a verdade" (Rm 2.2). Que podemos
entender nessa declaração? O julgamento de DEUS é instituído aqui em razão dos
pecados do paganismo e do falho moralismo dos judeus em condenar os gentios. A
questão da condenação do pecado é uma só para todos. Uma vez que tenha pecado,
qualquer um incorre na condenação de DEUS. Paulo declara que os gentios pecaram
(1.18-32) e os judeus também pecaram (2.17-3.8). Portanto, uma vez que, tanto
judeus como gentios pecaram, todos carecem da justiça de DEUS (3.9-20).
O judeu cria
que possuía privilégio especial, e por isso poderia escapar do juízo já
conhecido para os gentios, mas a realidade era que o juízo seria 'segundo a
verdade'. Esta expressão 'segundo a verdade' significa que o julgamento divino
seria conforme a culpa de cada um, baseada nos pecados cometidos por cada um. O
judeu interpretava erradamente a misericórdia, pois imaginava como um ato de
tolerância divina com o pecado.
[...] DEUS
demonstrou aos judeus sua 'bondade, tolerância e longanimidade', a fim de que eles
deixassem o pecado e se arrependessem. Mas não fizeram caso dessa 'riqueza'
(2.4) e, por isso, por sua 'dureza e impenitência' (falta de arrependimento), e
por julgarem negativamente o propósito divino, entesouraram para si 'ira para o
dia da ira' (2.5). Qual é o dia da ira? É o dia do ajuste de contas. É o dia
quando a balança julgadora de DEUS vai pesar nossos atos e, mediante seu peso,
serão julgados. É o dia da retribuição ao pecado e da sua inevitável
punição" (CABRAL, Elienai. Romanos: O Evangelho da Justiça de DEUS. 5.ed.
Rio de Janeiro: CPAD, 2005, pp.39-40).
SUBSÍDIO
BIBLIOLÓGICO top3
"Não há um
justo, nem um sequer (3.9-18). Paulo havia argumentado que tanto os judeus
quanto os gentios haviam pecado, e não alcançaram a glória de DEUS. Agora ele
prova essa observação citando vários Salmos. Seus leitores judeus poderiam
rejeitar seu argumento, mas dificilmente rejeitariam o veredicto das palavras
que eles sabem que são palavras de DEUS.
'Tudo o que a
lei diz aos que estão debaixo da lei o diz, para que toda boca esteja fechada e
todo o mundo seja condenável diante de DEUS' (3.19,20). A palavra bupodikos foi
usada no sentido legal de 'passível de punição'. A lei moral, na qual esperam o
judeu e o gentio de boa moral, provou não ser uma fonte de esperança, e sim o
padrão pelo qual foi estabelecido o insucesso deles. Assim, a lei não é marco
de estrada nos direcionando à recompensa divina, mas espelho que, quando usado
corretamente, nos revela nossos pecados" (RICHARDS, Lawrence. Comentário Histórico-Cultural
do Novo Testamento. 7.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2012, p. 292).
PARA REFLETIR
A respeito da
Carta aos Romanos, responda:
Segundo a lição
em que culmina a atitude de rebelião contra DEUS?
Essa atitude de
rebelião contra DEUS culmina com a adoração idólatra que põe a criatura em
lugar do Criador.
A ignorância
espiritual conduz a quê?
A ignorância
espiritual conduz à idolatria religiosa.
Os judeus
moralistas estavam em melhor situação espiritual que os gentios?
Não. A
argumentação de Paulo é que tanto os gentios como os judeus sem CRISTO estão
debaixo da condenação do pecado (Rm 3.9).
O que produziu
o conhecimento da Lei, sem a devida interiorização das normas e preceitos?
Apenas o
conhecimento da letra da Lei, sem a devida interiorização das suas normas e
preceitos, conduziu o judaísmo a um moralismo estéril e farisaico.
Segundo Paulo,
qual a vantagem de ser judeu?
Muita, em toda
a maneira, porque, primeiramente, as palavras de DEUS lhe foram confiadas"
(Rm 3.1,2).
CONSULTE - Revista
Ensinador Cristão - CPAD, nº 66, p. 37.
Comentários de
vários autores com alguma modificações do EV. Luiz Henrique
Pontos difíceis
e polêmicos
Deut 30.14 Mas
a palavra está mui perto de ti, na tua boca, e no teu coração, para a
cumprires.
15Vê que hoje te pus diante
de ti a vida e o bem, a morte e o mal. 16 Se guardares o mandamento que eu hoje
te ordeno de amar ao Senhor teu DEUS, de andar nos seus caminhos, e de guardar
os seus mandamentos, os seus estatutos e os seus preceitos, então viverás, e te
multiplicarás, e o Senhor teu DEUS te abençoará na terra em que estás entrando
para a possuíres. 17 Mas se o teu coração se desviar, e não quiseres ouvir, e
fores seduzido para adorares outros deuses, e os servires, 18 declaro-te hoje
que certamente perecerás; não prolongarás os dias na terra para entrar na qual
estás passando o Jordão, a fim de a possuíres.
ESCOLHA -
Vê que hoje te pus diante de ti a vida e o bem, a morte e o mal.
Foi dai que
Paulo tirou Romanos 10.8, 9 (O ESPÍRITO SANTO o levou a revelação da salvação
no livre arbítrio. ---- Mas que diz? A palavra está junto de ti, na tua boca e
no teu coração; esta é a palavra da fé, que pregamos, A saber: Se com a tua
boca confessares ao Senhor JESUS, e em teu coração creres que DEUS o
ressuscitou dentre os mortos, serás salvo.
Romanos 10:8,9
Esse
"SE" comanda tudo. Se confessa e crê é salvo e Se não confessa e não
crê é condenado.
PAULO, CIDADÃO
DETARSO E ROMANO E JUDEU
"Quanto a
mim, sou judeu, nascido em Tarso da Cilícia, e nesta cidade criado aos pés de
Gamaliel, instruído conforme a verdade da lei de nossos pais, zeloso de DEUS,
como todos vós hoje sois." Atos 22:3 - Para você entender melhor ainda -
Nascido em Tarso (cidade- era Tarciano), Na Cilícia (região da Ásia - era
Ciliciano - hoje é país Turquia), Como era filho de pai e mãe Judeus e todo
filho de judeu é judeu não importando em qualquer parte do mundo nasceu, então
era judeu também. Como tarso pertencia ao território dominado por Roma e era
uma colônia de Roma, então Paulo era também cidadão romano, título recebido de
nascença por ter nascido em uma colônia romana.
Lição 2: A depravação dos gentios - 2º Trimestre de 1998 -
Título: Romanos — O Evangelho da justiça de DEUS
Comentarista: Esequias Soares da Silva -
TEXTO ÁUREO
“Porque todos pecaram e destituídos estão da glória
de DEUS” (Rm 3.23).
VERDADE PRÁTICA
Apesar da pecaminosidade humana, todos podem ser
alcançados pela fé em CRISTO JESUS.
LEITURA DIÁRIA
Segunda — Mc 7.21-23 O que contamina o homem vem de
seu próprio interior
Terça — 1Co 6.9,10; 2Co 12.20 Lista de pecados de
Corinto
Quarta — Gl 5.19-21 Lista de pecados da Galácia
Quinta — Ef 5.3-6 Devemos nos afastar do pecado
Sexta — Cl 3.5,8,9 Devemos estar revestidos do novo
homem
Sábado — 2Tm 3.2-5 Pecados dos últimos dias
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE -
Romanos 1.18-32.
18 — Porque do céu se manifesta a ira de DEUS sobre toda
a impiedade e injustiça dos homens que detêm a verdade em injustiça; 19 — porquanto o que de DEUS se pode
conhecer neles se manifesta, porque DEUS lho manifestou. 20 — Porque as suas coisas invisíveis,
desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder como a sua divindade, se
entendem e claramente se veem pelas coisas que estão criadas, para que eles
fiquem inescusáveis; 21 — porquanto, tendo conhecido a DEUS, não o
glorificaram como DEUS, nem lhe deram graças; antes, em seus discursos se
desvaneceram, e o seu coração insensato se obscureceu. 22 — Dizendo-se sábios, tornaram-se
loucos. 23 — E mudaram a glória do DEUS incorruptível em
semelhança da imagem de homem corruptível, e de aves, e de quadrúpedes, e de
répteis. 24 — Pelo que também DEUS os entregou às concupiscências
do seu coração, à imundícia, para desonrarem seu corpo entre si; 25 — pois mudaram a verdade de DEUS em
mentira e honraram e serviram mais a criatura do que o Criador, que é bendito
eternamente. Amém! 26 — Pelo que DEUS os abandonou às paixões infames.
Porque até as suas mulheres mudaram o uso natural, no contrário à natureza. 27
— E, semelhantemente, também os
varões, deixando o uso natural da mulher, se inflamaram em sua sensualidade uns
para com os outros, varão com varão, cometendo torpeza e recebendo em si mesmos
a recompensa que convinha ao seu erro. 28 — E, como eles se não importaram de
ter conhecimento de DEUS, assim DEUS os entregou a um sentimento perverso, para
fazerem coisas que não convêm; 29 — estando cheios de toda a iniquidade, prostituição,
malícia, avareza, maldade; cheios de inveja, homicídio, contenda, engano,
malignidade; 30 — sendo murmuradores, detratores, aborrecedores de DEUS,
injuriadores, soberbos, presunçosos, inventores de males, desobedientes ao pai
e à mãe; 31 — néscios, infiéis nos contratos, sem afeição
natural, irreconciliáveis, sem misericórdia; 32 — os quais, conhecendo a justiça de
DEUS (que são dignos de morte os que tais coisas praticam), não somente as
fazem, mas também consentem aos que as fazem.
PONTO DE CONTATO
Você tem identificado as maravilhas de DEUS
manifestas na criação? Já percebeu o que DEUS tem feito em sua vida por causa
da salvação? Veja se consegue enumerar as principais experiências de seu
relacionamento com DEUS e esteja pronto para compartilhar com seus alunos
durante a aula. Por certo eles poderão fazer o mesmo, e receberão as bênçãos
que estão reservadas para eles no plano eterno de DEUS.
OBJETIVOS - Após esta aula, o
aluno deverá estar apto a:
Diferenciar a ira divina da ira dos homens.
Identificar a origem da idolatria e da
imoralidade na vida dos homens.
Enumerar as provas da existência de DEUS.
Construir para si novas estratégias de ação a fim de viver
justificado por DEUS neste mundo depravado e distanciado do evangelho.
SÍNTESE TEXTUAL
Estudaremos nesta lição a consequência da escolha
errada feita pelos homens, prefigurados aqui pelos gentios que representam a
humanidade amada por DEUS, porém, decaída e entregue a si mesma para sua
própria condenação. Como consequência desta situação, DEUS derrama sua ira
sobre o homem, que passa a colher os amargos frutos de seu próprio plantio.
Paulo começa, então, pelos gentios a mostrar que toda a humanidade está sujeita
ao pecado e, portanto, sob a ira de DEUS.
ORIENTAÇÃO DIDÁTICA
Para facilitar o entendimento desta lição use a
técnica de audiovisual, desenhando numa folha de papel ofício branca, um
pequeno ponto preto no centro. Pergunte à classe o que estão vendo. Com certeza
dirão um ponto preto. O seu objetivo será demonstrar que vemos sempre o que é
sujo, feio e mau feito, mesmo sendo pequeno, esquecendo-nos do belo que está a
nossa volta, que é imensamente maior. As obras de DEUS são grandiosas, visíveis
e, às vezes, não as percebemos. Se, contudo, escolhermos ter conhecimento de
DEUS e procurar obedecer-lhe, seremos diferentes neste mundo. Não nos
contaminaremos com o que é mundano, mas, seremos limpos, justos e puros. Assim
agradaremos a DEUS e viveremos as consequências desta comunhão.
COMENTÁRIO - INTRODUÇÃO
O estudo de hoje é sobre a condição dos gentios
diante de DEUS. Nesse texto, eles representam a raça humana. O apóstolo
discorre sobre o assunto, mostrando a pecaminosidade humana e realçando a
justiça divina.
I. A MANIFESTAÇÃO DA IRA DE
DEUS
1. Ira. A palavra grega traduzida por “ira” é orge, e aparece 12 vezes em
Romanos (1.18; 2.5,8; 3.5; 4.15; 5.9; 9.22; 12.19; 13.4,5). Convém que se saiba
que a ira de DEUS é a reação de Sua santidade diante da impiedade, muito
diferente da ira dos homens, que é egocêntrica, carregada de ódio e paixão.
Esse tipo de ira não é apropriada para a natureza divina.
2. A ira de DEUS sobre o pecado. É a reação divina sobre o pecado.
A Bíblia exemplifica a ira de DEUS no passado: Dilúvio (Gn 6.17; Mt 24.37-39),
Sodoma e Gomorra (Lc 17.28-30). Fala também da ira futura (1Ts 1.10) —
julgamento das nações (Mt 25.32), Juízo Final (Ap 20.1-15), etc.
3. A ira de DEUS na história. Como a graça salvadora não é
manifestada na consumação dos séculos, mas na experiência humana, assim também
a ira de que fala o apóstolo, não é a futura. E a ira manifesta na vida dos
homens ao longo de sua história. Veja que três vezes o apóstolo Paulo diz que
DEUS “os entregou” (vv.24,26,28). Isso mostra a atuação da ira divina neste
mundo. Como disse Friedrich Schiller: “A história do mundo é o juízo do mundo”.
4. Impiedade e injustiça. A impiedade, aqui, diz respeito ao
descaso que o homem faz de DEUS, e a injustiça fala da conduta pecaminosa humana. Dessa maneira, a
raça humana, por rejeitar a DEUS e viver na injustiça, detém a verdade. “Deter” significa
“impedir”, e isso perverte a verdade, transformando-a em mentira.
II. A IDOLATRIA
1. Definição. A palavra “idolatria” vem de duas
palavras gregas: eidolon, que significa “ídolo”, e latreuo, que significa “adorar,
servir, prestar serviço sagrado”. A idolatria, portanto, consiste em cultuar ao
ídolo, e é consequência da apostasia geral do ser humano. A avareza é uma forma
de idolatria (Ef 5.5; Cl 3.5). Tudo aquilo que o homem ama mais do que a DEUS,
torna-se o seu deus (Fp 3.19).
2. Origem da idolatria. Essa prática era desconhecida no
mundo pré-diluviano. A Bíblia fala de violência, maldade e corrupção (Gn
6.5,11,12). Não menciona a idolatria. Esta começou com Ninrode, o construtor da
Torre de Babel (Gn 10.9-12). Foi o primeiro a ser adorado como deus. Sua
mulher, Semíramis, é a mãe de Adônis, ou Tamuz, divindade de Babilônia (Ez
8.14).
As migrações humanas partiram de Babilônia para
todos os quadrantes da terra, levando consigo suas crenças e divindades.
Babilônia é, pois, o berço da idolatria.
3. Provas da existência de DEUS (vv.19,20). O Salmo 19 apresenta os três
livros que provam a existência de DEUS: o universo que DEUS criou (1-6), a
Bíblia (7-10) e o testemunho do cristão (11-14). Como o apóstolo está falando
dos gentios, que não têm lei, (Rm 2.14), ele apresenta, aqui, a lei natural ou
teologia natural.
As coisas invisíveis de DEUS são claramente vistas
como recursos que Ele proveu para que o homem reconheça a existência do
Criador: “para que eles fiquem inescusáveis” (v.20). Por isso, ninguém pode
alegar ignorância. O mais obtuso dentre os homens é capaz de reconhecer a
existência de DEUS, considerando as coisas que Ele criou.
4. O homem rejeitou a DEUS (v.21). Todos os homens vieram de um só
casal. Adão e Eva tinham acesso a DEUS e o conheciam. A luz de Gênesis 5 e 11,
a vida de Metusalém coincidiu 243 anos com a de Adão, e 600 anos com a de Noé,
e a vida de Sem coincidiu mais de 50 anos com a de Abraão. Assim, o
conhecimento de DEUS passou para toda a humanidade. Aos poucos, porém, os
homens foram se fechando para DEUS, e afastando-se cada vez mais dEle. Isso
levou a raça humana à idolatria.
Sim, o homem caiu na idolatria ao recusar-se a
tributar honra, glória e graças ao Criador.
A expressão seus discursos denota a alta confiança dos
homens em seus raciocínios e argumentos artificiais, misturando discurso
filosófico com iluminação espiritual, como o fazem hoje os adeptos da Nova Era
e das demais seitas. Por causa desse orgulho, seu coração obscureceu-se,
ficando destituído de entendimento espiritual e mergulhado em trevas medonhas.
5. Substituiu a criatura pelo Criador (vv.22,23). Os gentios recusaram-se a
reconhecer a fonte de sabedoria, que é DEUS. Os materialistas orgulham-se de
seus conhecimentos, fazendo-se sábios a seus próprios olhos, mas a Bíblia diz
que eles tornaram-se loucos, pois somente “o temor do Senhor é o princípio da
sabedoria” (Jó 28.28; Sl 111.10; Pv 1.7; 9.10; 15.33).
Essa loucura levou-os à idolatria. O v.23 é uma
citação do Salmo 106.20. Assim como os hebreus cultuaram a um bezerro em lugar
de DEUS, dando ao animal a glória que pertence exclusivamente a DEUS, da mesma
maneira fizeram os gentios.
III. A IMORALIDADE
1. Perversão sexual. A idolatria leva o homem à
imoralidade. O que o apóstolo introduz no v.24, esclarece nos vv.26 e 27.
Inclui como consequência dessa apostasia o homossexualismo, tanto masculino
como feminino. Há sete passagens bíblicas que fazem menção do homossexualismo,
e todas condenando ou mostrando tal prática como algo degradante e abominável
(Gn 19.1-11; Lv 18.22; 20.13; Jz 19.22-25; Rm 1.25-27; 1Co 6.9,10; 1Tm 1.9,10).
2. A sociedade moderna. À medida que o tempo vai passando,
a sociedade vai se tornando cada vez mais permissiva, e os homens vão se
afastando cada vez mais de DEUS. Para nossa perplexidade, há pseudocrístãos
alegando tais práticas como coisa natural. O apóstolo Paulo declara que “DEUS
os entregou às paixões infames”, porque não reconheceram a DEUS. Declara,
ainda, tais práticas como “torpeza”..., uso desnatural, “contrário à natureza”.
Diz em outro lugar que os tais não herdarão o reino de DEUS (1Co 6.9; Gl
5.19-21).
3. Satanismo e perversão sexual. Satanás é o principal promotor da
prostituição. Desde os tempos do Antigo Testamento que a sodomia e outras
formas de prostituição estiveram ligadas ao culto pagão. Os pagãos praticavam,
nesses rituais, o que se chama “prostituição sagrada”. Essas práticas são comuns
nos cultos satânicos, pois o objetivo do Diabo é perverter a ordem das coisas.
Tudo o que é perversão é uma afronta a DEUS (Is 5.20,21).
IV. CATÁLOGO DE PECADOS
Nos vv.29-31, do capítulo 1, o apóstolo apresenta a
mais longa lista de pecados encontrada em todas as suas epístolas. A depravação
dos gentios é a fotografia da humanidade corrupta, sem DEUS. Esses pecados são
inerentes à natureza pecaminosa do homem (Mc 7.21-23). Nos versículos já
citados (29-31) acha-se uma lista de 22 pecados, encabeçada pela palavra
“iniquidade”, retratando a presente sociedade incrédula e distanciada de DEUS.
CONCLUSÃO
O quadro funesto e aterrorizador em que se encontra
o homem é mostrado nesta lição pelo apóstolo. Isso serve também para mostrar de
onde viemos e, dessa forma, conscientizar cada crente da graça e da bondade de
DEUS. Sejamos agradecidos a Ele por sua provisão quanto à nossa completa e
eterna redenção em CRISTO JESUS.
VOCABULÁRIO
Contemporâneo: Que é do mesmo tempo, que vive na
mesma época.
Depravação: Ato ou efeito de depravar (-se);
perversão, corrução; degeneração mórbida.
Detrator: Aquele que difama, infama; detrata.
Inescusáveis: Que não se pode escusar ou
dispensar; indesculpável.
AUXÍLIOS SUPLEMENTARES
Subsídio Teológico
“Antes de Paulo desenvolver mais o modo pelo qual a
forma de justiça de DEUS é exposta no Evangelho, ele mostra por que é tão
urgentemente necessário que se conheça o meio de ficar certo para com DEUS.
Como as coisas são, os homens estão ‘no errado’ para com DEUS, e Sua ira se
revela contra eles. Na vida há uma lei moral segundo a qual os homens são
deixados entregues às consequências do curso de ação que eles mesmos escolheram
livremente. E a menos que essa tendência seja invertida pela graça divina, a
situação deles irá de mal a pior. Três vezes aí ocorrem as palavra de
condenação: ‘Por isso DEUS os entregou...’ (vv.24,26,28).
O objetivo de Paulo é demonstrar que a humanidade
toda está moralmente arruinada, incapaz de conseguir um veredito favorável no
tribunal do juízo de DEUS, em desesperada necessidade de Sua misericórdia e
perdão.
Ele começa tratando de uma área da vida humana cuja
falência moral era objeto de acordo geral entre os moralistas da época — a
grande massa do paganismo contemporâneo de Paulo. O quadro que desenha é feio
deveras. Não porém mais feio do que o quadro que disso vemos na literatura pagã
contemporânea. Qual é a causa, pergunta ele, desta pavorosa condição que se
desenvolveu no mundo? Donde vêm estas vergonhosas perversões, esta encarniçada
inimizade entre homem e homem? Tudo surge, diz ele, de ideias errôneas a
respeito de DEUS. E essas ideias errôneas não surgiram inocentemente. O
conhecimento do DEUS verdadeiro era acessível aos homens, mas eles fecharam
suas mentes para ele. Em vez de apreciarem a glória do Criador ao contemplarem
o universo que Ele criou, davam a coisas criadas aquela glória que pertencia
somente a DEUS” (Romanos, Introdução e Comentário. F. F. Bruce).
Subsídio Devocional
O problema humano não é a ignorância, mas a
oposição a DEUS. O problema não é que o homem não conheça a DEUS, mas sim, que,
tendo conhecido, decidiu não glorificá-lo. “Dizendo-se sábios, tornaram-se
loucos” (Rm 1.22). O apóstolo Paulo assegura, por sua declaração, que DEUS
sempre tem oferecido evidência de sua verdade “desde a criação do mundo”. No
entanto, este não é o ponto que interessa ao apóstolo. Na verdade, o que Paulo
estabeleceu é que DEUS tem revelado sua verdade mas o homem sempre se opôs a
ela. Então, Paulo declara categoricamente que os homens, apesar de haver
“conhecido a DEUS, não o glorificaram como DEUS, nem lhe deram graças” (Rm
1.21). Só há uma esperança para os homens: voltarem-se para DEUS e à sua
verdade. Quando o homem busca estabelecer sua própria verdade independente de
DEUS, o resultado inevitável é a degradação, a destruição da maravilhosa
criação de DEUS, projetada por Ele para viver em glória, mas condenada à morte
e à corrupção por causa do pecado.
Subsídio Bibliológico
O comentário da Bíblia de Estudo Pentecostal destaca no texto sagrado a ira
divina em três tempos: “No passado, a ira de DEUS e seu ódio ao pecado
revelou-se através do dilúvio (Gn 6-8), da fome e da peste (Ez 6.11ss). do
abrasamento da terra (Dt 29.22,23), da dispersão do seu povo (Lm 4.16) e de
incêndio através da terra (Is 9.18,19).
No presente, a ira de DEUS é vista quando Ele
entrega os ímpios à imundícia e às vis paixões e leva à ruína e à morte todos
quantos persistem em lhe desobedecer (Rm 1.18-3.18; Ez 18.4; Ef 2.3).
No futuro, a ira de DEUS incluirá a Grande
Tribulação para os ímpios deste mundo (Mt 24.21; Ap 6-19) e um dia vindouro de
juízo para todos os povos e nações (Ez 7.19; Dn 8.19) — ‘dia de alvoroço e de
desolação, dia de trevas e de escuridão’ (Sf 1.15), um dia de prestação de
contas para os iníquos (Rm 2.5; Mt 3.7; Lc 3.17; Ef 5.6; Cl 3.6; Ap 11.18;
14.8-10; 19.15). Por fim, DEUS manifestará sua ira mediante o castigo eterno
sobre os que não se arrependerem”.
Lição 3: O fracasso espiritual
dos judeus - 2º Trimestre de 1998
Título: Romanos
— O Evangelho da justiça de DEUS - Comentarista: Esequias Soares da Silva
TEXTO ÁUREO
“Pois
que? Somos nós mais excelentes? De maneira nenhuma! Pois já dantes demonstramos
que, tanto judeus como gregos, todos estão debaixo do pecado” (Rm 3.9).
VERDADE PRÁTICA
Não obstante
serem o povo eleito de DEUS, os judeus rejeitaram a graça que fora anunciada na
lei e nos profetas.
LEITURA DIÁRIA
Segunda — Rm
3.1-4 A incredulidade dos judeus não anula a fidelidade de DEUS
Terça —
Rm 11.28 Os judeus tornaram-se inimigos do evangelho por causa dos gentios
Quarta —
1Ts 2.14-16 Os judeus não agradam a DEUS e são contrários a todos os homens
Quinta —
Jr 30.11 A eleição de Israel não isenta os judeus do castigo divino
Sexta —
Gn 12.1-4 O antissemitismo é condenado pela Palavra de DEUS
Sábado —
Hb 6.13-18 A eleição de Israel é uma determinação divina e por isso é imutável
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE -
Romanos 2.1-16.
1
— Portanto, és inescusável quando julgas, ó homem, quem quer que sejas,
porque te condenas a ti mesmo naquilo em que julgas a outro; pois tu, que
julgas, fazes o mesmo.
2 — E bem
sabemos que o juízo de DEUS é segundo a verdade sobre os que tais coisas fazem.
3 — E tu,
ó homem, que julgas os que fazem tais coisas, cuidas que, fazendo-as tu,
escaparás ao juízo de DEUS?
4 — Ou
desprezas tu as riquezas da sua benignidade, e paciência, e longanimidade,
ignorando que a benignidade de DEUS te leva ao arrependimento?
5 — Mas,
segundo a tua dureza e teu coração impenitente, entesouras ira para ti no dia
da ira e da manifestação do juízo de DEUS,
6 — o qual
recompensará cada um segundo as suas obras,
7 — a
saber: A vida eterna aos que, com perseverança em fazer bem, procuram glória, e
honra, e incorrupção;
8 — mas
indignação e ira aos que são contenciosos e desobedientes à verdade e
obedientes à iniquidade;
9
— tribulação e angústia sobre toda a alma do homem que faz o mal,
primeiramente do judeu e também do grego;
10
— glória, porém, e honra e paz a qualquer que faz o bem, primeiramente ao
judeu e também ao grego;
11
— porque, para com DEUS, não há acepção de pessoas.
12
— Porque todos os que sem lei pecaram sem lei também perecerão; e todos os
que sob a lei pecaram pela lei serão julgados.
13
— Porque os que ouvem a lei não são justos diante de DEUS, mas os que praticam
a lei hão de ser justificados.
14
— Porque, quando os gentios, que não têm lei, fazem naturalmente as coisas
que são da lei, não tendo eles lei, para si mesmos são lei,
15 — os
quais mostram a obra da lei escrita no seu coração, testificando juntamente a
sua consciência e os seus pensamentos, quer acusando-os, quer defendendo-os,
16 — no
dia em que DEUS há de julgar os segredos dos homens, por JESUS CRISTO, segundo
o meu evangelho.
PONTO DE CONTATO
Estamos
na terceira lição da Epístola de Paulo aos Romanos. Você já tem percebido
algumas mudanças na vida de seus alunos em função das lições anteriores? Não?
Então ore,
jejue e continue se preparando para que o seu trabalho seja, realmente, eficaz.
OBJETIVOS - Após esta aula, o
aluno deverá estar apto a:
Identificar que
o juízo de DEUS é segundo a verdade independente de outras condições como,
posição social, riqueza, nacionalidade, religiosidade, etc.
Compreender que,
diante de DEUS, seja gentio ou judeu, todos são pecadores.
Conscientizar-se de
que o juízo de DEUS sobre gentios e judeus é com imparcialidade e equidade.
Decidir submeter-se
cada vez mais a DEUS, para que a sua consciência seja sempre dirigida por Ele.
SÍNTESE TEXTUAL
Os judeus se
achavam superiores e com direito de julgar a todos por serem descendentes de
Abraão e detentores da lei. Mas, neste capítulo o apóstolo discorre sobre a
incoerência deles, mostrando-lhes que são inescusáveis por conhecerem a lei e
não praticá-la. Vemos a imparcialidade do julgamento divino, quando coloca a
todos sob a condenação do pecado, tanto judeus como gentios, para que aceitem a
justiça de DEUS pela fé em CRISTO JESUS.
ORIENTAÇÃO DIDÁTICA
Comece a lição
de maneira gostosa e descontraída. Um ambiente alegre pode aumentar muito o
índice de aprendizagem. Nesta lição você pode usar uma parábola para introduzir
o assunto. Podemos pedir que um dos alunos leia Lc 7.40-43.
Depois da
leitura pergunte-lhes: A quem DEUS cobrará mais? A resposta deverá ser: a quem
Ele der mais. Neste ponto deveremos aproveitar para fazer correlação com a
nossa aula, explicando-lhes que os judeus eram detentores da lei. Então, DEUS
os havia dado muito, mas também cobraria muito deles, e não os constituía
juízes dos povos. Porém, deveriam exercer misericórdia para com os que desconheciam
ou conheciam pouco a vontade de DEUS. Não esqueça de fazer aplicação para a
igreja de hoje, mostrando-lhes que, semelhantemente ao recebermos a missão de
levar o evangelho ao mundo, somos responsáveis diante de DEUS pela salvação dos
homens.
COMENTÁRIO/INTRODUÇÃO
Na lição
passada, estudamos a depravação generalizada dos gentios denunciada pelo
apóstolo Paulo. Mas qual a situação dos judeus? Embora reprovassem o pecado dos
gentios, continuaram indesculpáveis diante de DEUS.
I. CONSIDERAÇÕES GERAIS
1. Os
judeus. A conjunção “portanto”, no v.1, mostra a ligação com o texto
anterior. O judeu é identificado, aqui, como aquele que condena pronta e
energicamente os pecados dos gentios. Todavia, o apóstolo mostra que eles
também são inescusáveis: embora acusem os gentios, praticam os mesmos pecados e
iniquidades.
2. Judeus e
gentios. A primeira parte do capítulo 2 (vv.1-16), diz respeito aos judeus
como inescusáveis diante de DEUS, transgressores da lei divina, tanto quanto
aos gentios (ver os vv.9,10,11), já a segunda parte do mesmo capítulo
(vv.17-29) diz respeito diretamente aos judeus como inescusáveis. Paulo
evidencia a partir deste capítulo o modo de DEUS lidar com a raça humana no seu
todo. Ou seja: diante de DEUS, seja gentio ou judeu, todo mundo é escravo do
pecado.
3. Caráter
universal da mensagem divina. Havia entre os pagãos muitos moralistas.
Isso significa que tantos os devassos como os moralistas estão sob o pecado.
Trazendo essa situação para a atualidade, vemos que tantos os iníquos, identificados
em Romanos 1.18-32, como os pecadores “respeitáveis” — religiosos e moralistas,
identificados em Romanos 2, precisam nascer de novo, necessitam de um encontro
pessoal e transformador com JESUS (Jo 3.3).
II. O JUÍZO DE DEUS
1. Juízo
segundo a verdade (vv.2,3). DEUS é DEUS de justiça e de verdade. É
estultícia imaginar que é possível escapar do juízo divino por condenar os
pecados dos outros. Infelizmente, há quem aponte os erros alheios como se isso
viesse a resolver seus problemas (Mt 7.1-5). Paulo apresenta, aqui, dois
grupos: os gregos e os judeus. Ambos mostram que DEUS reprova as pessoas
manifestamente iníquas. O primeiro por se considerar “melhor” ao pertencer a
uma determinada raça, civilização, cultura ou educação considerada superior (2.1-16).
O segundo por se escudar em sua religião (2.17-29). Saiba-se, porém, que o
juízo de DEUS independe de tudo isso, ele é “segundo a verdade” (v.2).
2. Juízo
segundo a culpa acumulada (v.5). Os judeus achavam que, por conhecerem a
misericórdia de DEUS, não seriam julgados como os gentios. Não se deram conta
de que a bondade de DEUS era para levá-los ao arrependimento (v.4). Eles
falharam em não aproveitar a benignidade divina e, com isso, acumularam, como
tesouro, a ira de DEUS. “Dia da ira e da manifestação do juízo de DEUS”
apresenta seus indícios na atualidade, conforme estudamos na lição passada (Sl
7.11), mas a manifestação plena do juízo está reservada para o dia da ira (Tg
5.3).
3. Conforme as
obras (vv.6,7). E verdade que as obras não salvam, mas elas dão a
evidência pública que servem como instrumento para DEUS julgar (Pv 24.12). O
juízo, segundo a obra de cada um, é um princípio divino baseado na justiça, e
não podia ser diferente. É outra maneira da expressão da lei da sementeira (Gl
6.7).
Não confundir,
portanto, a doutrina paulina da salvação pela fé. O apóstolo não está ensinando
a salvação pelas obras, mas salientando a imparcialidade do julgamento divino
sobre gentios e judeus. Caso contrário, o apóstolo estaria numa contradição
insuperável (Rm 1.17; Gl 3.11; Ef 2.8,9; Tt 3.5). Devemos entender “vida eterna
aos que, com perseverança em fazer bem, procuram glória, honra e incorrupção”
(v.7) como resultado da vida cristã — fruto do ESPÍRITO (Gl 5.22).
III. O JUDEU
1. O que é um
judeu? Responde o rabino Morris Kertzer: “É muito difícil encontrar uma
simples definição do que é um judeu. Judeu é todo aquele que aceita a fé
judaica. Esta é a definição religiosa. Judeu é aquele que, não tendo afiliação
religiosa formal, considera os ensinamentos do Judaísmo — sua ética, seus
costumes, sua literatura — como propriedade sua. Esta é a definição cultural.
Judeu é aquele que se considera judeu ou que assim é considerado pela sua
comunidade. Esta é a definição prática”.
No Novo
Testamento, o termo “judeus” indica todo o povo de Israel que tem Abraão como
pai (Jo 8.56,57).
2.
Judaísmo. E uma religião que veio de DEUS, através de Moisés no monte
Sinai. Em nenhum momento JESUS e Paulo desrespeitaram essa religião. O conceito
que os rabinos tinham do Judaísmo era calcado no Talmude, que era em si um
fardo insuportável (Gl 1.13,14).
Paulo conhecia
profundamente o Judaísmo. JESUS disse que não se pode costurar remendo novo em
vestido velho, nem colocar vinho novo em odres velhos (Mt 9.16,17; Mc 2.21,22).
Na visão do apóstolo, o judeu precisava despir-se do velho homem, e aceitar a
justiça de DEUS pela fé em CRISTO. Os judeus rejeitaram essa provisão divina
para a salvação, por isso Paulo critica a hipocrisia dos judeus.
3. O orgulho do
judeu (vv.8-10). A responsabilidade dos judeus é maior do que a dos
gentios por causa de seus pendores religiosos e das bênçãos espirituais que
DEUS lhes conferiu (Rm 9.4,5). Como as bênçãos divinas foram dirigidas
primeiramente aos judeus, o julgamento há de vir na mesma proporção (vv.9,10).
IV. OS GENTIOS
1. O
Juiz. Antes de tudo, convém salientar que o justo Juiz de toda a terra
saberá fazer justiça (Gn 18.25). “Porque, para com DEUS não há acepção de
pessoas” (Rm 2.11; Dt 10.17; At 10.34). Seu juízo é segundo a verdade, e independe
de condições externas como posição social, riqueza, nacionalidade, etc. Por
isso, os judeus não devem esperar nenhum tratamento especial no dia do juízo. O
apóstolo não está enfatizando a culpa do judeu, mas defendendo a equidade do
juízo divino.
2. A obra de
cada um (vv.12-14). JESUS disse: “Haverá menos rigor para os de Sodoma, no
Dia do Juízo, do que para ti” (Mt 11.24). Isso mostra que há graus de castigo
no juízo divino. Assim como há escalonamento no galardão dos salvos (Ap 22.12),
da mesma forma haverá também graus de punição para os condenados.
Os judeus
incrédulos serão condenados pela própria lei, pois foram agraciados por DEUS
pela lei escrita — a luz maior. Os gentios, por outro lado, terão um julgamento
proporcional à luz natural — luz menor. Como não tiveram acesso à lei, serão
julgados pela luz de sua consciência.
3. A
consciência (vv.15,16). É a faculdade inata no ser humano capaz de
discernir entre o bem e o mal. É a lei de DEUS nos corações. Se nos incrédulos
é o testemunho capaz de convencer o homem natural entre o certo e o errado,
quanto mais nos crentes! Temos a consciência iluminada pelo ESPÍRITO SANTO e
gravada pela graça! (Jr 31.33). Todo o conteúdo a partir do v.6, é resumido no
v.16. JESUS CRISTO é o Juiz de todos os homens (At 17.31; 2Co 5.10) e conhece o
mais profundo do coração dos homens.
CONCLUSÃO
Os judeus servem de aviso para todos nós. Muitas vezes nos orgulhamos
por motivos infundados (por exemplo:
orgulharmo-nos do pentecostalismo), quando deveríamos cuidar sempre da obra da
evangelização e de buscarmos o poder do ESPÍRITO SANTO, e, assim, não corremos
o risco de perder as bênçãos de DEUS.
AUXÍLIOS
SUPLEMENTARES
Subsídio
Teológico - O v.11 diz: “porque, para com DEUS, não há acepção de pessoas”. O
julgamento divino para com os homens é de acordo com a sua resposta à revelação
divina. A verdade de DEUS se manifesta em diferentes maneiras. No entanto, esta
diferença não causa nenhuma mudança na justiça de DEUS. O que interessa é que
DEUS manifesta a sua verdade aos homens e Ele espera deles uma resposta
positiva: aceitar a verdade, obedecer a DEUS. glorificá-Lo é dar-Lhe graças.
O v.13 emprega
dois verbos chaves para a compreensão do ensino de Paulo quanto à relação judeu
— lei: ouvir e praticar. A justiça de DEUS não era para os que apenas escutaram
a lei, mas para os que se arrependeram (“praticam”). Praticar significa dar
resposta com fé à oferta divina de justificação. E impossível para todos os
homens, tanto judeus quanto os gentios, cumprirem integralmente a lei, mas crer
em DEUS que c capaz de conceder a justificação é possível. Por isso. DEUS não
faz acepção de pessoas. Ele justifica os que são “praticantes”, seja dentro
(judeus) ou fora (gentios) da lei. Praticantes da lei, aqui, não é praticar os
ritos e sinais externos, mas viver a verdade revelada na lei — “mostram a obra
da lei no seu coração, testificando juntamente a sua consciência e os seus
pensamentos...” (v.15).
Subsídio Doutrinário - “‘Portanto és indesculpável
quando julgas, ó homem, quem quer que sejas
Quando o
apóstolo Paulo fez esta declaração, estava na verdade, acusando os judeus que
se consideravam inculpáveis. Paulo coloca o judeu e o gentio na mesma condição
espiritual diante de DEUS: Culpados! O escritor condena os moralistas que
julgavam os erros dos gentios, pois julgavam erros que eram cometidos por eles
mesmos. Os judeus julgavam que pelo fato de DEUS ter mostrado graça e favor
especial à sua raça, os livraria da condenação. Imaginavam que, pelo simples
fato de serem israelitas de sangue, estariam salvos. Entretanto, era um
conceito comodista e falso. Lucas escreveu a mensagem de João Batista que
colocava cada judeu na mesma condição dos demais seres humanos. Se não se
arrependessem, de nada valeria serem filhos de Abraão, pois dizia: ‘Porque eu
os afirmo que mesmo destas pedras DEUS pode Suscitar filhos a Abraão’ — (Lc
3.3-9) (Compare João 8.31-47: Romanos 9.1-13).
Entendemos
então que, diante de DEUS, tanto judeus como gentios são pecadores e estão
debaixo da ira divina. São dois tipos de pecadores, que se protegem atrás de
sua ‘própria moralidade’ para se justificarem diante de DEUS. O judeu
justificava-se na sua ‘religião’ e o gentio na sua moralidade. Porém, a Bíblia
responde a ambos e diz: ‘O que encobre as suas transgressões, jamais
prosperará’ (Pv 28.13). ‘És indesculpável quando julgas, ó homem’ (2.1). Esta
expressão anula a pretensão do pecador de querer julgar. Na verdade, ele não
está em condições de julgar, porque DEUS é quem julga. Ele é o Supremo Juiz!
Quando Ele sentencia, não há apelação, pois seu julgamento é justo e nele não
há possibilidade de erro” (Carta aos Romanos, CPAD).
Subsídio Devocional
JESUS disse em
Mt 5.20: “Se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo
nenhum entrareis no Reino dos Céus”. O que JESUS pretendia dizer com essas
palavras é respondido em Mt 5.21-48. A verdade é que o pecado está no coração
dos homens e que as suas intenções são más. A natureza humana é má, ainda que o
homem não cometa o ato de pecado. Esta verdade pode ser exemplificada na vida
dos próprios judeus. Eles não matavam, mas muitas vezes estavam cheios de ódio;
não cometiam adultério, mas permitiam que um homem olhasse para uma mulher com
desejos lascivos; exigiam justiça (“olho por olho”), mas não se dispunham a perdoar
uns aos outros; amavam aos que os amavam, mas odiavam os inimigos. Que nenhum
crente tenha o mesmo pensamento que os judeus, principalmente, os escribas e
fariseus — achavam que a sua religiosidade exterior os tomariam salvos diante
de DEUS. Mas tinham coração cheio de ira, de lascívia, de mentira, de vingança,
e de preconceito.
Romanos - Serie
Cultura Biblica - ROMANOS -
INTRODUÇÃO E COMENTÁRIO
F. F. Bruce.
M.A., D.D. - SOCIEDADE RELIGIOSA EDIÇÕES VIDA
NOVA, Caixa Postal 21486, São Paulo-SP 04602-970
Pecado e
Retribuição: Diagnóstico da Necessidade Universal
(1:8-3:20).
a. O mundo
pagão (1:18-32).
Antes de Paulo
desenvolver mais o modo pelo qual a forma de justiça de DEUS é exposta no
Evangelho, ele mostra por que é tão urgentemente necessário que se conheça o
meio de ficar certo para com DEUS. Como as coisas são, os homens estão "no
errado" para com DEUS, e Sua ira se revela contra eles. Na vida há uma lei
moral segundo a qual os homens são deixados entregues às conseqüências do curso
de ação que eles mesmos escolheram livremente. E a menos que essa tendência
seja invertida pela graça divina, a situação deles irá de mal a pior. Três
vezes aí ocorrem as palavras de condenação: "Por isso DEUS os
entregou..." (vs. 24,
26,28).
O objetivo de
Paulo é demonstrar que a humanidade toda está moralmente arruinada, incapaz de
conseguir um veredito favorável no tribunal do juízo de DEUS, em desesperada
necessidade de Sua misericórdia e perdão.
Ele começa
tratando de uma área da vida humana cuja falência moral era objeto de acordo
geral entre os moralistas da época — a grande massa do paganismo contemporâneo
de Paulo. O quadro que desenha é feio deveras. Não porém mais feio do que o
quadro que disso vemos na literatura paga contemporânea. Qual é a causa, pergunta
ele, desta pavorosa condição que se desenvolveu no mundo? Donde vêm estas
vergonhosas perversões, esta encarniçada inimizade entre homem e homem? Tudo
surge, diz ele, de idéias errôneas a respeito de DEUS. E essas idéias errôneas
acerca de DEUS não surgiram inocentemente. O conhecimento do DEUS verdadeiro
era acessível aos homens, mas eles fecharam suas mentes para ele. Em vez de
apreciarem a glória do Criador ao contemplarem o universo que Ele criou, davam
a coisas criadas aquela glória que pertencia somonte a DEUS. A idolatria é
fonte de imoralidade. Assim o autor de Sabedoria já tinha dito:
"Porque a
idéia de fazer ídolos foi o princípio da fornicação, e a sua invenção foi a
corrupção da vida." 43
(Livro da Sabedoria 14:12.)
Podemos
comparar a linguagem de Paulo sobre a criação visível como fonte de
conhecimento concernente à natureza do seu Criador invisível (vs. 19, 20) com o
discurso que fez em Listra (At 14:15-17) e principalmente com o que fez em
Atenas (At 17:22-31). Há diferença de ênfase entre o discurso em Atenas e a
argumentação neste passo, mas não há nenhuma contradição: Paulo estava tentando
conseguir ali um auditório de pagàos, ao passo que aqui está escrevendo a
cristãos formados. No discurso em Atenas, a apresentação da criação divina do mundo
e de Sua disposição providencial das estações do ano e das regiões habitaveis
da terra para o bem-estar do homem visava a levar os homens a "buscarem a
DEUS" e a achá-lo (At 17:27). Todavia, se eles reconheciam que Ele é um
"DEUS desconhecido" deles, sua ignorância confessa não recebe indulto
como venial, embora DEUS, em Sua misericórdia, não tenha levado "em conta
os tempos de ignorância" anteriores à vinda de CRISTO.
O caráter
culposo da ignorância em que o homem está de DEUS é salientado ainda mais aqui:
é ignorância deliberada. Os homens tinham o conhecimento de DEUS ao alcance
deles, mas desprezaram o conhecimento de DEUS (vs. 28). A verdade era-lhes
acessível, mas preferiram abraçar a "mentira". Portanto, "DEUS
os entregou" às conseqüências da escolha que fizeram. E precisamente aí
Ele manifestou Sua "ira" — aquele princípio de retribuição que deve
operar num universo moral.
Para um homem
tão convicto de que o mundo foi criado e é dirigido por um DEUS de justiça e
misericórdia, esta retribuição não podia ser um princípio impessoal. Era a
própria ira de DEUS. Se se pensa que a palavra "ira" não é muito
apropriada para usar-se com relação a DEUS, é provavelmente porque a ira, como
a conhecemos na vida humana, constantemente envolve paixão egocêntrica,
pecaminosa. Com DEUS não é assim. Sua "ira" é a reação da santidade
divina face à impiedade e rebelião. Paulo decerto concordaria com Isaías ao
descrever esta ira de DEUS como "sua obra estranha" (Is 28:21), à
qual Ele se aplica lentamente e com relutância. De fato,,Paulo expõe aqui a
revelação da ira de DEUS como o cenário de fundo da "obra" de
misericórdia de DEUS, obra que Lhe é apropriada, com tanta afinidade com o Seu
caráter que Ele se apressa com jubilosa rapidez a prodigalizá-la a penitentes
destituídos de merecimento.
Mas mesmo tendo
em vista que o quadro da retribuição divina, agindo como um severo princípio na
vida humana, fornece um pano de fundo para a misericórdia eterna, trata-se de
um cenário real e terrível, que deve ser considerado com seriedade.
18. A ira de DEUS se revela.
Não no
Evangelho (no qual a salvadora "justiça de DEUS" é revelada), mas nos
fatos da experiência humana: "a história do mundo é o juízo do mundo"
(Schiller). A revelação da "ira vindoura" nos tempos finais (1 Ts
1:10) é antecipada pela revelação do mesmo princípio na vida corrente do mundo.
"A idéia de que DEUS é ira não é mais antropopática do que o pensamento de
que DEUS é amor. A razão pela qual a idéia da ira divina está sempre sujeita a
mal-entendidos é que a ira entre os homens é eticamente errada. E contudo,
mesmo entre os homens não falamos da 'ira justa'?'" A exposição da
idolatria e imoralidade paga nestes versículos segue linhas fixadas em obras de
apologética judaica tais como o Livro da Sabedoria citado acima (ver
especialmente Sabedoria 12-14), e a Epístola
de Aristeas. Reaparece nos
apologetas cristãos do segundo século A. D. (e.
g. o autor da Epístola a Diogneto, Aristides, Taciano, Atenágoras, e a Pregação de Pedro mencionada por Clemente de Alexandria
—Stromata vi. 5).
Que detêm a
verdade pela injustiça. Melhor:
"Que retêm firmemente a verdade na injustiça" (RV), ou: "Em sua
impiedade, eles estão sufocando a verdade" (NEB). "A verdade" é
mais precisamente definida no versículo 25 como "a verdade de DEUS".
20. Desde o princípio do mundo.
"Desde"
no sentido de"desde então" (RSV).
Claramente se
reconhecem (...) sendo percebidos. Grego: nooumena kathnratai, onde o primeiro verbo se refere
estritamente à inteligência e o segundo à visão física. "Os dois verbos
(...) descrevem como, na contemplação das obras de DEUS, o homem pode captar o
suficiente, de Sua natureza, para impedir-lhe o erro de identificar qualquer
das coisas criadas com o Criador, capacitando-o a manter seu conceito de DEUS
livre da idolatria.2
22. Tornaram-se loucos.
Como na
literatura veterotestamentária da Sabedoria, loucura (ver "o coração
insensato" deles, no versículo 21), implica em embotamento moral antes que
mera deficiência da inteligência.
23. E mudaram a glória do DEUS incorruptível
em semelhança daimagem de (...) quadrúpedes...
Ver o Salmo
106:20: "E assim trocaram a glória de DEUS pelo simulacro de um novilho
que come erva" 45
(referência ao
culto ao bezerro de ouro). Aqui a linguagem é generalizada. A tríplice
classificação dos animais (ver Gn 1:20-25) e os termos "glória",
"imagem" e "semelhança" (ver Gn 1:26) sugerem que "a
descrição que Paulo faz da impiedade do homem foi posta deliberadamente em
termos da narrativa bíblica da queda de Adão".3
24. 26, 28, DEUS os entregou.
Atos 7:42 onde,
devido às tendências idolátricas dos israelitas, "DEUS (...) os entregou
ao culto da milícia celestial." Uma impressionante afirmação moderna deste
princípio de retribuição divina é-nos oferecida por C. S. Lewis em The Problem ofPain (1940), p. 115s. Os perdidos, diz ele,
"gozam para sempre da horrível liberdade que sempre pediram, e portanto
estão escravizados por si mesmos".
27. Recebendo em si mesmos a merecida
punição do seu erro.
NEB traduz
acertadamente: "o justo salário por tal perversão". No inglês moderno
"error" (erro) é um substantivo fraco demais para traduzir plane num contexto como este.4 Ver Judas 11,
ondeo"erro(p/a«ê) de Balaão" é a idolatria e fornicação de Baal-Peor
a que os israelitas foram seduzidos por seu conselho (Nm 25:lss., 31:16).
b. O
moralista(2:l-16).
O estilo de
Paulo é próprio para a forma de composição que os antigos chamavam de diatribe. Nesta, questões e objeções eram postas
na boca de um crítico imaginário, para serem respondidas ou destruídas.
Quase podemos
vê-lo, enquanto dita a carta a Tércio, pegar o indivíduo complacente que está
saboreando a exposição daqueles pecados que "não apelam para ele", e
dizer-lhe que não é melhor do que ninguém. Paulo imagina uma interrupção feita
por algum opositor, e se volta para refutar à objeção, primeiro admoestando-o
com "DEUS não o permita!" ("Nem pense nisso!"), e depois
dando-lhe ponderada réplica. Inicia uma nova fase da sua argumentação com esta
indagação retórica: "Que diremos?"5
E o tempo todo
o seu pensamento vai célere na frente de suas palavras de modo que as palavras
têm de saltar valas para alcançar o pensamento. Mal podemos tentar imaginar
como a pena de Tércio mantinha o ritmo das palavras do apóstolo. Não admira
que, principalmente nos momentos mais ardentes, seu grego esteja cheio de
falhas na construção, e de sentenças inacabadas.
Sabemos que
existia outro lado do mundo pagâo do primeiro século além do que Paulo retratou
nos parágrafos anteriores. Que dizer de homens como o ilustre contemporâneo de
Paulo — Sêneca — o moralista estóico, o tutor de Nero?6 Seneca podia ter ouvido
a acusação feita por Paulo e ter dito: "Sim, isso é perfeitamente
verdadeiro quanto às grandes massas da humanidade, e dou meu apoio ao juízo que
você emitiu sobre elas — mas naturalmente há outros que, como eu, deploram
estas tendências tanto como você as deplora."
Paulo imagina
alguém interferindo em termos como esses, e se dirige ao suposto opositor:
"Meu bom senhor, julgando outros, você está-se julgando a si próprio, seja
você quem for, pois em princípio você faz as mes-mas coisas que condena
neles." E quão pertinente teria sido esta réplica a um homem como Seneca!
Pois Seneca pôde escrever com tanta eficiência sobre o bom modo de viver, que
houve cristãos posteriores que se orgulhavam de chamar-lhe "o nosso
Seneca".7 Não se restringia a exaltar as grandes virtudes morais. Ele
desmascarava a hipocrisia, apregoava a igualdade de todos os homens, reconhecia
a penetrante natureza do mal ("todos os defeitos morais existem em todos
os homens, embora não aconteça que todos os defeitos sejam proeminentes em cada
homem), praticava e procurava inculcar o auto-exame diário, ridicularizava a
idolatria vulgar, assumia o papel de guia moral. Muitas vezes, porém, tolerava
em si mesmo defeitos não muito diferentes daqueles que condenava em outros —
sendo que o exemplo mais flagrante disto é sua conivência com Nero no
assassinato de sua mãe Agripina.
Mesmo nesta
seção do capítulo 2, e mais explicitamente do versículo 17 em diante, Paulo
está pensando principalmente num crítico judeu. Denúncia da idolatria paga como
a que encontramos no capítulo 1 era uma forma comum de propaganda judaica. Os
judeus religiosos achavam amplo campo de ação para lançar juízo moral adverso
sobre os seus vizinhos gentios.
c. O judeu (2:17-3:8)
(1) Privilégio
traz responsabilidade (2:17-29).
Em 2:17 Paulo
se dirige ao moralista definindo-o explicitamente como judeu. "Você tem o
honroso nome de judeu", diz ele, "sua posse da lei dá-lhe confiança,
gloria-se de que é ao DEUS verdadeiro que você cultua e de que conhece a
vontade dele." Talvez haja aqui mais um eco de Sabedoria:
"Pois
mesmo se pecamos, somos teus, conhecendo o teu poder; mas não haveremos de
pecar, porque sabemos que somos considerados teus. Pois conhecer-te é a justiça
completa, e conhecer o teu poder é a raiz da imortalidade." (Sabedoria
15:2, 3.)
"Você
aprova o caminho mais excelente", continua Paulo, "pois o aprendeu da
lei. Considera-se mais instruído do que aqueles que são inferiores por não
terem a lei. Considera-se guia de cegos e instrutor de tolos.
"Mas por
que não dar uma sincera olhada em você mesmo? Você não tem defeitos? Você conhece a lei,
mas a guarda? Você diz: 'Não roubarás.' Mas não rouba nunca? Você diz:
"Não adulterarás." Mas será que
cumpre sempre
esse mandamento? Você detesta ídolos, mas nunca rouba templos? Você se gloria
na lei mas, de fato, sua desobediência à lei dá má fama entre os pagãos, a você
e ao DEUS que cultua.
"Ser judeu
aproveitará ao homem diante de DEUS, somente se cumprir a lei. O judeu que
quebra à lei não é melhor do que o gentio. E inversamente, o gentio que cumpre
as exigências da lei é tão bom à vista de DEUS como qualquer judeu que
permanece na lei. Na verdade, o gentio que guarda a lei de DEUS condenará o
judeu que a quebra, não importa quão versado nas Escrituras esse judeu seja,
não importa quão cano-nicamente se tenha processado a sua circuncisão. Você vê,
não é questão de descendência natural e de sinal externo como a circuncisão. A
palavra 'judeu' significa 'louvor', e o verdadeiro judeu é o homem cuja vida é
digna de louvor pelos padrões de DEUS, cujo coração é puro à vista de DEUS,
cuja circuncisão é a circuncisão interna, do coração. Este é judeu de verdade,
digo eu — homem verdadeiramente digno de louvor — e seu louvor não é matéria de
aplauso humano, mas da aprovação divina."
17. Se, porém tu que tens por sobrenome
judeu.
AV: "Vê,
tu és chamado judeu." Porém o texto mais bem credenciado diz: "mas
se" (ei de), como AA, e não "vê" (ide). Ver RV, RSV.
18. Que conheces a sua vontade.
Lit.
"conheces a vontade"; a vontade de DEUS é "a vontade"par
ex-cellence. Ver 1 Macabeus 3:60,
RV: "seja qual for a vontade no céu, assim ele fará".
Aprovas as
causas excelentes. A palavra diapheronta significa primariamente "coisas
que diferem" e secundariamente "coisas que diferem de outras,
sobrepujando-as", i. e., "coisas excelentes". AV, RV e RSV —
como também AA — aceitam para esta passagem o último sentido. NEB prefere o
primeiro sentido ("você está ciente das distinções morais"). A mesma
frase aparece em Fp 1:10 (AV e AA: "para aprovar-des as cousas
excelentes". NEB; "assim lhe dê o dom da discriminação
correta").
20. A forma da sabedoria e da verdade.
AV: "A
forma do conhecimento e da verdade." Ou seja, a formulação ou sistematização
orgânica do conhecimento e da verdade.
22. Lhes roubas os templos?
AV:
"Cometes sacrilégio?" Lit. "roubas templos". O verbo grego
é hierosulêo. É difícil dizer o que Paulo tem em
mente. Talvez se refira a algum incidente escandaloso, como o do ano 19 A. D.,
registrado por Josefo (Antigüidades 18:81ss.), quando quatro judeus de
Roma, guiados por um que dizia ensinar a fé judaica a gentios interessados,
persuadiram uma dama da nobreza romana, convertida ao judaísmo, a fazer uma
generosa contribuição em favor do templo de Jerusalém, mas se apropriaram da
oferta para seu próprio uso. Quando o fato veio à luz, o imperador Tibério
expulsou de Roma todos os judeus ali residentes (ver p. 15). Um incidente como
este dava má reputação ao nome de "judeu" entre os gentios.
24. Pois, como está escrito, o nome de
DEUS é blasfemado entre os gentios por vossa causa,
(Ou "...
por meio de vós", AV.) A referência é a Is 52:5: "o meu nome é
blasfemado incessantemente todo dia" ("menosprezado", RSV). A
triste situação dos judeus no exílio levava os gentios a falarem levia-namente
do seu DEUS, imaginando-O incapaz de socorrer Seu povo. Agora não se trata de
desventura do povo de DEUS, mas é o seu mau comportamento que leva os gentios a
concluírem que o DEUS de tal povo não pode ser de muita valia. Os membros da
comunidade de Qumran eram exortados a serem cuidadosos no trato com os gentios,
"para que eles não blasfemem".8
25. A circuncisão tem valor se praticares
a lei.
Ver Gálatas
5:3: "todo homem que se deixa circuncidar (...) está obrigado a guardar
toda a lei." A circuncisão, realizada como exigência legal, coloca sobre o
homem a responsabilidade de guardar o restante da lei, quer seja aceita mais
tarde na vida, como no caso dos prosélitos (que é o que Pauio tem em vista em Gálatas),
quer seja ministrada às crianças judaicas (que é o que tem em mente aqui).
Visto como nenhuma classe de pessoas circuncidadas pode guardar completamente a
lei, mas inevitavelmente, acaba falhando no cumprimento de sua
responsabilidade, Paulo acrescenta: Se
é, porém, transgressor da lei, a tua circuncisão já se ton nou incircuncisão.
Esta lição já
fora ensinada em parte por Jeremias: "Eis que vêm dias, diz o Senhor, em
que castigarei a todos os circuncidados mas ainda incircuncisos — o Egito,
Judá, Edom, os filhos de Amom, Moabe — pois todas estas nações são
incircuncisas, e toda a casa de Israel é incircuncisa de coração" (Jr
9:25s., RSV). Os vizinhos 49
de Israel na
maior parte praticavam a circuncisão (os filisteus eram uma notória exceção).
Mas a circuncisão dos vizinhos de Israel não era sinal da aliança de DEUS, como
a circuncisão israelita pretendia ser. Todavia, se Israel e Judá se apartavam
de DEUS no coração, sua circuncisão física não era melhor do que a dos seus
vizinhos, à vista de DEUS: na medida em que houvesse qualquer interesse
religioso, não era circuncisão nenhuma. Ver Deuteronômio 10:16:
"circuncidai, pois, o vosso coração, e não mais endureçais a vossa
cerviz." Mas Paulo vai mais longe que Jeremias. Não somente reconhece a
circuncisão como incircuncisão, se desacompanhada da devoção de coração; como
também reconhece a incircuncisão como circuncisão espiritual, se apesar disso
se presta obediência a DEUS.
27. E se aquele que é incircunciso por
natureza, cumpre a lei, certamente ele te julgará a ti.
Quer dizer, as
faltas de um judeu indigno serão realçadas pelo exemplo de um gentio que, não
tendo nenhum dos privilégios característicos dos judeus, não obstante agrada a
DEUS.
29. Cujo louvor não procede dos homens,
mas de DEUS.
Os judeus
derivaram seu nome de Judá, seu antepassado (heb. Yehudah) cujo nome no Velho Testamento se
associa ao verbo yadah, "louvar". Ver as palavras de
sua mãe quando ele nasceu: "Esta vez louvarei o Senhor" (Gn 29:35), e
a bênção pronunciada por seu pai no leito de morte: "Judá, teus irmãos te
louvarão" (Gn 49:8).
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INTRODUÇÃO E COMENTÁRIO
F. F. Bruce.
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